Dia do Físico

ROG
Hoje é Dia do Físico (não o conjunto das qualidades exteriores e materiais do homem, mas o especialista em Física).
Não consegui descobrir porquê, mas não deve ser por causa do aniversário de Pol Pot (83) ou Pete Townshend (63). Talvez seja devido ao aniversário do físico (!) holandês Abraham Pais, que escreveu sobre a vida e a obra de Niels Bohr (de quem foi assistente) e Albert Einstein (de quem foi colega em Princeton).
Ou talvez seja só um dia aleatório e arbitrário.
Neste dia especial, eu prometi falar sobre “O Físico e A Sociedade”, mas não sou físico (apesar de estar pensando em prestar vestibular para Física no fim deste ano, mesmo não tendo mais idade para isso) nem sei o que a sociedade pensa sobre eles. Tirando “uns doidos barbudos e de chinelo que só pensam em loucuras e só tomam sopa”.
Eu sei que sem os físicos não haveria Hubble e suas fotos belíssimas, Espectro Eletromagnético e suas utilidades, experiências legais de ver que causam admiração, sismologia que nos ajuda a entender onde pisamos, explicações para fenômenos mundanos e até ficção científica.
Por causa dos Físicos nós temos eletricidade, óculos, câmeras, relógios, motores, geladeiras, condicionadores de ar, protetores solar, celulares, aviões, naves, computadores e abridores de garrafas.
Eu queria ser físico para entender a forma toroidal do universo em números, para entender melhor como estrelas evoluem, para me admirar mais ainda com a Natureza e seus fenômenos.
E para ver se finalmente eu entendo Corrente Elétrica (devo ter algum bloqueio).
Acabando aqui, gostaria de parabenizar os Fisicistas que tanto contribuíram para o nosso bem-estar e para o nosso saber (e deixar claro que eu não acho que sejam todos doidos barbudos de chinelo bebedores de sopa. Alguns são cabeludos e bebem leite).
Parabéns, Físicos e Físicas.

O buraco da agulha

Existem quase trinta diferentes grupos sangüíneos, mas por estas praias nós usamos dois deles mais que os outros.
Esses são o sistema ABO e o sistema Rh.
Um indivíduo pode ter o sangue do tipo A, B, AB, ou O (não é um zero, é a letra que vem depois do N), sendo positivo (+) ou negativo (-).
E isso serve para quê?
Serve para classificar as pessoas para, em caso de necessidade, elas não recebam um tipo de sangue que as mate instantaneamente.
E por que mataria?
Sistema ABO
O sangue do tipo A tem um negócio chamado “anticorpo B”, que faz com quê o corpo ataque qualquer célula de sangue tipo B, causando coagulação sangüínea e impedindo a circulação do sangue
O tipo B tem anticorpos A que atacam células sangüíneas A.
Sangue tipo O tem os dois anticorpos e só pode receber sangue do mesmo tipo.
Tipo AB não tem nenhum anticorpo A ou B, e pode receber qualquer tipo de sangue.
Sistema Rh
O sinal de positivo (Rh+) indica a presença de um antícorpo chamado Anti Rhesus (que vem de Macacus rhesus, uma espécie de macaco onde observou-se o efeito do anticorpo). Quem não possui essa proteína (anticorpos são proteínas), ou seja, tem Rh-, não pode receber transfusão de sangue Rh+, pois isso pode ocasionar reação hemolítica (não sei o que isso significa, mas não pode ser coisa boa. Algum hematologista por aí para me ajudar?).
Rh+ pode receber qualquer sangue, Rh- só pode receber Rh-.
Tabelinha:
A recebe de A e de O
B recebe de B e de O
AB recebe de A, de B, de AB e de O
O só recebe de O
Rh+ recebe + ou –
Rh- só recebe –
Pessoas com sangue AB+ podem receber qualquer sangue sem nem precisar testar. Elas não têm nenhum anticorpo A ou B e podem receber a proteína Rh. São os Receptores Universais.
Sangue O- pode ser usado em qualquer pessoa sem problemas, pois é praticamente inerte, não contendo antígenos (as coisas que os anticorpos atacam) de qualquer tipo. Pessoas com esse tipo sangüíneo são chamadas Doadoras Universais.
Os tipos sangüíneos não são divididos igualmente e essa divisão mesmo varia de região para região.
Eu levei esse tempo todinho explicando sangue só para chegar aqui:
DOE SANGUE
Se por nenhum outro motivo, pelo menos para renovar suas células sangüíneas, deixando seu sistema imunológico mais jovem e disposto.
Em Natal, você clica aqui, senão é só ir no google e digitar “banco de sangue” e o nome da sua cidade. Deve ter um por perto.
Só é necessário ser maior de 18 anos e 50 quilos, não ter doenças sangüíneas nem venéreas, não estar tomando remédio nem ter feito cirurgia recentemente e ter pelo menos um braço para segurar a agulha.
E não dói.
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Causa e Conseqüência

