Receita de sorvete
1 medida qualquer de suco de fruta
1 outra medida arbitrária de açúcar (ou leite condensado, ou isso + creme de leite)
1 certo tanto de leite (ou não, talvez baste a aquosidade do suco, se bem que pode ser um suco ao leite. Huumm…)
Agora, a parte importante: o preparo.
Sorvete só é sorvete (macio e molinho, de comer com a colher) porque a estrutura microscópica permanece assim; pequena demais para ser vista.
Ninguém gosta (estou extrapolando da minha própria experiência) de quebrar um dente numa pedra de gelo perdida dentro da bola gelada de gostosura e delícia.
Para que tais blocos de água congelada não se formem, eles precisam ser quebrados enquanto ainda são pequenos¹, deixando-os do menor tamanho possível. E isso é feito mexendo a mistura, ou constantemente (numa sorveteira) ou vez por outra (usando o método de deixar no freezer pelo resto da noite).
Quanto mais for misturado enquanto congela, menores serão os flocos de gelo. E quanto menores eles, melhor será a textura do sorvete.
Mexer também acrescenta ar à massa, o que deixa a sobremesa ainda mais leve e prazerosa de se comer (dá menos trabalho, aumentando o custo-benefício).
O sorvete ainda contém muito líquido (na forma de solução de água e açúcar), que serve de liga para segurar o gelo e o ar e os pedaços de fruta e as outras coisas que vão nele
Outro método interessante é aumentar a velocidade de congelamento, pois quanto mais lento for o congelamento, mais tempo os cristais de água terão para aumentar de tamanho.
Eu vi uma receita de sorvete com nitrogênio líquido (cento e noventa e poucos graus centígrados negativos), que congela a mistura instantaneamente (nem tanto, demora um meio segundo), deixando a textura inacreditavelmente suave e “soltinha”, como diz minha mãe.
Fora isso, o negócio é mexer loucamente.
A mesma coisa acontece com pedra.
Quando lava endurece lentamente, grandes cristais têm tempo de se formar (como no caso do granito), mas quando esfria rapidamente, como quando dentro d’água, forma rochas ígneas com material vítreo (vidro, basicamente).
Quanto mais lentamente for o esfriamento, mais dura será a rocha (assumindo materiais com composições semelhantes).
Já foi inclusive sugerido que sorvete é um tipo de rocha ígnea.
E por falar em vidro (que não é um líquido ultraviscoso como meu professor de História disse, mas um sólido amorfo, que se solidifica sem cristalizar:

a linha vermelha representa a transição de um material normal (como gelo), onde o X aponta o ponto de fusão. A linha verde representa a transição suave do vidro, onde não há ponto de fusão.
), eu já achei um pedaço de vidro dentro do meu sorvete e fui trocar, aí o balconista voltou dizendo “agora pode comer sem receio”.
?
Tirou a primeira bola do contêiner rotulado “contém vidro”? Catucou meu sorvete? Passou numa peneira? Raios-X? Cão farejador?
Acabei tomando (!) de todo jeito. Era sorvete de jabuticaba.
¹lembrei da piada do cara que é atropelado por um trem, se recupera, vai passear, vê um ferrorama numa vitrine e o destrói, dizendo: “esse bicho é perigoso, tem que matar enquanto é novo!”
Cheiro-Verde
Sinestesia (subs. fem.)
Psicol. Relação subjetiva que se estabelece espontaneamente entre uma percepção e outra que pertença ao domínio de um sentido diferente.
Eu sabia o que era sinestesia até ler essa definição no Aurélio. Acessível? Acho que não…
Bom, explicando melhor, sinestesia é sentida quando um estímulo sensorial (um cheiro, por exemplo) causa outro diferente (uma cor).
Existem pessoas que vêem cores quando escutam certas notas musicais, outras que sentem gostos quando escutam palavras específicas, etc. A relação é sempre fixa. Se um sinesteta vê um tom de azul quando escuta uma nota ré, sempre que ouvir a mesma nota, verá a mesma cor.
…experimentado por um sinesteta…
Qualquer um dos sentidos pode se interligar a qual(is)quer outro(s) e até maneiras de perceber algo podem se misturar.
Exemplo mais próximo que eu tenho: um primo meu vê cada dia da semana com um tom de cor diferente (as quintas-feiras são manchadas de azul, os domingos são cinzentos).
