Deve-se aceitar uma solução tecnológica simplesmente por ser segura?
No artigo “Examining the gap between science and public opinion about genetically modified food and global warming”, publicado no periódico PLoS ONE em 9 de novembro de 2016 por Brandon R. McFadden do Department of Food Resource Economic da University of Florida, conclui-se que “there appears to be a strong association between illusory correlations and disagreement with the scientific community. This study cannot conclude that decreasing illusory correlation would decrease disagreement. Nevertheless, efforts to decrease illusory correlations may be a more effective form of scientific communication than simply providing information, which has been found ineffective.”
Tenho a impressão de que o autor parte de uma presunção simplista para outra.
Não me parece que seja apenas a falta de informação o que está impedindo o público de concordar mais com a ciência, mas a crença incorreta em correlações ilusórias. Vejamos o caso dos alimentos geneticamente modificados. Primeiro, não há como simplesmente considerar que todo e qualquer alimento modificado será necessariamente seguro porque os que hoje sendo comercializados o são. Segundo, a afirmação de descrença na segurança nos alimentos geneticamente modificados pode não ser uma discordância nos cientistas em si, mas na boa-vontade das empresas (e nos cientistas que trabalham para estas empresas) que desenvolvem e comercializam as sementes de variedades geneticamente modificadas. Não há como negar que haja interesses comerciais envolvidos no desejo de aceitação de alimentos GM. Isso já não é tão óbvio na questão da aceitação da influência antrópica das mudanças climáticas.
Mesmo que se comprovasse a segurança dos alimentos geneticamente modificados atualmente sendo comercializados e houvesse confiança nos mecanismos reguladores daqueles ainda a serem desenvolvidos, há questões mais profundas envolvidas na aceitação destes organismos. Para mim, o grande problema é aceitar uma solução que simplesmente gerará outros problemas. Preocupamo-nos hoje em como produzir comida em quantidade e com qualidade para as quase dez bilhões de pessoas que habitarão este planeta em 2050 sem acarretar prejuízos desastrosos ao meio ambiente. Parte-se do pressuposto de que isso seja possível, de que seja uma questão de focar esforços para encontrar a resposta. Num espírito mais malthusiano do que borlauguiano, eu penso que isso talvez não seja possível. Não tenho dúvida de que seja possível produzir comida para dez bilhões de pessoas, mas não acredito que isso possa ser feito sem afetar drastica e negativamente o funcionamento da biosfera terrestre.
O próprio autor cita a desconfiança de certa parcela do público em relação aos interesses das empresas ao delinear a Anti-Reflexivity Thesis, a qual postula que “Republicans (Democrats) are more (less) likely to agree with science that provides innovations for economic production and less (more) likely to agree with science that identifies negative impacts of economic production.”
Não desejo de forma alguma que a população humana diminua em decorrência da fome, de catástrofes ou de guerras. O que espero é que sejam feitos esforços para freiar o crescimento populacional, principalmente em regiões mais pobres e vulneráveis do planeta. Caso tecnologias como a modificação genética das espécies cultivadas possam realmente sustentar a produção agrícola suficiente para permitir um tal crescimento populacional, protelando medidas ou políticas públicas visando controlar esse crescimento, independente se as tecnologias são seguras ou não do ponto de vista da saúde humana, creio haver uma justificativa suficiente para se opor ao uso indiscriminado da tecnologia. E eu realmente creio na segurança geral dos alimentos transgênicos sendo hoje comercializados e nos mecanismos de avaliação de riscos destes alimentos.
A riqueza, a hipocrisia e o fim do mundo
Tenho notado que, após a mudança para a plataforma ScienceBlogs, alguns textos meus que considero essenciais deixaram de aparecer nos mecanismos de busca. Creio que a republicação dos mesmos, eventualmente revistos e ampliados, contribuirão para resgatá-los do inevitável esquecimento na enormidade assustadora da internet e para manter atuais algumas discussões que já fizemos e pelas quais somos insistentemente cobrados. Inicio esta série de reedições com um texto meu um tanto polêmico, que desagradou alguns, agradou a muitos e incitou uma rica discussão.
Querem saber qual é o problema ambiental mais grave do planeta? Não titubeio em dizer: a riqueza, ou melhor, o “desenvolvimento”. Os padrões ocidentais de riqueza e desenvolvimento. E não me refiro apenas à riqueza dos países desenvolvidos com seus padrões de consumo irresponsáveis. Em países “em desenvolvimento” também há o tipo de riqueza a que me refiro. Não queremos todos alcançar um nível de vida típico de classe média americana, nós da classe pensante brasileira? Sentimos, satisfeitos, que fizemos nossa parte quando adquirimos produtos ecológicos, “verdes”, ambientalmente amigáveis, mas convenientemente esquecemos ou ignoramos que uma das grandes causa da situação ambiental atual é o próprio consumo.
