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Como mudar o mundo por meio das redes sociais e dos aplicativos?

RJ - RIO-DE-JANEIRO - 04/08/2016 - REVEZAMENTO DA TOCHA RIO 2016 - Revezamento da Tocha Olimpica para os Jogos Rio 2016. Foto: Rio2016/Fernando Soutello

Nós temos vontade de melhorar a nossa qualidade de vida, viver em equilíbrio em comunidade, habitar um mundo mais igualitário e deixar um planeta mais harmonioso para as futuras gerações (nossos filhos, netos, sobrinhos, crianças de toda a Terra). Também, as pesquisas até têm apontado, cada vez mais queremos trabalhar em empresas que respeitem o ser humano e a natureza. Empresas que têm o propósito de cuidar do planeta ou que, ao menos, tenha ações para compensar os seus impactos.

As redes sociais e os aplicativos se mostraram um espaço para relaxarmos, mas também para nos conectarmos a outros que pensam como nós ou que têm o mesmo propósito ampliando as nossas vozes. E é, por meio deles, que podemos unir a nossa vontade de viver em um mundo mais harmônico com empresas investindo em uma causa que melhora diretamente a qualidade de vida de todos no planeta: o plantio de árvores nativas.

O plantio de árvores nativas em áreas rurais visando recuperar a floresta que havia ali e degradamos no passado, chamada também de recuperação florestal, é tão importante que ganhou até destaque na abertura das Olimpíadas! Primeiro, é irresistível pegar uma mudinha ou imaginar que um clique nosso se reverterá em uma árvore plantada que viverá, talvez, por mais tempo que nós. Segundo, este é um legado que deixamos aqui na Terra.

iniciativa_verde_villa_lobos-360O plantio de uma pequena mudinha de árvore nativa envolve toda uma cadeia do bem. Ela é produzida em um viveiro do interior (que ajudou a gerar renda para uma população que, de repente, antes trabalhava degradando a mata!). Para se ter uma muda, precisamos da semente. Logo, ela é colhida em alguma floresta que necessita ser preservada para esse fim, entre outros. Em seguida, essa mudinha é plantada por, muitas vezes, uma pessoa que às vezes desmatava (ou estava desempregada) e, agora, consegue sustentar sua família cuidando do planeta.

Em seguida, a mudinha crescerá em uma área de proteção ambiental (uma vez plantada uma árvore nativa, ela só pode ser derrubada se for por uma obra de interesse público). Conforme vai crescendo, ela atrai borboletas, pequenos mamíferos, lobos-guarás, macaquinhos. Ela pode fornecer alimento e proteção para diversos animais. As abelhas e os pássaros polinizarão a área onde está a mudinha (e suas outras amigas mudas) trazendo mais vegetação, diversificando e enriquecendo essa floresta que cresce.

Essa mudinha começa a reter a água da chuva no solo com suas raízes (calcula-se que 80% da água da chuva é “absorvida” por árvores da Mata Atlântica). Assim, aquele córrego que passa perto dela fica mais caudaloso. Ou a nascente que secou começa a voltar à vida. A população do campo que não tem recurso financeiro, que precisa diretamente da natureza para sobreviver, consegue voltar a plantar hortaliças e outros alimentos para comer e até vender. O espaço da sua propriedade que cedeu para o plantio (que já estava com o solo degradado de tanto a vaquinha pisar ou de tanto plantar) valoriza o local! Além de deixar a paisagem mais agradável e bonita.

Quem mora na cidade pode ir para o campo e fazer ecoturismo nesses locais. Pode respirar um ar mais puro. Pode ter mais água na torneira e de melhor qualidade. Essa pequena mudinha, conforme vai crescendo, absorve o gás carbônico da atmosfera. Aos poucos, ela vai evitando que o temido e impalpável aquecimento global nos atinja. Afinal, quando a gente muda o uso do solo (desmata, por exemplo), altera as chuvas. Ela evita que sejamos, aqui na cidade, atingidos por aguaceiros que alaguem tudo ou por secas que fazem nossos narizes coçarem insuportavelmente. Nossa saúde agradece.

Como o efeito borboleta (“o bater de asas de uma borboleta no Brasil pode desencadear um tornado no Texas”), essa pequena ação pode mudar o nosso futuro para melhor. Durante o evento Social Media Week, vou dar a palestra “Já pensou em plantar árvores por meio da internet?” para mostrar como podemos plantar mudinhas por meio das redes sociais, de aplicativos e da internet em geral. Mostrarei ações de marcas como a Sky ou a Wappa com a Iniciativa Verde que envolvem o plantio de árvores nativas. Lindos casos. Que marca a sua marca quer deixar no mundo?