Eu atrasei a publicação de hoje porque, além de ser sábado e eu ter ficado na rua até as jovens horas da manhã, tinha muita coisa para eu ler e me preparar e muito sol para eu tomar hoje pela manhã.
Vou tentar escrever o mínimo possível hoje (se tivesse deixado de escrever este pedaço, teria escrito ainda menos).
As Células-Tronco (hoje mais referidas por Células Estaminais) são células genéricas (como sorvete de nata) que têm a capacidade de se desenvolverem em células especializadas (como quando se mistura suco de uva, transformando o composto em sorvete de uva).
Existem dois tipo de células-tronco, as embrionárias e as adultas.
As embrionárias vêm de embriões até cinco depois depois da fecundação e com até cento e cinqüenta células (um centímetro quadrado da pele do braço tem mais ou menos 180 glêndulas de suor, cada glândula contendo centenas de células). Milhares e milhares desses embriões são encontrados congelados em clínicas de fertilização e inseminação artificial (vários espermatozóides são implantados em vários óvulos e deixados se multiplicar por algumas horas). Depois que o casal doador tem um gravidez satisfatória, os resto desse material é descartado (via cesto de lixo).
As Células-Tronco adultas são encontradas em tecidos já formados. Mas aí é como tentar retirar a nata do sorvete de uva. Essas células já se especializaram e já cumprem sua função final. Cordões umbilicais e placentas têm células estaminais adultas (o termo “adulto” não implicar ter barba, basta ser um tecido diferenciado) que são um pouco melhores que as do fígado, por exemplo, mas consideravelmente inferiores às células estaminais embrionárias, que ainda são pluripotentes (as que podem se tornar qualquer tecido e órgão do corpo) e, por isso, mais adequadas para tratamento regenerativo.
Por exemplo, uma célula embrionária injetada no coração, vai produzir mais células cardíacas. O que é bom para quem teve um infarto e perdeu um pedaço do revestimento do órgão. Uma porção de células embrionárias colocadas ao redor de uma área danificada por um derrame cerebral pode regenerar a rede neural prejudicada, retornando as habilidades físicas e cognitivas do sujeito afetado.
Células Estaminais podem ser uma potencial cura de doenças como Parkinson, leucemia, cirrose, glaucoma, Alzheimer, cardiopatias, diabetes, hepatite, doenças degenerativas em geral (onde células e tecido vão morrendo sem a capacidade de reabastecimento) e, talvez (não escrevam isso na pedra), até reconstrução de órgãos para transplantes e membros completos para amputados.
Para finalizar, um pensamento meu:
Por que existem tantas clínicas de fertilização e inseminação artificial que podem funcionar sem se preocupar com a clava pré-histórica do pensamento religioso atacando-lhes de baixo para cima, mas a Ciência Médica tem que sofrer tantas agressões quando propõe usar, para fins de melhoramento da qualidade de vida humana, a mesma coisa que as primeiras jogam fora e que constituem uma coisinha de nada de uma ruminha mínima de uma nesga ínfima de um punhado de células menor do que o pedaço de mucosa nasal que vem aderido a uma bola de muco na ponta do dedo indicador de uma pessoa que tem cinco minutos para gastar enquanto espera o ônibus?
Cuidado ao cortar as unhas ou quando for escarrar, você pode estar ofendendo aos dogmas da sua religião ao descartar (ou abortar) tantos milhares de células humanas indiscriminadamente e reservando para si uma poltrona bem quentinha e pontuda na próxima vida. Talvez se você rezar com mais força, aquele seu câncer de estômago se dissolva.

