Você sabia que existe a aurora austral?

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Não vamos cometer a injustiça de sempre desejarmos ver pessoalmente a longínqua aurora boreal. Para quem não sabe, existe a mais-perto-da-gente aurora austral! A aurora boreal é o fenômeno que acontece no norte do planeta – nome batizado por Galileu Galilei em 1619, em referência à deusa romana do amanhecer Aurora e ao seu filho Bóreas, representante dos ventos nortes. Já a aurora austral é o mesmo fenômeno que pode ser observado no Hemisfério Sul, em locais como Nova Zelândia, Austrália, Antártida (claro) e… Argentina! Juro. Dá para ver aurora no nosso vizinho hermano. E você estava, aí, juntando moedinhas para viajar até os países nódicos. Tsc, tsc.

Segundo o Laboratório de Paleomagnetismo e Magnetismo das Rochas do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG/USP), a aurora polar é um fenômeno óptico observado em zonas de maior latitude quando há o impacto de partículas de vento solar e de poeira espacial com a alta atmosfera da Terra (entre 60 km e 100 km acima da superfície terrestre), canalizadas pelo campo magnético do planeta. Assim, como as partículas de vento solar que “batem” na Terra dão origem ao maravilhoso fenômeno, quanto maior a atividade do Sol, maior a chance de vermos a aurora.

Agora que já sabe que existe uma aurora perto de você, vem a fatídica pergunta: “Qual a melhor época para vê-la?” Bom, nos meses de inverno – seja a aurora boreal ou a austral. Isso porque, em latitudes muito altas (mais perto dos pólos) há luz solar quase o dia todo no verão. Aliás, em algumas épocas, o Sol não se põe! Ele desce em um lado do horizonte e já sobe em direção ao outro. Trata-se do famoso “Sol da meia-noite“. A luz solar impede de vermos as luzes da aurora, simplesmente por causa da claridade emanada pelo astro.

Então, se quiser caçar a aurora, prepare-se para passar frio. As auroras são mais visíveis durante a noite e quando o céu está sem nuvens. Agora, tome nota dessa super dica: o Instituto de Geofísica da Universidade do Alasca em Fairbanks, nos Estados Unidos, tem um site que monitora ambas as auroras! A imagem acima, por exemplo, mostra os locais onde será possível ver a aurora austral no dia 11 de setembro (a Argentina está para a esquerda e a Austrália, à direita). No site, há até uma escala de 0 até 9. Quanto maior for o número, mais forte será o fenômeno.

Olhe que espetacular a aurora austral passando pelos países de Madagascar e Austrália em um vídeo feito da Estação Espacial Internacional (ISS) e divulgado pela Nasa:

[youtube_sc url=”http://youtu.be/Qlsyxut0AIQ”]

Se você fosse sincera
Ô ô ô ô Aurora
Veja só que bom que era
Ô ô ô ô Aurora

A garrafa 100% reciclada de Guaraná Antarctica

O Guaraná Antarctica conseguiu retirar do meio ambiente mais de 120 milhões de garrafas PET em menos de um ano. Na ocasião, a marca havia lançado a primeira garrafa completamente reciclada, totalmente feita de outras PETs. Isso significa menos material lotando os aterros sanitários, já que ele é reutilizável.

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Segundo Bruna Buás, gerente de marketing da marca, a meta da companhia é empregar a tecnologia em todas as embalagens PET produzidas por Guaraná Antarctica e, com isso, levar a garrafa 100% reciclada para todo o Brasil.

E para comemorar os resultados de Guaraná Antarctica foi lançado o filme “Fábrica”, criado pela DM9DDB.

[youtube_sc url=”http://www.youtube.com/watch?v=284-pUq_1lc”]

Hoje, essa tecnologia é empregada em quatro fábricas localizadas em Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Até o final de 2014, a nova embalagem deverá ser incorporada às demais unidades fabris da companhia e posteriormente adotada por outras marcas da Ambev como Pepsi, H2OH!, Sukita e Soda.

Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet), divulgado em 2012, houve um crescimento de 4,25% na reciclagem de PET no Brasil. Com as novas campanhas e ações de Guaraná Antarctica, esse número deve aumentar.