Fotos de cima para baixo: Rio2016/Fernando Soutello, Marcelo Scandaroli/ Iniciativa Verde, Isis Nóbile Diniz/ Iniciativa Verde

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Baleias: elas voltaram!

IMG_8232Reparou que, no último mês, há mais notícias de baleias jubarte sendo avistadas na costa brasileira? Principalmente, vistas de passagem pelos estados da região Sudeste como São Paulo e Rio de Janeiro? Coincidência? Não (na foto, uma réplica de filhote de jubarte, no Projeto Baleia Jubarte, Bahia).

Nesta época, inverno, essa espécie de baleia (Megaptera novaeangliae) sobe o litoral brasileiro até a região da Bahia, onde parem seus belos e gigantes filhotes que nascem com quatro metros e pesam mais de uma tonelada! Lá, no divino estado brasuca, ficam até cerca de novembro amamentando a cria. Quando o filhotinho está mais rechonchudinho, ela volta para as águas frias do oceano em busca de alimento, o krill (um minúsculo camarão).

Devido à proteção delas, sua população está aumentando. Se você for para a Praia do Forte (Bahia), entre julho e outubro, poderá fazer um passeio de barco para avistar esses belos animais – eles ficam cerca de três quilômetros longe da costa. Duas dicas: faça o passeio com agências credenciadas pelo Projeto Baleia Jubarte e em qualquer época visite a organização.

O Projeto oferece visita monitorada no local explicando muita curiosidade sobre os cetáceos (animais dos quais ela faz parte) e há algumas réplicas fabulosas para crianças. É uma visita rápida, mas de intenso aprendizado.

Então, se você é daqueles que só gosta de praia no verão, repense. Se tiver sorte, pode ver maravilhosas baleias dando um “oi” com seus saltos (elas saltam para se livrar dos piolhos, eca) ou batendo suas caldas por aí (é por meio da calda que os pesquisadores sabem qual baleia é, o desenho é como uma impressão digital). Este ano, minha cunhada viu jubarte em São Sebastião. Eu bem que fiquei horas e dias fitando o mar, mas não tive a mesma sorte. Mas já observei pinguins no litoral de São Paulo e de Santa Catarina. <3

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Aliás, outra informação rápida. As jubartes não são as únicas baleias que procuram o litoral do Brasil para procriar. A maravilhosa baleia-franca (Eubalaena australis), aquela cheia de cracas brancas, também sobe até Santa Catarina para ter seus filhotinhos nesta época do ano. E você também pode vê-las saltar sentado na areia (!) ou de barco (a foto acima e abaixo tirei de uma franca na África do Sul – se for para lá, tenho muitas dicas de passeio para parques).

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Por fim, última curiosidade: você sabe como as baleias e golfinhos dormem? O porquê deles não fecharem os olhos? Pois descobri lá no Projeto Baleia Jubarte. Os lados direito e esquerdo do cérebro desses animais são separados. Na hora do sono, eles “desligam” um dos lados, enquanto o outro mantém atividades básicas de sobrevivência como não deixar afundar. Incrível, né?

Bom, eu pretendo fazer mais aparições por aqui. Espero conseguir. A maternidade e a experiência do meu trabalho na Iniciativa Verde me trouxeram mais repertório e uma nova maneira de ver a vida. Um beijo desta amante dos cetáceos. Vamos falar baleiês!

Quanto suas ações impactam o meio ambiente?

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Você sabia que suas ações emitem direta e/ou indiretamente gases de Efeito Estufa (GEE) que podem piorar o Aquecimento Global?

O Efeito Estufa é essencial para nossa espécie – e todas as outras. Isso porque graças a ele nosso planeta se mantém quentinho possibilitando a nossa sobrevivência. Ele é um fenômeno natural onde os raios infravermelhos enviados pelo Sol ficam retidos na atmosfera da Terra graças a esses gases.

O problema é que algumas ações nossas, do homo sapiens, estão aumentando a quantidade desses gases. O que eleva o Efeito Estufa. Assim, segundo algumas pesquisas, já estão nos fazendo suar mais. E isso se chama: Aquecimento Global.

