Enfim, Bráulio Tavares bloga

Bráulio Tavares é para mim um ícone e um ídolo. Quem não o conhece não conhece ficção científica brasileira. Encontrei este nome pela primeira vez na longínqua década de 90 do passado século, quando lia suas resenhas na tristemente extinta versão brasileira da Asimov’s Science Fiction, que se chamou por aqui Isaac Asimov Magazine, publicada por cerca de dois anos pela Record. Descobri depois que o cara era paraibano, como eu, além de ter origens familiares em Monteiro, como eu! E claro, escrevia bem, como eu não. Seu livro A Espinha Dorsal da Memória ganhou Prémio Caminho de Ficção Científica, de Portugal, até onde sei o único brasileiro que conseguiu esta façanha. Durante meu período regionalista-bairrista-nacionalista fiquei fascinado por seu cordel “Nordeste Independente”, se não me engano em parceria com Ivanildo Vila Nova. Depois perdi-lhe a pista, até surgir a internet, vinda direto do céu, e encontrá-lo novamente pelo cibermundo, embora não tão abundantemente quanto gostaria. Há algumas entrevistas, uma coluna diária no Jornal da Paraíba e recentemente encontrei uma coluna que ele escreve para o site de literatura e arte Cronópios. Uma amostra deliciosa da poesia de Bráulio Tavares pode ser vista aqui, perdida no meio do ciberuniverso. Além de escritor, Bráulio Tavares é também compositor. Agora, finalmente, o homem resolve publicar em um blog, Mundo Fantasmo, todos os seus textos publicados no JPB. Acho que talvez seja uma possibilidade para um contato mais próximo com o artista. Espero. De toda forma o blog pode ser acessado a partir daqui e na minha lista de blogs. Viva a web 2.0!

Ciência Ambiental por completo

Caros leitores,
Tantas vezes vejo nos notíciários, em conversa com profissionais da área e até mesmo em comunicados científicos um profundo desconhecimento sobre a verdadeira ciência ambiental. Quando se pensa em ambiente logo associamos a ele o verde de uma floresta ou os tons azulados da água. Isso é um reflexo puro e simples das conotações colocadas pelos grandes veículos de comunicação sobre o ambiente como meio físico ou biótico. Quando se inicia os estudos de disciplinas que se enquandram especificamente no campo das “ambientais” logo se vê que os pilares básicos para qualquer pesquisa na área são os três meios: físico, biótico e para surpresa de muitos o sócio-econômico ou antrópico, chamem-no como quiserem. Em suma isso significa que uma ação ambiental efetiva deve sempre envolver os três meios. Ou seja, não existe preservação, conservação ou planejamento ambiental, bem como quaisquer outros trabalhos correlatos sem que haja um envolvimento desses meios. Na minha opinião, inclusive, a esses três meios deveriam ser dadas importâncias iguais em trabalhos ambientais. Mas isso é uma discussão futura. Hoje o que temos visto é uma atribuição exacerbada de questões relacionadas aos meios físico e biótico. Mas pensemos bem se esse tipo de abordagem funciona. Imaginemos temas relacionados à qualidade da água em centros urbanos. É possível resolver os problemas de saneamento básico, de esgotamento sanitário e consequentemente da despoluição dos corpos d´água sem que problemas de moradia sejam solucionados? É óbvio que não. Enquanto existirem déficits habitacionais, moradores em favelas, vilas ou palafitas sem a mínima estrutura, problemas realacionados a despejos de esgotos e resíduos sólidos continuarão existindo. O mesmo raciocínio se aplica, por exemplo, aos carvoeiros do interior do Brasil ou àqueles vendedores da fauna silvestre na beira das estradas brasileiras. A escolha que essas pessoas têm que fazer é simples e negligenciada pelas autoridades. Muitas vezes, para obter o alimento da família, essas pessoas são obrigadas a “esquecer” da legislação ambiental e instintivamente optarem pela vida. Assim, se as ciências ambientais não forem consideradas por completo, inclusive com considerações acerca dos problemas sociais, trabalhos nessa área estarão fadados ao fracasso.    

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