A maior quantidade de garrafas usadas na reciclagem é comprada de catadores e cooperativas (70%), o que significa que a reciclagem gera emprego e renda. Além desse ganho social, reciclar é uma maneira de poupar recursos naturais usados na fabricação dessa matéria-prima. Por isso, separe para a reciclagem todo o PET descartado em sua casa!

 

Mais informações:
www.guaranaantarctica.com.br

www.facebook.com/GuaranaAntarctica

www.twitter.com/guarana

 

Obs.: Este é um publieditorial.

Conheça os seus músculos!

[youtube_sc url=”http://youtu.be/_PmUbRzJBtw”]

Fique feliz: você é musculoso! E muuuito! No vídeo acima, uma parceria do Xis-xis com o Aprenda.bio, explico os tipos de músculos que fazem parte do nosso “shape”. Gostou? Veja os outros vídeos sobre biologia em geral no canal Além da Bio. Fui para a academia!

Cadê o aquecimento global com esse frio?

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O aquecimento global pode parecer um bicho-papão que vai te pegar se você não se comportar bem. E é mais ou menos por aí, ao menos, segundo pesquisas científicas. Pesquisas científicas, aquecimento global, quanta coisa difícil! Mas vamos com calma tentar explicar que raios é isso e se ele já está em ação, apesar de ter nevado em Curitiba (PR) – suspiro, tão perto de Sampa… Já se falou tanto em aquecimento global que ele deve fazer parte do inconsciente coletivo.

 

Resumindo a história, o nosso azul planeta Terra já passou por muitos aquecimentos e resfriamentos ao longo dos seus 4,6 bilhões de anos. Como sabemos disso? Devido a algumas evidências contidas, por exemplo, no gelo! De modo geral, quanto mais carbono há na atmosfera, mais isso indica que foram tempos quentes. Uma das maneiras de ver como era o clima da Terra é analisando as bolhinhas de ar contidas nos glaciares – depósitos de gelo. Os cientistas calculam a idade do gelo (muitas vezes, quanto mais profundo, mais antigo) e verificam quanto de carbono tinha naquela época.

 

E o que o carbono tem a ver com o clima do planeta? Ele é um dos gases causadores do efeito estufa (a famosa sigla GEE, gases de efeito estufa). O efeito estufa, de certa maneira, é ótimo. Ele impede que o calor do Sol saia da nossa atmosfera terrestre. Graças a ele, temos um planeta com clima gostosinho para viver. Sem esse fenômeno, talvez, nós nem existiríamos. Tome nota: o problema é que, como era de se imaginar, quanto mais carbono na atmosfera, maior será o resultado do efeito estufa.

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Ao longo dos 4,6 bilhões de anos, ações naturais como as grandes erupções vulcânicas fizeram a Terra esfriar porque impediram a entrada dos raios do Sol no planeta. Alguns pesquisadores acreditam que elas foram as responsáveis pela extinção, inclusive, dos dinossauros! Como as coisas parecem ser cíclicas neste planetinha perdido no universo, o clima da Terra voltou a esquentar. E, assim, a Terra seguiu vivendo.

 

Como eu disse acima, parece que o calor na Terra tem relação direta com o nível de carbono na atmosfera. Uso a palavra “parece” porque, em ciência, conforme os pesquisadores vão estudando, mais peças acham para montar o quebra-cabeça da vida. Já faz um tempo (mais de três décadas) que os pesquisadores têm notado, com base em medições, que a temperatura de alguns lugares ficou mais quente. Por quê?

 

Vamos juntar as peças. Principalmente, desde a Segunda Revolução Industrial, quando o petróleo foi “descoberto” como fonte de energia, o planeta tem aquecido mais. Antes dessa exploração, o petróleo estava quietinho lá nas profundezas da Terra (às vezes, nem tão fundo assim, apenas poucos metros da superfície do solo). A gente aprende na escola que o petróleo foi, um dia, os dinossauros. Sabe-se que ele é de origem orgânica e composto por moléculas de carbono (rá) e de hidrogênio.