Polêmica

Hoje faz quarenta e oito anos que o primeiro laser (ou “solução esperando por um problema” como foi chamado nos primeiros anos) foi inventado.
O artigo de hoje tem 100% de zero a ver com isso, apesar de ter despertado bastante o meu interesse. Quem sabe outro dia.
Ademais, o artigo de hoje é nem meu, mas, não obstante, foi escrito para este blogue (eu dei uns retoques na formatação e inclui uns links, mas é porque não sei ficar quieto). Eu gostaria de tê-lo escrito, até comecei a esboçar, mas parei quando recebi e li este já pronto.
Melhor do que qualquer coisa que eu talvez tivesse feito.
Viva aos especialistas!
Sem mais delongas, com vocês, Andressa Monteiro.
Em prol das pesquisas e avanços científicos no que concerne às Células-Tronco e aos transgênicos, foi elaborado um projeto de Lei – A lei de Biossegurança – que regulamenta a pesquisa com Células-Tronco, cria o Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS, reestrutura a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, dispõe sobre a Política Nacional de Biossegurança – PNB, bem como a produção e comercialização de organismos geneticamente modificados.
O projeto da Lei de Biossegurança foi enviado pelo governo para o Congresso em 2003, mas só foi aprovado pela Câmara de Deputados em fevereiro de 2004, por 352 votos favoráveis, 60 contrários e uma abstenção. Posteriormente, em 24 de março de 2004, o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou, com poucos vetos, o Projeto de Lei da Biossegurança, a Lei nº 11.105/05.
A lei dispõe em seu artigo 5º, in verbis:
Art. 5o É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, atendidas as seguintes condições:
I – sejam embriões inviáveis; ou
II – sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na data da publicação desta Lei, ou que, já congelados na data da publicação desta Lei, depois de completarem 3 (três) anos, contados a partir da data de congelamento.
§ 1o Em qualquer caso, é necessário o consentimento dos genitores.
§ 2o Instituições de pesquisa e serviços de saúde que realizem pesquisa ou terapia com células-tronco embrionárias humanas deverão submeter seus projetos à apreciação e aprovação dos respectivos comitês de ética em pesquisa.
§ 3o É vedada a comercialização do material biológico a que se refere este artigo e sua prática implica o crime tipificado no art. 15 da Lei no 9.434, de 4 de fevereiro de 1997.
Conquanto o tema central da Lei seja as pesquisas e fiscalização com os organismos geneticamente modificados – OGM, a Lei volta-se a regulamentar a utilização de Células-Tronco embrionárias para fins de pesquisa e terapia.
Ocorre que a permissão para o uso de Células-Tronco embrionárias em pesquisa e terapia, prevista no artigo supra citado foi alvo de ação direta de inconstitucionalidade proposta pelo ex-procurador-geral da República Cláudio Fonteles, Adin 3.510. O Procurador argumenta a inconstitucionalidade do artigo em face ao Direito à vida, inserido no rol dos direitos e garantias fundamentais.
De acordo com o procurador, “no momento em que acontece a fecundação surge a célula que chamamos de Zigoto. E o zigoto, independentemente de qualquer mecanismo materno ou paterno, por si só se autodinamiza e se automovimenta”, e por isso seria já um ser humano em desenvolvimento. Além disso, contestou o argumento de que os embriões não têm Sistema Nervoso. Em seu raciocínio a formação do Sistema Nervoso não é dado essencial, levando em consideração que este é apenas um dos vários sistemas do corpo humano, portanto, não se deve definir o todo pela parte.
Prosseguindo seu raciocínio, afirma existir outras linhas de pesquisa como o uso de Células-Tronco da pele, do cordão umbilical e do líquido amniótico. Segundo ele, a medicina já consegue “respostas positivas” dessas linhas alternativas. No que diz respeito ao fato dos embriões já estarem congelados há mais de três anos, Cláudio Fonteles citou ainda alguns casos nos quais tais embriões geraram crianças saudáveis, independentemente do tempo de congelamento. Portanto, para ele, não se pode justificar o uso de embriões só porque ficaram muito tempo congelados.
O resultado dessa Ação de Inconstitucionalidade deu inicio a uma celeuma jurídico-biológico-religioso. Destarte, ocorreram inúmeros debates complexos, envolvendo Ciência, Religião, Filosofia e Direito.
O Supremo Tribunal Federal deveria ter decidido no dia 5 de março de 2008 se o país poderia utilizar Células-Tronco embrionárias em pesquisas científicas. No entanto, os Ministros se viram em posição de votar algo a qual não possuíam exata opinião, nem mesmo entendimento para decidir algo tão complexo e de magnitude resultados para a sociedade brasileira.
Para que os Ministros tivessem algum embasamento que fundamentasse os seus votos, foi designada audiência inédita no STF, em 20 de abril do ano passado, a fim de ouvir especialistas e estudiosos favoráveis e contrários ao uso de Células-Tronco embrionárias. O resultado da audiência deixou os Ministros ainda mais confusos.
O fato é que a questão é complexa! O uso de Células-Tronco embrionárias para pesquisas é contestado pela Igreja Católica que lançou Campanha da Fraternidade afirmando que o uso de células de embriões para experiências científicas é considerado um método abortivo e antiético pela Igreja.
Vejamos, o Brasil possui 73,6% da população sendo fiéis católicos. O que nos faz concluir por silogismo, que dentre os Ministros, boa parte é católica, assim, as alegações que favorecem a ADIN são justificadas.
Ademais, existem duas correntes cientificas muito possantes, aquela que defende as pesquisas e as que são contras. Ou seja, não só católicos embargam e questionam o artigo 5º da Lei em comento, há cientistas, dotados de comprovações documentais que questionam a eficácia das pesquisas com embriões congelados.
Ao votarem, os juizes devem fundamentar seus votos consoante o principio da Motivação e da fundamentação e ainda, devem atuar imparcialmente, não podendo inflamar as discussões com crenças próprias. É o que prevê o Princípio da Imparcialidade do Juiz, Princípio Fundamental e um dos pilares do Direito, que garante a Segurança Jurídica. Está inserido na Declaração Universal do Homem e do Cidadão de 1948 e alega que:
“O caráter de imparcialidade é inseparável do órgão da jurisdição. A primeira condição para que o juiz possa exercer sua função dentro do processo é a de que ele coloque-se entre as partes e acima dela. A imparcialidade do juiz é pressuposto para que a relação processual seja válida. A imparcialidade do juiz é uma garantia de justiça para as partes. Por isso, elas têm o direito de exigir um juiz imparcial e o Estado, que detêm o exercício da função jurisdicional, tem o dever de agir com imparcialidade na solução das conflitos que lhe são apresentados.” (Ada Pellegrini Grinover, 2007)
A imparcialidade é imprescindível e deve ser respeitada na hora do voto, há que se ponderar os prós e os contras gerados pelas pesquisas com embriões, e somente isso.
O resultado implicou na não votação da Adin, depois de quase cinco horas de julgamento e do voto contrário do relator Carlos Ayres Britto à ação que declara inconstitucional o Artigo 5º da Lei de Biossegurança, o ministro do Supremo Tribunal Federal Carlos Alberto Menezes Direito pediu vista do processo, interrompendo a votação. Menezes Direito argumentou que a matéria é controvertida, de alta complexidade, e que é preciso haver mais reflexão sobre o tema, o que levará 30 dias úteis de acordo com o Regimento Interno do STF.
Contrariamente, a Ministra Ellen Gracie, pediu para adiantar o voto e acompanhou o relator, votando pela constitucionalidade da Lei de Biossegurança e a favor do uso de Células-Tronco embrionárias em pesquisas. Ao proferir seu voto, a ministra lembrou que o Supremo não foi chamado para decidir sobre a superioridade de uma corrente científica: “Não somos uma academia de ciência.” Segundo Ellen Gracie, o que cabe ao STF fazer é contrastar o Artigo 5º da Lei de Biossegurança com as normas da Constituição Federal.
Sem a decisão do STF houve a conseqüente paralisação das pesquisas, levando em consideração que os comitês de ética em pesquisa das universidades, responsáveis pela aprovação de qualquer tipo de experimento científico, estão reprovando todos os que envolvem o uso de Células-Tronco embrionárias até que se resolva a questão no STF. Entre as pesquisas que estão paradas estão aquelas que estudam doenças neuromusculares, como Esclerose Lateral Amiotrófica e a Amiotrofia Espinhal Progressiva, que em sua forma mais grave não permite que as crianças cheguem aos dois anos de idade.
Estamos, no momento, aguardando que os Ministros dêem vista aos autos, profiram seus votos e assim decidam se podemos prosseguir com as pesquisas.
Andressa Cardoso Monteiro

