Caatinga no litoral brasileiro

Caros leitores,
Em recente viagem ao litoral fluminense fui apresentado a uma relíquia biológica. Uma região de Caatinga (típica de climas semi-áridos) em pleno litoral brasileiro. Acho então interessante discutirmos alguns aspectos relacionados à formação desse ecossistema. Esses aspectos foram melhor discutidos pelo professor Carlos Schaefer em diversos trabalhos, o que será apresentado aqui é apenas uma síntese dos mesmos. Durante o último período glacial um clima mais seco se instalou no que hoje viria ser o Brasil. Essa maior restrição pluviométrica permitiu que vegetação típica de caatinga se implantasse desde o que, hoje é denominado sertão nordestino, até o litoral do sudeste brasileiro. Após a glaciação uma nova era, úmida, se instalou. Isso fez com que a caatinga sucumbisse, ficando restrita ao semi-árido nordestino e localmente entre os municípios de Araruama e Arraial do Cabo, no estado do Rio de Janeiro. Em ambos casos, a semi-aridez é provocada pela presença de barreiras orográficas (cadeias de montanhas que impedem a chegada de nuvens carregadas ao continente). Isso é didaticamente observado na Ilha de Cabo Frio, aonde uma das faces recebe constantemente chuvas orográficas e apresenta Mata Atlântica como vegetação nativa, enquanto que, na outra face, incoberta pela anteriormente citada, o impedimento orográfico provoca a semi-aridez, formando um ecossistema típico de caatinga. A presença de tal barreira em tal região fluminense permitiu que um “pedaço do litoral sudeste” mantivesse o clima semi-árido e consequentemente a caatinga foi preservada ao longo do tempo, sobre solos típicos de tais regiões, como Luvissolos, Argissolos e Latossolos eutróficos, entre outros. Assim, a caatinga presente no litoral fluminense trata-se de uma paleocaatinga, refletindo aspectos passados que por condições específicas de restrições climáticas se preservou ao longo do tempo geológico.

A insustentabilidade dos “manejos sustentáveis”

O texto a seguir nos foi gentilmente enviado pelo amigo Marcus Vinicius Locatelli, autor do blog Orquidofilia e Orquidologia.
“Está na moda difundir e defender a exploração ‘sustentável’ dos recursos naturais, tais como florestais e pesqueiros.
Com o ‘sustentável’ depois de ‘manejo’ subentende-se que por meio de práticas racionais ter-se-á um tempo de vida útil tendendo ao infinito dessas atividades, pois elas causariam sempre o mínimo de impacto possível e este seria sempre compensado de alguma forma. Há mesmo quem imagine que algumas destas práticas não causam impacto nenhum.
A impressão que tenho, é que esse pessoal do governo, aprovando leis, e de ONGs, andaram matando algumas aulas referentes à ecologia.
A Ecologia a que me refiro vai muito além das palavras de ordem e do ‘conhecimento’ meramente panfletário de pseudo-ecologistas estereotipados, refiro-me à ecologia como uma ciência que trata das complexas interações de todos os componentes do meio ambiente.
A definição clássica de ecologia é o ‘estudo das interações dos seres vivos entre si, e o meio abiótico que os cerca’.
Da mesma forma, quando falo ou penso em agronomia, refiro-me à agronomia de ponta, uma ecologia aplicada aos agroecossistemas, uma vez que trata de obter as melhores produtividades por meio da otimização dos insumos aplicados, usando informações de biologia de plantas (genética, anatomia e fisiologia vegetal), biologia de espécies adventícias, biologia e atributos abióticos (dos quais muitos são intensamente afetados pelos organismos edáficos) do solo, bem como as informações sobre o clima.
Voltando ao tema principal do post, as aulas às quais os ditos eco-dogmáticos parecem ter faltado foram as de fertilidade do solo (que é a tecnologia baseada em conhecimentos básicos de ecologia) e seleção natural das espécies.
A relação entre fertilidade do solo, o tipo de vegetação e sua resiliência e a fauna local, é velha conhecida dos que não têm pena de usar o cérebro.
Nos sistemas de exploração ‘sustentáveis’ (os leitores verão por que insisto em manter as aspas) na Amazônia, por exemplo, há exportação (perda) de quantidades enormes de nutrientes minerais, especialmente os de baixa ou nenhuma mobilidade como o Ca, junto com a madeira para os países da Europa, Ásia e EUA.
As florestas tropicais exuberantes como as Matas Atlântica e Amazônia, desenvolvidas sobre solos altamente intemperizados dos trópicos de uma maneira geral, dependem de forma vital da ciclagem biogeoquímica do sistema. Quando há queda de material vegetal ao solo a decomposição do mesmo libera os nutrientes imobilizados na matéria orgânica, os quais são reabsorvidos pela vegetação. Nestes solos, praticamente não existem mais minerais primários. Estes minerais são aqueles diretamente herdados das rochas que originaram os solos, e sua decomposição (intemperismo, principalmente químico) libera os nutrientes necessários à nutrição vegetal. Assim, ao contrário de solos de regiões onde o intemperismo químico é pouco intenso (regiões áridas e semi-áridas do mundo), a vegetação das regiões tropicais depende muito da ciclagem de nutrientes e da presença da matéria orgânica no solo.
O que fazer quanto ao déficit cada vez maior entre nutrientes exportados, junto às toras de mogno, e os nutrientes mantidos para a ciclagem no sistema? Jogar uma colherinha de adubo depois para compensar?
O buraco é mais embaixo, para se responder estas perguntas seriam necessárias muitas investigações acerca disso, mas uma coisa é certa, os nutrientes exportados não estão sendo compensados. No futuro isto poderá ser um problema ecológico de grandes proporções.
Agora evolutivamente falando, o princípio da seleção natural é, simplificadamente, de que os organismos cujas características são mais adequadas à sobrevivência no meio terão mais chances de se reproduzir a passarem seus genes adiantew
Nos manejos ‘sustentáveis’ de florestas nativas, são feitos a priori levantamentos com o objetivo de demarcarem as árvores aptas ao corte, estas, a partir de certo tamanho, usualmente com um diâmetro mínimo de tronco à 1,2, ou 1,3 m acima do solo.
Ora, estão derrubando e matando justamente as que deveriam ser preservadas como matrizes, as árvores que sobreviveram a muitas moléstias, a princípio com os ‘melhores genes’ dentre a espécie para serem passados às próximas gerações.
E quanto aos peixes com tamanho mínimo de abate, ocorre a mesma coisa: os maiores estão sendo abatidos com a conivência da lei, embora haja uma quantidade máxima de espécimes a serem abatidos por pescador, época de proibição de pesca e tudo mais, ainda cada vez mais genes merecedoramente sobreviventes estão indo embora.
Uma das justificativas para o estabelecimento destes valores de tamanhos mínimos para a derrubada de árvores, ou abate de peixes, é o fato de os indivíduos já terem potencialmente se reproduzido ao menos uma vez, por certo tamanho e idade adquirida, e terem deixado descendentes.
Seus genes foram teoricamente passados adiante então, mas com a segregação dos cruzamentos, ter-se-á indivíduos mais aptos, e menos aptos que seus progenitores.
O que se espera? Mais aptos em relação aos menos aptos na descendência, ou justamente o contrário?
Se o contrário estiver ocorrendo, não estaríamos na contra mão da seleção natural? Tudo isso me parece uma evidência clara que quem devia fazer leis sobre organismos deveria ter conhecimento profundo sobre biologia, no mínimo.”