Até onde posso ver, é comum o desejo de possuir pelo menos um automóvel. Para aplacar a consciência, exigimos carros flex, ou a álcool, ou doravante movido a qualquer biocombustível, mas ignoramos tranqüilamente as montanhas de minério de Minas Gerais e do Pará literalmente transportadas para as siderúrgicas para retirada de ferro e alumínio para a fabricação destes mesmos veículos. Alguém tem idéia do impacto disto? Alguém se predispõe a protestar contra o desejo de possuir um carro? Bastam os biocombustíveis, aliás cultivados utilizando-se insumos agrícolas produzidos com o uso de combustíveis fósseis ou de recursos minerais não renováveis. Sim, porque pouquíssimos estariam dispostos a pagar por biocombustíveis totalmente orgânicos (alguém já viu os preços de hortaliças orgânicas?).
Um outro grande desejo humano é ter casa, e a classe média bem informada prefere apartamentos, talvez na beira da praia, tirando a vista dos outros para o mar. Uma surpresa para os que acham que só os grandes empresários e os agricultores do mal produzem gases de efeito estufa: a produção do cimento de seu apartamento comprado a suadas prestações é feita a partir da calcinação do carbonato de cálcio: CaCO3 → CaO + CO2. Este CO2 aí no final é o dióxido de carbono, principal gás de efeito estufa. Alguém se propõe a combater a construção de casas?
A vaquinha que produziu a picanha que entusiasticamente queimamos no fim de semana produz uma quantidade não desprezível de metano, um gás de efeito estufa mais poderoso que o CO2, imaginem quanto metano produzem vaquinhas para alimentar 6 bilhões de bocas. Ah, você não come carne? Um dos maiores produtores de metano no planeta são os plantios de arroz inundado. Você é um ambientalista ativamente preocupado com a possibilidade de construção de usinas nucleares? Orgulhoso porque o Brasil produz energia a partir da água, um recurso natural renovável? As hidrelétricas estão bem, obrigado, produzindo quantidades nada desprezíveis de metano.
Creiam-me, pouquíssimos estão dispostos a realmente fazer as mudanças necessárias para que vivamos numa sociedade realmente sustentável. Modernizando a imagem que Cristo utiliza no Novo Testamento para descrever os hipócritas, parece que preferimos ser sepulcros caiados exalando metano pelas mal disfarçadas rachaduras.
Gasolina de celulose e matéria orgânica do solo: conflito de interesses
A Scientific American Brasil deste mês apresenta dois artigos sobre a produção de biocombustíveis a partir de celulose: o primeiro, intitulado ‘Gasolina de capim e outros vegetais’, foi escrito por dois cientistas americanos, George W. Huber e Bruce E. Dale, está ou pessimamente escrito ou terrivelmente traduzido ou ambos. De toda forma, o texto é confuso e não acrescenta muita coisa ao conhecimento sobre o assunto. Um artigo acompanhante, sob o título de ‘Desafios para transformar conceitos em realidade’, escrito pelos brasileiros Paulo Seleghim Jr. e Igor Polikarpov, surpreendeu-me pela clareza. Os brasileiros, apesar de um ser engenheiro mecânico e o outro físico, explicaram bonitamente todo o processo biológico de formação da celulose e o químico de degradação da mesma a fim de se produzir combustíveis a partir do material vegetal como um todo e não apenas da fermentação de açúcares, como é feito na produção de etanol a partir da cana de açúcar.
Este post, no entanto, não foi pensado como uma louvação ao talento literário de cientistas brasileiros em detrimento dos colegas americanos. Na verdade, pensei em escrevê-lo por ter lido um trecho do artigo dos brasileiros que me preocupou. Os autores levantam a questão da competição entre a produção agrícola voltada para a alimentação e aquela voltada para a produção de biocombustíveis como o etanol: quer seja produzido a partir de milho quer de cana de açúcar, há uma realocação da energia produzida. De acordo com eles no entanto “o etanol celulósico representa uma solução extremamente promissora porque pode conviver com a produção de biomassa alimentar sem competição. Um produtor de milho, por exemplo, pode comercializar os grãos para uma fábrica de ração animal e destinar o restante da biomassa: folhagem, caule etc., para a produção de etanol celulósico”. Antes que alguém se entusiasme demais, eu pergunto: e para o solo, não sobra nada?
Há uma visão extremamente equivocada do solo como um mero substrato sobre o qual as plantas se desenvolvem e que poderia, na condição de substrato, ser substituído por qualquer outro tão eficiente quanto. A coisa não é bem assim, mesmo. O solo, além da fração mineral, composta por minerais primários e secundários, é composto também por uma porção orgânica, a chamada matéria orgânica do solo, de imensa importância na manutenção da saúde não apenas do solo mas também dos ecossistemas. Tanto em ecossistemas naturais quato nos agrícolas, a quase totalidade da matéria orgânica do solo é de origem vegetal, surgida a partir da decomposição em variados graus do material vegetal chegado ao solo e bioquimicamente transformado pela ação dos microrganismos, que também são matéria orgânica do solo.