Embora o Aquecimento Global pareça algo inalcançável, impalpável, nós vamos sofrer cada vez mais na pele as suas consequências. Sei que podemos nos sentir injustiçados, já que ele é resultado de diversas ações humanas realizadas ao longo de anos (nos quais eu nem era nascida).

Mas… Podemos fazer bastante coisa para evitar, literalmente, catástrofes em sua decorrência – e cuidarmos das gerações futuras (é justo deixar um planeta habitável). Uma delas, ainda por cima, é divertida: calcular a sua Pegada de Carbono. Ou seja, o quanto você emitiu, anualmente, de gases capazes de piorar o Aquecimento Global.

Para isso, a Iniciativa Verde renovou a sua tradicional Calculadora de Carbono: http://www.iniciativaverde.org.br/calculadora/index.php com dados atuais. O mais interessante é que ela, automaticamente, converte o seu impacto em número de árvores nativas de Mata Atlântica que precisam ser plantadas para compensar essas emissões.

Eu, por exemplo, preciso plantar cinco árvores (!) para compensar as minhas emissões de 2015. Parece pouco, mas é significativo! Como informação é poder, sabendo o quanto você emite e onde emite mais, pode repensar as suas atitudes para 2016. Deixando ações objetivas para cuidar do meio ambiente na clássica lista de resoluções para o Ano Novo.

E que venha um 2016 mais verde!

Obs.: Na foto acima, plantando ipês no Parque Villa-Lobos (Sampa) com os amigos em evento promovido pela Iniciativa Verde na Virada Sustentável.

Como é possível plantar águas

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É com muito orgulho (e suor) que divulgo o vídeo sobre o projeto Plantando Águas, da Iniciativa Verde. O documentário exclusivo mostra as ações possíveis e relativamente simples que podem ser tomadas para recuperarmos o nosso tesouro: a água. Estoure a pipoca e divirta-se!

Quer entender o Código Florestal?

livrosobrecodigoflorestalA Iniciativa Verde por meio do projeto Plantando Águas, patrocinado pela Petrobras, lançou o livreto “Sustentabilidade: Adequação e Legislação Ambiental no Meio Rural”. Escrita pelo engenheiro agrônomo Roberto Resende (e editada por mim), a publicação é um resumo de como aplicar o novo Código Florestal. Ela ajuda a entender o que deve ser feito de acordo com a legislação e também aborda temas relativos importantes como o que são os biomas e as bacias hidrográficas.

Trata-se de um excelente manual e apoio de bolso. O melhor: o livreto pode ser baixado grátis pela internet! Clique aqui para ter o PDF.

Obs.: Quem quer entender o porquê das propostas do “novo” Código Florestal terem causado rebuliço, indico o livro “Os Estertores do Código Florestal“, do agrônomo José Eli da Veiga. Ele é bem curtinho e situa as discussões na época da aprovação. Uma leitura complementa a outra.

Queremos parques “de bonito” ou para serem curtidos?

IMG_6381Na África do Sul, quando caminhávamos – vendo uma foca brincar nas ondas – pela areia da praia do Parque Nacional Tsitsikamma (foto acima) em direção a uma trilha, para subir 300 metros de morro, um homem nos parou. Abriu um sorriso: “Oi, tudo bem? De onde vocês são?” Respondemos que éramos do Brasil. “O que acharam do parque, estão gostando?” O lugar era lindo com animais marinhos, fantástico com paredões que despencavam na água, bem cuidado, bem estruturado, com uma lanchonete que não metia a faca na gente, seguro em relação a tudo, enfim, estávamos amando. “Que bom que estão aproveitando, desculpe-me a intromissão, mas sou o diretor do parque e queria saber se estavam contentes.” É por essas e por tudo o mais que amo a África do Sul, mesmo com seus graves problemas sociais.

Na África do Sul e nos maiores parques da Argentina e do Chile, é possível dormir dentro delesAproveitar a lanchonete, geralmente, sem preços muito abusivos. Também dá para caminhar com segurança pelas trilhas bem demarcadas e obter informações sobre o local com os funcionários. Os safáris da África dizem por si no imaginário das pessoas – é tudo isso o que você pensa. Aqui do outro lado do Atlântico, gente, o Chile nem parece um hermano brasileiro. As entradas aos parques são baratas e eles são bem sinalizados, organizados, têm excelentes estradas e trilhas – coração para o Parque Nacional Torres del Paine (foto do Sol, abaixo) e Parque Nacional El Morado. Se perder neles, só se for em pensamento…