Evolução humana e pedologia

Caros amigos leitores, seguindo a linha proposta pelo meu amigo Ítalo discutirei alguns aspectos ao meu ver interessantes sobre a evolução humana e sua possível associação com determinadas características dos solos por onde passou a espécie. Há já um consenso científico em torno do fato de a evolução humana ter se iniciado no continente africano, mais especificamente em áreas savanizadas (áreas onde predomina a vegetação em forma de savana, semelhantes ao cerrado brasileiro). Ora, a savanização do continente africano deveu-se a restrições pluviométricas de parte daquele continente. Até hoje, a savanização do continente é considerada o principal fator do sucesso das espécies “homo” que posteriormente se espalharam pelo mundo. Mas consideremos alguns aspectos por vezes “esquecidos” por antropólogos e arqueólogos e, que ao meu ver, também devem ser considerados para explicar a evolução humana. À savanização é atribuída o maior sucesso de defesa do gênero “homo”, que desenvolveu a capacidade de se movimentar “de pé”, tornando-se bípede e que, por causa de um predomínio de vegetação rasteira apresentava maior raio de alcance da visão. Porém, além disso, as restrições climáticas em áreas de materiais de origem “ricos” (em geral, rochas com abundância de elementos alcalinos, entre outros) geram solos pouco intemperizados e via de regra férteis. Essa fertilidade proporciona maior acúmulo de nutrientes na biomassa vegetal e consequentemente permite o maior desenvolvimento de espécies consumidoras da mesma (herbívoros). Assim, pode-se atribuir à maior fertilidade dos solos daquela região a grande biomassa animal daquele continente. Considerando que o homem primitivo era nômade e caçador podemos logo chegar à conclusão que a elevada biomassa animal na África poderia levar à elevada disponibilidade de caça para os humanos e consequentemente também cooperaria para o sucesso do desenvolvimento dos mesmos. Em suma, os solos férteis regionais levariam à instalação de espécies vegetais ricas nutricionalmente e à grande disponibilidade de pastagens, que por sua vez serviriam como fontes alimentares para grandes manadas animais e seriam responsáveis pela elevada biomassa animal daquele continente. Assim, a grande disponibilidade de caça, associada à estratégia eficiente de defesa proporcionado por um ambiente composto principalmente por espécies “rasteiras” permitiram o sucesso do gênero “homo”. Isso mostra como os solos locais também tiveram influência no suceso evolutivo do homem primitivo. Outro caso a ser citado é a descoberta de ossadas daqueles que seriam os humanos mais antigos da américa em regiões cársticas (rochas sedimentares de origem química, como os calcários) e quartzíticas do estado de Minas Gerais. Acredito que os principais fatores associados à instauração dessas espécies nesses ambientes estão relacionados à pedologia e geomorfologia locais. Coincidentemente ao que aconteceu no continente africano, a instalação do homem primitivo no ambiente sul americano se deu em áreas de “savanas tropicais” e campo. Ou seja, áreas de vegetação predominantemente rasteiras. Além disso, os solos sobre calcários (material de origem ricos) provavelmente naquela época (cerca de 11500 anos atrás) ainda apresentavam certa eutrofia (riqueza em nutrientes) e consequentemente existia abundante biomassa animal (fonte de caça). A presença também constante de cavernas em áreas cársticas e quartzíticas serviriam como abrigos para o homem primitivo que assim poderiam se proteger das intempéries climáticas e de ataques animais. Tudo isso apresenta como a interface pedogeomorfológica, muitas vezes esquecidas nos estudos tradicionais de arqueologia e antropologia, podem fornecer hipóteses plausíveis para explicar a ocupação e evolução da espécie humana.
Carlos Pacheco