Há pessoas que vêem letras e números com cores distintas

E outras que enxergam as palavras com a cor de uma letra predominante (geralmente a primeira letra dá a tonalidade da palavra).
Antes de continuar, por favor notem a falta de links e corroboração. Eu estou escrevendo a maioria disto de memória (que não é 100% confiável em ocasião alguma) por já ter lido e pesquisado muito sobre o assunto, inclusive para um trabalho de faculdade.
MAS
Não tomem tudo que tem aqui como verdade. Eu não mentiria de propósito, mas posso estar enganado no que estou dizendo.
Se acharem o assunto interessante, pesquisem e procurem por fontes confiáveis (publicações com revisão-por-pares é o melhor caminho).
Continuando.
Há quem sinta o cheiro de uma textura, uma veja uma luz quando pensa em água suja.
Aparentemente, limite não existe. Se pode ser vivido, por ser confundido.
O mecanismo não é bem entendido, não se sabe ao certo porquê o cérebro fica ligado com os fios trocados.
Exames de ressonância magnética funcional mostraram que áreas do cérebro de sinestetas se confundem e respondem a estímulos errados (no caso som-cor, quando uma nota é tocada, tanto a área que corresponde à aquisição do estímulo sonoro quanto a da visão acendem).
Especula-se (hoje é meu dia de ser vago e inconclusivo) que, além da predisposição genética, influência externa durante a infância contribui para o fenômeno.
Salas de alfabetização em escolas geralmente expõe as letras do alfabeto nas paredes. Se um dos estudantes já apresentar o defeito, pode aprender a associar as letras às cores (como na figura acima, o A sendo vermelho, o B amarelo, etc).
Só se torna sinestesia se for sempre e com a mesma intensidade, independente do tipo (peru, chester, suíno, defumado, parma, podre).
Eu tenho sinestesia adquirida (ou seja, não tenho sinestesia, estou inventando moda).
Por causa da minha linha acadêmica (mexo com som, basicamente), eu desenvolvi um sistema de identificação de certos tons e ruídos que me ajudam a achar problemas mais rapidamente.
Eu associo um barulho numa caixa de som gerado por falta de aterramento, por exemplo, com o fundo da minha garganta. Um ruído muito semelhante, mas causado por interferência elétrica, está no meu céu-da-boca.
Um ruído branco (barulho de TV fora-do-ar) é uma sensação na língua parecida com aquelas balas que “explodem”.
Ruído rosa, muito parecido com o branco mas com a quantidade de energia diferente (tecnicalidades) é mais pra cima, entre as bochechas.
Oitocento hertz é bem docinho enquanto 14kHz é gelado.
Não nasci com isso, nunca tive sinestesia, mas sou estranho o suficiente para conseguir fazer isso quase sempre (também sei espirrar com os olhos abertos e estou treinando para lamber meu cotovelo e morder minha testa).
Edição:
Tem um filme da BBC sobre isso, chamado Derek tastes of earwax (Derek tem gosto de cera de ouvido), deve ter no youtube.
Bom para quem sabe inglês, não sei se existe traduzido.
O que importa é a aparência
Hoje eu ia falar sobre Rorschach e suas manchas de tinta:
Mas desisti.
Lembrei que da última vez que tinha pesquisado sobre esse método, tinha ficado confuso, pois a eficácia é bastante contestada e polêmica.
Aí eu lembrei de outro tipo de mancha, bem mais cientificamente aceitável:
Quando eu era criança, me explicaram daltonismo de um jeito que parecia que as pessoas trocavam as cores (geralmente verde e vermelho), mas não é isso que ocorre.
Um daltônico não acha que uma graviola é vermelha ou uma acerola é verde, pois enxerga as duas como tons de amarelo (ou até cinza). Eles podem confundir essas duas cores quando elas estão lado a lado, pois elas ficam muito parecidas, mas não trocam de posição.
Existem vários tipos de cegueira cromática (vide link, não vou me aprofundar muito aqui), a total, visão monocromática (ou acromática), sendo mais rara (pessoas com esse tipo de deficiência são chamados de monocromatas).
A causa dessa situação é o mal-funcionamento dos receptores (cones e bastonetes) da retina, geralmente de ordem genética e congênita (desde o nascimento), mas podendo ser provocada por lesões cerebrais, nos nervos, ou nos olhos (o que acaba dando no mesmo, como um vazamento na caixa d’água, no cano ou na torneira, só mudando o tamanho do dano).