Além de regular a fertilidade natural dos solos, por disponibilizar nutrientes ao ser decomposta, a matéria orgânica age regulando uma série de processos químicos, mantendo a micro, meso e macrobiota do solo e minimizando o processo de erosão do solo. Como é majoritariamente composta de carbono, a matéria orgânica representa um importante sumidouro de carbono, participando ativamente na regulação dos teores de CO2 atmosférico, principal gás de efeito estufa. Aliás, estima-se que haja três vezes mais carbono estocado na forma de matéria orgânica do solo do que na forma de florestas.
A substituição da vegetação natural por cultivos agrícolas em geral causa decréscimos consideráveis nas concentrações de matéria orgânica nos solos, a não ser que práticas como o plantio direto ou a agricultura orgânica sejam adotadas. A possibilidade de que o desenvolvimento de tecnologias industrialmente viáveis de produção de biocombustíveis a partir da celulose venha a representar mais uma atividade que retire a matéria orgânica que doutra forma acabaria no solo deve ser seriamente considerada. Em geral o agricultor não é pago pelos inúmeros serviços ambientais prestados pelo enriquecimento do solo com matéria orgânica. No caso de se vir a produzir gasolina de celulose, certamente haverá pagamento pela biomassa produzida e disponibilizada. Pouco importará, no entanto, que se produza um biocombustível pouco poluidor se não houver solos para produzir biomassa. E sem matéria orgânica, não há solo.
Questões como esta não podem ser apreciadas de forma reducionista, sob o risco de se pular da cruz para cair na ponta da espada. Por mais promissora que seja a tecnologia de produção de biocombustíveis a partir de biomassa vegetal, obrigatoriamente uma parte da biomassa produzida deve ser retornada ao solo para manutenção ou até enriquecimento do compartimento orgânico do solo para que o funcionamento dos agroecossistemas não seja inviabilizado. Quer se pague por isso ou não.
O aquecimento não é o único problema ambiental relevante
Um desafio – Parte final: Aquecimento global antropogênico ou não? Uma questão ainda sem resposta.
Por motivos pessoais e profissionais precisei me afastar do Geófagos nos últimos dias. O tempo foi bom pois pude aprofundar um pouco mais nas questões referentes ao aquecimento global antropogênico. Os estudos foram bem proveitosos, entretanto, as conclusões que tirei foram um tanto quanto desanimadoras. Além de ver novamente o documentário que deu origem a essa série de posts, pude ler o “A fraude do esfeito estufa” de Kurt G. Bluchel, alguns artigos e também alguns capítulos de livros textos sobre Geologia e Climatologia. Resolvi encerrar logo esse assunto. Colocarei aqui minhas opiniões sobre argumentos de ambos os lados, favoráveis e contra a teoria.
Para início de conversa os links do documentário são esse, esse, esse, esse, esse, esse e esse. Estou colocando somente os links do vídeo por dois motivos, quais sejam: (1) para não sobrecarregar o post e; (2) porque fui alertado sobre os riscos de inserir vídeos produzidos por grandes canais sem autorização dos mesmos.
Confesso que alguns dados me impressionaram. Deixando de lado algumas convicções pessoais e assumindo verdadeiros os dados apresentados nas fontes consultadas, observei claramente a forte influência da forçante natural no aquecimento global. Observando as curvas de CO2 x temperatura e Atividade Solar x temperatura, exibidas no documentário, isso fica evidente. As segundas se correlacionam de maneira muito mais satisfatória do que as primeiras. Essas curvas, mostradas na figura 1, exibem dados relativos ao último século. A curva com dados simulados dos últimos 600000 anos, como pode ser visto na terceira parte do documentário, também apresenta uma boa correlação.
Figura 1: Curvas CO2 x temperatura e Atividade solar x temperatura.
O argumento que fenômenos de aquecimento e resfriamento globais estão constantemente ocorrendo também é verdadeiro. A suposta entrada do globo em uma era natural de aquecimento também o é. Observe na figura 2 que o comportamento do clima ao longo do tempo geológico é cíclico e está relacionado à formação e desagregação de supercontinentes. O período de separação e amalgamação é quente, enquanto que períodos de junção e de estabilidade do supercontinente são marcados por eras glaciais. O final dos períodos quentes são acompanhados de uma queda brusca na temperatura e uma mini-glaciação e posterior elevação da temperatura durante um curto período de tempo. As causas desse comportamento ainda são desconhecidas e antecedem a era glacial propriamente dita (um elevado período de frio intenso). Caso o clima esteja seguindo seu curso normal, de acordo com o modelo proposto pelo geólogo australiano J. J. Veevers, estamos na ascenção, quase inicial, da curva que representa uma era interglacial quente. Esse período quente, segundo previsões, deve durar alguns milhares ou dezenas de milhares de anos. A nova era glacial é esperada para algo por volta de oitenta milhões de anos. É importante frisar que cada ciclo dura aproximadamente 400 milhões de anos e, a figura 2, refere-se aos três últimos ciclos correspondentes aos supercontinentes Rodínia (1 bilhão de anos), Pannótia (600 milhões de anos) e Pangea (250 milhões de anos), conforme mostrado na figura 3.
