Menos é mais

Estou neste exato momento ouvindo o podcast do Instituto SETI e nele, o convidado Martin Lindstrom, especilista em marketing e autor de Buyology: Truth and Lies About Why We Buy fala de um estudo que ele conduziu com mulheres e caixas de chocolate.
Segundo ele (aos 41m, 55s), caixas contendo 30 chocolates foram apresentadas a várias mulheres para que elas escolhessem tantos quanto quisessem e, acabaram pegando apenas um deles.
Em seguida (ele não especifica, mas eu acho que usaram mulheres diferentes), trouxeram uma caixa contendo apenas seis barrinhas e disseram a mesma coisa. Resultado da fase dois? Em média, três chocolates foram escolhidos.
Conclusão: a quantidade na embalagem afeta o quanto compramos daquilo (mas ele fala muita besteira durante a entrevista, não é bom acreditar em tudo que ele diz).

Carbono 14

Já há muito tempo que eu quero explicar o processo de medição da idade das coisas utilizando-se carbono radioativo (ou C14) e agora há pouco li uma notícia que complementa otimamente o que eu queria fazer.
Começando do começo, o elemento Carbono, via de regra, contém seis prótons (daí o seu número atômico, 6) e 6 nêutrons, que pesam tanto quanto os prótons, dando ao átomo um peso atômico de 12.
Esse peso é do isótopo (mesmo elemento, diferente número de nêutrons) mais abundante e estável, o C12.
Existem outros dois isótopos de carbono, C13 (estável mas bem menos comum) e C14.
Este último é radioativo. Ou seja, ele tem o núcleo instável e tende a perder os nêutrons que tem a mais, e isso acontece a uma taxa bastante regular, conhecida por meia-vida.
Explicando da maneira mais simples que eu consigo, “meia-vida” é um intervalo de tempo no qual metade de alguma coisa acaba.
Se eu estou drenando um lago e levar uma hora para drenar a metade dele, a meia-vida do lago é 1 hora (de forma que eu sempre leve sessenta minutos para retirar metade da água que sobre, seja essa quantidade qual for).
Voltando ao C14; esse átomo com o núcleo inchado tende a retornar ao estado mais estável, perdendo dois nêutrons e voltando a ser um carbono 12. A meia-vida do carbono 14, ou o tempo que metade da amostra leva para ficar estável, é de cinco mil anos e meio, aproximadamente.
(Se eu comecei com cem átomos, daqui a cinco mil e quinhentos anos terei 50.
Depois de mais cinco miliquinhentos, terei 25 e assim por diante. O tempo é sempre o mesmo para qualquer que seja o tamanho da metade.)
As plantas, ao respirar gás carbônico, capturam uma quantidade geralmente bem conhecida de carbono 14 junto com todo o carbono que absorvem e passam essas amostras para frente (ou para baixo, dependendo do referencial) dentro da cadeia alimentar, sempre “enchendo o tanque” de C14.
Quando uma árvore, um elefante, um peixe, uma doninha, um peba ou uma lagartixa morrem, deixam de abastecer o reservatório de carbono radioativo, que começa a decair para sua contraparte estável a uma taxa conhecida.
Contando-se o número restante desse marcador, sabe-se a idade da amostra (orgânica, sempre lembrando. Minerais não podem ser datados assim), com uma margem de erro de algumas décadas (ruim para medir algo do ano passado, mas ótimo para medir a idade de ossos de mamutes, dentes-de-sabre e hominídeos pré-sapiens).
Porém, depois de 7 ou 8 meias-vidas, a amostra fica praticamente desprovida desse isótopo radioativo e a medição acima de 60 mil anos se torna inútil por esse método (existem outros elementos radioativos com meia-vida bem maior, como Argônio que vira Potássio e Urânio que vira Chumbo).
Agora, um dado aparentemente aleatório mas que vai fazer sentido mais para frente: árvores equatoriais, como as da Amazônia ou a do Parque das Dunas aqui em Natal, não criam anéis enquanto crescem, impossibilitando a identificação de sua idade por esse método.
Não criam anéis de crescimento porque esses ditos anéis são indicativos de quantas primaveras se passaram, que é a estação onde as árvores dão um estirão rápido, deixando seus centros marcados.
Sem primavera, sem anéis.
Perto da linha equatorial = sem estações.
Agora vem a notícia que eu recebi hoje.
Durante os anos 50 os EUA, a França, a Inglaterra e a Rússia testaram muitas bombas nucleares, explodindo-as na atmosfera.
Essas explosões liberaram nêutrons que, ao se encontrarem com os abundantes átomos de carbono 12, formaram (depois de apenas dois encontros) carbono 14 radioativo (C12 + 2 nêutrons).
Segundo a ecóloga Nalini Nadkarni, naquela época (guerra fria), a quantidade de C14 atmosférico aumentou em 100% por causa dessa formação forçada de forma ferrenha e fenomenal.
Aliterações de lado, ela diz que pesquisa apóia a idéia de que o pico daquele isótopo produzido acidentalmente começou em 1954.
Portanto, por causa de todas aquelas bombas atômicas, foi criado, inadvertidamente, um marcador temporal em todas as árvores do mundo, que possibilitará, daqui a alguns milhares de anos, cientistas a datá-las com a precisão de um ano.
1954.
Antes disso, níveis normais. Logo após, 100% de aumento (isso é verdade também para qualquer planta, mas árvores tendem a viver mais tempo, por isso que estou dando ênfase a elas).
Agora, descendo um pouco a ladeira alimentar.
Um biólogo sueco, Jonas Frisén, enquanto estudava pinheiros, teve a brilhante idéia de estudar humanos (uau!) e descobriu que pessoas nascidas a partir de 54 tinham, em suas células cerebrais (as maioria das nossas células são repostas com certa frequência, menos os neurônios, que são os mesmos desde que nascemos, com frequência de reposição = zero), muito mais carbono 14 do que as nascidas antes desse ano mágico e as nascidas já nos anos 60.
Não que isso faça diferença alguma para nada, mas é sempre legal saber dessas coisas…

