Agora o mundo acaba!

O mundo acabou. E agora?
Inspirado em parte por esse comentário, movido pela necessidade de criar meu próprio pânico em massa (todo mundo está fazendo, quero ser popular) e tendo estudado bastante psicohistória, cheguei à inevitável conclusão de que os sobreviventes morrerão à míngua.

(Não precisando explicar, pois é óbvio, mas explicando de todo jeito, claramente me refiro aos sobreviventes da peste maligna submissão ao Mulo colisão com o planeta Nibiru explosão de um supervulcão Skynet SkyLab ameaça extraterrestre síndrome respiratória aguda grave previsão do calendário maia 2012 frota Vogon queda de um asteróide vingança de Cthulhu epidemia zumbi gripe espanhola do frango suína.)

Quando 80% da população mundial estiver devidamente morta em decorrência da inevitável letalidade desta nova pandemia pandemônica panterritorial, os que sobrarem vão penar.
Nos primeiros dias, após o Estado de Sítio cessar por falta de quem o preserve, não teremos mais energia elétrica corrente e abundante.
Afinal, quem estaria cuidando das instalações das nossas hidreléticas, garantindo seu correto funcionamento?

Daqueles vinte por cento restantes, outros sete décimos pereceriam devido ao choque causado pela falta de TV, condicionadores de ar e enfeites natalinos luminosos.

Mais alguns certamente seriam pegos de surpresa ao notar que a Internet não mais existe num mundo sem linhas telefônicas, mesmo com energia suficiente para algumas horas de navegação ainda armazenadas em seus celulares e dispositivos similares da moda.
Poucos morreriam aqui, pois a inanição – resultante da inação causada pela incrível concentração com que certas pessoas fitam o monitor até o momento em que seus computadores façam o que se é esperado deles – que acompanha o tranco de se ver sem conexão vem ao decorrer de alguns dias. Baterias duram apenas poucas horas.

Tendo a produção de energia cessado, bombas de combustíveis não mais funcionariam, causando mais algumas mortes por excesso de exercício físico em alguns indivíduos (já severamente fragilizados pela falta de televisores) durante a árdua e extenuante tentativa de caminhar (a pé! Que disparate!) cem metros até a esquina para comprar pão.
E mesmo que você ainda consiga salvar muita gasolina das fogueiras de veículos abandonados, seria impraticável dirigir em ruas apinhadas de corpos (sim, pois os responsáveis pela coleta de cadáveres estão também mortos, talvez até contribuindo pessoalmente para o mórbido empilhamento das ruas).

Em seguida, o fornecimento de água também deixaria de existir para aqueles que moram acima do nível de rios e lagoas de abastecimento. Ou seja; todos.
Água não fica mais dominantemente em caixas comunitárias como antigamente, pois isso é pouco prático.
Em cidades com milhões de habitantes, os reservatórios teriam que ser tão grandes que a estrutura física requerida para mantê-los acima de todos os prédios teria um custo proibitivo. Bem mais fácil, prático e barato usar bombas que forçam água ladeira acima, diretamente das estações de tratamentos (ou similares).

Milhares de mortes mais aqui nesta etapa, pois se até a esquina já era um esforço tremendo, que dirá até um rio ou lagoa em um bairro circunvizinho.
Notem que a praga já eliminou 95% da população planetária (80% diretamente + 15% indiretamente).
Mas claro, isso é apenas um cálculo aproximado. O número de vítimas diretas é apenas inferido (tendendo para menos) e o de indiretas está sendo grosseiramente subestimado (por exemplo: muitas cabeças explodirão pela pressão causada pelo acúmulo de idiotices a qual era dado vazão adequada via telefone e Internet. Apresentadores de telejornais matutinos serão particularmente propícios a esse tipo de acidente).
Até o momento, a população, antes em sete bilhões, já baixou para trezentos e cinquenta milhões e continua caindo pela simples falta de conveniência e conforto modernos que eletricidade nos traz (obrigado Tesla!), queda que é tanto mais intensa quanto mais avançada for a sociedade em foco.

Nesse ponto, os Txucarramães, os Zulus e os Amish perderão apenas 80% de seus participantes (mortes diretamente relacionadas ao evento catastrófico) enquanto EUA e Coréia do Sul já não mais existirão (mortes indiretas, por falta de privilégios eletrônicos).
Um situação Senhor das Moscas se instauraria. Quem iria comandar as coisas agora que não existe mais governo?
(Não posso falar por outros países, mas aqui no Brasil eu acho que essa tragédia seria a gota d’água – por assim dizer – para qualquer sobrevivente que visse um Senador da República degustando uma Evian ou uma Fuji impunemente.)