Proso – pague – nó – zia

Prosopagnosia. Quantas vezes você ouviu falar nessa palavra?
Eu a ouvi hoje, duas vezes num espaço de meia hora, de fontes independentes e desconexas.
Antes de vir trabalhar, estava ouvindo um podcast (tipo um programa de rádio, sendo que sem horário estabelecido, pois é baixado da internet) onde os dois apresentadores discutiam a dificuldade das pessoas em lembrar certas palavras (divulgaram uma pesquisa que concluiu que quanto mais tempo uma pessoa perde tentando lembrar da palavra, mais fortemente ficaram as conexões cerebrais daquele momento de dúvida, fazendo o sujeito esquecer a palavra com mais freqüência e facilidade posteriormente), aquelas que ficam “na ponta da língua”, quando um deles disse “pode ser um efeito parecido com o que causa a prosopagnosia, que é um defeito de cognição que causa com que o indivíduo não reconheça rostos”.
Após chegar ao trabalho, antes de começar o dia, abri a página do wordpress para atualizar o meu blogue. A página inicial muda constantemente, mostrando links de blogues variados, para fazer uma propagandazinha e ajudar todo mundo a ser lido. Quando eu a abri, uma das ligações lia “Maths * Chem = Ranting^2”, o que em bom português significa “Matemática multiplicada por Química é igual a Divagação ao quadrado”, o que foi mais que necessário para chamar a minha atenção (vocês já devem ter percebido que eu gosto dessas três coisas). Após ler o artigo (sobre como é difícil ensinar e escrever livros escolares com clareza), me interessei pela escritora e quis ler mais, aí procurei o quadro de “entradas mais lidas”. O primeiro era esse que eu havia acabado de ler (por estar na página de rosto do wordpress e por ser o artigo mais recente) e o segundo era intitulado “Eu sou um estranho, você é um estranho (Prosopagnosia)”!
Coincidência, certo?
Ou não??
Eu já havia lido um livro que toca no assunto (O homem que confundiu sua mulher com um chapéu, de Oliver Sacks) e já conhecia o termo, por isso que consegui identificar a palavra se repetindo e ligar as duas ocorrências (posso ter ouvido outras vezes antes mas nunca ter me dado conta).
Uma das minhas muitas cunhadas (essa uma ex-cunhada, na verdade) simplesmente não consegue compreender o conceito de Coincidência. Para ela não existe acaso, TUDO acontece por um propósito fixo, deliberado e imutável.
De acordo com a bizarra “lógica” dessa pessoa (eu acho, já que não é lógico ao mínimo), futuramente (pode ser daqui a pouco, pode ser em outra vida), eu sofrerei de cegueira facial, não reconhecendo semblantes.
Outro dia, estava saindo da casa da minha mãe, de carro, com o rádio ligado e, antes que pudesse mudar de estação (não gosto de propaganda), ouvi a chamada de uma seguradora de saúde. No exato momento em que o nome da empresa era anunciado, olhei para o lado, já do lado de fora, e vi uma ambulância da mesma empresa. Li e ouvi o nome quase que instantaneamente. Deveria estar esperando um acidente? Uma oferta de emprego da tal companhia? Plano de saúde vitalício? Para mim? Para alguém da minha família? Para um amigo? Para outrem, totalmente desconhecido e não relacionado comigo? Por quanto tempo devo esperar?
Como pode alguém não ACREDITAR em coincidências? É como não acreditar em espirros.
Milhouse van Houten – Quando você espirra, isso é a sua alma tentando escapar! Dizer “saúde” a enfia de volta para dentro! E quando você morre, ela se retorce e voa para longe!
Bart Simpson – E se você morrer dentro de um submarino, no fundo do oceano?
Milhouse – Ah, ela sabe nadar! E tem até rodas para o caso de você morrer no deserto e precisar dirigir até o cemitério!
Não acho que Milhouse ou minha ex-cunhada já tenham ouvido falar de Occam e sua poderosa navalha.
A “Navalha de Occam” é um artifício filosófico que reza que “se em tudo o mais forem idênticas as várias explicações de um fenômeno, a teoria que introduz o menor número de novas suposições é, geralmente, a mais correta”. O espirro sendo causado por um reflexo fisiológico, versus o espirro sendo causado pela alma (introduzir o conceito de alma e tudo o que deveria explicar sua existência) tentando escapar (uma alma que depois de explicada deve necessariamente ter vontade própria, além da do hospedeiro), que sabe voar, nadar e tem rodas (mais suposições).
Ou, duas coisas parecidas acontecendo independentemente por simples acaso, versus o Universo (representado aqui pelo Espaço e pelo Tempo) manobrando as próprias leis para que VOCÊ (estou apontando meu dedo em sua direção) sinta os efeitos de algo que já foi calculado, com absurda precisão, muito antes do surgimento da Vida, que envolve todos os Corpos Celestes, vizinhos (planetas) e distantes (estrelas) e que estão dando preferência à sua pessoa, em detrimento do resto das moléculas da infinita vastidão universal…
Hum…
“Use a navalha. Corte fora o ridículo antes de acreditar no absurdo”
-Perry DeAngelis-

