Mensagem de texto
Duas coisas:
1 – A polícia deveria receber chamadas de emergência por SMS (short message service, a infame “mensagem de celular”) de pessoas presas no banheiro da própria casa por assaltantes com o ouvido na porta.
Eu pensei nisso quando ouvi aqui no trabalho um caso semelhante em que residentes foram encarcerados dentro do aposento ladrilhado por meliantes obstinados portando aparelhos portáteis de expulsão violenta de projéteis semimetálicos.
Só uma hipotética que estou lançando por aí…
2 – Essa tecnologia amigável aos miguxos é boa o suficiente para se amputar um braço.
No Congo, pelo menos.
Segundo a BBC Brasil, um médico foi guiado passo-a-passo durante o procedimento via mensagens instantâneas de celular.
Duas coisas me chamaram a atenção no caso:
2.1 – O médico, um britânico participante do programa Médicos sem Fronteiras no Congo, estava pedindo ajuda a um colega conterrâneo em sua pátria (a notícia diz “Grã-Bretanha”, o que me faz concluir que não foi na Inglaterra. Talvez em Gales) via celular.
Uma cirurgia é algo dinâmico que exige ações rápidas. Por que mensagens? A ligação internacional custava caro demais?
“Cortei 1 arteria s querer, o q faco agora?”
Acho que num ocorrido assim a pior coisa que pode acontecer é “Sua mensagem não pode ser enviada, por favor tente novamente mais tarde” ou então, ainda pior “rapido, vc tem apenas 10 sg p interromper o flx sang usndo 1 pinca pqna e iniciando o procdmento de sutura da seguinte forma. us” NÚMERO DE CARACTERES EXCEDIDOS, CONTINUAR ESCREVENDO E MANDAR DUAS MENSAGENS?
2.2 – O braço do garoto tinha sido arrancado originalmente por um hipopótamo.
Republicado: Traição
Inspirado por esse artigo indicado por esse cabra e impulsionado pela falta de criatividade que me abateu hoje (na verdade foi semana passada, pois escrevo com muita antecedência), resolvi republicar mais um artigo meu, originalmente publicado em primeiro de junho de 2008, no meu outro blogue.
==> Este artigo não contém links <==
Todas as opiniões não são criadas igualmente, algumas são melhores que as outras (Douglas Adams).
Esta é a minha:
Nós passamos alguns bilhões de anos andando por aí numa só célula.
Depois, por algum motivo, resolvemos aglomerar.
Tudo ia bem até que inventaram o sexo.
Reprodução sexuada é bom porque mistura as defesas de dois organismos diferentes, resultando num terceiro que consegue se defender melhor, mas introduz deformações genética que, ao longo do tempo, vai mutando a espécie.
Várias mutações ocorreram, vários braços evolutivos se abriram (o ornitorrinco, apesar de mamífero, tem mais material genético de aves que de qualquer outro grupo, e isso é altamente bizarro, mas é sério, podem procurar, pois eu não vou incluir um link ERRADO!, mas eu já me corrigi aqui), vários grupos e várias espécies novas foram criados até chegar em Nós.
O Homo sapiens (sapiens) é um desenho mal feito que não serve para brigar, não serve para correr, não serve para o frio nem serve para se camuflar.
Nosso único trunfo é nosso cérebro.
Um cérebro usa MUITA energia. Muita energia mesmo! Eu diria mais; diria que usa muita energia mesmo!
Um de um humano usa mais ainda.
Tanto que a nossa cabeça é mais quente que o resto do corpo, calor este proveniente do consumo de energia (analogamente como o capô de um carro ser mais quente que o porta-malas). Procurem uma imagem do corpo em infravermelho.
Neste nosso mundo baseado em evolução, um cérebro só fica desse tamanho e consumindo esse tanto de energia após centenas de milhares de anos absorvendo o máximo possível de energia, em forma de alimento.
A maior revelação evolutiva humana foi o início do consumo de carne.
Primeiro proteína animal de insetos, depois de roedores, subindo até animais mais pesados que os caçadores, que já tinham inteligência suficiente para se organizar e abater uma presa decente.
O tempo passa, o tempo voa, o consumo se mantém em alta e a capacidade do cérebro aumenta.
(Um dado importante: nós utilizamos 100% da nossa capacidade cerebral. Uma conversa que tem por aí que só usamos dez por cento foi inventada por esotéricos e metafísicos para dizer que temos 90% ainda para aproveitar com “energia do pensamento” para mexermos objetos com a força da mente. Mentira. Nós usamos TUDO.)
Hoje só temos carros e computadores e aviões e medicina porque temos cérebros imensos e altamente ativos. Devemos isso ao consumo de carne animal, que provê mais energia (proteína), grama por grama, que qualquer produto vegetal.
Não comer carne é ir contra milhões de anos de evolução e (especialmente cruel) trair a nossa espécie e tudo que ela teve que suportar para que estivéssemos aqui hoje, com nossos encéfalos descomunais, lendo frases complexas e tocando piano.