Sem governo, até que me provem o contrário (e duvido que consigam pelos exemplos que já abundam), é cada um por si/lei da selva/sobrevivência do mais apto a desviar de balas.
Com a cooperação, que nos é imposta por leis, já devidamente morta, estraçalhada e enterrada num canto úmido de um terreno abandonado e cheio de mato, os mais preparados passariam a defender seus territórios e, eventualmente, a desbravar e conquistar novos espaços para continuar sobrevivendo.

Não gosta da sua casa? Vá para a do vizinho. Há 1 chance em 1,05 de que ela esteja vazia pois seus antigos ocupantes estão mortos.
Uma área que contenha um supermercado valerá infinitamente mais que uma contendo vários bancos, pois dinheiro já não vale mais um centavo.
Um frigorífico só terá valor nas primeiras semanas, mas salsichinhas aperitivo, biscoitos recheados e salgadinhos crocantes de milho serão prezados por meses ou até anos (décadas, no caso dos salgadinhos).

Mesmo aqui, um país sem lojas de armas, lutas ferozes e sangrentas irromperão, pois quem tem tiver a maior ripa com mais pregos na ponta será constantemente desafiado pela posse do cacete, enquanto insistentemente combaterá outros mais fracos por território.
Não havendo água corrente nas torneiras das casas (e 10 entre 10 pessoas se recusando a beber água das privadas, mesmo sendo perfeitamente potável), galões e garrafas de água mineral rapidamente virarão prêmios a se ter a qualquer custo. Depois disso virão os refrigerantes e as tubaínas. Por fim, em casos de desespero (do tipo que leva pessoas ao canibalismo e urinofagia), as cervejas sem álcool e Schin Cola.
Bebidas alcoólicas serão as primeiras a desaparecer, antes mesmo das caixas d’água secarem.
Considerando, no entanto, que os sobreviventes sejam gente boa e gostem de companhia, haverão aqueles que se agruparão e formarão pequenas colônias longe dos territórios dos Supremos Mestres dos Arrabaldes do Carrefour.

Então, a melhor opção é voltar ao mato, você e sua recém-formada “tchurminha”.
Depois de um tempo, apenas água natural restará, naqueles rios e lagoas aludidos anteriormente.
Mas a água é segura para o consumo? Ela não passa antes por estações de tratamento?
Como saber se ela pode ser bebida? Esperar alguém testar antes é pouco prático, pois doenças aquáticas podem levar até semanas para se desenvolver e causar óbito e esse tempo é mais que suficiente para levar alguém a morrer de sede.
Sem métodos eficientes para teste, só resta purificar antes de beber.
Você já purificou água alguma vez na vida? Sabe como proceder para obter um líquido seguro para consumo?
Se a sua resposta é “sim”, eu queria apenas frisar que peneira não é um equipamento adequado, nem muito menos o é uma meia velha.
E ferver lama não lhe garante água potável. É certo que ela agora estaria limpa de micro-organismos, mas sílica, mercúrio, chumbo e ácidos provenientes de decomposição de matéria orgânica ainda são um problema sério para o nosso frágil corpo rosado.

Em caso da resposta ainda não ter mudado, saiba que agora você deverá purificar água em grande escala (doença não se pega só bebendo, pois às vezes contato já é suficiente), todos os dias.

Para sempre.

Este texto continua quarta-feira (eis o link). Não percam!.

Coisas que não sei – suor feminino

Essa aqui eu já pesquisei e até já publiquei uma estorinha mas nunca consegui uma explicação que me satisfizesse: por que, em geral, mulheres suam consideravelmente menos que homens?
Eu entendo o “mecanismo mais eficiente”, mas preciso entender como funciona; o porquê de ser mais eficaz.
De que forma as mulheres regulam calor senão pelos poros?