Figura 2: Modelo proposto por Veevers para explicar a variação climática ao longo dos últimos 1,1 bilhão de anos. Fonte: Decifrando a Terra.
Figura 3: Três últimos supercontinentes ao longo da evolução do planeta. Fonte: Decifrando a Terra.
Por outro lado, parece-me que os adeptos ao aquecimento global não antropogênico por vezes “esquecem” que o clima é resultado da combinação de diversos fatores e não apenas da atividade solar ou de outros fatores isolados. Além de variações na atividade solar, a composição da atmosfera (gases estufa por exemplo), alterações nas posição e níveis de continentes e oceanos, níveis dos mares e causas extra-terrenas, entre outros, também influem sobremaneira. Por exemplo, de nada adianta um elevado aporte de radiação de onda curta solar se não houver gases estufa suficientes para reter as radiações longas (infravermelhas) refletidas pela superfície do planeta.
Outras afirmações, como a temperatura deveria ser mais alta na alta troposfera do que na baixa troposfera entram em conflito com colocações dos próprios cientistas entrevistados. Eles criticam o IPCC por basear seus relatórios na simulação por modelos. Mas essas afirmações também são baseadas em modelagem. Logo, por uma questão de coerência, ela não deveria ser levada em consideração por eles.
Quanto ao CO2 aumentando posteriormente à temperatura, é uma questão válida, mas não fundamental. Em uma rápida corrida de olho nos gráficos, observei alguns períodos cuja temperatura eleva-se antes dos níveis de CO2 e outros que esses últimos antecedem a temperatura. É uma questão óbvia, uma vez que são fenômenos intimamente interligados. Por exemplo, um aumento na temperatura significa menor difusão de CO2 no grande reservatório dele, os mares. Consequentemente, maiores teores de CO2 serão liberados para a atmosfera. Além disso, também maiores níveis de decomposição de matéria orgânica podem ser alcançados, elevando o aporte atmosférico de dióxido de carbono. Já o efeito estufa, eleva a temperatura por meio da maior absorção de raios infravermelhos por gases estufa.
Já algumas outras afirmações dos não adeptos à teoria podem ser classificadas, minimamente, como esdrúxulas. Imaginem que pérolas como o elevado aporte de CO2 pode ser a solução para a fome mundial pois favorece a fotossíntese ou não haverá extinção de espécies devido ao aquecimento global e sim, favorecimento das mesmas, foram encontradas por mim durante a pesquisa. Fato é que, se as condições permanecerem ótimas, a fotossíntese realmente é favorecida por incrementos nos níveis de CO2. No entanto, o processo é mais complexo que isso e dependente de outros fatores. Por exemplo, quando pensamos em produção vegetal para fins agrícolas, também devemos lembrar da necessidade de nutrientes, disponibilidade hídrica, controle de pragas, entre outras. E grande parte dessas questões estão ligadas ao clima, portanto, tem que se considerar também quais as mudanças deido ao aumento dos níveis de gases estufa. Quanto à não existência de extinção de espécies, é melhor nem comentar.
Por outro lado, os defensores do aquecimento global antropogênico devem ser menos dogmáticos. Tratar quem critica a teoria como se fossem pecadores julgados por tribunais de inquisição católicos só trará malefícios à ciência. A discussão é saudável e, quase sempre, leva a conhecimentos mais avançados do que os iniciais. Filosoficamente, é plenamente possível que o efeito estufa realmente leve a significativas elevações das temperaturas médias mundiais, com as significativas mudanças por ele provocado. Entretanto, não acredito que tenhamos dados significativos para provar a real significância de tal efeito. O que é evidente, pois nos outros ciclos climáticos ao longo do tempo geológico não tinhamos o fator homem para verificarmos sua parcela de culpa. Modelos são sim falhos e refletem os dados de entrada, isso é óbvio. Antes de utilizar-se modelos de previsão, é necessário ter dados suficientes para suportá-los e calibra-los. Ou seja, a discussão deve continuar para esclarecer quais os efeitos da ação antrópica sobre o clima e, mais que isso, qual a intensidade dos fenômenos que virão.
