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Saiba a origem da cor preta da areia da praia

No feriado do Dia do Trabalho, fui romantizar em um pedaço de terra que me encantou mais do que esperava: Ilha Grande, em Angra dos Reis. O arquipélago já fazia parte do meu imaginário. Por um dia estive lá há sete anos, durante o cruzeiro em um navio de 17 andares. Do penúltimo andar da embarcação, o céu se mostava azul-Rio-de-Janeiro, o mar azul-mediterrâneo, havia uma discreta brisa enquanto o barco navegava por entre “tufinhos” de ilhas verdes reluzindo a luz do Sol, cada uma com um tamanho – mais altas ou baixas que a altura do navio. De pertinho, a água transparente tinha tons de azul-piscina e verde-esmeralda. A descrição do paraíso. “Ainda volto para conhecer esse lugar com mais calma”, mentalizei. E deixei o universo conspirar.

Até que esse dia chegou. De pertinho, as Ilhas de Angra são tão incríveis quanto sua visão panorâmica, com destaque para a Ilha Grande – a maior do arquipélago. Lá, eu vi cardume de curiosas lulas, um peixe que parecia cavar com as nadadeiras da frente e abria nadadeiras azuis-arroxeadas do lado do corpo como um pássaro, diversos corais, estrelas-do-mar, um tenso helicóptero naufragado, maravilhosas baías, ruínas arqueológicas, densa Mata Atlântica, areia dourada com a textura e cor como a de Fernando de Noronha e uma “Praia Preta” com uma instigante areia… preta, preta, pretinha (clique nas fotos para ampliar)!

De modo geral, o sedimento levado ao mar pelos rios próximos, os restos de corais, os pedaços de conchas, os fragmentos vulcânicos, entre outros, formam as areias das praias. No caso da Praia Preta de Ilha Grande, a areia é principalmente formada por quartzo (habitual na composição da maioria das areias), feldspato e biotita (minerais constituídos por silício e alumínio raros nas praias porque se alteram rapidamente com a presença da água) e por um grupo de minerais pesados. Estes minerais pesados, chamados assim por ter a densidade maior que a dos minerais comuns, são escuros dando a coloração preta para a areia da praia. Entre eles, estão: magnetita (que é magnético), ilmenita (com titânio na composição e brilho metálico), monazita (fluorescente na luz ultravioleta devido a presença de elementos radioativos), zircão (vítreo com zircônio) e rutilo (uma das principais fontes de titânio da natureza).

O mais incrível é que as ondas do mar separam os minerais pesados do quartzo, do feldspato e da biotita. O movimento das ondas agrupa os minerais de acordo com sua densidade (mais leve ou mais pesada). As ondas acumulam os minerais pesados próximos à vegetação, mais longe do oceano, e arrastam os mais leves para perto do mar. O desenho das faixas coloridas formadas na areia lembra aqueles quadrinhos de vidro com areia dentro, hit dos anos 1980, que mudavam as paisagens conforme eram movimentados por nós. Lembra-se?

Obs.: As explicações sobre a areia preta da praia retirei de um cartaz oficial de informação sobre o local.

Como fazer uma ciclovia simples

No último sábado (14), fomos de carro até o centro de São Sebastião, litoral norte de São Paulo, para comprar ração. Uma amorosa gata de rua apareceu pedindo comida e, depois, levou seus cinco filhotinhos para também se alimentarem. Lá vamos nós socorrer os bichanos da fome. No caminho ao pet shop, uma ciclovia chamou a nossa atenção. Na área central da cidade, o espaço da via mais próximo à calçada, antes destinado ao estacionamento de carros, se transformou em uma ciclovia. Um detalhe interessante: ela foi instalada de maneira simples.