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Agora, nós, seres humanos, mandamos ver em queimar petróleo. Queimamos para fazer indústrias funcionarem, para carros andarem, para aviões voarem. Essas moléculas de carbono vão para a atmosfera. Para piorar, a gente tem desmatado sem dó as nossas maravilhosas florestas. As árvores retém carbono, principalmente, durante o seu crescimento. Uma árvore da Mata Atlântica absorve 190 quilos de carbono, aproximadamente. Quando a gente desmata e, pior, queima essas árvores, aumenta a concentração de carbono na atmosfera. Lembra-se que, quanto maior a concentração de carbono na atmosfera, mais o planeta era quente? Matada a charada! Com base em estudos, estudos e mais estudos, os pesquisadores do famoso Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) projetam quanto o clima do planeta ficará mais quente.

 

Aí, é aquela bola sem neve. Quanto mais aumentar o clima do planeta, mais os gelos nas regiões frias da Terra vão derreter. Essa água correrá para o mar, que ficará mais alto. Mais alto, ele alagará cidades litorâneas (onde vive a maior parte da população do Brasil, se não me engano) e acabará com ilhas. Milhões de pessoas ficarão sem casa. Os fenômenos como furacões serão mais frequentes e mais fortes. É tipo a anunciação do fim do mundo. Fim do mundo para nós e para outros seres vivos. Porque a Terra, meu bem, esta seguirá seu movimento de translação em volta do Sol normalmente. Talvez, o eixo de rotação seja alterado, como aconteceu quando houve o terremoto que atingiu o Japão em 2011.

 

Bom, agora, voltando à pergunta do título. Sim, São Paulo teve o dia mais frio dos últimos 50 anos. Apesar da friaca nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, os últimos invernos têm tido as temperaturas altas mais altas das últimas décadas. Portanto, está frio, mas o aquecimento global bate a porta. E, muita gente me pergunta: as chuvas fortes do verão, os ciclones, os furacões que acontecem agora são culpa do aquecimento global? Minha resposta sempre a deixa desanimada: “Não podemos afirmar”. Científicamente ainda não podemos dizer que os eventos extremos que acontecem neste momento são culpa do aquecimento global. Pode ser que sim, pode ser que não. O fato é que fenômenos naturais são inevitáveis, mas as tragédias que eles causam podem ser evitadas. Pense nisso.

Dica: O excelente fotógrafo James Balog, especializado em natureza, reparou que alguns glaciares pareciam encolher. Aí, o cara teve a genial ideia de fotografar cada minuto de geleiras nos Estados Unidos, Groenlândia, entre outros lugares durante três anos. A saga rendeu o documentário “Chasing Ice“. Ele conseguiu captar a maior ruptura de gelo já filmada. Um bloco do tamanho de Manhattan, em Nova Iorque, se desprendeu fazendo um barulho ensurdecedor. O documentário poderia ser melhor, peca por se centrar muito na figura do fotógrafo e não no aquecimento global em si, deixando de explorar dados colocados interessantes e imagens maravilhosas. Mas, se você se interessa pelo tema, vale a pena. VEJA OS INCRÍVEIS VÍDEOS DOS GLACIARES AQUI.

Obs.: As fotos foram tiradas, respectivamente, na África do Sul, no Chile e na divisa de São Paulo com Minas Gerais.

Saiba a sua relação com animais presos em cativeiro para “show”

O que eu posso fazer para melhorar o mundo? Com esta pergunta prepotente, comecei a escrever este blog que vos fala. Hoje, cinco anos depois, continuo tocada pela mesma questão. Graças à dúvida – e ao Xis-xis – consegui fazer da minha profissão o meu modo de tentar melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem, ao menos, perto de mim. Seja tentando “desvendar” a ciência para leitores ou estimulando o restauro da Mata Atlântica. No campo pessoal, oferecendo um “bom dia” ao motorista do ônibus ou, humildemente, explicando para os amigos próximos que as cores avermelhada ou azulada das estrelas têm a ver com o comprimento de onda emitido por elas.