A luz que nos alumia

O que sabemos do mundo é limitado.
Como um bagre-cego de caverna que evoluiu sem necessitar de olhos, inocentemente esbarrando ns paredes pedregosas da nossa clausura nós evoluímos apenas com uma habilidade primitiva de sentir nossos arredores.
O espectro total do nosso ambiente continuaria escondido de nós como o sol acima da piscina cavernosa do peixe cego não fosse nossa habilidade única de conduzir o ato revolucionário da Ciência.
Com a Ciência nós podemos ver bem mais além dos limites da nossa bolha evolucionária.
Do giro de elétrons às aglomerações de galáxias do jovem universo, a Ciência nos dá um método de tocar, ouvir, ver, sentir e degustar que a natureza sozinha não seria capaz.
E mesmo sendo controverso se nossa mente científica é separada da natureza ou simplesmente uma extensão de como a Natureza faz modificações em ferramentas genéticas usadas para observar as coisas, potencialmente trazendo à tona o argumento sobre se a vida é realmente natural quando comparada com a letalidade do resto do Universo, resultando, em princípio, em algo totalmente não-natural qualquer coisa que uma forma de vida faça.
Preparem-se para deixar a segurança evolucionária de suas bolhas protetoras e, como um cego porém curioso bagre de caverna, sair da água, indo audaciosamente até onde nenhum peixe jamais esteve.
Não use, porém, a Ciência como bengala. Use-a como olhos, mãos, ouvidos, narizes e línguas adicionais.
Mas, se mesmo assim você se perder, não entre em pânico!
Estamos aqui para ajudar.
———
Texto original por Justin Jackson, traduzido e adaptado por Igor Santos, com permissão presumida.

Gripe suína, MSN e spam

E não acabam as maneiras inovadoras de espalhamento de pânico e terror.
A mais nova (recebi sexta-feira passada) é um email que aparentemente é uma conversa de MSN, colada e repassada para “o bem da humanidade”.
Alguém que, aparenta ser médico, conversa com uma amiga que gentilmente pede permissão (esse pedaço de informação inútil e autosserviente pseudo-humilde está também incluído na mensagem) para enviar o conteúdo do diálogo para avisar todo o mundo que a gripe suína vai comer o seu fígado.
O melhor de tudo é que eu recebi esse spam por engano.
Existe uma geóloga arquiteta (valeu Sara) que trabalha na UFRN com um outro Igor Santos e que acha que o email dele é igual ao meu.
Eu já avisei várias vezes mas ela parece não se importar e continua mandando.
Dessa vez, mandou essa mensagem para mil outras pessoas (expondo todos os endereços para potenciais spammeiros de plantão) e eu pude responder diretamente, via email, para todos.
E a resposta está, neste momento, virando artigo de blogue.
Eis:

Cecilia, você conhece esse “deco” ou essa “Lilis”?
Porque isso tem cara de ser email falso.
Por exemplo, semana passada o México registrou mais de mil casos novos da gripe (http://indexet.investimentosenoticias.com.br/arquivo/2009/08/04/165/VIRUS-A-H1N1-Mexico-tem-mais-de-1-mil-novos-casos-da-doenca.html) e nesse texto tem dizendo que eles acabaram por lá tomando medidas drásticas e que o vírus tem níveis, o que não é verdade e qualquer médico saberia disso.
Outra, aí diz que a única solução é diagnosticar antes do vírus atingir o pulmão. Um médico jamais diria isso porque não faz sentido. O vírus está no sangue e, levando o coração 1 minuto para bombear todo o sangue do corpo uma vez, sessenta segundo após a infecção o vírus já estaria por todo o corpo.
O médico citado é um cirurgião cardiovascular (segundo o Google, para “Marcelo Tizzot Miguel”, visto que “marclo” não existe) e dificilmente seria o primeiro a diagnosticar um caso de gripe.
E em qual segunda-feira Curitiba vai ser posta em Estado de Calamidade Pública? Porque antes deveria passar pelo estágio de Estado de Emergência, segundo avaliação da Defesa Civil (http://www.defesacivil.gov.br/situacao/index.asp).
E numa busca rápida eu achei cópias desse email de três semanas atrás. Novamente, qual segunda-feira?
A UNIMED já desmentiu essa parte em seu site (http://www.unimed.com.br/pct/index.jsp?cd_canal=49146&cd_secao=49125&cd_materia=289426) e, de acordo com o jornal GP1 (http://www.gp1.com.br/noticias/gripe-comum-matou-17-por-dia-em-sp-em-2008-91900.asp): “A gripe comum foi responsável por 17 mortes por dia em São Paulo no ano passado. Ao todo, 6.324 pessoas morreram na cidade em 2008 devido a males provocados pela gripe, como pneumonias, bronquites e outras doenças pulmonares.”
Mais de seis mil pessoas mortas em São Paulo e mais de setenta mil mortas no país só ano passado por causa da gripe comum e nem Estado de Emergência foi necessário
Até o dia de hoje, no mundo todo, a gripe suína matou mil quatrocentas e sessenta e duas pessoas (http://news.xinhuanet.com/english/2009-08/14/content_11882170.htm), quatro vezes menos pessoas que só na cidade de São Paulo de gripe comum ano passado.
Já se passaram quase seis meses, então extrapolando, deverão morrer, no mundo todo de complicações da gripe suína, metade da pessoas que morreram de gripe comum em uma só cidade brasileira.
Emails que espalham o pânico fazem mais mal que bem, pois dão a sensação de impotência, deixando as pessoas catatônicas e as impedindo de agir, pois “tudo já está perdido e sem remédio”.