Pessoas doentes que não podem comer carne, não devem fazê-lo, assim como pessoas alérgicas a lactose não devem beber leite, mas se um ser saudável e disposto se nega a comer carne por política ou filosofia, está prestando um desserviço ao nosso “sapiens sapiens” e traindo perversa e malevolamente a nossa herança fisiológica e anatômica.
E para os que dizem que é impossível obter todos os nutrientes necessários apenas com carne, eu recomendo uma visita aos esquimós.
Perguntem pelas hortas deles…
O único derivado de soja que presta é o que fica em volta de um pastel.
Penguinone
Ou pingüinona, traduzindo livremente.
A prova de que químicos também têm senso de humor.
Eu não sei o que essa molécula faz, só sei que seu nome se deve ao seu formato, pingüim-esco.
Legal, né?
P.S.
3,4,4,5-tetrametilciclohexa-2,5-dienona é o nome real daquela coisa.
Enigma molecular – 5ª fase
Mais uma sexta-feira desprovida de artigos sérios ou interessantes, outro enigma, portanto.
Me digam o nome dessa molécula e o que mais conseguirem de informações sobre ela.
Resposta segunda-feira se não amanhecer muito frio.
Para quem gostou, tem mais aqui.
Ressaca de abstinência
Mais uma de auto-análise.
Sexta-feira foi feriado aqui em Natal, logo, quinta-feira virou sexta e sexta-feira virou sábado.
Sai com os meus amigos, como de costume, mas não bebi álcool, apenas águas adoçadas, gaseificadas e coloridas artificialmente.
Porém essa falta de etanol afetando os disparos de sinapses cerebrais não impediu que eu me embriagasse.
O que geralmente acontece é estarmos todos juntos, bebendo e ficando bêbados no mesmo ritmo.
Normalmente eu presto atenção ao meu estado de cognição e reflexos, notando a medida em que vou me embriagando e anotando mentalmente o que está acontecendo.
Nesse fim-de-semana prolongado eu não bebi, no entanto, a medida em que eu percebia o comportamento familiar dos meus amigos atravessando a zona de transição etílica (onde sorrisos exigem o fechamento dos olhos e palavras com mais de três sílabas são pronunciadas com o respeito de como se fossem sagradas), eu também sai da praia da sobriedade para a piscina-natural (água até o joelho, ainda sem ondas) da ebriedade.
Depois de alguns minutos, meu cérebro ligou o automático e passou a registrar minhas mudanças, como faz sempre que bebo (Pavlov teria orgulho de mim!), até me avisar e fazer com que eu percebesse que ainda não havia ingerido gota sequer de álcool.
Momento esse que desintegrou toda a ilusão e voltei ao estado original de sóbrio e alerta.
O que não durou muito tempo. Assim que minha atenção foi desviada, estava novamente bêbado.
E assim fiquei por duas noites, me embebedando com o comportamento alheio.
Durante um desses eventos, eu comentei o que estava acontecendo e TODOS disseram já ter passado por essa alteração-de-consciência-induzida-por-colegas.
Isso tem sido (ainda não voltei a beber) uma experiência comportamental interessante. Preciso tomar mais notas.
Cidade da Ciência
A notícia é velha mas é boa.
Aqui em Natal (sim, eu moro onde vocês passam férias) nós temos um parque chamado Cidade da Criança, o apelido municipal é Cidade do Sol e, a partir de 2009, teremos o complexo Cidade da Ciência.
Voltado para estudantes, professores, público em geral e até turistas, o Cidade da Ciência acabará por se constituir num importante atrativo turístico, pois além do Planetário, a Casa da Ciência, com três pavimentos, terá um espaço para exposições itinerantes, um mezanino, onde ficará o memorial do invento e do inventor potiguar, e um outro espaço destinado à exposições permanentes.
FONTE
Pelo que eu li, irá incluir planetário, observatório e terraço astronômico (o que me parecem a mesma coisa), laboratórios de matemática, física, química, biologia, robótica e ecologia e também o Espaço Jovem Cientista, o Memorial do Cientista Potiguar, o Espaço do Invento e da Invenção, rádio comunitária, auditório com cinema (que me soa como uma sala de cinema normal), sala de videoconferência, brinquedoteca e biblioteca.
Depois do Instituto Internacional de Neurociência de Natal (que não é aqui, mas no município vizinho de Macaíba) e da excelente idéia de colocá-lo aqui perto de mim, parece que as porteiras se abriram e um incentivo apareceu para se criar essa Cidade da Ciência e, espero, outras coisas mais (como, por exemplo, melhorar a Barreira do Inferno e o museu aeroespacial de lá), porque não podemos viver só de História.
E nem precisa ser tudo a dez quilômetros da minha casa (seria maravilhoso ver o Lajedo de Soledade organizado e suas pinturas rupestres protegidas e bem evidenciadas).