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África do Sul, que há cerca de 15 anos estava em meio a uma guerra civil, conseguiu se reerguer economicamente sabendo usar o ecoturismo. Aliás, o ecoturismo colaborou até para recuperar áreas naturais e espécies. O Chile, apertadinho entre tanta beleza, tem parques desde o deserto do Atacama até o frio da Patagônia. Quem nunca sonhou em conhecer uma das belezas naturais do Chile? Digo o mesmo para a Argentina, que divide conosco as Cataras do Iguaçu, que tem o Perito Moreno e o Parque Nacional Tierra del Fuego lá no Fim do Mundo. E o Brasil, o que tem? Desse tamanho todo, não tem nada?

Muitos parques (reservas) brasileiros, sejam eles públicos ou privados, se encontram em triste situação. A maioria deles sofre com falta de planejamento e do famoso manejo. Em alguns parques, onde o atrativo eram as aves, não se observam mais aves. Outros quase tiveram que fechar as portas por conta da falta de dinheiro para mantê-los. Outros são depredados pelos visitantes, que em vez de terem orgulho da beleza nacional, preferem destruir o nosso patrimônio. Claro que, já que Deus é brasileiro, ainda há palmeiras onde canta o sabiá.

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Existem inúmeros bons exemplos no Brasil. O mais recente que eu visitei, a convite da Fundação Boticário que o mantém, é o Reserva Natural do Salto Morato (foto abaixo) distante apenas 170 quilômetros de Curitiba, capital do meu maravilhoso Paraná. O lugar tem cachoeira de 100 metros, piscina natural, figueira de 350 anos, quase 600 espécies de plantas, cerca de 350 espécies de pássaros (fáceis de serem avistados), mais de 80 espécies de mamíferos… Dá para caminhar por ele com segurança, dá para acampar e ele tem lanchonete. A entrada inteira? Sai por sete reais.

Vamos aproveitar o que temos de lindo e de melhor. Vamos conhecer as reservas respeitando a cultura local, sem retirar nada do lugar, tendo cuidado com nós e com os outros, guardando o meio ambiente. Assim, com essas ações, nós estimularemos a conservação desse e de mais locais. O Brasil é gigante. O Brasil é lindo. A população brasileira é uma das mais simpáticas e generosas do mundo. Isso tudo é o que temos de melhor. Alguns ecoturismo são caros, sim. Então, vamos estimular aqueles que são viáveis para que os inviáveis economicamente se tornem mais acessíveis. E, sempre, sempre com consciência. O ecoturismo pode impactar um lugar, mas pode ajudar a preservá-lo.

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Obs.: Todas essas fotos do pots pertencem ao Xis-xis. Por favor, peça autorização para usá-las.

O que é o gosto amargo

IMG_3173Essa, da foto, é a Laguna Amarga. Ela fica no considerado parque mais lindo da América do Sul: o Parque Nacional Torres del Paine (Chile). Como uma boa curiosa, advinha qual foi a minha ideia quando vi esse lugar divino? Não, não foi me jogar na água – que deveria ter menos de 5 ºC. Foi prová-la! Isso, mesmo prová-la! Sabe do que ela tem gosto? De bicarbonato de sódio!

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Como você deve ter percebido, viajar para mim é muito mais do que apenas “checar” o lugar bonito e tirar uma foto nele dizendo que estive lá. Eu gosto de entendê-lo e aproveitá-lo em tudo o que o for possível. O maridão e eu estávamos nos despedindo do parque quando paramos para tirar a foto acima em frente ao maciço Paine que dá nome ao parque, aquelas três belíssimas torres lá trás – depois, farei um post sobre essa geologia. O mapa do parque apontava esta como sendo a Laguna Amarga. AMARGA. Eu sabia que todas as águas do parque são potáveis, mas, como alguns lagos têm peixes, recomendo beber as águas das fontes ou dos rios para evitar um piriri.

Perguntei para o maridão: “Vamos provar a água da Laguna?” “Sério, mesmo?”, ele retrucou. Claro! Depois de muito sorrir para ele, se disponibilizou a colocar a mão na água friiiia para encher a garrafinha. Acho que bebi primeiro. Pouquinho. Ele bebeu: “Nossa, que água salgada!” Eu, de novo: “Humm, gosto de bicabornato de sódio”. Por que será?