Mais sobre o caso, leia no blogue do Atila.

Outros spams destruídos:
Alpiste não cura diabetes nem nenhuma outra coisa;
Como reconhecer um spam;
Motivos para não incluí-los em meus textos;
Spam da Doença de Chagas em feijão;
Spam dos batons com chumbo;
Spam do camarão e da vitamina C;
A falsa cura do câncer desmentida mais rapidamente que eu já vi;
Spam dos absorvente internos que causam câncer;
Spam do benzeno em condicionadores de ar de automóveis.

Absorventes internos NÃO causam câncer

Nos bastidores do SBBr surgiu uma discussão certa vez de que falta algo para as mulheres, algo como no Papo de Homem. Um sítio para mulheres, com todo tipo de assunto interessante a elas mais ciência.
Essa necessidade se mostrou imensa semana passada, quando recebo (novamente nos bastidores, vindo da ClauChow) um email afirmando que absorventes internos causam câncer (ô palavra doce!).
Minha colega recebeu a mensagem, mas como é acostumada a pensar, não acreditou nela.
Mas quantas outras mulheres receberam o mesmo texto e simplesmente o tomaram como verdade?
Não necessariamente por estupidez (apesar de haver sim mulheres extremamente tapadas), mas mais por preguiça, acomodação e a tendência natural humana para acreditar sem criticar no que os outros dizem.
A quantidade de blogs onde encontrei a mesma estória, simplesmente regurgitada sem o mínimo de raciocínio crítico é impressionante, especialmente quando uma busca rápida por “absorvente” e “amianto” acha, logo no primeiro link, um artigo cético sobre o assunto.
Esses emails chocantes de “o que você não sabe pode lhe matar” sempre contém pequenas dicas de que são falsos ou deliberadamente escritos para causar pânico.
A melhor de todas são os nomes contidos: sempre que um nome é citado, esse nome pode ser investigado e, hoje em dia, basta um email ou alguns poucos minutos no Google para achar esclarecimentos.
(Normalmente, quando um dos citados é um hospital, ainda é mais fácil, pois não há coisa nova sob o céu e as instituições muito provavelmente não só já receberam vários pedidos de confirmação como geralmente já deixam no FAQ de seus sítios um destrinchamento das mensagens.)
Mas a grande maioria vai apenas dizer: “segundo um médico muito sabido, morrer é perigoso” sem jamais citar nomes ou locais ou dar qualquer outra informação passível de contestação, ou o nome de algum incauto que se prestou a passar adiante e deixou involuntariamente sua assinatura no corpo do texto, como que o validando (nem devia ter repassado, né? Em boca fechada não entra mosca).
Um email com muitas interrogações (perguntas retóricas do tipo: “sabia que você pode morrer?”), muitas palavras maiusculizadas (como em: “100% DAS PESSOAS MORREM UMA HORA OU OUTRA”), insistentes pedidos para ser repassado (como nas cartas-correntes dos anos 80: “envie para cinco outras pessoas ou morra um dia”) e apelos emocionais (“enviem para suas mães e avós pois elas merecem saber disso, não sejam ingratos!”) são marcas indeléveis de pilantragem internética.
Falta de consistência interna também, como no caso da mensagem sendo tratada aqui, que eu certo ponto pede para que se leia o rótulo dos produtos com atenção e em seguida faz uma pergunta retórica me dizendo que há amianto em sua composição.
Mentira.
Neste exato momento, tenho uma caixa de absorvente interno ao meu lado onde lê-se: 50% algodão, 50% rayon.
Se, mais para frente, o email pede para que eu não acredite no que está escrito, porque então me pede para ler com atenção o rótulo?
(Amianto é uma causa conhecida de câncer, principalmente pulmonar, mas como absorventes não contém amianto, não podem causar câncer pelo motivo do email.)
Novamente, mais uma pergunta já respondida, me dizendo que rayon faz mal e recomendando que eu só use absorventes que não o contenham.
Em primeiro lugar, rayon não faz mal (segundo o FDA, órgão estadunidense de controle de produtos onde incluem-se absorventes íntimos) e, em segundo, ainda mais importante que o primeiro: sem rayon, absorventes seriam poucos mais que toalhas.
Já viu como um pequeno rolo de algodão é eficiente em reter líquidos? Eu já, e não é nem um pouco (a imagem mental de sangue pingando fica por conta da casa, disponham).
