Alopatia é uma farsa!
Sim, vocês leram certo. O conceito alopático de cura é criação de mentes doentes e é mantido por pessoas sem escrúpulos ou vergonha na cara!
Duzentos e alguns anos atrás, o físico Samuel Hahnemann raciocinou da seguinte forma:
Estamos em pleno século 18 (cento e trinta anos antes da descoberta da penicilina e quase cem antes da teoria dos germes que explica que ficamos doentes por causa de organismos microscópicos e não por causa de miasma ou mal cheiro) e a maioria das pessoas terminalmente doentes que recebem sangrias ou laxantes poderosos morre por algum motivo ainda desconhecido. O que posso fazer para ajudar?
Já sei! Vou purificar a água que essas pessoas estão bebendo!
E, para não parecer tão prosaico, vou usar um argumento de antiguidade e basear minha técnica no pensamento do famoso charlatão/alquimista/astrólogo de um século ainda mais atrasado que o meu, o famoso Paracelsius, que achava que veneno pode curar o envenenado, e vou usar água destilada para diluir cocô de rato/catarro de tuberculoso até que não sobre uma só molécula do veneno/toxina no meu frasco limpo de água tratada e pura (quinze anos antes de Avogadro demonstrar o princípio de diluição máxima)!
Aí, aproveito o embalo e desenvolvo uma “técnica” para “potencializar” o efeito benéfico do reagente inexistente enquanto magicamente elimina seus efeitos maléficos, e que consiste em saculejar a água (100% pura dentro de um vidro esterilizado) um número arbitrário de vezes (porém sempre divisível por 10, que é um numero bonito e redondo, cheio de propriedades mágicas), e invento um nome bem marcante para ela, quase um cacófato, mas nem tanto, que faça rir da primeira vez mas perca a graça rapidamente… humm.. vejamos… Ah! Sucução!
Beleza! Estou pegando fogo! Agora vou provar que café causa cáries, olheiras, impotência e toda sorte de doenças crônicas humanas![1]
E a isso ele deu o nome de “homeopatia”, estuprando a língua helênica até que ela concordasse que isso seria grego para “igual à doença”, pois como já vimos, o espertão acreditava que doença cura doença (e deu até nome ao rebento fruto dessa violência: Lei de Similares, que apesar de se dizer “lei” só é cumprida na Terra da Fantasia, no município de Ignorantópolis, capital do estado de Magicolândia).
Achando pouco tal atrocidade contra a vida, os bons costumes e um dos idiomas mais antigos da humanidade (no entanto sendo apenas fruto do seu tempo), cunhou também o termo “alopatia”, que aparentemente deveria significar “contrário à doença”.
(Esse método linguístico aglutinativo é equivalente à ideia de que posso inventar o termo “mesamormelada” para descrever um caso hipotético que envolva o objeto mesa, o sentimento amor e a sobremesa marmelada e esperar que concordem comigo que isso faz sentido fora da minha cabeça.)
Agora alguém por favor me responda e me tire essa dúvida que me aflige já há algum tempo: sendo alopatia o inverso ideológico e idiomático de homeopatia, qual seria o remédio que representaria o contrário de uma dor de cabeça? Talvez uma pílula feita de um cérebro saudável e indolor?
E o oposto de tuberculose? Catarro comum?
Se eu tiver diarreia, devo me medicar com o quê exatamente?
Homeopaticamente eu sei. As respostas são, respectivamente: estresse diluído, silueta bacilar magicamente impressa nas moléculas de água e bosta nenhuma.
Mas e alopatia?
Farsa! Pura farsa!
Hahnemann, como eu sugeri, era um médico preocupado com a vida de seus pacientes e que criou, para a época, um método melhor do que fazer as pessoas vazarem por ambas extremidades do aparelho digestivo. Funcionava, quando funcionava, por fazer absolutamente nada!
Algumas doenças precisam exatamente disso; ficar quietas. O corpo se vira eventualmente.
Logicamente seus tratamentos não funcionavam sempre, mas aí entra o bom e velho viés de confirmação e o “dom da caneta” que só relata casos de sucesso.
Mas e os homeopatas atuais que continuam enganando o público com essa canalhice intelectual pejorativa de “alopatia”? Qualé a desculpa deles? Ignorância ou desonestidade?
Homeopatia é exatamente o que diz ser: medicina alternativa.