Os novos naturalistas

Que me desculpem os biólogos, mas me parece cada vez mais claro que os herdeiros modernos dos naturalistas de antanho são os cientistas do solo. No caso da Ciência do Solo brasileira, muito têm contribuído para isto alguns professores-pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa cuja visão do solo rompeu definitivamente com o paradigma dos estudos de solo voltados unicamente para a produção agrícola. Aqueles de nós formados sob a influência destes e cujos interesses naturalmente convergem para um papel mais amplo da Ciência do Solo seguimos a trilha aberta. O solo é resultado da interação do clima (climatologia), organismos (biologia), relevo (geomorfologia) e rocha de origem (geologia) ao longo do tempo (história). A civilização, por sua vez, iniciou-se com o advento da agricultura, que além da domesticação de espécies vegetais, iniciou também a domesticação dos solos. O adequado ou impróprio uso dos solos ao longo da história determinou, por vezes, o sucesso ou a ruína de civilizações, as quais deixaram e têm deixado cada vez mais intensamente sua “impressão digital” sobre e sob os solos. Após a revolução industrial, o papel do solo como destino final dos detritos da sociedade foi intensificado. Na verdade, hoje o solo deixou de ser visto como depósito passivo e é entendido como filtro, remediador e determinante da saúde ambiental. Agora, sob o bafo quente das mudanças climáticas globais, o chão que pisamos assume a posição de moderador climático como o maior reservatório continental de matéria orgânica, produzida a partir da fixação do dióxido de carbono cuja concentração crescente na atmosfera ameaça alterar dramaticamente o clima do planeta, além do fato de o manejo adequado dos solos ser determinante no balanço hídrico do planeta. Parece-me bastante claro que o Cientista do Solo competente deve dominar com razoável profundidade um campo amplo demais do conhecimento para que a comparação com os antigos naturalistas não venha à mente. No último Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, realizado ano passado em Gramado, Rio Grande do Sul, o destacado cientista do solo Rattan Lal chamou insistentemente a atenção para a mudança de rumos do trabalho dos profissionais da ciência do solo, afastando-se da simples pesquisa agronômica para atuar como um resolvedor de inúmeros problemas ambientais, da disposição e remediação de resíduos radioativos à utilização de solos urbanos para construção ou recreação, da indisponibilização de metais pesados ao estudo e futuro planejamento de uso dos solos marcianos. Em um artigo publicado último dezembro na Soil Science, o cientista americano Daniel Richter revisou o papel que a humanidade teve e tem na própria gênese dos solos e de que forma o conhecimento aprofundado desta entidade natural independente pode iluminar os estudos das civilizações pretéritas. Aliás, torna-se gradualmente mais comum a presença de especialistas em solo em estudos arqueológicos. Como eu mesmo mostrei em um post recente, o conhecimento da química e da mineralogia de solos pode auxiliar no desvendamento de questões toxicológicas e até aclarar um pouco o cenário da origem da vida. Não, para mim não há dúvida de que somos os últimos e os novos naturalistas.