E rayon é um derivado de madeira, feito de celulose (papel também). O que poderia até ser tóxico é um tal de “dióxido” ou “dioxina”, referidos no texto.
A palavra “dióxido” sozinha não faz sentido do mesmo jeito que “caldo” também não.
Você toma caldo de alguma coisa. Dióxido tem sempre que ser de alguma coisa também (dióxido de enxofre, de sódio, de carbono, etc). Outra falha de consistência.
Os níveis de dióxido de cloro presentes em amostras de absorventes (novamente, medidos pelo FDA) variam entre não-detectável e uma parte em um trilhão.
Uma parte em um milhão equivale ao peso de uma moeda de cinco centavos comparado ao de uma camionete cabine dupla.
1 bilhão são 1000 vezes 1 milhão. Uma parte em um bilhão é o peso de uma moeda de cinco centavos comparado ao peso de mil camionetes.
1 trilhão é 1000 vezes 1 bilhão. Uma parte em um trilhão é o peso de uma moeda de cinco centavos comparad ao peso total de toda a frota de veículos do estado do Rio Grande do Norte multiplicada por três (se todos os carros fossem camionetes Dodge RAM cabine dupla).
Não sei vocês, mas eu acho muito pouco.
Outra dica importante: propaganda. Eventualmente um spam vai alcançar um momento onde “indica” amigavelmente uma certa marca em detrimento de outras.
Cospe em um produto e diz que um concorrente é melhor.
Agora, o indício mais latejante de que tudo ali escrito não passa de delírios de algum teorista conspiratório ou da desesperada necessidade de atenção de algum garotinho solitário em busca de amigos virtuais invisíveis é a presença da famosa tática de pôr em dúvida as intenções de uma corporação.
Afirmações do tipo: “veja só, eles só querem ganhar dinheiro” são, além de óbvias (ninguém vende um produto para desganhar dinheiro), completamente maliciosas.
Um equivalente seria eu dizer: “seu cachorro não só baba como também nunca lhe ajuda nas suas tarefas domésticas”. A frase faz sentido por ser latentemente óbvia mas é absolutamente desnecessária pois apenas soa como uma tentativa de fazer com que você veja seu cachorro como um obstáculo em sua vida.
Qual motivo uma empresa teria para tentar matar você? Mesmo uma empresa bélica não quer que o cliente morra, pois isso contaria como -1 cliente. E, sempre lembrando, eles querem dinheiro.
Quanto mais gente comprar, mais dinheiro eles ganham. Quanto mais gente viva gostar e continuar usando e recomendando, mais dinheiro eles ganham.
E dizer que existem padrões distintos de qualidade entre sedes estrangeiras da mesma empresa é ridículo.
Por serem, majoritariamente, empresas multinacionais, essas companhias exigem um padrão de qualidade mínimo.
Essa é a maior segurança que existe no mercado. Não tem fiscalização governamental nem reclamações de consumidores que se iguale em poder a uma determinação do dono.
A fábrica da Tampax na Ucrânia (leiam o rótulo) não está em conforme com os quesitos de qualidade da Procter & Gamble Int.? Fecha! Simples assim.
É muito mais rentável a longo prazo (e empresa que sabe andar só pensa “a longo prazo” senão dança) fechar dezenas de fábricas por falta de consistência do que pagar eventuais multas estatais e milhões em indenizações pessoais.
E nem precisa fechar, basta recolher o que está errado e voltar a fabricar que preste.
Um problema realmente sério levantado pelo email é Síndrome do Choque Tóxico que pode ser sim causado pelo uso de absorventes internos, mas, que fique bem claro, em 1997 apenas cinco casos dessa síndrome foram confirmados (novamente, minha fonte é o FDA).
Isso é um negócio raro cuja ocorrência independe do uso de absorventes (homens e crianças também podem sofrer disso) porque agentes que eram melhores relacionados com a síndrome foram totalmente retirados do processo de fabricação.
Ou seja, se você tiver Síndrome do Choque Tóxico, eu apostaria que não foi por causa de um absorvente.
Finalizando (porque faz mais de dez dias que eu escrevo): absorventes íntimos são seguros porque são controlados pelos consumidores, fornecedores, fabricantes, governos e concorrência.
Se fizessem mal, teriam sido extintos.