Quando medicina alternativa comprova sua eficácia e mostra que funciona ela muda de nome. Vira “medicina“.
E sabem qual é a alternativa para saúde?
Exatamente.
Querem cuspir na cara dos médicos que se lascam todos os dias para tentar salvar algumas vidas que, sinceramente, não deveriam ser salvas?
Cuspam, mas não enquanto eu estiver olhando.
—
[1] Seria essa a origem do Starbucks e seu café infinitamente diluído e ligeiramente morno?
O segundo episódio do Dispersando está no ar!
E agora com équio!
quio
quio
io
io
o
o…
Não, brincadeira, não tem eco. Mas agora tem uma página exclusiva!
scienceblogs.com.br/dispersando
Lá vocês escontrarão todas as informações que eu não dei aqui sobre o primeiro episódio e tudo sobre o podcast do ScienceBlogs Brasil de hoje em diante, portanto dirijam seus leitores de feed para lá que, brevemente, seus tocadores de mp3 conseguirão baixar automaticamente os episódios vindouros.
Eu só não sei quando, porque Internet é muito complicada. São muitos tubos. Mas em breve. Antes breve do que.. humm.. não-breve?.
Bom, antes do terceiro episódio sair, sem dúvida.
BAIXEM!
A Veja e os índios
A SBPC lançou uma nota de repúdio e até por aqui fizeram barulho por causa disso. Tão parecendo uma ruma de índio!
E daí que um jornalista insinuou que todo índio é preguiçoso? São não, por acaso?
Só falta virem me dizer que nem todo japonês é igual e que nem todo cearense tem a cabeça chata.
Até que ponto somos fruto da nossa época?
Ano passado, o cineasta Roman Polanski foi preso por “namorar garotas menores de idade” na década de 70. A acusação foi feita em 1977 porque, aparentemente, ele não sabia que era contra a lei fazer sexo com meninas de treze anos.
(Antes de continuar, uma das minhas famosas interrupções que quebra completamente o fluxo da narrativa e faz a segunda parte do argumento parecer sem sentido até que se leia a primeira novamente pulando os parênteses: manter relações sexuais com menores é crime, independente da vontade do parceiro. Um sujeito que for seduzido por uma garota de 14 anos vai pagar, e vai pagar caro, por ter consumado o fato, caso seja denunciado.)
Em 1976, o mundo nos dava Quando as Metralhadores Cospem (Bugsy Malone), estrelando Jodie Foster que, aos catorze anos de idade, interpretava uma dançarina de cabaret (que não é exatamente o mesmo que um cabaré como nós conhecemos, mas também não é nenhum salão de vendas de concessionária de automóveis).
Em 1980, três anos depois da acusação, víamos os peitos de Brooke Shields, recém-familiarizada com a adolescência (aos quinze anos, mais precisamente).
Não vou incrustrar o vídeo aqui porque quem já ligou a TV durante a tarde mais de uma vez nos últimos trinta anos já viu esse filme.
A mesma atriz, cinco anos antes, fez um ensaio “sensual” (até onde um corpo de uma criança de dez anos pode ser mais sensual que, digamos, tinta fresca ou um prato pingando no escorredor de louça) cujas fotos foram, não só no mesmo ano como no mesmo mês e apenas quatro dias após a prisão de Polanski, retiradas de uma exposição na Inglaterra porque “estava atraindo pedófilos” ou algo do tipo.
Atrair não pode, mas acobertar, proteger e remanejar tá liberado, né Ratzo?
Num mundo assim é realmente difícil ter certeza de que é errado fornicar com menores.
Notem que eu disse “ter certeza”. Obrigado.
Você, que agora me lê, tem certeza de que deve dar passagem a um carro de emergência (ambulância, polícia, bombeiros) mesmo correndo o risco de ser multado por uma câmera de sinal?
Certeza mesmo?
Eu sei que isso beira a analogia falsa e que desconhecer a lei não é desculpa para infringí-la sem punições, mas sério, se de uma hora para outra você descobrir que o simples fato de ter assistido ao vídeo acima faz de você um(a) criminoso(a), você acharia justo?