Embaixadores do Clima para escolas

BRITISH COUNCIL LEVA ESCOLAS CRIATIVAS PARA CONHECER CENTROS CIENTÍFICOS DO REINO UNIDO
Projeto faz parte de programa que estimula jovens e professores a se engajarem em debates ambientais e apresentarem soluções construtivas
O programa Embaixadores do Clima – Módulo Escolas, do British Council, tem como objetivo envolver professores e alunos do Ensino Médio de escolas públicas e particulares em atividades educativas sobre desmatamento, energia, agribusiness, economia e desenvolvimento, tornando-os representantes e multiplicadores do assunto em suas escolas e comunidades. O programa está inserido no projeto De Olho no Clima, através do qual o British Council procura aumentar conhecimento e ação sobre o tema mudança climática no Brasil.
Como prêmio para as escolas que se destacarem, serão organizadas viagens para cidades do Brasil e do exterior, onde os grupos visitarão instituições científicas de renome e terão a oportunidade de conhecer as soluções criativas de outras culturas.
O processo seletivo está aberto para escolas públicas e particulares de Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. Serão eleitas seis escolas em cada cidade (metade composta por escolas públicas e a outra por particulares). Cada colégio selecionado será representado por um grupo de três estudantes e um professor, que serão os participantes ativos no programa. Haverá um treinamento a cada bimestre para os 54 estudantes e 18 professores envolvidos. Para se candidatar, cada instituição deverá indicar uma equipe que preencha os critérios estipulados e ter uma proposta de projeto relacionado às mudanças climáticas.
Inscrições
As inscrições para o programa Embaixadores do Clima – Módulo Escolas serão realizadas até o dia três de março através do site do projeto De Olho no Clima – http://www.deolhonoclima.com.br , que contém ainda o regulamento completo do programa. Os colégios deverão preencher formulário online de inscrição, onde constará a candidatura dos representantes do colégio e a Proposta de Projeto sobre Mudança Climática. Os formulários deverão demonstrar que as escolas atendem aos critérios estipulados em cada parte da inscrição. Os colégios que apresentarem as melhores inscrições serão selecionados (seis em cada cidade). Os três estudantes escolhidos deverão seguir os seguintes critérios:
o Ter entre 14 e 18 anos e cursar o 1º ou 2º ano do Ensino Médio;
o Interesse pela questão ambiental;
o Disponibilidade para participar de todas as atividades programadas (leituras, debates, apresentações, divulgações, tarefas);
o Disponibilidade para viajar para cidades brasileiras ou para o exterior se necessário;
o Habilidades de comunicação e liderança, que deverão ser julgadas pela escola.
Treinamento dos Representantes do Colégio
Colégios do Rio de Janeiro, São Paulo e Recife nomearão um grupo de um professor / coordenador e três estudantes para representar o colégio no programa. Os grupos selecionados integrarão um programa de treinamento bimestral composto por workshops; seminários com especialistas do Brasil e do Reino Unido; atividades para capacitar estudantes a multiplicarem os conhecimentos adquiridos em seus colégios e comunidades; dicas e orientação para representar o Brasil no exterior e atividades on-line por meio de um site inovador e interativo.
Proposta de projeto sobre mudanças climáticas
Como parte da solicitação, cada colégio terá de apresentar uma proposta para um projeto de mudança climática a ser desenvolvido no colégio. Esta proposta deve atender os seguintes critérios:
o Projeto a ser desenvolvido com orçamento de no máximo R$ 5.000;
o Deve ser inovador para o colégio;
o Deve atender às necessidades da comunidade;
o Ser original e criativo;
o Viável de ser implementado;
o Deve envolver o colégio e a comunidade em um esforço educacional;
Prêmios em Viagem
O colégio que apresentar a melhor tarefa ganhará viagens que serão organizadas pelo British Council ao longo do ano e ainda uma câmera digital para registrar a viagem de prêmio do grupo e ações da comunidade. Todo o material será editado e estará disponível através do site do projeto De Olho no Clima.
Viagem prêmio categoria Desmatamento
· Viagem ao Acre, para um seminário com seringueiros, organizado por Paul Heritage e o grupo de produção teatral da Inglaterra equipes ‘Young Vic’;
Viagem prêmio categoria Energia
· Excursão às instituições do Reino Unido sobre mudança climática e uma visita a um projeto de comunidade local bem sucedido em economia de energia;
Viagem prêmio categoria Economia / Desenvolvimento
· Excursão a instituições do Reino Unido sobre mudança climática e uma visita a uma empresa ecologicamente amigável.
Viagem prêmio categoria Agronegócio
· Excursão a instituições do Reino Unido sobre mudança climática e uma visita a uma fazenda sustentável e ecológica.
O British Council é a organização internacional do Reino Unido para oportunidades educacionais e relações culturais. Seu trabalho busca estabelecer a troca de experiências e laços que gerem benefícios mútuos entre o Reino Unido e os países onde está presente por meio da atuação em cinco áreas: Educação, Língua Inglesa, Ciências, Artes, Governança / Direitos Humanos. A organização atua em 223 cidades e 109 países, com parceiros como os governos locais em diversas instâncias, organizações não-governamentais e iniciativa privada. O British Council é uma organização apolítica que trabalha em conjunto com o governo britânico, promovendo oportunidades iguais a todas as pessoas. No Brasil, tem escritórios em Brasília, Rio de Janeiro, Recife e São Paulo. Para mais informações, visite o site www.britishcouncil.org.br