Quando é genético, se manifesta no cromossomo X.
Para um homem (XY) ser discromatópsico (ô nome massa! Difícil da primeira vez, escorre pela língua da segunda em diante), basta ter o X errado. Uma mulher (XX), no entanto, precisa ter os dois X’s recessivos, o que torna muito mais difícil mulheres nascerem assim, mas não impossível, como diziam quando eu era inocente (das mesmas bocas também saia que mulheres não tinham ataques cardíacos).
Toda mulher daltônica tem, necessariamente, pai daltônico.
Humm…
Deu vontade de escrever sobre sinestesia.
Acho que as cores nesse teste me deram fome.
Tenho um primo que sabe que é quinta-feira pelo tom de azul que o mundo toma (acho que já disse isso).
Legal.
Cérebro congelado
Não só há inúmeras pesquisas sobre aquela dor de cabeça que sentimos quando tomamos sorvete depressa demais (de verdade!) como existe um nome todo cheio de onda para isso: ganglioneuralgia esfenopalatina.
Esfenopalatino, até onde eu sei (e tive paciência para descobrir), é uma artéria que vai do palato (céu da boca) até o cérebro.
Ganglioneuralgia é uma dor nos nervos (neuralgia é uma dor que se estende ao longo dos nervos e gânglio é um aglomerado de neurônios).
Puxa, que preguiça.
Nunca tive tanta indisposição para finalizar um artigo…
Se vocês estão lendo isso é porque eu desisti e não voltei. Senão, a entrada vai ser ótima e eu preciso me lembrar de tirar essas linhas…
A melhor maneira para curar a bicha (informação irrelevante, porque a dor dura menos de um minuto normalmente, e fazer qualquer outra coisa nesse meio-tempo só desvia a atenção, dando a impressão de que a dor sumiu mais rápido, mas até que faz certo sentido) é esfregar a língua no céu de boca, usando a fricção para esquentar a área defeituosa.
Defeituosa (temporariamente, pelo menos) porque o encéfalo acha que está literalmente congelando (outra informação sem conteúdo, porque pode muito bem ser outra coisa completamente diferente, mas eu vou continuar com essa que é legalzinha e boa de contar em jantares sociais) e manda a mensagem de dor para que o dono da cabeça faça alguma coisa (como abrir a abdômem de um tauntaun e enfiar a cabeça dentro).
Sólidos, líquidos, gasosos e papinha
Uma substância é chamada de sólidaquando não muda de forma, independente do recipiente onde esteja (um tijolo mantém o formato se estiver tanto num prato quanto num balde), nem pode ser comprimida para ocupar um lugar menor.
É definida como líquida quando muda de forma de acordo com o recipiente (água num copo de uísque vs. copo de champanhe) mas ainda não pode ser comprimida (o princípio básico dos aparelhos mecânicos hidráulicos).
Quando é gasosa, a substância muda de formato e pode ser comprimida (como ar numa espingarda de pressão).
Numa escala menor, um sólido tem suas moléculas bem juntinhas e com uma ligação forte e com posições fixas e entre elas (tipo a sua casa e a do vizinho), um líquido tem suas moléculas mais energizadas que se mexem mais rápido uma coisinham e mantêm contato umas com as outras mas sem posições fixas e um gás não tem estrutura molecular definida, com movimentos semi-aleatórios e muita energia (quando eu falo de energia, estou comparando estados de um mesmo material, como gelo, água e vapor).
Os estados da matéria não são só esses três, como minha professora da primeira série insistia em dizer, mas vários, como por exemplo Plasma, um gás eletricamente carregado e superaquecido (como na superfície do Sol), usado em TVs de plasma.
Essa mesma professora ficou bastante surpresa, depois constrangida e depois com raiva (como era comum se comportar naquele tempo quando confrotado por crianças claramente inferiores e que deveriam, sem sombra de dúvida, estar erradas frente à superioridade dos mestres) quando um dos meus colegas (eu gostaria muito que tivesse sido eu a pensar nisso, mas infelizmente não foi assim que ocorreu) perguntou: “E papinha, é o quê?”