Buscas abrangentes

O google é uma ferramenta fabulosa, principalmente por levar em conta a aleatoriedade das pessoas.

Clique para ampliar a imagem em toda a sua glória.

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Eu acho isso muito massa!

Num estalar de dedos

Não vou falar sobre o estalar de dedos “Garçom, a conta!”, mas aquele de “Eu sou mais durão que você!” ou de “Mãos à obra!”.
Sempre me perguntam duas coisas sobre isso:
1 – Sabia que estalar os dedos causa artrite?
2 – O que causa o barulho de dedos estalando?
Minhas respostas para essas perguntas são mais diretas (curtas) e incisivas (grossas) do que algo que eu escreveria, portanto vou me ater ao que a ciência sabe sobre o assunto.
Clique aqui para ler o resto.

Vanilina

Ou o sabor de baunilha.
A planta é uma orquídea trepadeira, natural do México, e a baunilha em si é uma vagem que quando é colhida não tem o sabor ou olor característicos, que se desenvolvem através de um processo de cura (envelhecimento) dos grãos.

“Baunilha” é uma corruptela de vainilla, espanhol para “pequena vagem”.
Hum…
Baunilha natural é o terceiro produto alimentício mais caro do mundo (preço/quilo), vindo após trufas e açafrão (carece fonte, mas é isso mesmo, um grama desse negócio é CARO)
P.S.
Nome completo: 3-Metoxi-4-hidroxibenzaldeído
P.P.S.
Todo mundo sabe, é? Vocês estão acabando comIgor…
Vou ter que aumentar a dificuldado agora, se preparem!

Enigma molecular – 3ª fase

Quem ainda não sabe o que está acontecendo deve clicar aqui.
Quem souber o nome da molécula e de onde ela vem, diga nos comentários para ter como prova objetiva.
Que bicho é esse?
.
Já conseguiram farejar a resposta?
Resposta segunda-feira, enquanto estiver comendo um bolinho com café.
Para os que ainda não leram as respostas do enigmas anteriores, cliquem aqui.

Cavernas brasileiras: pedindo ao rato…

…para guardar o queijo.
(Já escrevi sobre isso no meu outro blogue, não quero me repetir mas quero divulgar.)

Batatas verdes venenosas

Nem sempre a diarréia coletiva movida a salada de batatas de fim de festas de aniversário está na maionese displicentemente guardada fora da geladeira por 72 horas.
Algumas vezes, as batatas são as culpadas.
Batatas esverdeadas podem conter solanina, um glicoalcalóide (parente dos alcalóides de Pasárgada) venenoso que pode causar náusea e vômito, cólicas e diarréia, arritmia cardíaca, tontura e dor de cabeça. Em casos extremos ocorre também alucinações, dormência, paralisia, febre e hipotermia.
Sempre lembrando, esses sintomas são causados pelo consumo da solanina, e não das batatas.
Quando expostas ao sol, a quantidade dessa toxina aumenta nas batatas, que não são acostumadas com luz, pois crescem dentro da terra.
Elas ficam verdes pela ação da clorofila, que nos é inócua, mas é um indicativo de que aquela batata foi exposta à luz e deve ser evitada.
Falando novamente em falta de costume, batatas não devem ser guardadas na geladeira (o chão é um lugar quente) por muito tempo.
Aliás, como regra geral, quanto mais velha for, mais solanina terá desenvolvido.
Agora, as boas notícias:
Um adulto médio teria que consumir mais de um quilo de batatas verdes para apresentar sintomas de intoxicação por solanina, contida em quantidades minúsculas entre a casca e o miolo dos tubérculos.
E se estiverem fritas, vai comer até rachar o bucho e não vai adoecer, pois aquele glicoalcalóide é removido para a gordura em temperaturas altas (dica: não beba o óleo da panela).
Tomates verdes também contêm solanina em altas doses (cem gramas de tomates verdes crus podem tem uma quantidade suficiente de toxina para causar problemas digestivos), mas ficam seguros quando maduros.
Tabaco também tem solanina (além de nicotina, outra neurotoxina extremamente nociva).
Atualização matutina: este artigo ficou meio cotó, mas eu lembro de ter escrito mais que isso. Estranho…