Previsível. Replicável. Falseável.

=> Hoje inteira um mês que eu estou escrevendo todos os dias, sem falta, para este blogue, mas isto não é uma comemoração. De nada. <=
O Método Científico é o processo pelo qual os cientistas, coletivamente e com o passar do tempo, se aventuram para ajudar a construir uma representação do mundo cada vez mais apurada, confiável, consistente e não-arbitrária.
Tudo o que acontece, se dá por alguma causa natural, que pode ser explicada racionalmente. Não conseguir ver a causa não é o mesmo que a causa não existir (ausência de evidência não é evidência de ausência). Exemplo: passamos alguns milhares de anos sem saber como o Sol se movia ou a Chuva caía. Não víamos a causa, mas ela sempre esteve lá. Se acontece, é natural; se é natural, pode ser explicado; se ainda não é explicado, com perseverança e diligência (e, às vezes, sorte), é passível de ser. Não tema!
Natureza = Ciência.
Duas palavras que exprimem a mesma coisa. Como “mexerica” e “tangerina”, “mosquito” e “muriçoca”, “sutiã” e “califom”, etc.
A Ciência não é uma coisa, um objeto ou algo em que se deva acreditar cegamente. Ciência é um método, uma maneira de fazer as coisas, e que nos ajuda a entender a Natureza.
Este método promove, necessariamente, mais que qualquer religião ou filosofia, a humildade. Um pesquisador pode passar a vida envolvido numa teoria, mas sabe que aquilo, fruto de uma vida inteira de trabalho, pode ser destruído de maneira muito simples, por um experimento, observação ou condições melhores. E sabe que muitas pessoas ao redor do mundo vão tentar, o tempo todo, fazer exatamente isso, o que deve servir para que o cientista em questão se resguarde e se esforce, tentando deixar sua teoria e seu experimento sem furos e à prova de balas.
O que é meio impossível. Podem perguntar a Aristóteles, Newton e Einstein o que aconteceu com a Gravidade.
Na Ciência não existe dogmas, ou verdades imutáveis. Ciência tem que ser maleável e é bom que mude constantemente, para adequar dados mais confiáveis de instrumentos mais sensíveis e tecnologias mais avançadas.
Acreditar no consenso da comunidade científica não é se valer do argumento de autoridade (isso seria acreditar na palavra de uma só pessoa que se diga entendida no assunto), pois cada teoria existente está, neste exato momento, sendo exaustivamente testada para tentar ser desmantelada e uma melhor surgir.
Uma teoria nasce da seguinte forma:
Observação de um fenômeno; uma bola jogada para cima, sempre cai de volta.
Formulação de uma hipótese que explica o fenômeno; o peso da bola está fazendo-a ser atraída pelo chão.
Previsão de resultado, usando a mesma hipótese, de outro fenômeno semelhante; um sapato jogado para cima deverá cair do mesmo jeito.
Realização de testes experimentais, por indivíduos independentes, para tentar confirmar a hipótese; alguém em outro país joga uma banana para cima e espera que ela caia do mesmo jeito que a bola ou o sapato.
Essas pessoas independentes são, geralmente, editores e colaboradores de jornais científicos, que recebem as mais variadas hipóteses para serem testadas, num processo conhecido como “revisão por pares”.
Quando alguém procura primeiro os veículos de comunicação em massa para divulgar suas pesquisas ou suas experiências, está se utilizando do apelo popular que aquilo possa ter (poções que curam tudo, cremes tópicos que emagrecem, etc.), ao invés de colocar a sua “descoberta” sob o escrutínio de um painel especializado, que iria testar exaustivamente sua teoria.
Alegações extraordinárias, requerem provas extraordinárias.
Para uma hipótese finalmente virar uma teoria, ela precisa, necessariamente;
1 – Fazer previsões do que vai acontecer ANTES do fato. Não adianta prever depois. Isso é coisa para astrologia.
2 – Ser completamente repetível por terceiros (observadores autônomos), usando os mesmos parâmetros. Não serve dizer que só Fulano consegue usar um certo procedimento para chegar a um certo resultado especial. Isso é coisa de curandeiro e feng shui.
3 – Ser passível de uma completa obliteração através de observações melhores. Não voga dizer que se deu errado, a culpa é sua. Isso é coisa dos escritores d’O Segredo e de caçadores de fantasmas.
4 – Ser suportado por dados científicos reais, concretos e públicos. Não vale de nada dizer que existe uma pesquisa que prova que algo funciona sem dizer quem fez e onde estão os resultados para que estes possam ser avaliados. Isso aí é coisa de homeopatas.
Se um cientista se apegar a uma hipótese ou teoria e não quiser, mesmo se confrontando com evidências avassaladoras, que ela seja provada falsa, por vaidade ou qualquer outro motivo, esse sujeito não é um bom cientista. Provas sempre devem falar mais alto.
Para finalizar, gostaria de deixar claro que a crença em Ciência e no Método Científico não é o mesmo que crença religiosa, existe uma diferença semântica.
Exemplo, eu acredito que tem 1 Real no meu bolso, mas não pretendo fundar uma religião para venerar ou adorar meu R$1. Não existe dogmas, ou verdades supremas no meu parco dinheiro. Se eu gastar esse miúdo, não passarei o resto da eternidade vagando liso pelo mundo.
A confiança no Método é cética, fruto de provas e evidências, e não resultado de ouvir-falar nem de ameaças nefastas.
Se você está lendo isto, agradeça aos homens e mulheres que se valeram do citado procedimento para fazer com quê seus ancestrais tivessem fogo para afastar os animais, plantações para evitar a fome, barcos para colonizar novos mundos, casas e carros, para nos manter num lugar só, mas não por muito tempo, hospitais para diminuir o risco de morte dos infantes e suas genitoras, vacinas e antibióticos para frear o avanço de doenças, livros para armazenar conhecimento e computadores para perdermos nosso tempo lendo coisas como esta.
Aos que até aqui chegaram, espero que tenham gostado (eu usaria “tenham se maravilhados”, mas acho que esse tipo de reação acontece mais comigo) do relato e que tenham entendido o que é Ciência.
E obrigado pela visita!
“Um milhão de experimentos podem comprovar minha teoria, mas basta um resultado contrário para que ela seja totalmente demolida.”
– Albert Einstein-