Mais spams destruídos:
Alpiste não cura diabetes nem nenhuma outra coisa;
Como reconhecer um spam;
Motivos para não incluí-los em meus textos;
Spam da Doença de Chagas em feijão;
Spam sazonal da gripe suína;
Spam dos batons com chumbo;
Spam do camarão e da vitamina C;
A falsa cura do câncer desmentida mais rapidamente que eu já vi;
Spam do benzeno em condicionadores de ar de automóveis.

Coisas que não sei – espinhas

Esta deve ser a mais rápida de todas: qualé a das espinhas?
Qual (se algum) é o benefício em ter a face banhada em sebo durante um momento crucial em nossas vidas, então sociais?
Sem dúvida (na minha cabeça, mas isso pode ser mudado) elas estão relacionadas a hormônios (e tubos, como a Internet), mas por que?
Teria o óleo que nos escorre da cara quando estamos amadurecendo sexualmente um aroma agradável aos antigos receptores olfativos dos nossos predecessores?
Essa dúvida (e a possível resposta acima) me veio durante uma conversa sobre ciclo menstrual e o aparecimento inevitável de espinhas durante o mais vermelho dos dias.
Mas desconsiderando tudo isso para que não se influenciem (tarde demais, eu sei), qualé a das espinhas? Por quê durante a adolescência? E por que a já derrubada relação causal chocolate/espinha não funciona comIgor (é batata! Comi, espinhei)?
Por favor, meus ObiWans, vocês são a minha única esperança!

Rapidinha: dos spams

Só para deixar claro, sempre que eu falar de um spam terrorista (como o texto logo abaixo) vou deixar de lado o texto original (usando no máximo algumas frases e citações) para evitar confundir as pessoas com as barbaridades que por aí circulam e não criar uma falsa memória de confirmação do tipo “lembro de ter lido num blog de ciência que X cura câncer 100% confirmado!”.
Amanhã tem mais (se meu fisioterapêuta deixar eu digitar).

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Spam da Doença de Chagas em feijão;
Spam sazonal da gripe suína;
Spam dos batons com chumbo;
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Mais um para o saco (de feijão)

Outro dia, outro email.
Feijão transmite doença de Chagas?
Não!
A não ser você tenha a estrutura mandibular de um jacaré e o trato digestivo de uma vaca, é muitíssimo pouco provável que você venha a consumir feijão in natura.
Por mais que o percevejo carinhosamente conhecido por “barbeiro” goste de fazer dos grãos¹ seu banheiro, não há extremófilo neste mundo que suporte água fervente.
Especialmente durante as várias dezenas de minutos necessárias para que feijão cozinhe suficientemente para ser apreciado e declarado Prato Nacional.
O sujeito que estudou a doença, Carlos Chagas (sempre lembrando: única pessoa até hoje a ter estudado todo o ciclo de uma doença, desde o ciclo de vida do agente transmissor, passando pelo do protozoário, até as causas da contaminação em humanos), resolveu nominar o micróbio (Trypanosoma cruzi) em homenagem ao seu amigo Oswaldo Cruz, que posteriormente veio a ser novamente homenageado (merecidamente) com a troca do nome de seu instituto soroterápico para Fundação Instituto Oswaldo Cruz, ou Fiocruz, em cuja página você pode encontrar o artigo “Mecanismos principais e atípicos de transmissão da doença de Chagas“, que contém o tópico “Transmissão por via oral”, onde é possível ler o seguinte trecho:

Sabe-se que o cozimento superficial dos alimentos não elimina o agente, mas que procedimentos como pasteurização, cocção acima de 45°C e liofilização o fazem.

