Falta grave

Minha semana passada foi deveras atribulada, [inserir desculpas esfarrapadas] e etc, etc, mas nada que eu diga aqui justifica eu não ter agradecido ao Professor Luis Eduardo Lima, do excelente Tecnoclasta, pelo prêmio que eu recebi no II Concurso Científico.
Obrigado e desculpe pelo esquecimento!

Ajuda com fóssil

Décadas atrás, no Sertão do Seridó norte-riograndense, local de feudos e disputas, casas caiadas, água de cacimba, posto telefônico, energias elétrica em poucas residências, mais carros de boi que automóveis, um ancião passa à frente seu mais valioso objeto, aquele que o une ao passado mais que qualquer outra coisa, que contém suas memórias dos tempos idos de outrora, um presente do Pai-Mar, repassado pela Mãe-Terra que o acolheu tantos e tantos anos atrás.
O garoto que o recebeu, ainda muito novo, não poderia ainda discernir que o que tinha em mãos era algo grandioso, único e potencialmente revolucionário, muito mais importante do que os seus trinta centímetros de comprimento davam crédito, que havia sido achado pelo velho enquanto arrancava tocos de jurema do chão que só não havia ainda rachado sob o impiedoso sol por ser basicamente poeira seca e esvoaçante.
Um fóssil de um dente de baleia!
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Cidade da Ciência vs. Copa do Mundo

Natal, capital do Rio Grande do Norte e cidade onde moro, corre o risco de virar cidade-sede da Copa do Mundo de num-sei-quando (não sou exatamente do tipo esportivo; sou um nerd, meu esporte é informação), com um estádio a ser construído onde hoje funciona o Centro Administrativo (nome moderno para Palácio do Governo) e aparentemente custará um quarto de bilhão de contos do nosso rico dinheirinho.
Mas, como eu já disse que não ligo para esportes físicos, por quê então estaria falando de um estádio de futebol?
Há quase exatamente dois anos, apareceu uma notícia na imprensa potiguar que dizia que Natal, Cidade do Sol (slogan turístico oficial), teria uma Cidade da Ciência a ser construída em meados de 2008 com um custo estimado em 7 milhões de pilas.
Ano passado começou e (sendo passado) acabou e neca-de-pitibiriba de observatório (carro-chefe da empreitada), parque, museu, bixiga-lixa, cacete-a-quatro, etc, etc.
Em novembro, este neguinho aqui perdeu tempo noticiou o assunto (ainda no antigo Lablogatório).
Então, dia oito de janeiro deste, outra notícia que já começa otimisticamente com “começaram, efetivamente, no Centro Administrativo, na BR-101, as obras de construção da Cidade da Ciência” mas antes do parágrafo acabar revela que “a partir da próxima semana, quando terá passado esse período de recesso de final de ano, teremos um incremento nas obras” e diz que agora vai custar treze milhas. Mais de 85% de aumento em nove meses. Nem um bucho aumenta tanto assim.
Eu passei por lá recentemente (semana passada) e não vi nenhum dos prédios antigos no chão ou qualquer outro indício de um trabalho a caminho.
Mas como não entrei, não posso dizer que o chão não está super-aplainado e bem alicerçado. Isso fica para semana que vem, quando pretendo botar o time em campo (usei essa analogia certo?) e ir visitar o sítio.
Mas que diabos o começo do artigo tem a ver com o meio?
O local.
Sim, pois com a expectativa de Natal virar reduto de anabolizados atletas fedendo jogando por quinze dias, acabou-se Cidade da Ciência, pois não há outro lugar grande e central o suficiente para acomodar outro estádio. Natal, 800mil habitantes, tem TRÊS estádios de futebol.
E por quê reformar um quando se pode construir outro pelo triplo do preço? Ou mesmo demolir um que já não serve de muita coisa e construir o novo ali.
Não, precisamos gastar vinte vezes mais e trocar a Ciência pelo Esporte.
Pensando bem, é até bom que não tenhamos algo assim aqui. Será menos dor na minha cabeça, pois o local seria certamente administrado pelo pessoal da UFRN, que não sabe diferenciar formando de Ph.D (podem perguntar ao Marco, que passou uma temporada aqui lixando isopor).