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Apesar de acreditar na possibilidade de todas as pessoas da Terra poderem ter qualidade de vida (comida, saudáveis condições de moradia, educação, acesso à medicina, tempo para curtir os amigos e a família), sinto que esse dia ainda está longe. E essa distância parece aumentar enquanto espero ansiosamente pelo documentário Blackfish, ainda não sei quando será seu lançamento no Brasil ou em DVD. Ele usa como fio-condutor a história da orca Tilikum para abordar os “shows” com animais marinhos em cativeiro. Nem quando era criança e também sentia a vontade de tirar foto abraçada com um golfinho, me interessei por esse tipo de “show”. O motivo é simples: qual é a graça de ver um imponente animal selvagem “obedecendo” as ordens de um humano apenas para entretê-lo?

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Gratificante, mesmo, é topar com um animal desses vivendo com toda a sua natureza. Como quando vi os golfinhos caçarem tainhas surfando nas ondas da Praia de Pipa, no Rio Grande do Norte. Ou quando observei as baleia-francas saltarem sobre as águas, enquanto eu passava muito frio sobre uma rocha na cidade de Hermanus, na África do Sul (segundo pesquisadores, as baleias saltam, entre outros motivos, para se livrarem das cracas que habitam as manchas esbranquiçadas da pele). Ou quando vi seus filhotes balançarem as nadadeiras e o rabo livres, leves (eles nascem com cerca de quatro toneladas!) e soltos na reserva De Hoop, também no indescritível país africano. Ou quando ouvi a conversa dos golfinhos enquanto mergulhava com snorkel, em Fernando de Noronha (ouça no vídeo). Ou quando nadei com arraias e tartarugas aqui pertinho de São Paulo, em São Sebastião.

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Como vivemos no capitalismo, regido pelo dinheiro, ando a favor de usar o turismo de observação (evitando ao máximo a intervenção humana) para preservar as espécies. Ao menos, essa medida pode ajudar na educação ambiental e no respeito ao diferente, ao outro ser. Em Noronha, podemos nadar com os golfinhos desde que eles venham até nós. Na África do Sul, a população das baleias-francas está em crescimento. Lá os barcos com turistas estão proibidos de se aproximar, se não me engano, mais do que 50 metros perto delas. O motor deve ser desligado e há limite de minutos para ficar perto de uma. E não é que elas veem até a gente, nos encaram olhando nos nossos olhos e ficam próximas observando? <3

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Fazemos parte do meio ambiente e do mesmo planeta em que vivem os animais marinhos. A natureza deve ser curtida, sentida, respirada, vivida. Mas, jamais, degrada. Na África do Sul, os barcos com turistas mergulhando dentro de gaiolas para observar os tubarões-brancos me incomodaram. Vi o procedimento de outra embarcação: os guias jogam uma mistura de sangue de peixe na água e uma foca de mentira. Os curiosos tubarões-brancos, com mais de cinco metros de comprimento, chegam perto dos barcos e observam (inclusive nós, fora da água). Agindo como gatinhos que batem as garrinhas na bolinha de lã, eventualmente, os tubarões tentam abocanhar a foca de mentira. Assim, são guiados até baterem na gaiola cheia de turistas. A “brincadeira” com os instintos desses animais pode impactar o seu cotidiano, não?

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De acordo com alguns psicólogos (não achei as referências que tinha visto), um dos motivos pelos humanos criarem animais selvagens que, em alguns casos, nos “vejam” como alimento é pelo poder. O humano se sente poderoso, pensa que é igual em força ou beleza ao animal ou até superior ao bicho, já que este se “submete” ao humano. Agora, focando nos mamíferos marinhos. O documentário The Cove mostra que os golfinhos, por exemplo, são capturados do seu ambiente natural para serem exibidos em “shows” mundo afora – veja o premiado filme, que inclusive ganhou o Oscar, e tenha um ataque alérgico de nervosismo. Este texto em inglês (se não conseguir ler use o Google Tradutor), indicado para mim pela jornalista Juliana Arini, aponta que muitos animais são maltratados e sofrem por se separarem do grupo.