 

Não sou urbanista para avaliar o impacto dessa “obra” e se foi realizada de acordo com as diretrizes da companhia de tráfego e afins. Realmente, o que se destacou foi a possibilidade de construir uma ciclovia com simplicidade e rapidez. Para tal, primeiro, foram pintadas e sinalizadas duas mãos para bicicletas no asfalto. Tachões – aquelas tartarugas ou olhos de gato -, aplicados para separar o trânsito de magrelas dos veículos automotores. E… pronto! Está feita a ciclovia. Uma obra com baixo investimento que será revertido em menos acidentes e maior qualidade de vida aos usuários.

Reflita sobre o seu direito de ir e vir. Ele pode ser mais simples e feliz do que imagina. Boa jornada! 

Uma mancha vermelha no mar

Nesse fim de semana, os lindos céu e mar azuis pincelado por golfinhos em São Sebastião foi coberto por densas nuvens cinzas. O vento que trouxe essas nuvens agitou o oceano e carregou mais surpresas para perto da areia: uma mancha vermelha na água. Minutos antes, uma tartaruga morta foi encontrada ainda sangrando na praia. “Não é possível que toda essa mancha seja o sangue da tartaruga”, pensei. “São algas”, concluiu o grupo com o qual conversava.

 

Claro que, curiosa, entrei na água até acima do joelho para ver de perto (sem mergulhar). Nem sei se faz mal para a saúde, mas não resisti. Incontáveis algas avermelhadas de vários tamanhos boiavam lado a lado forrando o mar perto da praia com sua cor vermelho-coral alarmante (clique nas imagens para ampliar). Até deixei de sentir frio causado pelo vendaval que varria a parte da pele molhada exposta para fora da água. Fiquei ali admirando “a união faz a força” daqueles pequenos seres por alguns minutos. Saí fedida – geralmente, alga exala um cheiro forte.Algum biólogo saberia dizer se esse é o fenômeno conhecido por maré vermelha (proliferação excessiva de algumas espécies de algas tóxicas que pode ser causada, entre outros, pela poluição do mar)?

Boa colorida semana!

Valorize os pequenos (grandes) momentos da natureza

Era um fim de tarde nublado em Ipanema. Eu caminhava no calçadão com amigos ao encontro de mais amigos num bar que comercializava deliciosos quitutes, localizado no xadrez dos quarteirões, no último novembro. Preferimos, claro, ir pela praia. Naquelas passadas recheadas de risadas, parei para observar as ilhas do Arquipélago das Cagarras. Elas me fascinam. Parece que foram propositalmente colocadas ali para, da areia, emoldurarem o mar. Descendo os olhos em direção ao centro do quadro, à praia, encontro três cenas comuns, quaisquer, triviais que devem ocorrer todos os dias sobre os minúsculos grãos. Suas plasticidade e vulgaridade cativaram. As oito personagens faziam parte daquele ambiente natural, talvez tendo consciência desse pertencimento. Querendo ou não, nossa relação com a natureza é de dependência. Somos pequenos em relação ao mundo em que vivemos, mas cada um pode ser grande dentro dele.

Foto e efeito: @isisrnd

Eu acredito em plânctons

Passei o fim de semana offline: fui para o fantástico mundo da praia muito bem acompanhada. Às vezes faz bem para a mente dar um tempo do mundo virtual, quer dizer, real (dia-a-dia)… Ironicamente, lá, em São Sebastião (SP), acabei criando uma certa rotina. Como a maioria dos mortais, vou para a praia durante o dia. À noite, faço companhia aos rasantes dos morcegos. Não. Não é um tipo de mandinga, feitiçaria ou promessa. Depois que vi os plânctons, a praia nunca mais foi a mesma.

Além de voltar os olhos para o céu na nostalgia de observar as estrelas dificilmente encontradas na capital paulista – prática mais antiga do que andar para trás e que a poluição luminosa impossibilita, sigo para a beira do mar e chuto a água! Agito bem a água com as mãos. Chuto mais um pouquinho. Remexo a água salgada outro tanto. Tudo na ânsia de ver plânctons (conjunto de minúsculos seres vivos que habitam os oceanos) novamente. Nunca mais encontrei naquela quantidade a ponto deles ficarem na nossa pele e, consequentemente, iluminar perfeitamente a nossa silhueta debaixo d’água. Recentemente, quando dou sorte, uma ou outra luz esverdeada brilha como vaga-lume do mar.