“Pra quê estudar taxa de deformação, arrasto, aerodinâmica e movimento parabólico se eu posso simplesmente dar um bicudo na bola?”
– Algum jogador cujo nome acaba em ‘son’ –

Opinião e reflexões

Artigo patrocinado (mas não necessariamente concordado ou autorizado) pelo ScienceBlogs Brasil, sua fonte confiável de informações científicas.
Dia desses eu estava pensando que essa minha será a primeira geração de pais que jogam videogame quando chegam em casa do trabalho ao invés de lerem jornal antes de sair para trabalhar.
Um dos meus primeiros contatos com Internet (eu já tinha computador há alguns anos, mas naquela época os dois não eram sinônimos) foi com IRC (melhor método que já existiu de comunicação entre muitos na Rede) e ICQ (muito melhor que MSN, mas como não tinha smileys pulando, letras piscando e coisas rodando, foi sumariamente extinto).
Nesse mundo, todas as pessoas que estavam na minha lista de ICQ também estavam no canal de IRC que eu frequentava e, era bastante comum, conversar com a mesma pessoa através dos dois programas, mas usando cada um para um assunto, como se o interlocutor fosse dois indivíduos distintos.
Um efeito interessante que eu nunca consegui confirmar se acontecia com mais alguém ou só comIgor era a personalização de nicks.
Eu sabia quem eram as pessoas com quem conversava através de uma tela e conhecia a grande maioria pessoalmente, constantemente me encontrando com elas em IRContros, mas o nick de cada um adquiria uma personalidade própria.
Não só psicologicamente, mas também fisicamente. Cada um tinha um aspecto definido na minha cabeça (altura, cor, cabelo, sotaque, etc), proveniente do pseudônimo que usava.
Hoje isso acabou porque existem avatares.
Mó sem graça…
ICQ também era bom para mandar mensagens off-line (coisa que o MSN só permite fazer agora) de eventos aleatórios, frases engraçadas ou links.
Hoje em dia isso se faz no Twitter, onde todos falam mas ninguém escuta.
Na minha mente (que é um lugar muito confuso, deixe eu dizer logo antes que alguém diga), o Twitter é como uma transmissão de jogo de futebol na rádio: muita informação em pouco tempo, sendo a maior parte completamente inútil e contendo raros eventos inteligíveis e interessantes.
Então, num belo dia, eu pensei: “como forma de protesto, vou deixar de usar esse negócio, muito sem-futuro isso é!”
Mas que protesto secreto é esse que ninguém fica sabendo?
Aí apareceu um paradoxo na minha frente e me ameaçou com um fêmur de camelo: como vou deixar os outros sabendo que estou fazendo protesto contra um veículo se não divulgar no veículo alvo do meu protesto?
“Isso é um Paradoxo do Cartaz”, disse a figura brandindo o instrumento contundente ósseo-camelino, continuando: “do tipo em que colam num muro um cartaz onde se lê ‘proibido colar cartazes’. Também conhecido por ‘é proibido proibir’.”
A minha forma de protestar, portanto, é continuar usando o programa, mas escrevendo apenas coisas absurdamente aleatórias, dando vazão ao fluxo de consciência de dentro da minha cabeça, que é um lugar muito confuso.
Mas, voltando à analogia da narração futebolo-radialista, o Twitter tem servido para acompanhar caso-a-caso o desenvolvimento do pânico generalizado causado pela infame gripe da leitoa amojada.
Até agora ninguém tuitou “sou um caso confirmado” ou “estou tratando de um caso confirmado”, mas conseguimos ver, EM TEMPO REAL, NUM MAPA, DETALHADAMENTE, cada pessoa que espirra e grita na sequência achando que vai morrer de febre e virar bacon.
E como eu sei que ninguém ainda tuitou doente?
Se uma cantora feiosa virou moda instantânea, imagine um sujeito num quarto de hospital com seu blackberry, dizendo como está seu batimento cardíaco.
Ao ler esse trecho no blogue do Carlos: “Basicamente, fase 4 é o reconhecimento de que a gripe tem transmissão de humanos para humanos, o que já sabíamos há algum tempo diante da confirmação dos casos de Nova Iorque“, eu imediatamente lembrei da versão de rádio de Guerra dos Mundos, narrada por Orson Wells em 1938.
Setenta anos atrás não tínhamos muita tecnologia de acompanhamento. O narrador interrompe o Programa Dançante (La Cumparsita sendo tocada pela banda do maestro Ramón Raquello) para anunciar um boletim especial, em que o professor Farrell do Observatório Mount Jennings diz que exlposões de gás incandescentes foram avistadas em Marte e, posteriormente o faz novamente para anunciar que um meteorito flamejante caiu numa fazenda em Nova Jersey e que o objeto misterioso (aproximadamente vinte metros em diâmetro) está começando a abrir, desrosqueando a parte de cima como uma tampa de pote de biscoito. Nesse momento, o mundo (mais especificamente os ouvintes do programa que não pegaram o comecinho, onde foi avisado que tudo era ficção) entrou em pânico.
Não do tipo que faz as pessoas sairem correndo nuas pela rua estuprando hidrantes e surrandos tampas de bueiro, mas do tipo que as fazem não querer sair de casa com medo, enquanto continuam ouvindo atentamente o que a mídia lhes diz.
Na época era algo muito “moderno” uma informação ser transmitida em
tempo real, sendo possível para qualquer um ouvindo saber o que estava
acontecendo na hora em que acontecia (como a cena em que o repórter é morto por um raio vindo da coisa que saiu do meteorito).
Aí hoje, eu leio aquilo lá em cima e me assombro. Faz nem uma semana que isso tudo começou (ou faz? É difícil dizer hoje em dia o tempo que as coisas duram e quando tudo começou) e já podemos dizer coisas como “já sabíamos há algum tempo”.
Como disse o Karl na nossa lista interna: “Em tempos de pandemia, alguns dias são eternidade” (Carlos reclamou que era frase dele, então não sei, tirem par-ou-ímpar ou decidam na queda-de-braço).
Estamos quase andando mais rápido que os acontecimentos.
E isso me assusta mais que qualquer invasão marciana ou todos os H1N1’s do mundo.