Mudança 100% de assunto mas me aproximando cada vez mais da minha meta, no começo da semana eu desenterrei minha velha gramática (que é a minha preferida pois tem mais figuras que as outras) e, enquanto meu queixo caia ao ler que “explodir” não pode ser conjugado na primeira pessoa do singular do presente do indicativo (i.e. eu explodo) e que o mesmo se aplicar a “feder” (regra essa abolida segundo meu dicionário de conjugações 2010, graças ao qual agora eu fedo o quanto quiser), resolvi relembrar os erros gramaticais mais comuns do passado (a publicação é de 1994) e, na página 389, me deparo com o seguinte exemplo:
Nós (e quando eu digo “nós” quero na verdade dizer “eu”, já que tenho uma forte tendência a extrapolar a minha experiência para todas as pessoas existentes e que são mais jovens que meus pais mas ainda nascidos antes do mundo se transformar num paraíso ridiculamente estéril) fomos criados realmente pensando que índio é bicho e que deve ser tratado como tal.
Mas, pior que isso, bicho selvagem, porque também fomos criados para tratar nossos cães e gatos como gente, então eles não contam. Bichos caseiros, de estimação, são melhores que índios.
Eu tomei um choque alucinante quando fui a Macapá em sei-lá-que-ano e vi índios andando na rua. Porque aquele dia foi a primeira vez que eu aprendi a associar “indío” com “pessoa” e não com “aldeia”.
Antes daquilo, todo índio usava cocar, andava com calção da copa de 86 e morava em uma oca. Depois daquilo, “índio” virou raça, como preto, branco e pardo (que só é raça no Brasil e uma vez por década, durante o censo).
Eu cresci sabendo que índio = bicho = selvagem < eu. E, sinceramente, num sistema de ensino deformado como o nosso é demais querer que um mero jornalista saiba que "selvagem" tem mais de um sentido.
Ironia? Talvez. Preconceito? Sem dúvida. Mas um preconceito institucionalizado, enraizado no âmago mais profundo da pessoa do nosso ser individual, com direito a todos os pleonasmos repetitivos e desnecessários que caibam aqui.
Antes da primeira pedra, impulsionada pela mentalidade de turba que há de se criar ao redor disso, voar e atingir algum inocente, vamos tentar atribuir culpa a alguém mais distante e mais efêmero, cuja honra, por já ser suficientemente etérea, não pode mais ser manchada.
O propósito deste ensaio não é inocentar a revista ou os redatores ou os jornalistas envolvidos na matéria, mas relembrar que devemos manter sempre a chama do ceticismo acesa, em todos os momentos.
Antes de matar, vamos ver se tem graça.
Antes de queimar a bruxa vamos ver se ela boia primeiro.
Depois, se forem realmente culpados, pau neles.
Eu seguro e vocês batem.
—
Coletânea totalmente ótima e completamente cronológica para comemorar a décima nona semana do ano
(Alguém mais pensa em “décima nona” como a avó da trisavó da tatataravó da sua bisavó? Desde que sua mãe tenha pelo menos um neto, obviamente.)
Sabe aquela sensação que dá quando você sabe que seu (sua) interlocutor(a) já está ciente de um certo dado mas mesmo sua certeza sendo absoluta seu instinto de jogador fica enchendo seu saco insistindo que você forneça a informação que você tem certeza que seu (sua) parceiro(a) de conversa já possui porque só ganha quem joga e não custa dizer porque no máximo você vai causar um momento de desconforto muito pequeno em comparação à recompensa que receberá caso seu (sua) ouvinte/leitor(a) não possua aquele particular pedaço de conhecimento em seu repertório apesar de você estar positivamente convicto que ele(a) já sabe e pra quê então causar constrangimento em todas as partes envolvidas quando ficar calado é mais fácil e gasta menos energia mas o que custa simplesmente chegar e dizer como quem não quer nada apesar de isso talvez parece que você está subestimando seu amigo(a)/leitor(a) apesar do detrimento que ele(a) poderia sofrer caso fique sem aquela notícia não é verdade?
Sabe qualé? Apois.
Vocês, pessoas que me leem e que são queridas por mim o bastante a ponto de eu continuar escrevendo aqui com incerta frequência somente para seus olhos que tanto me atraem, já devem saber que eu tenho mais ou menos uma dúzia de blogues dos quais só três realmente valem a pena ser lidos sendo um deles interessante somente para natalenses e demais moradores desta minha querida e perpetuamente morna cidade ensolarada, mas como venho escrevendo há mais de dois anos e meu melhor material é, como não poderia deixar de ser, o mais antigo e nada há de mais chato que ficar clicando em “previous” para ver várias páginas de conversas já lidas para só depois da nongentésima clicada aparecer alguma coisa inédita, resolvi compilar aqui os artigos do blogue pai deste que unilateral e unanimamente escolhi como possivelmente melhores (considerando os elogios de meu pai e minha mãe na conta).