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Como nós, os cetáceos de modo geral vivem em sociedade. Agora, vamos imaginar. Você morava com sua família e amigos. Um dia, enquanto estava com eles na rua, vieram estranhos armados e o levaram embora a força. Você, deprimido, foi colocado em um local onde deveria obedecer às ordens da equipe do sequestrador. Em troca, ganhava comida. Se exibisse suas habilidades para todos os estranhos que o iam ver, poderia continuar “vivendo sossegado”. Eventualmente, um turista chegava perto, dizia que te amava, que faria de tudo para te proteger. Esse amor não parece doentio? Mais um sentimento egoísta de sua parte do que amor?

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Eu já cometi erros enquanto turista. Mas, a cada dia, reflito sobre as consequências das minhas pequenas ações. Os animais devem, sim, serem estudados para conhecermos mais sobre eles. Devem ser contemplados para aprendermos a respeitá-los. Podem ser expostos em zoológicos e aquários, tudo adequadamente e o mais saudável possível para eles, para ser ensinada a educação ambiental – e até serem preservados e pesquisados. No fundo, cabe a nós pensarmos o entretenimento que queremos ter. Queremos ter entretenimento ou respeitar os outros seres que dividem o mesmo meio ambiente que nós para, juntos, vivermos em um mundo mais saudável? Nós compartilhamos o mesmo planeta, a nossa qualidade de vida depende da vida dos outros seres. E vice-versa.

Sim, existem “meio” animais como sereias

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Tá bom. Confesso que apelei no título deste post, mas tudo pela ciência. No vídeo do canal Além da Bio, uma parceria do Xis-xis com o Aprenda.bio, explico o porquê de animais frutos do “amor” entre espécies diferentes são inférteis. E, acredite se quiser, conto a história do ovelhode: metade ovelha, metade bode. Veja o vídeo para não ficar de bode – rá!

Ah, e você quer saber se sereias existem? Hummmm. Quem sabe? A verdade pode estar nos olhos de quem vê… Na dúvida, indico a leitura do post do colega Ciência à Bessa.

Parto normal ou cesárea?

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Emily Cahal/ SXC.hu

Vou fazer uma pausa nas discussões sobre as manifestações aqui no blog para falar de outro assunto atual ao menos na minha timeline do Facebook: partos. Muitas amigas minhas estão grávidas ou tiveram filhos recentemente. Além das fotos dos bebês lindos e dos barrigões redondões, vez ou outra as conversas faceboquianas acabam em parto. Ouço muitas dúvidas e até ideias equivocadas sobre o assunto. Por isso, gostaria de ajudar as mulheres a debaterem a importância de um parto normal e saberem quando a cesárea é necessária.

De modo geral, a cesárea é uma cirurgia indicada quando a mãe ou o bebê correm risco em um parto normal. Alguns exemplos de indicação: quando o bebê “não vira”, está com a bundinha para baixo (isso porque, geralmente, o maior diâmetro do corpo do bebê é a cabeça, assim, pode ser que ele fique entalado com metade do corpo preso); quando a mãe não tem dilatação suficiente para o bebê sair; ou, quando há o sofrimento fetal (o ritmo cardíaco do bebê é instável, ele faz cocô dentro da barriga da mãe, etc).

Na maioria dos países desenvolvidos, o parto normal é feito quando não há esses riscos – leia o texto a epidemia da cesárea. E, por que o sistema de saúde deles prefere o parto normal? Além de ser mais barato por lá, ele traz muitos benefícios para a mãe e para o bebê. Abaixo, listo algumas dessas vantagens baseadas em pesquisas científicas para ajudar a desmitificar esse tipo de parto. Quando há a opção de escolha, por que não ser favorável ao parto normal – ou parto natural, se preferir (aquele em que se faz a menor intervenção possível como não anestesiar a mãe)?

Seguem algumas observações sobre o parto normal (se quiser saber mais, clique nos respectivos links):

Vale ressaltar que as condições da mãe e do bebê devem ser avaliadas pelo médico durante o acompanhamento da gravidez e, claro, durante o parto. Essa acesso a médicos e a recursos de qualidade garantem um parto mais seguro, seja normal ou com acesso necessário à cesárea. Tendo esse apoio, cuide da sua saúde para ter um parto e um bebê saudável e… Parabéns!