Cético de mim mesmo

O mundo todo está falando sobre gripe suína.
A única coisa que eu tenho para falar é: “Hum.”
Eu já vi isso antes, vindo dos pássaros.
É bem fácil impedir pessoas doentes de embarcar em aviões e evitar que porcos sejam transportados por aí, mas é ordens de magnitude mais difícil controlar a migração de aves espirrando no ar sobre nossas cabeças e nos infectando com uma dose letal de morte-certa.
No entanto, nada (significativo) aconteceu.
A vontade que eu tenho de culpar alguém criando alguma teoria conspiratória é altíssima, mas ultimamente eu atingi um nível de ceticismo tão absurdo que estou duvidando das minhas próprias conclusões antes de tê-las, principalmente quando penso em algo do tipo “o único remédio eficaz contra a gripe aviária era Tamiflu (que continuou faltando de tanto que vendia apesar de evidências contrárias), que é o mesmo remédio na lista dos que funcionam contra gripe suína, o que me leva a concluir que a Roche tem um dedo nisso”.
Outra coisa que eu pensei mas não quis sequer dar o direito da idéia de ver a luz do dia, me foi dito de volta pelo João Carlos, nos comentários desse artigo do Karl: “Não é interessante que essa notícia tenha surgido aparentemente do nada, logo no ápice de uma crise financeira mundial? O governo tem um dedo nisso!”
Mas, como diz o tópico deste, eu não consigo acreditar nas minhas próprias idéias. Nem nas dos outros. Ninguém tem culpa e o mundo não vai acabar daqui a pouco.
A única coisa que eu me dou ao luxo de prever é o não-evento dessa pandemia que não ocorrerá.
E não falo isso com esperança, torcendo para que o mundo não seja despovoado, mas por simples objetividade.
Será mesmo que vamos todos morrer por causa dum espirro dum porco?
O Ebola não nos matou em trinta e seis horas, o Bug do Milênio não transformou nossas geladeiras em máquinas assassinas, a Gripe Aviária fracassou com tanta força na tarefa de nos aniquilar que é lembrada até com certa vergonha, uma Tsunami de trinta metros de altura não devastou Londres e um supervulcão não explodiu embaixo de um parque.
Relaxem, ainda precisaremos penar muito por um longo tempo nessas nossas vidas razoáveis.
Mas por favor, não espirrem na minha cara porque isso é falta de educação pura e simples.
————
Consertei os links. Valeu Atila!