Confusos? Bem-vindos ao meu mundo nas últimas semanas…
São dez textos no total. Cinco hoje e cinco semana que vem (talvez, se eu ainda estiver ocupado demais com a manutenção do meu ego para produzir algo novo), para quem quiser ler um por dia e fingir que eu estou escrevendo.
O primeiro, com quase dois anos já, é sobre meu encontro com o sobrenatural enquanto tentava, ao mesmo tempo, dormir e combater os efeitos da cafeína e de um dia estressante: Sono pesado;
Parte do meu trabalho é ser tapa-buraco. Quando é dentro do cartório eu não me importo muito, mas vez por outra exageram e me levam para fazer trabalhos para os quais não tenho a menor qualificação: Desperdício;
Em seguida, ainda em 2008 mas já em setembro, descrevi uma alucinação tátil que, como todo estado alterado de consciência que se preze, me parecia (e ainda parece) real como esses elfos azuis ao meu lado: Microalucinações;
Em um texto da série Igor Em Busca do Conhecimento, dei rapidamente vazão à minha frustração ao não conseguir uma explicação satisfatória e mudei completamente o escopo da matéria passando a relatar algo ligeiramente, mas não completamente, relacioando ao tópico original: Do suor feminino;
Finalizando por hoje, um texto muito especial para mim, pois foi escrito no dia vinte de novembro de 2008, o dia em que, pela primeira vez, fui comparado a Douglas Adams pelo texto que havia escrito naquele dia e que agora incluo nesta lista: Carros voadores do futuro.
Antes que eu comece outra diatribe (que meu dicionário diz ser sinônimo de “desinteligência”. Estranho…), vou parar por aqui esperando não ter constrangido nem subestimado qualquer um de vocês, pessoas tão agradáveis que nunca conheci pessoalmente e que raramente comentam aqui mas sempre compartilham mesmo que distantemente e em silêncio da minha paranóica bipolaridade esquizofrênica.
Tá bom, parei.
—
Agradecimentos não só especiais como semi-inesquecíveis, inestimáveis e praticamente inefáveis a Maria Guimarães e seus colegas de redação na revista Pesquisa Fapesp Dinorah, Ricardo, Marcos e, via telefone, a correspondente/revisora Margô, que ficaram até tarde da noite me ajudando com a gramática deste texto (que vocês podem notar está perfeita do meio pro fim, que foi onde começou a conferência).
Eyjafjallajökull Tenso S01E06 (season finale)
O último. Cansei.
Eu ia acabar ontem, mas vi um negócio interessante que não podia deixar de compartilhar aqui.
Viram como é fácil achar padrões nas coisas? Daqui a pouco eu recebo um email dizendo que existem imagens do demônio nessa fumaça aí.
Ou outro pedaço de torrada divina.
Por que tão tenso, Eyjafjallajökull? Episódio 3
Comecei segunda-feira, continuei ontem e já tem um novo hoje!
Uau, mais regular que bastidores de propaganda de iogurte.
Cliquem em “read on” para ver a foto.
Por que tão tenso, Eyjafjallajökull? Episódio 2
Como eu disse ontem, estou explicando “pareidolia” usando o Método Tenso.
Cliquem em “read on” para acompanhar a saga.
Novamente, a imagem pode demorar um pouco, mas acaba abrindo eventualmente.
Por que tão tenso, Eyjafjallajökull?
Vou comemorar a explosão do vulcão com o nome mais difícil de pronunciar de todos os tempos com uma série diária que explica, sem palavras, o significa de “pareidolia”
Farei isso usando um processo conhecido pelos jovens de hoje em dia como “tenso”.
Clique neste link para tentar entender do que se trata, porque é muito constrangedor tentar explicar.
Vou usar sempre a mesma foto (retirada da página do Telegraph):
E, para não destruir a navegabilidade da página inicial, as fotos estarão sempre depois do pulo, onde vocês chegam clicando aqui embaixo onde está escrito “read on” (se não aparecer é porque você não está vendo a página inicial e a imagem já está carregada).