Obs.: Não sou médica. O que escrevo é de acordo com relatos de médicos, com o que li e com o que apurei para fazer matérias sobre o tema. Portanto, doutores, me corrijam se eu estiver errada.

Manifestantes: país sem partido se chama ditadura

IMG_9479Este blog é um espaço para discutir questões relacionadas à ciência e ao meio ambiente. Mas eu queria pedir licença para fazer uma breve observação sobre as manifestações que estão ocorrendo. Afinal, elas atingem o país e indiretamente, como consequência querendo ou não, os temas que me proponho a tratar aqui.

Ontem à noite fui à comemoração pela tarifa ter voltado à R$ 3 do Movimento Passe Livre (MPL) na avenida Paulista, em São Paulo (SP). Cheguei duas horas depois, às 19 horas, do que o combinado pelos manifestantes. Não vou descrever o que vi, afinal, isto está estampado em toda a imprensa. E, você deve saber que o MPL vai parar ao menos por enquanto com as manifestações. Vou falar sobre o que senti.

Olhe, o pessoal de modo geral está cansado com a política que temos e, consequentemente, com os partidos. Acontece que não existe democracia sem partido. País sem partido se chama ditadura. Você pode não concordar com alguns manifestantes de partidos que se organizaram para ir às manifestações, mas eles não podem ser agredidos. Além disso, eles também têm o direito de se manifestar. Podem, literalmente, levantar as suas bandeiras.

Agressão a outro modo de pensar e à imprensa, ainda mais com atos violentos, é antidemocrático. É contra a liberdade de expressão. Você pode discutir e debater, mas jamais agredir até mesmo com palavras. Portanto, a discussão e a liberdade de expressão, ambas, são pilares da democracia.

Manifestação pode ser uma ação democrática, mas a votação também é uma ferramenta a favor da democracia. Você também se expressa via votos. Se elegeu alguém, cobre desse seu governante transparência e que atenda aos objetivos propostos – os quais, provavelmente, você concorda já que votou nele. E, se está cansado dos partidos, monte novos ou exija melhoras dos quais simpatiza. Agora, país sem partido é ditadura.

Observação: eu simpatizo com a anarquia… Você que não gosta de partidos, leia sobre ela. 😉

Historiadora explica os “apenas” 20 centavos

Ansiosa e agitada com as manifestações, eu sentia ânsia por escrever algo sobre este momento lindamente histórico em que vivemos. Mas, nada… Nenhuma vírgula, verbo, adjetivo ou substantivo descreveria um pouco do significado da manifestação “Não são apenas pelos 20 centavos”, “Revolta do Vinagre” ou chame como quiser. Ela é muito maior do que qualquer palavra. O que fazer, então?

Liguei – agora! – para uma amiga historiadora e fiz o pedido: “Dá um depoimento sobre as atuais manifestações para meu blog?” Afinal, ela estudou, e muito, tem uma bagagem incrível para analisar o que acontece. A historiadora aceitou, mas preferiu não se identificar. Segue, abaixo, um resumo da nossa alegre conversa de mais de uma hora. Ah, antes de ler, quero ressaltar o que ela repetiu: “Desde a primeira passeata, eu não li o que a imprensa publicou, nem os colunistas que acompanho. Desta vez, quis construir o momento com outro olhar”.

O Brasil não está mudando, ele já mudou:

 

“O sentimento não estava parado: essa história de que o brasileiro é pacífico não existe. Esta manifestação mostra um amadurecimento político e assusta porque está bem consistente. Assusta, inclusive, os governantes. Além disso, este movimento nasce na ausência de uma esquerda articulada.

O brasileiro estava ansioso por ser representado pela esquerda porque se sentia cansado de receber imposições. Porém, após eleita, ela não fez mudanças significativas. Como consequência, o povo ficou politicamente órfão em uma ‘revolução inacabada’, onde há um espaço político vazio.