Ah, rá! Graças ao pH da água! O pH varia de ácido, neutro e básico. Ele varia de 0 até 14, quanto maior o número mais básico (ou amargo) ele será. Por exemplo, o suco de limão tem pH 2 (ácido de baterias, 0). O cloro que usamos para limpar a casa tem 14. O bicabornato de sódio, 9. E a Laguna Amarga… 9.1! Não é divertido? Seu pH deu o nome à lagoa! Ah, por curiosidade, o pH da água “normal” é 7.

Viu como podemos aprender ciência em uma bela viagem? A sigla pH significa Potencial Hidrogeniônico, diretamente relacionado com a quantidade de íons de hidrogênio de uma solução. Quanto menor o pH de uma substância, maior a concentração de íons H+ e menor a concentração de íons OH-. Ou seja, o pH é um indicador.

Quer saber se tivemos dor de barriga? Não!

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Dica de viagem: Da Laguna Amarga e da Laguna Azul (andando mais para frente na estrada de terra, foto logo acima), dá para ver direitinho as três famosas torres que dão nome ao parque. Ambas ficam distantes das principais atrações, acho que cerca de 20 quilômetros para frente, então, se estiver de carro, certifique-se de que tem combustível. Aliás, se for à Torres del Paine de carro, leve tanque extra e planeje as trilhas de maneira que não tenha que circular à toa.

Lobos-marinhos acasalando

IMG_1743Huuuum, danadinhos. Peguei no flagra! Enquanto um pequeno lobo-marinho descansava sob a pedra fria, o casal do lado direito “dançava” e rugia alto. Acho que era um macho e uma fêmea acasalando – confesso que não tenho certeza. Segundo esse texto, a época de acasalamento desses animais é no verão. Vai ver que, para os dois da foto, -15ºC é calor…

Na região do Ushuaia (Argentina), na Terra do Fogo, vivem dois tipos de lobos-marinhos. Os lobos-marinhos de um pelo e, de dois pelos. Isto significa que a segunda espécie citada tem, em vez de um, dois pelos para se proteger do frio. Por isso consegue viver até na Antártida.

No inverno, é comum encontrarmos esses animais no Brasil. Para entender, deve-se considerar que as correntes marinhas do Atlântico Sul, geralmente, funcionam assim: a corrente fria sobe margeando a costa da África, esquenta no Equador e desce margeando a costa do Brasil. Nos meses mais frios, correntes podem subir pela costa da América do Sul, trazendo consigo ao nosso país animais marinhos mais comuns em regiões frias como os lobos-marinhos e pinguins. Meteorologia é incrível, não? Minha paixão.

Com certeza, já ouviu alguma garota do tempo dizer: “Entrará no Brasil uma corrente fria proveniente da Argentina”. Agora, você pode entender melhor do que se trata.

Como destruir vários ambientes com espécies invasoras

IMG_1848Duas ideias de jerico. Na realidade, três se formos falar sobre as ovelhas, mas esta fica para outro post. Quem visita o Parque Nacional da Terra do Fogo, em Ushuaia, Argentina, pode observar o trabalho de castores canadenses fazendo suas represas. Sim, esses bichos são geniais, derrubam árvores para conter água. Acontece que, como deve ter reparado, eles são canadenses! E o que fazem do lado oposto do continente? E por que as lebres-europeias, provenientes do outro lado do Atlântico, também podem ser vistas ao lado deles no Fim do Mundo?

Bem, resumindo a história que você pode saber mais aqui, os castores foram introduzidos na região em 1946 pela indústria da pele. Sem predadores naturais, os 25 pares se transformaram em 100 mil indivíduos! Um problema para a bicharada local, que tem que competir por espaço e comida com eles, e para as árvores. Estas são derrubadas sem tempo de recomporem bosques, agora, no chão. Quer dizer, na água.

Por sua vez, as lebres-europeias foram colocadas na Patagônia para serem caçadas pelos homens. Isso mesmo, como um instrumento esportivo. Mas elas foram longe… Atualmente, podem ser encontradas aqui no estado de São Paulo comendo plantações! O caso da lebre-europeia é tão sério, que ela está causando a extinção da lebre-da-patagônia. Esta é rara de ser observada. Agora, a outra, eu mesma vi do ônibus dentro do Parque Nacional Los Glaciares, onde está o famoso glaciar Perito Moreno (Argentina). Aliás, há alguns anos, creio que foi ela que observei no Paraná. Para você ver como a ação humana sobre os animais pode causar um estrago continental.