Não vou me apegar a custos ou méritos, mas ao que pode nos trazer.
Quando digo “nós”, me refiro não só aos natalenses. Me refiro, sim, a todos os cidadãos brasileiros, principalmente aqueles fora do “eixo Rio-São Paulo”, lugar mais bem associado a coisas legais que acontecem.
Essa iniciativa pode ter aberto um precedente importantíssimo não só para o desenvolvimento científico descentralizado mas também para a divulgação científica em geral.
Como Natal é uma cidade essencialmente turística, isso poderia se tornar mais uma atração no itinerário dos visitantes nacionais e internacionais, mostrando que aqui também se faz Ciência.
Dizem que vai ser inaugurado em 2009, mas não dizem quando começara a funcionar (aqui existe uma tendência a inaugurarem coisas antes delas estarem prontas).
Quando estiver pronto eu irei lá ver e virei aqui descrever. Até!
Eu só soube disso graças a Isis.
P.S. a praia da foto lá em cima, com Natal ao fundo, chama-se Genipabu.
Batons com chumbo
Um dos meus hobbies é investigar emails que me parecem falsos.
E eu recebo MUITAS dessas correspondências eletrônicas.
Ontem eu recebi um com o assunto “Batons causam câncer”, o que já me chamou a atenção e ativou algumas sirenes de alerta.
“Batons causam câncer? Todos eles? Que tipo de câncer? Quem disse isso? Por que eu não conheço uma só mulher que tenha câncer de lábios apesar de 100% das mulheres que eu conheço usarem batons?” e por aí vai.
Epinefrina
Ou adrenalina.
Esse hormônio, secretados pelas glândulas supra-renais (acordo ortográfico não fez efeito aqui ainda) é bem famoso para aqueles que escalam, andam de kart ou assistem a qualquer programa de esportes na TV.
É secretado como reflexo a alguma ameaça, para que o indivíduo fuja ou se defenda, aumentando o batimento cardíaco e o fluxo de sangue para as pernas (correr) e braços (lutar), entre outras coisas (dilatação das pupilas, por exemplo).
O nome “adrenalina” vem do fato dela provir de um lugar acima (ad-) dos rins (renal) e de ser uma substância química (-ina).
P.S.
Nome todo: 4-[1-hidroxi-2-(metilamino)etil]benzeno-1,2-diol
Enigma molecular – 4ª fase
Acho que a maioria já sabe o que fazer: descubra que molécula é essa e diga qual o nome dela nos comentários. Dizer de onde vem não diminui a pontuação.
A dificuldade está aumentando!
Não precisam correr com a resposta, vocês têm o fim-de-semana inteiro.
Resposta só segunda-feira, se eu não acordar muito assustado com o despertador.
Mais enigmas moleculares aqui.
Resenha – Como os Médicos Pensam
Eu preciso começar esta resenha dizendo que esse livro é Ótimo!
Um dos melhores livros que já li em minha vida e o melhor que li este ano. Muito ótimo!
O livro me cativou a partir do primeiro parágrafo, onde o Jerome Groopman conta a estória de uma paciente que sofria de uma doença mal diagnosticada e sua trajetória para tentar se curar. Mas isso é só o primeiro capítulo!
Cada capítulo trafega num mundo diferente dentro do universo da medicina, de crianças misteriosamente anemicas a idosos se submetendo a tratamentos para doenças erradas, passando por médicos que se deixam levar pela própria fama ou pelo uso exagerado de algum equipamento ou medicação.
O escritor, médico especialista em câncer e sangue, dá uma aula (do tipo bom, da que dá gosto assistir) de pensamento crítico, apontando os erros mais comuns (e alguns nem tanto) que médicos e pacientes cometem durante um diagnóstico ou tratamento.
Explica e exemplifica magnificamente erros de atribuição e por satisfação da busca, desvio de resultado e de missão, mostra como a relação médico-paciente pode ter um lado negativo mesmo quando existe afeto entre eles e como o status de chefe pode trazer consequencias indesejadas para toda a equipe.
Mas também ensina aos pacientes como devem interagir com aqueles que os tratam e relata contos de esperança onde médicos, tanto alguns experientes quanto outros mais novos, salvam vidas de maneira heróica.
Esse volume é repleto de casos excepcionais, descritos vívida e elegantemente, de uma maneira que me fez pensar, mais de uma vez, que se tratava de ficção, apesar do autor afirmar o contrário.
Apesar de ser cheio de termos técnicos, Groopam é tão bom na arte de contar estórias (habilidade que, tenho certeza, o ajuda muito na seu dia-a-dia de professor) que tais termos deixam de ser instrumentos com nomes complicados e passam para a categoria de personagens.
De leitura fácil (muito bem traduzido) e viciante, reitero, esse é o melhor livro que li este ano (devo ter lido uns trinta desde janeiro) e recomendo com o Selo Igor Gold de Qualidade!
Já nas livrarias ou direto pela página da Editora Ediouro.