Ela apenas mandou o sujeitinho se calar e parar de atrapalhar sua aula que ela não tinha tempo para perguntas idiotas e “se chorar fica de castigo e conto à sua mãe” (se um dia eu tiver um filho, vou implantar um gravador de áudio na mesa dele no colégio e descontar minhas frustrações infantis eu mesmo).
Mas, eu explico.
Papinha (bem como ketchup, tinta de parede, areia movediça, xampú e sangue) é um líquido. Mas de um tipo especial chamado de líquido não-newtoniano.
O “não-newtoniano” se refere ao fato de o líquido não tem uma viscosidade constante, ficando esta dependente de pressão.
A maneira mais fácil (que eu penso) de explicar é comendo.
Faça uma papa (mingau) de maisena (amido de milho).
Repouse as costas de uma colher sobre a superfície da comida e observe a colher afundar lentamente.
A viscosidade do líquido em repouso, apenas com o peso da colher, é suficiente para fazer o implemento afundar facilmente.
Agora bata com as costas da mesma colher no mingau e note que a colher não afunda, como seria de se esperar que acontecesse em outro líquido (por exemplo, num prato cheio d’água).
Neste caso, a viscosidade aumentou bruscamente, devido à pressão exercida pela pancada, e o líquido passa a se comportar como um sólido.
[youtube=http://br.youtube.com/watch?v=f2XQ97XHjVw]
Isso aí é uma piscina cheia de amido de milho misturado com água.
Aqueles espanhóis loucos…
Quanto mais os líquidos não-newtonianos se popularizam, mais pessoas loucas ganham acesso a eles e mais coisas bizarras são descobertas e filmadas (vi lá em Átila).
[youtube=http://br.youtube.com/watch?v=Px9jcA4decA]
Outros estados da matéria são:
Superfluido – certos gases super-resfriados se condensam e passam a ter viscosidade nula (ou falta de atrito);
Matéria degenerada – gás sob altíssima pressão que forma as estrelas anãs-brancas;
Sólidos amorfos – o melhor exemplo é o vidro, um sólido amorfo de cerâmica que, apesar de sólido, nunca se cristalizou (ou seja, vai do estado líquido para o sólido muito lentamente, sem uma transição brusca ou fronteira específica notável).
Outros exemplos que eu posso dar (e gostaria de ter sabido deles na minha época de primário) são:
==> O que eu vou escrever agora é só a título de curiosidade, são coisas absolutamente inúteis para quem não é físico ou químico ou louco. Não se assustem com os nomes nem tentem decorá-los, pois como disse o sábio certa vez “sempre que eu aprendo, uma coisa nova empurra uma coisa velha do meu cérebro… lembra daquela vez que eu fiz um curso de degustação de vinhos e desaprendi a dirigir?”
Prontos? Lái vái! <==
Estado de Quantum Hall; Condensado Fermiônico; Condensado Bose-Einstein; Supersólido; Líquido de Rede de Cordas; Liquido Supercrítico.
Tem mais, mas realmente não importa. Uma ruma aí já é teórico…
Quitosina
Nullius in Verba.
Quem não arrisca julgar um livro pela capa, não petisca cara de gato achando que é coração de lebre.
Eu ouvi dizer que quitosina (ou quitosana), um derivado da quitina, e que é encontrada nas carapuças de crustáceos, ajudaria a combater obesidade, englobando a gordura (impedindo sua absorção) consumida imediatamente com a substância, através de ingestão acidental e imperceptível da casca de caranguejo junto com sua deliciosa carne, sendo esse, talvez, o motivo de algumas pessoas não se darem com tal iguaria. Se a gordura não está sendo absorvida, pois está englobada pela quitosana, tem que ser excretada com certa urgência (“quanto mais gordura no bolo fecal, mais rápido ele quer sair”, foi o teor da frase proferida).
Como eu tenho essa mania feia de duvidar de tudo, resolvi pesquisar por mim mesmo em páginas de estudos médicos e clínicos (PubMed, Cochrane Library, MedLine, etc) conduzidos cientificamente e submetidos a revisão por pares.
A wikipédia diz “Quitosana é uma fibra natural retirada na maioria das vezes de crustáceos como camarão, lagosta e carangueijo (sic). É usada na indústria para absorção de gordura, ou ainda no controle de algumas doenças de plantas.”
A entrada que contém o texto acima não contém link algum para estudos ou o mínimo de corroboração. Ou seja, serve de nada.