Eletricismo e Magneticidade II

==> Isto é uma continuação, se você chegou aqui agora e não leu a primeira parte, volte e leia, senão nada aqui fará sentido.
Bem, fará, mas você estaria perdendo metade da diversão! <==
Tanto os olhos quantos as antenas de rádio são receptores de luz. Nós não vemos o sinal do celular porque as estruturas de captação de luz nos nossos olhos são muito pequenas e as ondas de rádio são muito longas e não cabem dentro das células. É como jogar sinuca com bolas de vôlei.
=> Não consigo pensar numa frase inteligente para esta passagem
Chegamos ao Ultravioleta. “Ultra” significando “acima”, “violeta” significando a cor violeta. Óbvio. Ainda estou estudando e achei pouca coisa, aí estou enchendo com miolo de pote.
Ah, achei uma coisa interessante; O sol produz muita luz ultravioleta que é bloqueada pela nossa atmosfera, ou era, pois o que bloqueia mesmo é ozônio (um alótropo do oxigênio, que se combina em três átomos) e esse ozônio está sendo quebrado por clorofluorcarboneto (o famoso CFC). Por ser muito energética, radiação UV tem a propriedade de quebrar ligações químicas. Uma dessas quebras acontece na nossa pele (e na dos porcos), causando as queimaduras de sol e, em casos extremos, câncer de pele (o carcinoma é causado quando um desses fótons super-energizados atinge e desmantela uma molécula de DNA, fazendo-a agir de forma imprevisível e incontrolável). O mesmo processo pode causar catarata no olho, ressequidão (acho que essa palavra não existe) e rachadura em plásticos (polímeros em geral) e degradação em tintas expostas ao sol.
Tinta UV é usada em sistemas de segurança (da próxima vez que você estiver numa boate com luz negra, olhe pro seu cartão de crédito) e lâmpadas que criam luz ultravioleta (como as fluorescentes) são usadas em armadilhas para insetos (que se orientam à noite navegando pela luz da lua e das estrelas, mas é um pouco mais complicado que isso. Entomologia é divertido).
Análise de minerais, espectrofotometria (tipo espectroscopia, mas mais especializado) e outras coisas com nomes ainda mais difíceis de ler e pronunciar.
=> Carcinoma nos ossos.
A próxima etapa na escala energética da luz é a dos Raios-X.
Esse nome é muito aleatório mas é muito massa também, coisa de revista em quadrinhos e foi dado por um alemão, Wilhelm Röntgen, que recebeu o PRIMEIRO prêmio Nobel de Física por seus estudos sobre os raios. Invocado!
Lorde Kelvin, o da escala de temperatura, disse uma vez que “raios-x não existem, isso é conversa”, mas eu não o ouvi dizendo, não porei minha mão proverbial no fogo.
Raios-x (sempre no plural, diferentemente do terceiro verso de Parabéns A Você, que é “Muita felicidade”) são usados principalmente em contadores Geiger, para medir o nível de radiação em determinados locais, em astronomia (olha aí, os astrônomos de novo), para medir a freqüência de pulsares e medir buracos-negros, e, mais comumente, para bater chapas radiográficas, que depois de usadas, podem servir para a observação de eclipses solares (por astrônomos, talvez?).
Gerar esse tipo de radiação consome MUITA energia, que geralmente é associado à temperatura dos corpos. Pulsares brilham nessa faixa de luz por serem absurdamente quentes. Não adianta o Super-Homem ter visão de raios-x se não tiver algo atrás do objeto para aparar a radiação, que deve ser lançada de seus olhos, pois objetos frios não emitem esse tipo de luz, e isso seria o mesmo sistema de uma máquina de raios-x, que é na verdade uma grande máquina fotográfica que enxerga fótons hiper-energéticos. Mas precisa imprimir num filme, como um lambe-lambe.
=> Do Homem-de-Aço para o Homem Verde Zangado.
Depois de raios-x, vêm os Raios Gama. Não importa o quão mais energético se tornem (não existe ainda limite teórico máximo de energia), continuarão sendo raios gama.
Da mesma forma como os comprimentos de onda da faixa de Rádio podem ser enormes, os da faixa Gama são tão pequenos que uma ruma deste tamanho ainda não dá para ver!
Além de transformar o pacífico físico Bruce Banner na besta selvagem e incontrolável conhecida por Incrível Hulk, radiação gama, por ser altamente letal para qualquer espécie de vida, é usada como meio de esterilização de equipamentos médicos e irradiação de alimentos, o que destrói qualquer ser vivo, como bactérias, que estejam só esperando um hospedeiro quentinho para se estabelecer e tomar de conta.
São naturalmente gerados em explosões de Supernovas e em explosões nucleares, guardadas as devidas proporções.
Bicho muito perigoso, sempre que puder, evite (radiação gama é não-residual, ou seja, não deixa restos por onde passa, portanto você pode comer comida irradiada sem preocupação; a não ser que você seja o técnico responsável pelo processo…).
E este é o Espectro Eletromagnético!
Espero que tenha sido compreensível.