“Cocção” eu precisei procurar no dicionário, mas é apenas um substantivo feminino que significa “ato ou efeito de cozer; cozimento.” (Aurélio Eletrônico)².
Sabe o que é que dá para cozinhar abaixo de quarenta e cinco graus centígrados? Não-feijão.
Eu tenho outro artigo anti-spam terrorista sendo preparado, mas este furou a fila porque é menorzinho.
Créditos a ClauChow pela paciência de receber emails desse tipo todos os dias e não ter jogado o computador no lixo ainda.
¹ Feijão é um legume. Preferi usar o termo “grão” apenas como artifício descritivo, ao invés do mais comum “caroço” devido à posterior referência a evacuação fecal e as imagens mentais que poderiam surgir, como a que vem logo após a frase “flor de couro que brota nos meios teus”.
² Processo de secagem e de eliminação de substâncias voláteis realizado em temperatura baixa e sob pressão reduzida.

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Atenção!

O que você aqui encontra é a eliminação de informação.
Você lerá sobre estórias de descobertas científicas, suas implicações serão ponderadas por escrito no que talvez pareça uma tentativa de adicionar enormes quantidades de informação ao seu cérebro.
Mas não se engane! Ciência é uma arte redutora: evaporando informações supérfluas, concentrando interesses investigativos como um laser, fazendo girar a centrífuga de inferências potenciais até que apenas dados aplicáveis permaneçam.
Reduzindo a realidade até suas mais básicas definições para que seja transmutada em conhecimento útil, desprovido de observações desinformadas e ilusões humanas.
Não somos alquimistas de laser evaporador giratório, mas tentaremos eliminar toda a informação que não valha a pena reter.
O que sobrar, pode ser referido por “fato”. Pode ser encarado como verdade científica, pode ser visto em contexto no papel que ocupa dentro do mundo das ilusões humanas não-filtradas, desinformadas e de informações supérflua.
Texto original por Justin Jackson, traduzido e adaptado por Igor Santos.

Quer perder peso? Pergunte-me como.

COM UMA NECROSE NO FÍGADO! Que tal?
Garantido lhe deixar de cama por alguns meses numa dieta extremamente controlada que é tiro-e-queda para lhe fazer perder peso.
Essa é, por enquanto, a única garantia real que a companhia Herbalife pode lhe dar.[1]

Segundo uma pesquisa de suíços e israelenses, culminando numa publicação no Journal of Hepatology, os produtos “naturais” que a Herbalife vende sem testes prévios de toxicidade são tão naturais quanto cianeto e urtiga.
Num estudo anterior realizado em Israel pelo seu equivalente ao nosso Ministério da Saúde (Association between consumption of Herbalife nutritional supplements and acute hepatotoxicity) ao se constatar que quatro usuários de Herbalife estavam com hepatite, doze pessoas com lesões no fígado, causadas por um agente desconhecido, foram observadas enquanto lhes era dado os sumplementos daquela empresa.
Resultados: onze meses depois do início da pesquisa, um dos pacientes quase morreu (o termo “lesão fulminante” aparece em referência ao caso) e precisou de um transplante de fígado enquanto todos os outros apresentaram hepatite.
Após a descontinuação do uso do Herbalife, todos melhoraram e tiveram suas enzimas normalizadas. Três, no entanto, voltaram a tomar o suplemento e, pasmem, voltaram a ter hepatite.

Mas não é só isso! Você pode também perder peso fazendo a famosa Dieta do Liso (ou “do Quebrado”, dependendo do idioma da sua região), que é aquela dieta que o faz emagrecer por faltar-lhe dinheiro para comprar comida.
Porque Herbalife é vendido da seguinte forma:alguém, geralmente com cara de desespero, aborda você dizendo que a sua chance de ficar rico sem trabalhar é aquela.

Provavelmente vão lhe mostrar um cheque de uns trocados e dizer coisas como “você não precisa trabalhar, as gordinhas vêm até você!” e explicar o seguinte sistema: você compraria mercadoria dele e revenderia para quantos quisesse, ficando com um lucro.
O nome disso é marketing multinível, pois alguém no topo vende para quem está abaixo dele, por um preço X. A segunda pessoa repassa para uma terceira por X + comissão de venda.
O terceiro trouxa vendedor faz o mesmo, repassando a um preço um pouco maior para tirar algum lucro, e assim por diante.