Um dos estudos que eu encontrei foi uma revisão e comparação de estudos feitos anteriormente (post hoc) e conclui que:
Ou, em bom português:
Quitosina é um suplemento alimentar dietético amplamente disponível que afirma ajudar na perda de peso e níveis de colesterol. Testes atuais de quitosana têm variado bastante em termos de qualidade. A revisão sugere que a quitosana tenha um efeito pequeno no peso corporal mas estudos de qualidade melhor indicam que esse efeito é muito provavelmente mínimo.
Outro estudo concluiu que “o consumo de tabletes de quitosana é seguro, mas que não há efeito significativo nas concentrações de colesterol.”
Logicamente, há também estudos que sugerem que a substância ajuda sim na depleção de gordura do organismo e até na redução do colesterol ruim (LDL).
O intuito deste artigo não é provar ou desprovar a eficácia do polissacarídeo na redução de gordura e colesterol (quem há de fazer isso são os pesquisadores), mas divulgar (usando esse exemplo que eu achei no bolso da minha bermuda) Pensamento Crítico.
Não tomem a palavra de uma só pessoa como prova, pesquisem, vão atrás, cavem um pouco mais fundo atrás de provas consistentes.
Perde-se um tempinho, mas a recompensa é boa.
Quando uma coisa parece boa demais para ser verdade, geralmente o é.
Existem sim drogas e compostos que, comprovadamente, reduzem drasticamente a absorção de gordura no organismo, mas até agora, a quitosina não foi incluída pela comunidade médica como um deles.
Pesos e Medidas
As unidades básicas do Sistema Internacional de Unidades (SI), segundo a Système International d’Unités são as seguintes (vai melhorar lá pra frente, prometo):
-
Tempo – segundo (s)
Comprimento – metro (m)
Massa – quilograma (kg)
Corrente elétrica – ampère (A)
Temperatura termodinâmica – kelvin (K)
Quantidade de matéria – mol (mol)
Intensidade luminosa – candela (cd)
A partir dessas, todas as outras unidades podem ser medidas.
Por exemplo, Força (em newtons, ou N) é igual a massa (em kg) multiplicado por uma aceleração (m/s²), e aceleração é espaço (em m)dividido por tempo (em s) duas vezes.
O sistema é também usado para diminuir a quantidade de zeros, por exemplo:
Ao invés de 0,000 000 001 metro, usa-se 1nm (nanômetro)
Agora vem a parte boa!
Um segundo é precisamente medido usando-se átomos de césio 133. Sempre que um elétron de um átomo de césio 133 (esse número é o peso do átomo) mudar de camada nove bilhões, cento e noventa e dois milhões, seiscentos e trinta e um mil, setecentos e setenta vezes (9.192.631.770), teremos EXATAMENTE 1 segundo.
Mais preciso que navegar.
Um metro é calculado usando-se a medição de segundo e a velocidade da luz.
Quando um fóton (caroço de luz) no vácuo andar por 1/299792458 (um sobre duzentos e noventa e nove milhões, setecentos e noventa e dois mil, quatrocentos e cinqüenta e oito) segundo, terá percorrido um metro bem certinho.
Lembrando: 1/2 é igual a metade de alguma coisa, 1/4 dá um quarto, 1/10 é um décimo, 1/100 é um por cento, 1/1000 de um metro é um milímetro, etc.
Um ampére é medido da seguinte forma: corrente constante que, se mantida entre dois fios condutores retos e infinitos ou com seção transversal desprezível, afastados por uma distância de um metro no vácuo, produziria a força por metro de fio equivalente a 2*10^-7 (um 2 precedido por sete zeros, ou 0,00000002) newtons.
Aí vocês se virem para entender que este neguinho aqui tá com dificuldades. Eu só entendi que um amp faz muito pouca força entre um fio e outro.
Um kelvin de temperatura termodinâmica (que é a quantidade de energia térmica liberada por átomos esbarrando nas coisas e uns nos outros) é medida usando dois referenciais; zero absoluto e a temperatura do ponto triplo de uma água super purificada.
Zero absoluto equivale a -273,15° centígrados e é a menor temperatura possível por ser a temperatura onde todo movimento cessa e a energia é zero.
O ponto triplo da água do Padrão Médio da Água do Oceano de Viena (que não é de oceano, mas água puríssima, feita em laboratório e com um nome igualmente laboratoriado) é igual a 0,01º centígrados.