Nesse fim de semana, o que me animou a entrar na água fria do mar durante a noite foram justamente os plânctons! Eles estavam de volta! Em menor quantidade, mas já podiam ser vistos a partir de cerca de um metro de profundidade. Em busca deles, lá fui eu pular as ondinhas até o fundo! É emocionante agitar as mãos na água e luzes acenderem! Aliás, esses serezinhos devem ter um poder mágico, mesmo. Toda vez que aparecem as pessoas que conseguem percebê-los voltam a ser criança, ficam eufóricas e dão risada sem parar. É… O mar é um mistério incrível durante o dia e a noite…

Obs.: A imagem dos plânctons foi retirada do incrível site Cifonauta – fiz uma matéria sobre ele, leia aqui. De volta a São Paulo, realizei uma busca nesse site para ver se encontrava informações confiáveis sobre os plânctons. Eis a cara desse mundo.

Pensou em subir o morro do bondinho a pé?

Este post é para quem gosta de apreciar mar, montanha, pássaros, flores, espécies em extinção, tudo junto e misturado. A Pista Cláudio Coutinho, mais conhecida como Trilha da Urca, é um dos meus pontos preferidos no Rio de Janeiro – outros são o Arpoador, Museu da Chácara do Céu, Parque das Ruínas, Aterro do Flamengo, Prainha, Grumari, Lagoa, afe, lista extensa. A trilha une prática de esportes ao ar livre, caminhada ou corrida, com a contemplação de paisagens de tirar o fôlego. O melhor: tudo com a segurança de um terreno do exército.

Seus 2.500 metros podem ser feitos a pé por pessoas de todas as idades, pois o caminho ligeiramente íngreme possui chão de asfalto. Durante o agradabilíssimo passeio, é possível ver pau-brasil recém-plantado e espécies em extinção como, por exemplo, orquídea-da-gávea, bromélia-da-urca, velózia-branca e roxa. Entre os pássaros, podem ser avistados: tiê-sangue, gavião-carijó, saí-azul, sanhaços e tesourão. Claro que os saguis também dão pinta por lá – veja o vídeo com mais informações clicando na primeira imagem deste post.

 

Agora, a cereja do bolo é a trilha que dá acesso ao topo do Morro da Urca, onde fica a primeira parada do bondinho. Sim, é possível subir os cerca de 220 metros do Morro da Urca com seus próprios pés! O caminho que dá acesso ao topo está sinalizado à esquerda nos primeiros metros da Pista – fique atento. Alguns degraus de madeira improvisados são o começo da árdua subida. Prepare-se.

O caminho exige do corpinho – em alguns trechos, usei até as mãos para me equilibrar devido à inclinação… Para piorar ou aumentar a adrenalina, quando fui tinha acabado de chuviscar. A terra estava molhada e escorregadia. Como o clima entre as árvores é sempre úmido, talvez essa seja uma condição constante do solo.

Durante a subida, estava ansiosa para ver a paisagem. O que não foi possível porque a mata fechada impedia, inclusive, a entrada dos raios solares. De certa maneira, não poder apreciar a Baía de Guanabara aumentou ainda mais a ansiedade, a inquietação, a euforia. O que viria à frente?

Apenas ao chegar quase no topo da trilha é possível avistar parte da Praia de Botafogo (foto ao lado) – o outro lado do Morro, já que o acesso à Pista se dá pelo cantinho da Praia Vermelha, no bairro da Urca (foto à esquerda). Bom, seguindo trilha adentro alguns metros para a esquerda… Tcha-nan! Um portão é a dica de que chegou a primeira parada do bondinho! Cerca de uma hora e pouco de subida, você está na primeira parada do bondinho! Do bondinho!