Pela educação laica no Brasil

Este artigo acabei de ler no Jornal da Ciência da SBPC e senti-me na obrigação de aqui reproduzi-lo. Para se ver em que pé se encontra a educação básica brasileira e quão ameaçados estão o estado e a educação laicos no Brasil. Leiam.
“Um grito de alerta!: De criacionismo, educação e liberdade, artigo de Marcos Cesar Danhoni Neves
“Devemos lutar para que o Estado laico se imponha”
Marcos Cesar Danhoni Neves é professor titular da Universidade Estadual de Maringá e secretário regional da SBPC-PR. Artigo enviado pelo autor ao “JC e-mail”:
Hoje vou despir-me de meu papel de Secretário Regional da SBPC-Paraná para falar só como pai preocupado com a educação no país e, especialmente, com a educação de minhas filhas num Estado que necessariamente deveria ser laico em sua essência.
Tenho duas meninas, uma de dez e outra de dois anos. A de dez encontra-se atualmente na 5ª. série do Ensino Fundamental, e eu e minha mulher, como fazemos todos os anos, procuramos nos inteirar sobre os professores e sobre os materiais didáticos (livros, inclusive) que serão utilizados na escola.
Em relação à escola, minha filha a tem freqüentado por oito anos. A razão da escolha foi a estrutura, o corpo docente, a qualidade do ensino ali ministrado e, principalmente, seu caráter laico.
Ano passado, no mês de dezembro, fomos, eu e minha esposa, conversar com a coordenação pedagógica da escola para conhecer melhor o projeto didático para a 5ª. série. Pedimos também para ver os livros didáticos que seriam utilizados.
Folheamos todos eles, buscando informações sobre qualidade, ausência de preconceitos, conteúdo, cientificidade e laicidade. Preocupava-me a escolha do livro de ciências, pois acompanhei, preocupado, o recrudescimento de agremiações religiosas em ações para influenciar políticas públicas e livros didáticos para o ensino de religião e de mitos cristãos criacionistas. Respirei aliviado ao terminar de examinar o livro de ciência.
No entanto, qual não foi minha espantosa e desagradável surpresa ao examinar o livro de História, intitulado “História, Sociedade e Cidadania” (5ª. série), de Alfredo Boulos Jr. (Editora FTD: São Paulo). O livro apresentava uma tendência muito forte em impregnar nas cabeças de crianças de 10 a 11 anos o mito criacionista cristão, quando, especialmente, tenta confrontar duas “teorias”: a dos evolucionistas e a dos (pasmem!) “criacionistas bíblicos modernos” (o adjetivo “moderno” empregado aqui já denota uma tentativa de dar lustro a uma velha e obscura história mítica ligada a uma das tantas religiões monoteístas atualmente existentes, especialmente a cristã).
Perguntei à coordenação da escola se aquele livro ainda estava em análise ou se seria efetivamente utilizado: desgraçadamente, foi-me respondido que o livro já era adotado há um ano e continuaria a ser empregado por todos os quatro anos seguintes do Ensino Fundamental.
Protestei com veemência porque o livro mistura ciência e religião, relativiza a ciência e força alunos (e professor, como conversei mais tarde) a se verem diante de uma absurda escolha entre ciência (evolucionismo) e religião (criacionismo).
Após essa conversa, pensei que havia estimulado a reflexão na escola para que fosse repensada a adoção de um livro de idolatria religiosa numa área que pertence às Ciências Humanas (História). Porém, tal não ocorreu. Um mês depois, recebemos a lista de material didático e o famigerado livro lá estava listado.
Com a matrícula já feita, comprei o exemplar num sebo pois me recusei a pagar R$ 67,00 num livro doutrinário (acabei pagando R$ 10,00 no sebo).
Pedi então para conversar com o professor da disciplina de História para colocá-lo à par de minhas objeções em relação ao livro, entre as quais, listei:
– apresentação de propaladores de idéias religiosamente canhestras (ligadas a diversos credos cristãos fundamentalistas) como “estudiosos”. O autor afirma que sua “obra” apresentará “versões divergentes” da História;
– à página 39 existe um absurdo que precede o outro absurdo do suposto “confronto” evolucionismo X criacionismo: uma ilustração que coloca grandes répteis do Jurássico junto com pequenos e grandes símios modernos;
– às pgs. 42 a 43 é feita a exposição da teoria evolucionista e a apresentação da discutível “tese” (que, afinal, é questão de fé…cristã!) dos “criacionistas bíblicos modernos”, como se isso fosse matéria de ciência. Depois, para mostrar um suposto equilíbrio entre “versões divergentes”, aparecem dois textos: um em defesa do evolucionismo e outro em defesa do criacionismo.
– à pg. 48, um estranho exercício de redação convida o aluno a escrever sobre uma “réplica” de um grande dinossauro (estranho o uso da palavra “réplica” e não de uma expressão como “réplica fiel de um fóssil de …”);
– o texto apresenta também à pg. 101 um estranho texto que quer fazer passar uma tese absurda de que o mundo egípcio foi essencialmente monoteísta. Como professor de História e Epistemologia da Ciência num curso de graduação em Física e no curso de Mestrado em Educação para a Ciência, sei que o único período monoteísta da longa história (~ três mil anos) do Egito Antigo foi o do faraó Akhenaton.