Ou, usando o sistema SI, 0 K (zero kelvin) e 273,16 K.
Depois é só torar a escala em vinte e sete mil, trezentos e dezesseis pedaços iguais e começar a medir boca e boga de menino.
Um mol (que difere da medida nordestina mói¹ por algumas ordens de grandeza) é um número bem grande (seis e uns quebrados seguido por vinte e três zeros), que representa o número de átomos de carbono presentes em 16g de carbono.
Um bilhão é o numeral 1 seguido por oito zeros. A constante de Avogadro tem quase três vezes mais zeros.
A definição de candela tem muito mais nome e requer muito mais conhecimento prévio (intensidade luminosa emitida por uma fonte, em uma dada direção, de luz monocromática de frequência 540*10^12 Hertz e cuja intensidade de radiação em tal direção é de 1/683 watts por esterorradiano), mas é mais fácil explicar como uma rodela de luz verde que, sendo produzida usando-se uma quantidade conhecida de energia, brilha com uma intensidade padrão de 1cd.
Tudo muito massa!
Ah, por falar nisso, faltou falar dela.
Um quilograma é a massa equivalente a um padrão composto por irídio e platina que está localizado no Museu Internacional de Pesos e Medidas na cidade de Sèvres, França desde 1889. Ele é um cilindro eqüilátero de 39 mm de altura por 39 mm de diâmetro.
“Mas que peba!”, eu escuto alguns dizendo.
E eu concordo. Tudo belamente calculado e precisamente medido, aí MASSA, um dos mais importantes, não tem um número absoluto, tem que ser comparado sempre a esse tôco de metal na França (o dicionário tem “frança” mas não tem “espanha” nem “alemanha”, e pode ser que nem “brasil” tenha, podem olhar!).
A comunidade científica, louca de agonia por causa disso, quer mudar a definição, usando pesos naturais imutáveis, como o peso de um átomo ou de um quark (as coisinhas que formam os prótons e neutrons), usando o tamanho de um quantum ou, similarmente ao mol, usando a constante de Avogadro e o peso do carbono.
Só não mudaram ainda porque todas essas medidas são minusculamente ínfimas (um quilo de elétrons teria 1.097.769.238.499.215.084.016.780.676.223 elétrons, um quantum é um zero seguido de uma vírgula e de trinta e quatro zeros antes de aparecer o primeiro número importante, um 6) e não só difíceis de medir mas difíceis de precisar.
Fizeram até uma bola de silício bem lustrosazinha, dizendo que é o objeto mais esférico já criado (UAU!) para servir de padrão.
Um elétron a mais ou a menos não faria tanta diferença assim. Ou faria?
Eu não sei, mas um grão de arroz a mais ou a menos dentro do saco, que é o que me importa, não faz tanta diferença assim.
¹Não tenho uma tabela comigo, mas eu acho que um mói equivale a mais ou menos setenta punhados ou seis rumas, talvez dois ou três bucados e pelo menos mais de três magotes.
Vamos fugir deste lugar
A superfície terrestre é bidimensional, ou seja, só é possível se mover sobre ela em dois eixos (frente-trás, esquerda-direita).
Mas o plano é também tridimensional, por se tratar de uma esfera (na verdade, é um geóide, mas isso é uma meta-referência, por significar literalmente “em forma de Terra”), por isso que se andarmos em uma linha reta, eventualmente voltaremos ao local de partida.
Um efeito interessante que ilustra isso bem é um que envolve a noção de pólos. Se eu estiver em pé no ponto mais ao norte do globo, ou Pólo Norte, não importa em que direção em me desloque, estarei sempre indo em direção ao sul. Não estarei indo para o leste, oeste, noroeste, sudoeste, nor-nordeste, apenas para o sul.
Linha reta não é um termo adequado, pois uma linha realmente reta teria que se estender além da superfície, pois esta não é plana.
Uma representação visual que deixa isso que eu disse mais fácil de entender: um lápis seria a linha reta e uma bola de tênis seria o plano terrestre. Enquanto o lápis manter o seu formato, não poderá ter mais de dois pontos encostando na bola.
A menor distância entre dois pontos numa esfera (ou qualquer espaço curvado) é chamada de geodésica, uma linha que circunda o globo ao redor da parte mais gordinha.