Entretanto, acredito que a discussão pura e simples, sem ações prévias, é perda de tempo. O consenso quanto ao aquecimento global e seus efeitos existe. Veja que eu disse consenso quanto ao aquecimento global, não especificando a origem do mesmo. O que não há é um consenso sobre a origem desse aquecimento, se é antrópica ou natural. Acredito na combinação de ambos. Admitindo o consenso, não seria mais óbvio reduzir a vulnerabilidade da população aos efeitos advindos das mudanças climáticas e, ao mesmo tempo, discutir-se a origem e intensidade dos fenômenos que virão? Além disso, a discussão, se as emissões são ou não antropogênicas, principalmente levando-a para sentidos duvidosos como a defesa da sociedade industrial, é desnecessária. Afinal, se ainda não tem-se uma conclusão concreta sobre a participação dos “gases estufa” sobre o aquecimento do planeta, já tem-se informações suficientes sobre aspectos toxicológicos relacionados à poluição atmosféricas. Não obstante, invocar aspectos como a pobreza dos países africanos para justificar a continuidade dos meios de produção atuais me parece uma falta de ética e de humanidade tremenda. Não foi durante a própria sociedade industrial que as desigualdades mundiais aumentaram? Pergunte a um etíope, queniano ou somaliano comum se o século de desenvolvimento industrial trouxe benefícios. A resposta nem precisa ser dada.
Agora para aqueles que ainda duvidam da capacidade da vida em ocasionar grandes mudanças no planeta, sugiro estudarem um pouco o tempo geológico e as mudanças ao longo dele. Por exemplo, a modificação proporcionada pela fotossíntese, transformando uma atmosfera tipicamente redutora em outra fortemente oxidante e as consequências de tudo isso. O oxigênio é, inclusive, tido por alguns autores como o primeiro grande poluente devido às mudanças que ele proporcionou e às extinções ocorridas. E do surgimento da fotossíntese já se foram 2,7 bilhões de anos. Sugiro também ver o tempo geológico em um ano, proposto por Gradstein & Ogg (1996) e exibido em sua versão “aportuguesada” no livro Decifrando a Terra, de Teixeira et al. (2003). Para ter-se idéia da magnitude das mudanças proporcionadas pela sociedade, se transportarmos os acontecimentos ao longo do tempo geológico, toda a sociedade industrial cabe no último segundo do fictício ano.
Enfim, independente da origem devemos combater aspectos que tornam a sociedade atual mais vulneráveis aos efeitos do aquecimento global. A discussão deve continuar e ser levada em termos científicos e não na defesa de interesses, sejam eles ambientalistas ou industriais.
Carlos Pacheco
Um desafio – Parte II
Conforme prometido segue abaixo a segunda parte do documentário do canal 4 britânico sobre a suposta Farsa do Aquecimento Global (é verdade que com alguns dias de atraso, mas, antes tarde do que nunca). Já antecipo que continuo achando o vídeo extremamente radical. O oposto do movimento ambientalista. Algo como Dawkins vs Criacionistas. Os comentários virão posteriormente ao vídeo.
Como já disse anteriormente não sou especialista na área. Uma análise técnica do vídeo pode ser encontrada aqui. Porém, arriscarei algumas opiniões pessoais a respeito de dados apresentados. Procurarei fazê-lo enfocando aspectos diferentes aos aboradados no último link.
Esse segundo vídeo inicia-se com uma, ao meu ver, propaganda favorável à sociedade industrial. Diga-se de passagem um vídeo bem próximo daqueles institucionais apresentados durante visitas técnicas em grandes empresas, por exemplo.
O próprio vídeo diz que, pela teoria do aquecimento global antropogênico, o crescimento industrial deveria causar elevação da temperatura. Relação óbvia entre aumento de emissão dos gases do efeito estufa x elevação da temperatura. Para contestar essa hipótese o vídeo apresenta um intervalo entre 1940 e 1980 (aproximadamente) onde a temperatura global aparentemente decresce. Contraditoriamente esse é um período de crescimento industrial (pelo menos parte dele). Mas algumas considerações devem ser feitas. A primeira delas é relativa à seleção do intervalo de tempo. Quando avalia-se os dados apresentados no vídeo logo percebe-se que a temperatura aumenta significativamente após o período industrial, marcado principalmente por seu início a partir das duas revoluções industriais, entre os séculos XVIII e XIX. Sabe-se também que essas revoluções foram baseadas em combustíveis “sujos”, principalmente o carvão mineral. E sabe-se também que houve uma mudança significativa nos meios produtivos principalmente a partir da segunda revolução, entre 1860 e 1900. Portanto, o gráfico, ao contrário do que é dito no vídeo, apresenta sim uma relação, ao meu ver, clara entre industrialização e elevação da temperatura. A não ser que por uma incrível ação do destino algo, como elevação da atividade solar, apresentou comportamento muito próximo à elevação da atividade industrial.