..- — .-.. . —

Quem acessou o Google já hoje viu isso aqui:
Morse não é Braile
Pois bem, hoje é aniversário de Samuel Morse, inventor do telégrafo e, tão importante quanto, o Código Morse (pois um poste telegráfico sem Código Morse é como um computador sem Internet hoje em dia).
O tal código é relativamente fácil de aprender (o “relativamente” diz respeito a comparações com idiomas e códigos mais complexos e difíceis, como Klingon ou hieróglifos pré-rosetta), principalmente se o aspirante tiver conhecimento prévio de execução de ritmos intrincados (qualquer percussionista se enquadraria aqui) e boa memória (o que já elimina 75% dos percussionistas que eu conheço).
Ou seja, parafraseando um colega meu de colégio: “Pra quem sabe é fácil!”
A manha é manter um ritmo de modo que cada linha “-” dure o mesmo tempo de dois pontos “.” seguidos (linha: páá; ponto: pá), fazendo cada intervalo entre as letras durar esse mesmo tempo. Simples.
Recomendo o uso de um metrônomo (depois que você já estiver familiarizado com os conceitos básicos de Teoria Musical I e tiver avançado para síncope, contraponto e compasso composto).
Morse é mais um daqueles inventores que dão nome ao invento, como Louis Braille, Leo Baekeland (polioxibenzimetilenglicolanhidrido), Louis Pasteur, John Microphone e Celso Skol.
Se eu tivesse inventado uma coisa útil e outra coisa, também útil, mas megacomplicada e convoluta, teria nomeado exatamente ao contrário do ocorrido, sendo a primeira com meu nome e a segunda com algo mais descritivo.
Por essa minha lógica, hoje estaríamos comemorando o aniversário de Samuel Morse, inventor de Morseógrafo e do Código Bii-bip.

Ideia

Sim, sem acento.
Se você, como eu, dá mais importância do que realmente merece ser dado para como você escreve e está preocupadíssimo (e ainda mais confuso) com as novas regras, visite a página do iDicionário Aulete, que está sendo atualizado junto com o Acordo Ortográfico na medida em que esse é acordado (ainda falta muito para ficar completo) e o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP) é re-escrito (a última versão completa do VOLP é de 2004)
Ótima ferramenta, dica da Maria.
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Árvore no pulmão

Essa chamada é, no mínimo, muito suspeita. Pelo menos muito exagerada.
O que Artyom Sidorkin tinha em seu pulmão (caso seja realmente verdade) era, no máximo, uma muda.

Mais alguém tem problemas com a idéia de uma planta se alimentando, aparentemente, de sangue?
A primeira coisa que pensei foi “planta hematófaga?”.

Essa estória saiu em todos os tablóides mas em quase nenhum jornal de respeito.
Hummm…
Se alguém não sabe do que estou falando, clique aqui.
Be skeptical!

ATUALIZAÇÃO
E a clorofila, como fica?
Pulmão é geralmente escuro.
(Valeu Ítalo!)