As pessoas começaram a se manifestar pela questão do aumento das tarifas do transporte público. Só que a tarifa é um rótulo. Há muito mais do que isso. Observando a manifestação, vemos diversas bandeiras de movimentos e cartazes com pedidos de várias áreas. Aí, alguns começaram a se dar conta: ‘Opa! A coisa está se pulverizando’. O que é mais importante desta manifestação é a articulação. Não existe falsa ideologia ou ausência de ideologia no movimento.

Durante este movimento, quando o governo deu abertura ao diálogo com os manifestantes, se mostrando disposto a conversar com os organizadores, confirmou o poder desses grupos. Quando você topa dialogar é porque acredita no que o outro está falando. Se você não acredita, não chama para conversar. Será que essa é a nossa Primavera Árabe? O que vai ser?

A manifestação irá ocupar o espaço da esquerda (e o da direita também!). Estou eufórica acreditando que, talvez, esteja acontecendo uma releitura da esquerda na América Latina. Eu tenho a impressão – pode ser que não seja isso – que, novamente, o Brasil está na frente falando aos quatro cantos da América Latina.

‘Não tem partido político nenhum por trás do movimento’, disse um dos rapazes que ajudaram a organizar a manifestação. Claro que, agora, haverão os oportunistas. Por isso, é preciso tomar cuidado para evitar uma futura desilusão. Pode ser que partidos políticos, vendo a força do movimento, afirmem: ‘Fui eu quem elaborei’. Além disso, também é perigoso quando o governo chama os manifestantes para definirem o trajeto da passeata. Isso porque ele tenta usar a geografia como manipulação de poder.

Na época da Ditadura, em 1964, os ditadores acabaram com as praças. Pode reparar, São Paulo praticamente não tem praça. Colocaram bancos nelas e muros de concreto para dificultar a reunião dos manifestantes nesses locais antes amplos e muitos simbólicos historicamente. No Vale do Anhangabaú, por exemplo, aconteceu em 1984 o último comício antes da votação da emenda Dante de Oliveira, a favor das Diretas Já – e eu estava lá! Os viadutos, por sua vez, são uma herança nazista usados para desagregar. Muitos não têm nem calçada para pedestres. Nós herdamos essa geografia.

Hoje, as pessoas, entre muitos motivos, vão à avenida Paulista porque ela é ampla. Ela permite a reunião de muita gente. Assim, o governo quer usar a geografia como instrumento de poder quando o governo tenta ditar o caminho que os manifestantes devem percorrer. Não deve combinar nada e, sim, deixar o pessoal passar.

As manifestações, em vários estados do Brasil, vão assustar. Aparentemente, existiam várias temáticas que incomodavam o brasileiro e que pareciam estar perdidas. Parecia que a sociedade não queria participar por uma qualidade de vida melhor. Mas não era isso. Virá um novo movimento que terá destaque maior com relação à ideologia do Século XXI. E o Brasil é o protagonista.”

Muuuito além da economia verde

*Este post é uma participação especial, foi escrito pelo jornalista Gustavo Mendes Nascimento (@gustamn). 

Terminei esses dias de ler o livro “Muito além da economia verde”, do Ricardo Abramovay (Editora Planeta Sustentável). O título diz tudo. Caberiam até mais alguns “us” nele, como fiz de brincadeira acima, de tão além que o autor foi em sua competente reflexão sobre a incapacidade do atual modelo econômico de dar respostas efetivas ao esgotamento dos recursos naturais. Segundo Abramovay, nem mesmo uma economia verde, nos moldes da que é pregada atualmente, seria capaz disso. Por economia verde, leia-se: luta contra a pobreza, melhora na ecoeficiência e responsabilidade socioambiental corporativa. Apesar de parecer uma fórmula razoável, ela tem seus limites. Se a economia global não for além disso, não vai ter (água, alimentos, petróleo etc) para todos. Vejam o gráfico com a previsão de extração de recursos do planeta até 2050 (notem o salto na curva a partir de 2010).