Fonte: http://i157.photobucket.com/albums/t63/izzy_bizzy_photo/capture.jpg
Os baixos níveis de emissão registrados por carros e aviões (veículos automotivos) também e citado como um dos aspectos que não se “encaixariam” com a elevação da temperatura no período anterior à guerra. Ora, ora, só “esqueceram”, mais uma vez, de dizer que esse período (entre a segunda revolução industrial e a segunda guerra mundial) foi marcado pela definitiva mudança nos meios produtivos. Foi aí que as máquinas (movidas à carvão inicialmente) definitivamente se tornaram a base dos meios produtivos.
Como cientista e adorador da ciência, obviamente, não posso descartar a influência de fatores naturais, entretanto, o efeito antropogênico também deve ser levado em consideração. Quanto ao período de declínio da temperatura, os modelos atuais já mostram que ele pode não ter sido tão expressivo. Outros trabalhos ainda mostram que o efeito de aerossóis de sulfato podem ser os responsáveis pelo mesmo. Além disso, tem que se lembrar que o berço da revolução industrial (europa) passava, principalmente entre os anos 40 e 50 por um período difícil, se recuperando da II Guerra Mundial, que ocorreu entre 1939 e 1945. Obviamente, esses fatos tiveram efeito sobre as taxas de crescimento industrial no velho continente.
A simplificação do fenômeno do aquecimento global também é um erro. O documentário frisa demais a relação CO2 temperatura, esquecendo que a teoria é muito mais complexa que isso. Além de outros gases do efeito estufa estarem relacionados com o aquecimento, ainda existem fatores naturais influindo. Existem também, no sentido contrário, outros fatores que podem causar arrefecimento, como os já citados aerossóis de sulfato. É óbvio que o aquecimento é função da interação de todos esses fatores. Descaracterizar um ou outro, visando benefícios duvidosos, na singela opinião desse que aqui vos escreve, é algo sem sentido. Pelo menos isso é esperado no campo científico.
Em vermelho (Temperatura)
Em azul (níveis de CO2 atmosféricos)
Fonte: http://img529.imageshack.us/img529/4963/semttulokl2.jpg
Em parte do vídeo, um dos entrevistados também deixa a entender que a preocupação com o CO2 pode ser contestada pela quantidade ínfima em que ele está presente na atmosfera. Ora, mas o efeito estufa, tido como um dos pilares para existência de vida na terra, é atribuído à uma assembléia de gases atmosféricos. Vapor d´água, CO2, CH4, etc. Não entendo como não atribuir ao aumento de tais gases uma possível elevação nas temperaturas médias do planeta. Filosoficamente isso é possível. Basta agora saber se cientificamente isso se comprova. Para tal, é necessário que ambos os lados existam, os que acreditam e os que não acreditam na teoria do aquecimento global antropogênico. É necessário confrontar-se os dados. Para tal, é necessário primeiro gerar-se os dados. Portanto, ambos são importantes. Mais ainda, a descaracterização de um pelo outro não levará a ciência a lugar nenhum. Ações como essas me fazem pensar em interesses “ocultos”. A boa e velha teoria da conspiração.
O vídeo é encerrado com uma discussão sobre a teoria (e vejam que eu disse teoria) que aborda que, na troposfera, as temperaturas em elevadas altitudes deveriam ser maiores que em altitudes menores. A discussão continua na terceira parte do documentário e, devido a isso, abordarei tal tema na próxima postagem.
Enfim, essas são minhas opiniões. Continuando nossa discussão espero a opinião dos leitores.
Até a próxima.
Carlos Pacheco
Um desafio!
Há alguns dias recebi um e-mail afirmando que os defensores do aquecimento global foram desmascarados por um documentário exibido pelo canal 4 britânico. Havia ainda um desafio: postar os vídeos no blog e discutí-los. Confesso que climatologia não é minha principal “praia”, mas resolvi aceitá-lo. No entanto, resolvi fazer um pouco diferente, vou também abrir o desafio para os leitores geofágicos. Os vídeos, no Youtube, estão fragmentados, portanto, tentarei postá-los com uma certa periodicidade, a cada dois dias. Defensores e questionadores dessa teoria preparem-se para uma jornada de alguns dias de discussão. Segui abaixo o primeiro vídeo.
Comentário 1: Na minha opinião esse primeiro vídeo é tão fundamentalista quanto aqueles religiosos ou mesmo ambientalistas defensores da teoria do aquecimento global. Sem apresentar dados, parece uma lavagem cerebral inicial intensionalmente colocada para levar o telespectador à conclusões semelhantes aos autores do documentário. Que venham os comentários e o segundo vídeo.
Carlos Pacheco
O Vestibular do Juízo Final
Por Elton Luiz Valente
No meu artigo anterior, fiz uma defesa do modo de vida Neolítico (e deveria ter recomendado também este post aqui, do Ítalo Rocha). No meu entusiasmo por reforçar essa defesa do Neolítico, admito que tenha cometido um possível equívoco. Eu afirmei que vamos todos pro buraco com nossa parafernália hi-tech, de uma tacada só, xeque-mate! E talvez não seja bem assim.