Eletricismo e Magneticidade I

Fótons – porçõezinhas de energia que são, ao mesmo tempo, partículas (como coisas sólidas) e ondas (como som), que se movem à velocidade da luz (trezentos mil quilômetros por segundo) e que variam em freqüência, ou em quantidade de energia, e carregam energia eletromagnética.
Energia eletromagnética é mais ou menos tudo, variando de ondas de rádio, passando por cores, até raios gama.
As ondas de rádio variam em tamanho de vários metros a poucos milímetros. Mas isso é irrelevante (para este artigo, pelo menos). Interessante mesmo é que elas servem para rádio (é nada!) AM (amplitude modulada), FM (freqüência modulada), amador, TV VHF (very high frequency, ou freqüência muito alta), UHF (ultra high frequency, ou freqüência ultra-alta), telefones celulares, ressonância magnética, radares, redes sem fio (do tipo que pessoas usam para espalhar internet grátis pela vizinhança, sem se dar conta), Bluetooth (ou dente-azul, o apelido dum rei norueguês) e outras coisas.
=> Da TV para a pipoca.
Alguém (provavelmente americano), num-sei quando (provavelmente durante a Segunda Guerra), num-sei onde (essa nem chutando eu sei) descobriu que Microondas aumentam a energia das moléculas de água, fazendo-as vibrar mais rápido, resultando em aquecimento do líquido.
Como toda comida tem um pouco de água, essa energia podia ser usada para esquentar o alimento.
E inventaram o forno de microondas.
Um forno mágico que só esquenta a comida e não os recipientes. Os pratos esquentam por condução de calor. O sanduíche quente esquenta o prato encostado nele. Da mesma forma, a umidade do ar esquenta o ar dentro do forno, aquecendo o prato.
Microondas servem para outras coisas, como radioastronomia e transmissão de dados, mas comida quente é melhor. Principalmente se botar farinha depois.
=> Aqueceu, ficou quente.
Radiação infravermelha é basicamente calor.
Nós a utilizamos em óculos de visão noturna (mesmo sem luz visível, corpos ainda emitem calor, captado pelos óculos), espectroscopia (técnica usada para medir quanto de cada material existe em determinada substância. Exemplo; quanto de gás carbônico existe no ar), em previsão do tempo (que precisa melhorar um bocado ainda) e em astronomia (astrônomos usam TODA a tecnologia disponível no mundo), pois a luz infravermelha não é bloqueada por nuvens de poeira, como acontece com a luz visível.
O nome vem do fato dessa faixa de freqüência ser imediatamente inferior (em energia) à luz vermelha, que é onde nossa visão começa a funcionar.
=> E faz-se a Luz Visível!
Experiência interessante: acenda a boca de um fogão e coloque um garfo (os dentes finos ajudam a acelerar o processo (use um garfo com cabo de madeira ou plástico ou enrolado num pano (cuidado para não queimar o pano!))) em contato com a chama. Quando avermelhar, você estará testemunhando a criação de luz visível, nascendo do estágio energético imediatamente inferior (a energia aumenta porque está sendo suprida pela labareda), radiação infravermelha. Física é o que há!
A transição da radiação infravermelha (milésima vez que escrevo a palavra “infravermelho” e não consigo escrever certo de primeira… a mesma coisa acontece com “limitando-se”) para a luz visível dá-se quando uma coisa fica tão arrochadamente quente que fica incandescente, avermelhada.
Tudo até agora e daqui em diante é luz, do mesmo jeito que luz é luz, mas a luz que chamamos de luz é, na verdade, luz visível.
Esta vai do vermelho ao violeta e é composta por uma quantidade virtualmente infinita de cores, e não só as sete do arco-íris (vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta). Estas são apenas concentrações mais fáceis de ver dentro das transições infinitas.
Com luz visível dá para fazer um mói de coisa. Ver é a melhor delas.
Todos os que estão lendo isto enxergam, então não preciso discorrer sobre o assunto (e também não dá para explicar percepção subjetiva; tente imaginar uma cor que você nunca viu, por exemplo).
Minha cor favorita de dizer é Grená (existem pessoas que sofrem de uma condição chamada sinestesia, que as fazem experimentar cores combinadas com outras sensações, como ouvir um azul, mas eu dedicarei um artigo completo a isso porque é muito legal de verdade).
==> Em prol da parcimônia e zelando pela paciência de meus visitantes, divido este artigo em dois. A primeira parte acaba aqui, a segunda virá em breve. <==