É emocionante atingir o topo com seu próprio esforço. Lá em cima, a tão almejada vista é de tirar o fôlego – se é que sobrou algum. Vale cada gota de suor. Suspiro.

Obs.: Quem preferir, pode fazer o caminho inverso. Descer o Morro da Urca pela trilha. Ou subir e descer. No meu caso, voltei usando o bondinho como meio de transporte – você pode comprar a passagem só de descida lá em cima, mesmo. Há mais de 15 anos não passeava nele…

Olhe o “matinho” da praia aí, gente

Que bacana! Lembra-se do jundu – clique aqui e ali? Trata-se de uma vegetação costeira em risco de extinção. Desde criança – vou ao Rio de Janeiro, praticamente, todos os anos -, achava fantástico o “matinho de praia” que tomava parte da areia, às vezes avançando sobre o calçadão, no Leblon. Ainda mais quando estava sobre umas minúsculas dunas. Dava um ar mais selvagem à praia, mais natural. Nunca entendi porque apenas lá um pouco dessa vegetação estava preservada…

Por sorte, parece que alguém anda pensando da mesma maneira que eu. Agora, os jundus do Leblon e de Ipanema foram cercados para ninguém pisar neles! O cercadinho sempre está acompanhado de uma placa: “Área de proteção ambiental da orla marítima. Lei municipal 1.272/88. Recomposição da vegetação de restinga fixadora de dunas. Ajude a conservar esta praia mantendo limpo este local”. É o mínimo que deveria ser feito para recompor esse ecossistema completamente devastado da Mata Atlântica.

 

Inspire-se nessa imagem.

Reciclagem na praia

junduelixeira.jpgUma imagem para o sabadão. A cidade de São Sebastião espalhou lixeiras na beira e nos condomínios das praias – uma obrigação que todas as cidades deveriam cumprir. Agora, uma dúvida surgiu. Além da lixeira para materiais orgânicos, ela colocou algumas para a reciclagem de plástico. Poderia inserir de outras coletas seletivas. De qualquer maneira, a imagem é instigante.
Obs.: Olhe o Jundu em volta da lixeira aí, minha gente!

Não pise na grama! O mato da praia está em extinção

jundu.jpgDias desses, estava caminhando pela praia de Maresias, litoral de São Paulo, quando vi uma placa. A curiosa foi checar o que estava escrito. Ela alertava que o Jundu, aquele “mato” rasteiro das praias, estava em extinção. Desse modo: 1) descobri o nome do matinho; 2) caiu a ficha.
junduflor.jpg Veio na minha cabeça, como um relâmpago, as praias do litoral sul da Bahia. Elas eram forradas por esse mato. Eram quilômetros de Jundu acompanhando-as. Nele, lá naquela delícia de estado, vi lagartos e caranguejos se esconderem. Em seguida, meu cérebro me levou para as dunas de Florianópolis (SC). Em uma das mais altas, uma florzinha roxa ornamentava o Jundu – foto ao lado.
Alguém, recentemente, viu Jundu em Ipanema, em Copacabana, na Pitangueiras (Guarujá) ou na Praia Grande (cidade do estado de São Paulo)? Eu que não. O Jundu cedeu lugar aos calçadões, shoppings, barracas de praia ou seja lá o que for. Pô, praia que é praia limpa tem que ter Jundu. As usadas como exemplo não seriam mais bonitas com a mata rasteira?
Pesquisando mais sobre o assunto, verifiquei que o Jundu não é uma espécie. Trata-se de uma mata formada por gramínias e arbustos que “seguram” os grãos de areia na beira da praia. Assim, o Jundu faz parte da biodiversidade da Zona Costeira e, ainda, a protege. Além de dar, para qualquer praia, um ar mais selvagem. Adoro.
Obs.: Não tirei foto da placa porque estava sem máquina e celular.