A Linha do Equador é uma geodésica, mas o Trópico de Capricórnio não é.
Para nós tropicálios, isso não faz muita diferença, mas para quem mora bem mais ao sul ou ao norte, isso deve ser considerado, especialmente em viagens aéreas.
Por exemplo: O menor caminho entre Sidney, na Austrália, e Santiago, no Chile, ambos a 33º (e uns quebrados) de latitude sul, não é seguindo o caminho que parece mais intuitivo, apenas se deslocando para a direita, mas seguindo a geodésica entre os dois pontos, que passa quase por cima da Antártica!
Seria como pegar a Linha do Equador e encaixar de modo que ela tocasse naquelas duas cidades. Ela sairia de Sidney indo tanto para a direita quanto para baixo, até metade do caminho, quando começaria a subir em direção a Santiago.
Parece estranho, mas faz sentido. Perguntem aos engenheiros de tráfego aéreo das companhias de aviação.
E (já consigo ouvi-los perguntando) se eu quiser ir de trem?
A viagem ferroviária seria bem mais fácil e usaria bem menos energia.
Aliás, usaria zero energia. Energia antropogênica, pelo menos.
Para o deslocamento, apenas, pois as condições necessárias seriam energeticamente bem dispendiosas.
Teoricamente, na verdade.
Voltando ao exemplo do lápis e da bola de tênis:
A única maneira de fazer uma linha reta (lápis) tocar em dois pontos de uma esfera (bola) é atravessá-la.
Empalar a bola de tênis com o lápis faz com que este tenha dois pontos de contato com aquela.
Se o acessório esportivo do meu exemplo fosse sólido (ao invés de ser cheio apenas de ar), o implemento escrevedor deixaria um túnel escavado, ao ser retirado.
Na Terra, caso fosse possível tal manobra, ficaríamos com um Túnel Gravitacional.
Através de um buraco em linha reta (reto o suficiente de modo que, por um lado enxergaríamos a outra entrada) seria possível, por exemplo, usando nada mais que a força gravitacional terrestre, ir de Natal a Salvador em quarenta e dois minutos e doze segundos.
Entre Natal e Moscou, a viagem duraria quarenta e dois minutos e doze segundos.
Aliás, através de um túnel em linha reta entre quaisquer dois pontos, uma viagem de ida com o auxílio de nada mais que a gravidade, duraria sempre 42 minutos e 12 segundos.
Desde que não haja fricção, obviamente.
Da entrada até o ponto central da passagem, a gravidade está puxando o vagão (que está essencialmente em queda livre), cada vez mais rapidamente, com aceleração constante.
Quando solto da boca do buraco, a velocidade vai aumentando mais e mais, até passar da metade, vinte e um minutos e seis segundos depois de começar a cair, quando o processo se inverte e a velocidade diminui até chegar a zero, na saída.
Quanto mais longo for o túnel, mais rápido o trem se moveria e maior seria a velocidade máxima. Se o buraco for rasinho, o vagão iria bem mais lentamente.
Com uma velocidade média maior para uma distância maior e uma velocidade média menor para uma distância proporcionalmente menor, o tempo se mantém constante.
42’12”
Mas, novamente, não pode haver fricção de qualquer tipo dentro do túnel. Não pode haver ar dentro dele nem o trem não pode encostar nas paredes.
Isso pode ser mais difícil de alcançar.
Caso eu fosse tendencioso, teria dito apenas 42 minutos e faria menção à resposta para a Vida, o Universo e de tudo mais, mas não faria isso com vocês…
Para mais sobre o Trem Gravitacional (em inglês), leia esta página da BBC e esta outra da revista Time.
Acerte seu relógio
Rapidinho!
Eu poderia deixar isso passar nem com a moléstia dos cachorros doidos!
Sincronize o seu temporímetro com a hora oficial do Brasil dada pelo relógio de césio do Observatório Nacional.
Mais oficial que isso só se dessem uma patente de Brigadeiro-Almirante General de 10º Dan para o relógio.
Obrigado Isis pela dica!
Bebo não, como com farinha
Para se medir a quantidade de álcool em uma bebida, usa-se uma medida chamada gravidade específica e um processo onde pesos diferentes são colocados dentro de amostras do líquido a ser medido (antigamente, nas bombas de álcool em postos de combustível era possível ver um pesinho flutuando dentro de um vidro cheio de etanol vindo direto do reservatório; caso o peso flutuasse demais, indicaria que o álcool estava muito aguado).