Myrciaria cauliflora

Jabuticaba, parente próximo da goiaba, fruta da pele escura de polpa branca de sumo saboroso, contendo um ou dois caroços, mas de fácil digestão.
O pH da fruta (que se deixada de molho em álcool por 24 horas e filtrada, serve como indicador de pH) varia entre 2.91 e 3.70, deixando a fruta bastante ácida (por causa da rica quantidade de vitamina C, ou ácido ascórbico), o que pode causar danos à boca se degustada em excesso.
Fruta que nasce do tronco da árvore e pode ser colhida até cinco vezes por ano, usada na fabricação de vinhos, com alto teor de açúcar (quanto mais madura, mais doce), útil no tratamento contra os efeitos da fumaça de cigarro em células.
Árvore nativa do Brasil, na região abrangendo os estados de Minas Gerais e Bahia, pé formoso, alcançando até quinze metros de altura, de raízes rasas (absorvendo nutrientes com muita rapidez e facilidade), vive em locais quentes mas agüenta climas frios muito bem.
Produto comercial importante para nosso país, sendo exportada (tanto a fruta quanto a planta) para várias nações ao redor do planeta.
A jabuticabeira (principalmente da espécie Jabuticaba Branca) está ameaçada de extinção. Hoje em dia é muito difícil achar uma Jabuticaba Branca disponível, portanto eu aconselho a quem achar uma, pegue para si e, se possível, a plante.

Andale, andale!

Ontem eu disse que guacamole era Inca, mas eu estava errado.
Na verdade é Asteca (mnemônico: inca – machu pichu; asteca – teotiuacan).
Estes são do México, aqueles, do Peru.
Guacamole é a aglutinação de ahuacatl, que significa abacate, com molli, molho.
A receita tradicional leva abacates maduros (atualmente é mais fácil achar uma pérola negra dentro de um sapato de palhaço na seção de livros de toponímia de uma biblioteca pública com nome de presidente que achar um abacate maduro no supermercado), tomates (também sul-americano), cebolas roxa (introduzidas no continente por Cristóvão Colombo), pimenta-do-reino (também introduzidas por conquistadores, mas provavelmente substituindo a pimenta-rosa, nativa daqui e mais tradicional), pimenta calabresa (acabo de descobrir que esta é igualmente americana e não vem da Calábria, como eu supunha. Aprender é bom!), coentro (uma erva africana, mas que não foi usada ontem em respeito a uma pessoa que eu sei que não gosta mas que não pode ir, fazendo falta), suco de limão (originário da Índia. Onde diabos eu achei essa receita “tradicional”? Tão tradicional quanto sucrilhos. Tradicional é pipoca, chocolate, café, cajuína…) e sal. Sal eu vou dizer de onde é não. Ainda é muito cedo da manhã.
Tequila é uma bebida originária da cidade de Tequila, estado de Jalisco, México, destilada do sumo do agave azul (Agave tequilana), parente do sisal (Agave sisalana) que aqui é utilizado na fabricação de cordas.
Os Mexicas (nome pelo qual os astecas se referiam a si mesmos, “asteca” sendo o nome dado pelos europeus) não inventaram a tequila, inventaram sim o pulque, uma bebida fermentada do caldo do agave (que causa dermatite se entrar em contato com a pele!). Quem começou o processo de destilação, efetivamente criando a tequila, foram os europeus, quando o rum acabou. Fermentar é fácil; é só espremer o suco, misturar açúcar se necessário, ou cuspir dentro (sério) e colocar no calor (precisa nem ser fogo, basta um chão quente num dia de sol forte). Destilar é bem mais difícil e perigoso, envolvendo evaporação do etanol (altamente explosivo), filtração do sumo fermentado e recombinação dos dois produtos.
Foi-me dito ontem que a tequila repousada é de qualidade inferior pois não é envelhecida, mas eu não conheço tequila (sou apreciador de Cachaça) nem tenho ressaca (o processo de envelhecimento introduz mais impurezas congêneres), então para mim tanto faz.
Eu lembro de ter lido que o agave é cultivado em certas regiões pelas flores, que são comestíveis e perenes. Mas é muito cedo para pesquisar isso agora (eu não escrevi ontem porque passei o dia preparando a mexicanada) e vou ter que ficar devendo. Lembrem-se, pode ser mentira.
Que mais?
Outro molho “tradicional” para se comer com Doritos (!) leva só tomate, alho, sal e molho de pimenta (mas ontem eu coloquei alcaparras para agradar a mesma pessoa que não come coentro e que não foi para a festa), aí não tem muito o quê falar.
Burrito é só carne (não de burro, se bem que carne de charque é carne de cavalo. Pronto, eu disse!) com legumes, enrolados numa espécie de panqueca seca de farinha. Mas é bom que só.
No México, porém, todas essas comidas equivalem ao nosso “sebosão”, ou cachorro-quente de rua. O que eles comem mesmo é milho, arroz e feijão. Igual a nós.
P-p-por hoje é s-s-só, p-p-pessoal!

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