Diz Cardoso: “nos ambientes culturais marcados pelas grandes religiões monoteístas da atualidade, como o cristianismo e o islamismo, “politeísmo” é muitas vezes termo pejorativo, carregado de preconceitos derivados de acreditar-se numa superioridade inerente, intrínseca, do monoteísmo. Preconceitos a que muitos egiptólogos não eram imunes. Alguns chegam a explicitar abertamente sua convicção de haver grandes semelhanças da religião egípcia – por trás de uma fachada politeísta enganosa – com o cristianismo. É o caso de Christiane Desroches-Noblecourt e de François Daumas (Amour de la vie et sens du divin dans l’Égypte ancienne. Cognac: Fata Morgana, 1998. Col. “Hermès”): este último faz, por exemplo, um paralelo absolutamente anacrônico entre o texto egípcio Reflexões de um desesperado com a segunda epístola aos coríntios do apóstolo cristão Paulo.” (In: CARDOSO, C.F. “O faraó Akhenaton e nossos contemporâneos” http://www.pucrs.br/ffch/historia/egiptomania/farao.pdf)
– além da vontade inequívoca do autor da “obra” em tela de passar uma visão cristã da História, distorcendo fatos históricos, encontramos também, à pg. 155, um erro imperdoável para um livro de História: uma fotografia do templo de Hatschepsut (construído pela única mulher faraó do Egito Antigo). Erroneamente, a legenda do livro apresenta o templo como pertencente a uma cidade-estado grega [sic]!
– em todo o livro há longos trechos destinados à Moisés, à diáspora judaica, ao “Cântico dos Cânticos” (sem os trechos mais picantes desse poema de amor…), à fundação do Estado de Israel (sem falar na fragmentação do território palestino), etc. Procurei pelos grandes filósofos gregos, Sócrates, Platão e Aristóteles: encontrei-os, pobres, em duas únicas páginas quase ao final da “obra”.
O que é muito estranho (e compreensível!) numa “obra” desse naipe é a total ausência da propalada “divergência de versões”, pois, em relação ao criacionismo, não se menciona em nenhum momento o movimento de fundamentalistas cristãos nos EUA que foi responsável direto pela proibição do ensino do darwinismo em diversos Estados daquele país ou da inacreditável política “educaticida” (termo que acabei de inventar para “homicídio da educação) do casal Rosinha-Garotinho em ensinar nas escolas cariocas o criacionismo como verdade científica. Não há versões divergentes!
O livro parece que foi escrito para sobreviver de alguma forma à avaliação do PNLD (Plano Nacional do Livro Didático), tentando se adaptar aos critérios avaliativos, mas mantendo sua linha doutrinária cristã.
Em relação ao PNLD de História, que pode ser consultado diretamente no site ftp://ftp.fnde.gov.br/web/livro_didatico/guias_pnld_2008_historia.pdf, é decepcionante saber como a resenha e a escolha do livro foi feita de forma apressada e superficial. Afirmo isso até como participante de processos de avaliação educacional em diferentes níveis de ensino (incluindo o Ensino Fundamental).
Para as coleções de livro de História, podemos encontrar no PNLD, o seguinte texto:
“Concepção de História: A concepção de História adotada na Coleção deve viabilizar que o ALUNO APRENDA A PENSAR HISTORICAMENTE, compreendendo os diferentes processos e sujeitos históricos, as relações que se estabelecem entre os grupos humanos nos diferentes tempos e espaços. Deve possibilitar a incorporação da renovação historiográfica, partir de um problema ou conjunto de problemas, ou de diferentes versões, proporcionando a formação para a autonomia, a crítica e a participação na sociedade.
Construção da cidadania: Este item considera se a coleção aborda a diversidade das experiências humanas com respeito e interesse, ESTIMULANDO O CONVÍVIO SOCIAL, o respeito, a tolerância e a liberdade, se abrange a formação da cidadania no conjunto do texto didático, e não apenas nas atividades ou em um capítulo, relacionando-a ao conteúdo histórico. Se aborda as temáticas das relações étnico-sociais e gênero, considerando o COMBATE AO PRECONCEITO, à discriminação racial e sexual e à violência contra a mulher, visando à construção de uma sociedade anti-racista, justa e igualitária e, enfim, se discute a historicidade das experiências sociais, trabalhando conceitos, habilidades e atitudes na CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA e contribuindo para o desenvolvimento da ética necessária ao convívio social.” [grifos meus]
Se pensássemos como as diretrizes de concepção e avaliação do PNLD o livro “História, Sociedade e Cidadania” deveria ter recebido os piores scores dos itens avaliativos, pois deturpa a história (veja, p.ex., o caso de misturar, numa ilustração, grandes répteis com mamíferos e primatas modernos), compara o que não deve ser comparado (misturando, propositalmente, ciência e religião, confundindo alunos e pais, e repercutindo preconceitos religiosos, mesmo que de forma dissimulada), e não constrói uma sociedade igualitária pois, desde o princípio, a “obra” atenta contra a laicidade.
Mas como o PNLD avaliou a “obra”?!? É aí que reside talvez o maior perigo: o MEC dar aval a um material “didático” que compromete as bases da própria educação básica. A obra foi avaliada da forma que segue:
1.Concepção de História = bom
2.Conhecimentos históricos = bom
3. Fontes históricas / documentos = bom
4. Imagens = bom
5. Metodologia de ensino-aprendizagem = suficiente
6. Capacidades e habilidades =ótimo
7. Atividades e exercícios = bom
8. Construção da cidadania = bom
9. Manual do Professor = bom
10. Editoração e aspectos visuais = não [contemplado]
Em síntese, o livro em discussão está dentro de parâmetros de “qualidade” adotado pelo MEC e valida seu pressuposto fundamental: “(a obra) deve possibilitar a incorporação da renovação historiográfica, partir de um problema ou conjunto de problemas, ou de diferentes versões, proporcionando a formação para a autonomia, a crítica e a participação na sociedade.
Pergunto-me: será que com todos os problemas aqui apresentados, a escola que adotou o livro estará proporcionando “autonomia, crítica e participação na sociedade”?
Os únicos dois “poréns” listados sobre a “obra” em tela pelo PNLD foram:
– “não se verifica eficaz preocupação quanto aos graus de complexidade e especificidade na abordagem dos conteúdos”. (PNLD, 2008, p. 97);
– “Permanecem, no entanto, algumas lacunas, podendo-se apontar muitas expressões incomuns, de difícil compreensão para os alunos e não contemplados no glossário. Em relação ao conjunto dos aspectos gráficos, verifica-se um certo descuido quanto à harmonia da página, contendo excesso de recuos, algumas ilustrações pouco integradas, em muitos casos, uma impressão visual que desfavorece a atenção do leitor”. (PNLD, 2008, p. 98)
Vê-se pois que a avaliação da “obra” tocou apenas aspectos superficiais, irrelevantes para um processo que deveria avaliar a correção histórica e a construção da autonomia, da crítica, e da formação integral do sujeito na sociedade plural que vivemos.
No entanto, analisando esse caso podemos colocá-lo dentro de um contexto mais amplo como foi, p.ex., a participação da ministra Marina Silva na reunião de um grêmio religioso evangélico sobre a “discussão” do criacionismo.
“Ao participar do 3o Simpósio sobre Criacionismo e Mídia, em São Paulo, ela equiparou o evolucionismo, a teoria mais aceita entre os cientistas para explicar a evolução da vida na Terra, ao criacionismo, a crença religiosa em que a vida foi criada por Deus exatamente como descreve a Bíblia. Depois, em entrevista a um blog de jovens adventistas, Marina – uma ex-candidata a freira que se tornou evangélica e é missionária da igreja Assembléia de Deus desde 2004 – defendeu o ensino nas escolas do criacionismo ao lado do evolucionismo.” (In: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG81345-6010-506,00.html)
Francis Collins, famosos geneticista do Projeto Genoma, e devoto do cristianismo, afirma que se faz uma perigosa confusão semântica quando se afirma que a o evolucionismo é mais uma “teoria” entre tantas outras.
“Em ciência, uma teoria é uma coleção de observações reunidas numa visão consistente”, diz Collins. “A teoria eletromagnética é um exemplo. O termo ‘teoria’ não significa que ela ainda seja hipotética ou que não esteja correta. A biologia não faz quase sentido algum sem o evolucionismo para sustentá-la.” (In: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG81345-6010-506,00.html)
A despeito de toda a admiração que tenho pela Ministra Marina Silva (a quem conheci durante uma de suas palestras em Roma em 1995, quando realizei meu pós-doutorado na Università La Sapienza), pergunto-me se uma ministra de Estado, em claro conflito de interesses (aceitar pagamento de um grêmio religioso para participar de um evento privado durante o exercício de um cargo público), deveria emitir uma opinião dessa espécie num Estado laico. Portanto, dentro desse macro-contexto, não é de surpreender as razões da superficialidade da avaliação do PNLD e a aprovação de livros em claro confronto com os princípios basilares da ciência e da laicidade.
Sobre a questão do Estado laico, fruto da Revolução Francesa, interessante recorrer à visão de um homem de religião, Padre Sorge:
“A Revolução Francesa sanciona uma descristianização inicial muito tempo antes, com o fim da cristandade medieval. O distanciamento entre fé e cultura, entre religião e progresso, entre política e ética, entre Igreja e Estado, entre sacro e profano inscreve-se num processo histórico plurissecular que tem suas origens no Humanismo, na Renascença, na reforma protestante, no Iluminismo. A Revolução Francesa representa apenas a passagem crítica desse processo. Com ela “cristão” cessa definitivamente de ser sinônimo de “cidadão”. Agora, no centro da vida social, instala-se o homem em vez do fiel.” (SORGE, 1989, pp.114-115)
Sobre a deplorável questão da Ministra Marina Silva, a Folha de S. Paulo, em Editorial, salientou que: “Sob uma aparência de equanimidade, a tese faz parte de uma investida anticientífica que, com firmeza, cumpre repudiar. Pode-se, é claro, sustentar que a fé pessoal é compatível com o espírito científico; que religião e ciência não se opõem. Talvez não se oponham, mas certamente não se misturam. E é isto o que o criacionismo tenta fazer, sem base comprovada, e com um aparato de falácias que um estudante médio, no Brasil ou em qualquer parte do mundo, não tem condições de identificar. Que a religião fique onde está, e não se faça de ciência: eis uma exigência, afinal modesta, mas inegociável, da modernidade” (FOLHA DE S. PAULO, Editorial, 2008).
Definitivamente a separação entre Estado e Religião, Ciência e Religião é mister que ocorra. Estamos assistindo nos últimos dias, a tentativa de uma Igreja Evangélica em silenciar a imprensa, para, num ato autoritário, usando os instrumentos da democracia, solapar a liberdade de pensamento.
Devemos lutar para que o Estado laico se imponha, ou estaremos construindo o terreno fértil para o nascimento de “madrassas” (escolas fundamentalistas do Islã) cristãs e de um Estado baseado no sectarismo religioso perpetuado pela des-educação de sistemas e livros ditos didáticos.
A modernidade deve, enfim, se impor como um ato próprio da democracia e da convivência plural. Do contrário, estaremos fadados ao fundamentalismo e ao analfabetismo completo, num mundo privado da liberdade de pensar e da democracia!
REFERÊNCIAS
FOLHA DE S. PAULO. Criacionismo, Não! (Editorial – A2). Edição de 20 de janeiro de 2008.
SORGE, P. “Enfim a Igreja Aprovou 1789″. In: A Revolução Frnacesa”. São Paulo: Editora Três, 1989, pp. 114-116.
TRAUMANN, T. “A Ministra Criacionista: Marina Silva, do Meio Ambiente, mistura Religião e Ciência e defende o Ensino do Criacionismo”. Rio de Janeiro: Revista Época, Ed. 506, 2008. Disponível em: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG81345-6010-506,00.html”