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Fonte da imagem: Sustainability Europe Research Institute

O problema central do atual modelo, defende Abramovay, é o estímulo a um consumo desenfreado e ao crescimento econômico a qualquer custo, que tem pressionado os recursos naturais do planeta. Além disso, o aumento da população mundial, o crescimento dos países emergentes e a redução da pobreza exercerão uma pressão de consumo nos próximos anos que será insustentável. O livro mostra muito bem isso, com dados alarmantes. Veja, por exemplo, o caso do consumo de carne vermelha: “Para produzir um quilo de carne de gado estabulado, por exemplo, são necessários 9 quilos de produtos vegetais. (…) generalizar para o conjunto da humanidade o padrão americano de carne (120 quilos por ano) (…) consumiria tal quantidade de produtos vegetais que conduziria inevitavelmente a um colapso na oferta de alimentos”. O caso dos combustíveis fósseis, da água, da produção agrícola entre outros, é semelhante. Há quem argumente que os saltos na eficiência produtiva contornariam esse problema da escassez. Será? Não é o que a história recente tem mostrado. De que adianta ter ganho de eficiência, se ele é anulado pelo consumo desmedido. Veja o caso dos automóveis, citado no livro. Eles hoje são mais eficientes no consumo de combustível, mas também são maiores, mais potentes e com recursos tecnológicos que aumentam o consumo. Usando licença poética: não adianta passar do fusquinha beberrão para uma eficiente SUV 3.5 com quase duas toneladas (e muitas vezes levando apenas uma pessoa de 70 quilos).

Em suma, como disse o  secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, “o atual modelo econômico mundial é um pacto de suicídio global”.

Tem jeito?

É difícil pensar em uma economia que não meça o seu sucesso pelo crescimento do PIB (Produto Interno Bruto). Ou seja, é difícil pensar em uma ordem econômica que não seja voltada para o crescimento e, consequentemente, consumo crescente de recursos naturais.

Assim como é difícil imaginar empresas que não pensem no lucro a qualquer custo, acima de (ou até mesmo desprovidas de) questões éticas. Parece forte dizer isso, mas quantas pessoas não são excelentes cidadãos fora da empresa, mas quando entram lá, desrespeitam leis, comunidades vizinhas, destroem o meio ambiente, e por aí vai? A boa notícia é que o livro mostra sinais de que a ordem das coisas já está mudando.

Abaixo, cito dois exemplos, resumidamente.

Ética no centro do negócio – Sei que muitos sentem sono com o clichê “ética no centro do negócio”. Mas a postura de muitas empresas está realmente mudando, lentamente, mas está. Grandes empresas estão colocando a sustentabilidade e tudo que a acompanha (direitos humanos, respeito ao meio ambiente, ética etc) no centro das suas estratégias de negócios de longo prazo. Sustentabilidade, para muitas, não tem sido mais encarada como um setor à parte, uma subdivisão. Algumas empresas já estão redesenhando suas estratégias de negócios pensando não apenas em mercado consumidor, lucro, risco etc, mas em quais problemas da sociedade elas podem resolver (mobilidade urbana, geração de energia limpa etc).

Desmaterialização da economia – Outro ingrediente para a mudança é a desmaterizaliação da economia, algo que se torna cada vez mais viável com o avanço as tecnologias de informação. Por exemplo, as tecnologias de comunicação de vídeo conferência hoje permitem uma redução brutal no número de viagens a negócios. Parece pouco, mas as emissões de carbono numa viagem de avião são altíssimas. Mas, muito além disso, as tecnologias de informação permitem inovações em diversos campos, como logístico, gestão urbana, etc.

Mas será que essa nova economia, que leva o planeta em conta, vai se desenvolver na velocidade necessária? O livro não responde à questão, pois esse movimento ainda é incipiente. Mas terminei a leitura convencido de que: 1) o atual modelo econômico não dará conta de prover bem estar nos próximos anos se nada mudar; 2) os recursos naturais não serão suficientes se a economia continuar como está; e 3) essa mudança já começou, só resta saber se será na velocidade necessária. Se você não ficou convencido disso nessas poucas linhas, garanto que lendo livro ficará ao menos balançado. E se já ficou convencido, leia o livro para se aprofundar no assunto.

O “Muito além da economia verde” representou, para mim, uma completa mudança de paradigma. Ele modificou completamente minha forma de ver a economia e o mundo. Recomendo!

A ciência e o meio ambiente vistos por um olhar atraente e feminino