Digo isto porque, colocando a coisa dessa forma, eu estou subestimando os meus conterrâneos da Cabeceira do Rio São Mateus, do Jequitinhonha, do Sertão Nordestino, os Caboclos do Pantanal e da Região Amazônica. Essa gente, para usar uma expressão muito bacana de um amigo da pós-graduação, é uma “Galera Roots”. Não é qualquer pirotecnia do Criador em fúria que vai acabar com eles, não! Pois trata-se de um povo que sabe lidar com a natureza e com gente irascível, geniosa e estressada como o Onipotente quando se zanga. E ao que tudo indica, de acordo com os Profetas do Apocalipse e do Aquecimento Global, vêm dias difíceis por aí. O Criador está zangado e vai aprontar das suas, de novo.
Gosto muito dessa expressão “Roots”, não pelo que ela sugere de rusticidade, mas pelo que ela revela de apego à terra, de intimidade com o solo, com a natureza, com os ciclos da natureza, com o ecossistema. E isso vai fazer uma diferença danada “no dia do estrondo e do gemido”. Daí a minha retratação, pois as gentes dos nossos sertões estão habituadas com dificuldades, é o dia-a-dia delas, é a escola delas – a escola da vida. Leiam “Vidas Secas” de Graciliano Ramos; leiam “Grande Sertão: Veredas” de João Guimarães Rosa e vocês vão entender melhor do que eu estou falando.
Responda rápido, você saberia reconhecer no campo algumas espécies como Capiçoba, Jequeri, Lobrobô, Araruta, Caratinga e Jacatupé? Não? São vegetais nativos comestíveis e muito nutritivos, uns fornecem folhas, outros tubérculos. Você já comeu sementes de Cansanção, Indaiá, Coquinho-meloso e frutos de Maria-preta, Jataí, Jenipapo, Saborosa e Araçá? Não? Também são nativos e apresentam alto valor nutricional. Você sabe o que é um Jequi, Arapuca, Arataca, Mundéu e Esparrela? Vou lhe ajudar, estas cinco são Tecnologias Neolíticas, uma para capturar peixes e as outras para capturar animais silvestres. Você saberia construí-las? Não? Que pena!
Sinto muito em lhe informar, mas você não será aprovado no Vestibular do Juízo Final. Não vai receber o passaporte para integrar a tripulação da Nova Arca de Noé que, muito provavelmente, vai navegar em águas muitíssimo turbulentas e sobreviver ao Armagedon, para a glória do Todo Poderoso. Pois você não é Roots. Você é da espécie Homo sapiens urbanus da variedade hi-tech, e só os Neolíticos terão alguma chance. Só os Roots sobreviverão.
No dia em que a Grandiosa Babilônia ruir (Apocalipse: 18), todos serão chamados. Só os Roots serão escolhidos (Geófagos: 12-2008). Que o Senhor seja louvado! Amém!
Ninguém vai nos convencer, nem mesmo o clima!
Por Elton Luiz Valente
O Período Neolítico, que teve seu início há cerca de 10.000 anos, é aquele em que o homem deixa sua vida nômade, de caçadores-coletores, para fixar-se em aldeias. Isso foi possível com o domínio da agricultura, da domesticação de animais e uma série de outras conquistas que permitiram o sedentarismo.
Embora o homem nunca tenha deixado de ser guerreiro (nesse sentido George W. Bush é pré-histórico), no Neolítico a vida era bem melhor que antes. A alimentação era mais farta e de melhor qualidade, havia excedentes agrícolas, o que permitiu ao homem (e à mulher) dedicar tempo a outras atividades mais lúdicas, como as artes. Isso culminou na invenção da escrita. Nesse momento, com a invenção da escrita, o homem deixa a pré-história para ingressar na história, na Era do Bronze, do Ferro e etc. Daí pra frente todo mundo conhece o enredo desse tango do argentino doido.
E o final deste tango é o óbvio. Podem usar a equação que quiserem, não há crescimento econômico que se equalize com sustentabilidade. São coisas diametralmente opostas e pronto! Crescimento econômico, que todos os países (e políticos) almejam e defendem, é sinônimo, ipsis litteris, de drenagem dos recursos naturais. Sustentabilidade, se é que ela possa existir na presença do Homo sapiens, é exatamente o oposto.
Então voltemos ao Neolítico. Ali está um modo de vida que eu, particularmente, admiro muito (meu sonho dourado de Engenheiro Agrônomo é ter um sítio, uma fazenda – sou filho de agricultor). O modo de vida Neolítico é tranqüilo, sem muitos excessos, sem muitos impactos ambientais.