Parabéns atrasados ao Tio Charles

Imperdoável lapso, não comemoramos ontem o aniversário natalício de nosso padroeiro, o inigualável Charles Darwin. Lapso só explicável pela correria das correções da tese e preparo de projeto de pós-doutorado. Vida eterna a Darwin e não nos esqueçamos (não esqueceremos) de seu ducentésimo aniverário ano que vem.

Geófagos é citado no “ScienceBlogs”

Último dia 15 de janeiro escrevi o post “Geofagia, malária, argilas e a origem da vida“, no qual comentei sobre o trabalho de uma equipe francesa associando a ingestão de solo por chimpanzés à potencialização de efeito anti-malária do extrato de determinada planta africana. No post, teorizei que a caulinita, principal argila presente no solo ingerido, poderia estar catalizando a ativação de compostos mais potentes a partir de compostos menos potentes ou inativos. O blog Terra Sigillata, escrito por um acadêmico pesquisador da área de farmacologia que escreve sob o pseudônimo de Abel Pharmboy, publicou último dia 02 de fevereiro este post em que considera nossa hipótese plausível e comenta sobre nossa alusão ao papel das argilas na origem da vida. Não há dúvida que Blogs escritos por cientistas são uma nova e eficiente forma de comunicação científica sem fronteiras. 

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