Os dois maiores problemas nisso são:
1 – Ninguém usa os produtos. Eles apenas são comprados e quem o faz tenta a todo custo repassar para um subvendedor. Ninguém compra para usar, apenas para passar a frente. Como dinheiro falso.
2 – A cada etapa, o preço sobe mais e mais e o número de vendedores cresce exponencialmente, saturando o mercado que (esfericamente, no vácuo) chega a um ponto onde só existem pessoas tentando vender para quem já está tentando vender.
(Um número 3 seria a insegurança, pois não há contrato. Seu subvendedor pode pedir vinte caixas de pó -a Herbalife é uma empresa que trabalha vendendo pó- e desistir depois, deixando você com a mercadoria e a dívida com o seu superior. Mais disso, lá na frente.)

O que impede que um vendedor (ou até mesmo um consumidor) no quinto degrau passe por cima da cabeça do seu superior imediato e passe a comprar, por um preço menor, direto do chefão (que é quem vende mais barato)?
Competição agressiva, eu acho.
A primeira vez que fui abordado foi por um conhecido, grande fazedor de piadas que havia conhecido na faculdade e a quem cinco quilos não fariam falta.
O vi num shopping, incrivelmente mais magro mas também sem a menor indicação de que já havia feito uma brincadeira na vida, com os olhos sem brilho e a pose murcha, como quem está caminhando em direção a uma cadeira elétrica.
Alternativamente, ele se movia com muita rapidez. Isso era evidente.
Via qualquer pessoa que talvez um dia houvesse conhecido e corria para discursar ao seu lado, mostrando um cheque de mil reais e dizendo que não precisava mais trabalhar, que estava ganhando muito dinheiro com aquilo e perguntando a todos se eles não queriam também ficar com um amarrotado cheque de mil reais na carteira o dia todo abordando semi-conhecidos.
Quando ele veio falar comigo, eu imediatamente perguntei o motivo daquele cheque estar na carteira dele e não sendo depositado e transformado em dinheiro.
Ele não tinha resposta, apenas olhou para mim e piscou vaziamente os olhos.
Estava notadamente abatido e poderia incluir “desesperado” em sua descrição sem me afastar demais da realidade da situação.

Eu sei porque o cheque estava lá, certamente.
Aquele dinheiro não era dele, mas do seu superior imediato, a quem ele devia provavelmente mais do que o valor ali contido.
Apenas andava com ele por mais algumas horas, antes do banco fechar, para tentar atrair outros para lhe salvar a pele do bolso.
Ele me conhecia através de um amigo comum e nunca nos falamos muito, mas ele veio charlar como se fossemos excelentes companheiros de outrora.
Esse tipo de desalento me assusta.

Nesse dia eu notei que Herbalife é mais que marketing multinível. É um bom e velho Esquema de Pirâmide, onde todo mundo tem tudo mas ninguém tem nada.
Dinheiro sobe das camadas inferiores na forma de pagamentos de dívidas até o topo, que é quem realmente fatura. Sem que seja necessário produto algum circulando.
Os pedidos são feitos, bem como as dívidas. Se alguém quebrar a linha, quem estiver imediatamente acima vai ter que arcar com os “custos” (pois não há de fato custo algum, visto que ainda não foi produzido uma só unidade do que quer que seja), e a melhor maneira de fazer isso é “contratar” mais pessoas para “trabalhar” para si.
Muito dinheiro circula para pagar por uma encomenda imaginária.

Pois bem, alguns dizem que Igreja é pior que governo, pois além do seu dinheiro, quer a sua alma. A Herbalife não quer só o seu dinheiro, quer também que você morra!

E agora, com vocês, os consumidores:

Quando comprei o produto com a revendedora ela me informou que todos os produtos eram naturais e qualquer pessoa poderia tomar inclusive diabéticos, cardíacos, crianças porém em momento algum me disse que quem tivesse problema de tireoide não poderia. O que aconteceu foi que n emagreci e ainda engordei mais por causa da disfunção da Tireoide.

Retirado de Herbalife só me fez mal, do ReclameAqui.com.br
LINK – http://www.reclameaqui.com.br/48651/herbalife/herbalife-so-me-fez-mal/
[1] É quase certeza que você, como vendedor, vai acabar perdendo todo o seu dinheiro para eles também, mas não é tão garantido assim porque sempre há a possibilidade de se cansar de ser enganado e desistir dessa vida miserável.

P.S. Agradecimentos ao Atila e à Lúcia Rodrigues pelo material.
P.P.S. Dia desses eu reencontrei aquele sujeito do shopping, que aparentava estar muito bem de vida; saudável, falante e animado. Perguntei: “Continua vendendo aquele esquema lá?” e obtive como resposta: “P… nenhuma! Saí daquela vida! Hahahaha!”
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