Gravidade Específica é apenas outro nome para Densidade. Na verdade, o certo seria densidade relativa, pois é geralmente medida em relação a outra coisa.
Densidade é a relação entre massa e volume, de modo que quanto mais de uma coisa couber dentro de um certo volume, maior será a densidade do corpo.
Por exemplo: um copo cheio de areia solta é menos denso que o mesmo copo (volume fixo) cheio de areia compactada. A massa de areia aumenta mas o volume do copo permanece o mesmo.
Dá para entender?
Um quilo de algodão pesa o mesmo que um quilo de chumbo, mas o volume do metal é bem menor porque a densidade é bem maior (cabe mais num lugar menor).
Neste momento, é comum surgir a pergunta “então, qualé o mais denso, mercúrio ou chumbo?”.
Em temperatura ambiente (31° em Natal), mercúrio é um líquido e chumbo é um solido. Quem já manuseou um dos dois ou ambos, sabe que eles parecem ser bastante pesados, devido a alta densidade deles.
Este vídeo apresenta também o tungstênio, metal com o maior ponto de liquefação (e segundo maior de todos os elementos, depois apenas do carbono) que é usado em filamentos de lâmpadas e que também é deveras compactado:
[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=Rgf3Cvq47wU]
O prato está cheio de mercúrio, a rodelinha é de chumbo e o palito é de tungstênio.
Notem que o formato não importa, um palito de dentes flutua na água tanto quanto uma folha de compensado, desde que a madeira seja menos densa que a água.
Água salgada é mais densa que água “doce” (que não é propriamente doce, apenas é não-salgada).
O Mar Morto, além de gelado, é muito salgado. A concentração de sólidos solúveis nele é tão alta (quase nove vezes mais salgado que o mar) que um corpo humano não consegue afundar ali (isso não é o mesmo que dizer que não há afogamentos, pois basta estar boiando com a face pro lado errado).
[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=PRT6bk3iSSU]
Outra do Mar Morto (o nome se dá a falta de organismos vivos visíveis devido a alta salinidade); suas margens são o ponto de terra firme mais baixo da Terra.
Densidade também influi em transmissão sonora.
O som se propaga em ondas, através das moléculas das coisas. Quanto mais perto essas moléculas estiverem umas das outras, mas rápida será a propagação.
Quanto mais perto as moléculas, maior a densidade do material ou do meio.
O som anda mais ligeiro na água que no ar, e mais rápido ainda em sólidos (apesar de se deslocar menos, pois perde energia mais rápido).
Agora, umas charadinhas de leve, pro meio da semana não passar batido:
Uma de densidade:
Você está em pé dentro de um barco, que flutua livremente, sem contato com o chão, em uma pequena lagoa, enquanto segura uma bala de canhão de chumbo.
O nível de água da lagoa, que suporta o barco, você e a bola metálica, é estável e está marcado.
Se a bala for solta e afundar, sendo completamente coberta, até tocar o piso do charco, quem não é deformável (menos como lama e mais como cimento), o que acontecerá com o nível da água (depois de atingir novamente o equilíbrio)? Aumentará, diminuirá, continuará o mesmo ou é impossível prever?
E mais uma de pensamento lateral:
Você está em um quarto com três interruptores. Este quarto é totalmente isolado visualmente de outro, onde há uma lâmpada incandescente. A passagem de um para o outro é rápida e fácil, através de uma porta.
Apenas um dos interruptores do quarto onde você se encontra acende aquela lâmpada.
Podendo mudar a posição das chaves apenas três vezes no total e mudando de aposentos apenas uma vez, como saber qual delas acende a lâmpada?
Quem chegou até aqui ainda lembrando que eu comecei falando de álcool?
Se fosse um filme, seria a hora ideal de trazer de volta o herói coadjuvante que foi deixado propositalmente no esquecimento cinco cenas atrás, para ajudar o herói principal a salvar o dia na última cena.
Eu deveria escrever roteiros…
P.S. ontem, antes de sair para a fisioterapia, eu li um artigo com duas ocorrências de p.s. onde o segundo não era p.s.2, mas p.p.s.
Legal, acho que aprendi uma coisa nova.