Fusão vs. Fissão

De todos os elementos, o átomo que tem o núcleo mais estável é o ferro (Fe), bem no meio da tabela periódica.
Se um átomo qualquer, por algum motivo, tomar um caminho que o faça se aproximar do núcleo do ferro, ele fornecerá energia.
Ou, explicando mais facilmente, se um átomo maior que o ferro, como o do urânio, diminuir de tamanho, liberará energia (processo chamado de fissão e que ocorre nos reatores nucleares das redondezas).
Alternativamente, se um átomo menor que o ferro, como o hidrogênio, aumentar de tamanho, também criará energia (processo de fusão, como o que acontece dentro de estrelas ou no novo HiPER).
Uma estrela, como o nosso Sol, quando vai envelhecendo, vai queimando hidrogênio (a matéria-prima da qual é formada), transformando-o em hélio, que depois vira berílio e assim por diante, passando por todos os elementos de números pares da tabela até chegar em 26, Ferro.
Ferro não queima, portanto esse é o estágio final de uma estrela morta que queimou até o fim (outros estágios finais de estrelas são: buracos negros, supernovas e esfera enormes de carbono, mais especificamente diamante).
Quando esses átomos pequenos se juntam, ou se fundem, eles liberam energia em forma de calor.
Similarmente, átomos muito grandes (e consequentemente instáveis) como o césio, tendem a se desmanchar, ou sofrer fissão, também irradiando energia em forma de calor.
Fissão nos tem dado bastante energia há já algum tempo pois é fácil, tem boa eficiência e é uma fonte de energia comparativamente limpa (não polui como carvão e gás, não precisa inundar nada e desde que o material gasto seja bem armazenado, não gera perigos ao meio ambiente).
Fusão, no entanto, é mais complicada (é também mais limpa e mais eficiente), pois os átomos não gostam muito de congregar e aumentar de tamanho (a combinação mais fácil é a de hidrogênio, novamente, em forma de dois tipos, ou isótopos, chamados trítio e deutério, virando hélio), pois os núcleos são invariavelmente formado por partículas com a mesma carga elétrica, que se repelem prontamente sempre que se aproximam demais, devido à força eletromagnética.
Na natureza existem quatro forças fundamentais (cinco, se contarmos o Amor); gravidade, eletromagnetismo, força nuclear fraca e força nuclear forte.
Sem entrar muito em detalhes, a força nuclear forte só passa a atuar numa distância curtíssima, anulando a força eletromagnética, que apesar de mais fraca, começa a agir em distâncias maiores.
Então, para dois núcleos de átomos se unirem, eles precisam ser colocados incrivelmente próximos uns dos outros, para que a força forte tome o controle. E isso é feito dentro de uma estrela através da igualmente inacreditável pressão a qual os elementos estão submetidos e do calor (milhões de graus!), que acelera as partículas de um jeito que elas estão o tempo todo colidindo em alta velocidade e, vez por outra, uma se prega na outra.
Eu poderia ainda tentar explicar o porquê do hidrogênio poder ser chamado de deutério ou trítio e como eles se juntam e viram hélio (tudo tem a ver com o número de prótons e neutrons em cada), mas isso é muito inútil para quem não for um físico, ou eu (não que seja útil para mim, não é, apenas me interessa muito).
Alguém curioso o suficiente pode procurar numa wikipedia da vida e confirmar numa página de um professor de física nuclear em algum lugar.
Ou então amanhã eu dou uma explicaçãozinha detalhada, mas não esperem em pé nem prendam a respiração…

Capsaicina

Encontrada em pimentas.
Desde o inócuo pimentão à traiçoeira habanero, a capsaicina é encontrada principalmente na pele que envolve as sementes dessas frutas (todas do gênero Capsicum).
Quem gostar do sabor mas não da ardência, retire os caroços antes de comer!

Existe uma escala de ardor de pimentas, chamada Escala de Scoville.
Essa molécula também é usada em pomadas para o alívio de dor nos músculos e articulações (mas não façam como eu, que confundi a informação na minha cabeça e passei uma pimenta malagueta num corte recente. Péssima idéia…).
P.S.
Pimenta, teu nome é 8-Metil-N-vanilil-trans-6-nonenamida

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