Mas a sina do homem é ser hi-tech. É ter um carrão de combustão interna, de preferência com a descarga furada para roncar mais grosso; é ter iPod (não, agora é iPhone 3G), laptop, celular, TV de plasma, LCD, DVD, home theater (nem sei se é assim que se escreve essa p….) e o escambau … e um shopping center logo ali na esquina. Ou seja, todo mundo quer um modo de vida norte-americano, de alto consumo.
Pergunte nos fóruns internacionais, pós-Kyoto, onde se discutem essencialmente as questões do aquecimento global e seus derivativos, se eles estão dispostos a retornar ao Neolítico. Pergunte nas ruas, ao militante panfletista do ambientalismo se ele se dispõe a adotar um modo de vida Neolítico. Eu me arrisco a adivinhar a resposta deles. É NÃO!
Todos querem ser hi-tech, com o padrão de consumo norte-americano, ninguém quer retroceder. E talvez seja exatamente esta uma das poucas chances que teremos: retroceder ao Neolítico e fazer controle de natalidade.
Mas todos queremos ser hi-tech, ê vida boa! Já pensou? Da caverna ao Blue-Ray Full HD, quem diria! Ninguém vai conseguir nos convencer do contrário, nem mesmo o clima. Às favas com o Ministério da Saúde! Se é pra morrer, morreremos cheirando fumaça de óleo diesel, plugados na Web, hi-tech, e dane-se! Resultado? A Terra vai se livrar de nós num sacolejo. Pá-Pum! Um só estrondo, um só gemido e tchau!
O que há por trás de tudo isso?
As questões ambientais no âmbito político e diplomático têm ficado cada vez mais obscuras. As últimas notícias têm sido veiculadas com evidentes contradições, poucas explicações e resultados práticos ainda não vistos. É muito oba oba e poucas ações efetivas.
Nas duas últimas semanas a décima quarta Conferência das Partes (COP – 14) foi conduzida de forma, diria eu, irresponsável pelos representantes de cerca de 150 países. Como já dito em outro post, os resultados obtidos foram ínfimos, longe de um novo acordo contra as mudanças climáticas globais. A crise econômica restringiu acordos e individualizou as ações (pelo menos essa foi a desculpa do momento).
A conferência rumou ao fracasso durante quase todo seu curso, no entanto, aos 45 do segundo tempo, a União Européia, que havia esvaziado algumas reuniões, apresentou um plano de redução de 20% das suas emissões de gases do efeito estufa até 2020. Essa decisão é bem aquém do que, antes da crise, vinha sendo veiculado pelos órgãos de imprensa que seria uma meta de redução das emissões em 50%. Além disso, não representa uma união de esforços de nações contra o aquecimento global, mas sim, ações isoladas e, ao meu ver, oportunistas de um grande bloco econômico. Afinal, qual a outra conclusão que eu poderia tomar após esse mesmo bloco ter dificultado sobremaneira os resultados de Poznan?
Hoje, ao abrir os noticiários, vejo que também a Austrália adotou uma medida isolada. Pretende reduzir suas emissões em 15%, também até 2020. Coincidência ou não o prazo é o mesmo dos bloco europeu e a taxa de redução bem menor do que as anteriormente veiculadas. E mais uma vez, outra ação isolada.
Quanto ao governo americano do presidente Bush, é melhor nem comentar. Já o futuro governo de Obama vem falando muito, mas nesse e em outros casos, prefiro agir como São Tomé, é ver para crer. Será que as metas de redução das emissões em 50% continuarão em pauta após os resultados intensos da crise econômica? Honestamente não acredito.
O Brasil também não foge à regra. Após receber elogios de Al Gore, de ser considerado como uma “economia verde” por Ban Ki-Moon (esse realmente não conhece a realidade do país) e de ter anunciado o Plano Nacional de Mudanças Climáticas e as metas de redução do desmatamento da Amazônia pela metade até 2017, eis que o governo “limpou a barra” dos desmatadores por mais um ano. Além disso, apesar da inteligente posição do ministro Carlos Minc em exigir que os países em desenvolvimento também tenham responsabilidades, entre elas a ajuda tecnológica para resolução de problemas ambientais dos países pobres, lá de Poznan, chegaram notícias de que o estabelecimento de metas contra o desmatamento era um dos principais entraves brasileiros quanto a um futuro acordo que substituiria Kyoto. Outro entrave, era a também posição inteligente dos países em desenvolvimento, de exigir o “patrocínio” por partes dos países ricos para as ações conduzidas em países pobres.
Mas afinal de contas, se todos se mostram tão interessados e competentes em estabelecer metas, por que não houve um acordo em Poznan? Como diria aquele velho ditado, de boa vontade o inferno tá cheio. Essas contradições fazem-me pensar que estamos sendo manipulados como meros fantoches. Ou será que eles estão duvidando da nossa capacidade de raciocínio ou nos achando com cara de palhaço?
Carlos Pacheco