Poder da mente vs. Tecnologia

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Um sujeito estava no terminal internacional do aeroporto esperando a sua mãe chegar da Bélgica quando notou um passageiro recém-chegado da Coréia do Sul, aparentemente falando sozinho enquanto andava pelo salão de desembarque.
Depois de alguns passos, o coreano se alivia do peso de suas duas malas de viagem pousando-as no chão, olha para o relógio e se despede dele.
Neste momento o observador nota que o passageiro não sofre de esquizofrenia de grau algum, mas está falando com alguém dentro do relógio.
Não literalmente dentro, mas uma projeção humana digital que aparece no mostrador de pulso. E também não se trata de um relógio, mas de um comunicador.
Muito curioso, se aproxima do esbaforido turista enquanto este descansa por alguns segundos do estresse natural que aflige os que passam muitas horas dentro de uma cabine pressurizada, mais pesada que o ar, impulsionada por motores a explosão, três quilômetros acima do chão e se movendo a metade da velocidade do som e do esforço causado pelo transporte das malas.
Quando atinge uma distância razoável, suficientemente perto para que se comuniquem com vozes baixas e amigáveis mas não tão perto que cause desconforto ou faça seu interlocutor se sentir ameaçado pela aproximação repentina de um estranho, pergunta, num inglês treinado na escola, como um relógio pode dobrar como um videofone.
O oriental, não se sentindo ameaçado e satisfeito com a proximidade entre si e seu inquisidor, responde que a tecnologia coreana é a mais avançada do mundo e que seu aparentemente insípido relógio de pulso não é apenas isso e nem somente um videofone, mas uma maravilha tecnológica.
– Ele permite que eu mantenha uma conversa sem precisar olhar para meu pulso, projetando uma imagem pseudotridimensional em meu campo de visão, independentemente de para onde meus olhos estejam voltados, fazendo o mesmo com o som, projetando-o diretamente em meu ouvido. Ele também me diz as coordenadas exatas de onde estou, informa a situação política, econômica e social e os resultados dos eventos esportivos mais importantes e as manchetes dos principais jornais do país onde chego para que não passe vergonha em conversas sociais, me atualiza constantemente sobre avanços científicos das maiores universidades e institutos mundiais. Também dá a cotação, em tempo real, de todas as moedas circulantes atualmente e as flutuações de todas as bolsas de valores ao redor do planeta. Ele lê minhas informações vitais constantemente, me alertando quando alguma taxa está fora da minha faixa pessoal e se eu necessito de algum nutriente que possa estar escasso no meu organismo. Também conecta-se com qualquer emissora de rádio e TV que eu queira e contém um banco de dados com as discografias de praticamente todos os artistas que já gravaram.
– Uau! E a hora?
– É sincronizado com vários relógios atômicos, me sendo possível saber a hora certa a qualquer momento.
-Inacreditável! Como vocês conseguem isso?
– Estudos, meu caro. Estudos e investimentos. Nosso país investe mais em tecnologia que qualquer outro no mundo!
– Impressionante! Isso deve custar uma fortuna!
– Na verdade não. Custa caro, mas não tanto quanto você deve estar pensando. E este meu me foi dado de graça, pois sou funcionário da empresa que o produz e possuo mais cinco destes. Estou aqui a negócios para vender nossos produtos a investid…
– DE GRAÇA!? Você recebeu isso aí de graça e ainda tem mais cinco??
– ..ores. Sim, é isso mesmo.
– Você… por algum acaso… não poderia… er… se fosse possível…
– Cem dólares.
– Só isso?
– Cem dólares é muito dinheiro na Coréia do Sul.
– Aqui. Cem dólares.
– Obrigado. Devo agora me dirigir ao hotel para relaxar um pouco. Tenha um bom dia!
– Obrigado… Ei, você esqueceu suas malas!
– Malas? Ah! Não, essas são as baterias…
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Mais sobre o robô controlado pela mente através de um computador do tamanho de um móvel de sala no Chi vó, no pó e no RNAm.

1º de abril

Hoje não vou falar do tradicional Dia da Mentira (algo a ver com a maneira como os franceses marcavam a passagem do ano), mas sobre os 45 anos da Ditadura Militar Brasileira.
No primeiro dia do quarto mês do ano de 1964, João Goulart foi derrubado da presidência, num episódio que deu início à ditadura militar no Brasil.
Ontem, na Rádio Senado, ouço um senador dizendo que “o dia de hoje deve ser lembrado como uma lição de que o processo democrático não pode parar”.
Imediatamente me lembrei de uma hipótese formulada por Ford Prefect que supunha que “os humanos devem permanecer constantemente falando porque, se suas bocas pararem de mexer, seus cérebros começam a funcionar”.
Não creio que essa tenha sido a idéia do senador, mas foi sem dúvida a minha: se o processo democrático parar, as coisas começam a funcionar.
Tudo bem que existia censura de imprensa institucionalizada, mas hoje em dia até o YouTube foi tirado do ar por causa de uma apresentadora que achou ruim ser filmada fornicando numa praia pública e um jornal de Minas que foi cercado pela PF para que nenhuma edição saisse das prensas sem um “direito de resposta”.
programa na TV Senado foi tirado da grade de programação antes de sequer estrear.
A censura serviu pelo menos para alimentar uma geração de letristas razoáveis, um mundo de distância dos xárli-bráu-júniores de hoje em dia.
Também não podíamos escolher nossos governantes.
Daqui de onde eu estou não vejo muito lucro em ter esse “poder” de escolha. Já chegamos ao ponto onde devemos escolher o “menos ruim” para termos alguma chance.
O que inevitavelmente leva a lugar nenhum, pois A vira apoiador de B, mas C ainda terá direito a X vagas no ministério de sua escolha.
Aí eu me pergunto: qualé a diferença? E eu mesmo me respondo: nenhuma!
Os militares governavam arbitrariamente, mas faziam isso abertamente, sem se esconder sob o manto da “democracia”.
Hoje nossos representantes escolhidos por voto popular também fazem o que querem, mas o fazem na surdina, sem o menor respeito pelo povo.
Essa democracia em que vivemos é um lixo. Sou mais a ditadura…
Numa nota diferente, mas nem tanto, ontem foi um dia ruim para a política norte-riograndense; escutei o noticiário no rádio e fui ao teatro ver a orquestra.
No rádio, ouvi Paulinho Freire, o vice prefeito de Natal dizer que de janeiro a março deste ano o número nos casos de dengue diminuiu e que isso se deu por causa de Micarla, a prefeita.
Dane-se que choveu consideravelmente menos no primeiro trimestre deste ano comparado com o mesmo período do ano passado. Temos que agradecer à prefeita!
Sua inação é realmente assombrosa, não tendo tido ainda a vergonha na cara de encher pelo menos um (01) carro fumacê de veneno e mandá-lo pelas ruas.
Soube de um funcionário do Conselho de Medicina do RN que ela se reuniu com o ministro da saúde para conseguir verba para construir mais cinco (05) hospitais municipais. Talvez seja porque os que já existem são regularmente interditados pelo Conselho por falta de pessoal, material e estrutura.
Aí precisamos de mais cinco.
O vice prefeito é um ridículo, que não sabe a diferença entre “correlação” e “causa”, mas a prefeita é uma imbecil esférica.
A governadora do meu estado também não fica muito atrás, mas as pessoas que ela coloca em cargos de médio-poder são ainda piores.
Como eu disse, ontem eu fui ver a Orquestra Sinfônica do RN com um maestro convidado.
Uma desqualificada analfabeta que foi recentemente nomeada diretora do Teatro Alberto Maranhão subiu para apresentar o espetáculo.
Passou quase quinze minutos falando como Wilma de Faria era uma pessoa boa e como o secretário para assuntos institucionais (ali presente, “representando” a governadora) era bonito e iria, não, deveria repassar os beijos que ela, diretora, estava dando metaforicamente no rosto da governadora.
A idiota falou ainda como DOIS MILHÕES DE REAIS haviam sido investidos no teatro nos últimos cinco anos, como se isso fosse muito ou como se fosse pelo menos mais do que o governo do estado gasta em propagandas em um mês.
Todo esse dinheiro, porém, não impediu que a tampa da privada, ao invés de substituída, fosse reconstituida com resina epóxi e ao lado houvesse uma lixeira sem fundo, o que se torna nada além de um cilindro vazio
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Ao fim da “apresentação”, a diretora do TAM diz: “E agora, com vocês, Thomas Lawrence Toscano!”
E a orquestra? Merece alguma menção? Pelo menos por tocar naquela noite? Não creio que o maestro vá se apresentar sozinho. Aliás, ele é um convidado da OSRN.
Após essa prova de falta de preparo da nova diretora do teatro que apresenta o convidado da atração da noite mas não a atração da noite, ela fica prostrada ao lado do palco, impedindo que os músicos apareçam, enquanto o MC (um profissional da voz bonita, empostada e que sabe ler e apresentar um espetáculo) conserta e diz o seu “senhoras e senhores, a Orquestra Sinfônica do Estado do Rio Grande do Norte”.
Neste momento, a cretina adentra a coxia e sai de mãos dadas com o maestro, se curva em agradecimento ao público como no fim do espetáculo e fica estupidificadamente olhando para o representante da governadora, mandando beijos como um toureiro sob uma chuva de rosas ao fim de um dia de trabalho bem sucedido.

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