Enigma molecular – 4ª fase

Acho que a maioria já sabe o que fazer: descubra que molécula é essa e diga qual o nome dela nos comentários. Dizer de onde vem não diminui a pontuação.
A dificuldade está aumentando!

Não precisam correr com a resposta, vocês têm o fim-de-semana inteiro.
Resposta só segunda-feira, se eu não acordar muito assustado com o despertador.
Mais enigmas moleculares aqui.

Resenha – Como os Médicos Pensam

Eu preciso começar esta resenha dizendo que esse livro é Ótimo!
Um dos melhores livros que já li em minha vida e o melhor que li este ano. Muito ótimo!
O livro me cativou a partir do primeiro parágrafo, onde o Jerome Groopman conta a estória de uma paciente que sofria de uma doença mal diagnosticada e sua trajetória para tentar se curar. Mas isso é só o primeiro capítulo!
Cada capítulo trafega num mundo diferente dentro do universo da medicina, de crianças misteriosamente anemicas a idosos se submetendo a tratamentos para doenças erradas, passando por médicos que se deixam levar pela própria fama ou pelo uso exagerado de algum equipamento ou medicação.
O escritor, médico especialista em câncer e sangue, dá uma aula (do tipo bom, da que dá gosto assistir) de pensamento crítico, apontando os erros mais comuns (e alguns nem tanto) que médicos e pacientes cometem durante um diagnóstico ou tratamento.
Explica e exemplifica magnificamente erros de atribuição e por satisfação da busca, desvio de resultado e de missão, mostra como a relação médico-paciente pode ter um lado negativo mesmo quando existe afeto entre eles e como o status de chefe pode trazer consequencias indesejadas para toda a equipe.
Mas também ensina aos pacientes como devem interagir com aqueles que os tratam e relata contos de esperança onde médicos, tanto alguns experientes quanto outros mais novos, salvam vidas de maneira heróica.
Esse volume é repleto de casos excepcionais, descritos vívida e elegantemente, de uma maneira que me fez pensar, mais de uma vez, que se tratava de ficção, apesar do autor afirmar o contrário.
Apesar de ser cheio de termos técnicos, Groopam é tão bom na arte de contar estórias (habilidade que, tenho certeza, o ajuda muito na seu dia-a-dia de professor) que tais termos deixam de ser instrumentos com nomes complicados e passam para a categoria de personagens.
De leitura fácil (muito bem traduzido) e viciante, reitero, esse é o melhor livro que li este ano (devo ter lido uns trinta desde janeiro) e recomendo com o Selo Igor Gold de Qualidade!

Já nas livrarias ou direto pela página da Editora Ediouro.

Menos é mais

Estou neste exato momento ouvindo o podcast do Instituto SETI e nele, o convidado Martin Lindstrom, especilista em marketing e autor de Buyology: Truth and Lies About Why We Buy fala de um estudo que ele conduziu com mulheres e caixas de chocolate.
Segundo ele (aos 41m, 55s), caixas contendo 30 chocolates foram apresentadas a várias mulheres para que elas escolhessem tantos quanto quisessem e, acabaram pegando apenas um deles.
Em seguida (ele não especifica, mas eu acho que usaram mulheres diferentes), trouxeram uma caixa contendo apenas seis barrinhas e disseram a mesma coisa. Resultado da fase dois? Em média, três chocolates foram escolhidos.
Conclusão: a quantidade na embalagem afeta o quanto compramos daquilo (mas ele fala muita besteira durante a entrevista, não é bom acreditar em tudo que ele diz).

Carbono 14

Já há muito tempo que eu quero explicar o processo de medição da idade das coisas utilizando-se carbono radioativo (ou C14) e agora há pouco li uma notícia que complementa otimamente o que eu queria fazer.
Começando do começo, o elemento Carbono, via de regra, contém seis prótons (daí o seu número atômico, 6) e 6 nêutrons, que pesam tanto quanto os prótons, dando ao átomo um peso atômico de 12.
Esse peso é do isótopo (mesmo elemento, diferente número de nêutrons) mais abundante e estável, o C12.
Existem outros dois isótopos de carbono, C13 (estável mas bem menos comum) e C14.
Este último é radioativo. Ou seja, ele tem o núcleo instável e tende a perder os nêutrons que tem a mais, e isso acontece a uma taxa bastante regular, conhecida por meia-vida.
Explicando da maneira mais simples que eu consigo, “meia-vida” é um intervalo de tempo no qual metade de alguma coisa acaba.
Se eu estou drenando um lago e levar uma hora para drenar a metade dele, a meia-vida do lago é 1 hora (de forma que eu sempre leve sessenta minutos para retirar metade da água que sobre, seja essa quantidade qual for).
Voltando ao C14; esse átomo com o núcleo inchado tende a retornar ao estado mais estável, perdendo dois nêutrons e voltando a ser um carbono 12. A meia-vida do carbono 14, ou o tempo que metade da amostra leva para ficar estável, é de cinco mil anos e meio, aproximadamente.
(Se eu comecei com cem átomos, daqui a cinco mil e quinhentos anos terei 50.
Depois de mais cinco miliquinhentos, terei 25 e assim por diante. O tempo é sempre o mesmo para qualquer que seja o tamanho da metade.)
As plantas, ao respirar gás carbônico, capturam uma quantidade geralmente bem conhecida de carbono 14 junto com todo o carbono que absorvem e passam essas amostras para frente (ou para baixo, dependendo do referencial) dentro da cadeia alimentar, sempre “enchendo o tanque” de C14.
Quando uma árvore, um elefante, um peixe, uma doninha, um peba ou uma lagartixa morrem, deixam de abastecer o reservatório de carbono radioativo, que começa a decair para sua contraparte estável a uma taxa conhecida.
Contando-se o número restante desse marcador, sabe-se a idade da amostra (orgânica, sempre lembrando. Minerais não podem ser datados assim), com uma margem de erro de algumas décadas (ruim para medir algo do ano passado, mas ótimo para medir a idade de ossos de mamutes, dentes-de-sabre e hominídeos pré-sapiens).
Porém, depois de 7 ou 8 meias-vidas, a amostra fica praticamente desprovida desse isótopo radioativo e a medição acima de 60 mil anos se torna inútil por esse método (existem outros elementos radioativos com meia-vida bem maior, como Argônio que vira Potássio e Urânio que vira Chumbo).
Agora, um dado aparentemente aleatório mas que vai fazer sentido mais para frente: árvores equatoriais, como as da Amazônia ou a do Parque das Dunas aqui em Natal, não criam anéis enquanto crescem, impossibilitando a identificação de sua idade por esse método.
Não criam anéis de crescimento porque esses ditos anéis são indicativos de quantas primaveras se passaram, que é a estação onde as árvores dão um estirão rápido, deixando seus centros marcados.
Sem primavera, sem anéis.
Perto da linha equatorial = sem estações.
Agora vem a notícia que eu recebi hoje.
Durante os anos 50 os EUA, a França, a Inglaterra e a Rússia testaram muitas bombas nucleares, explodindo-as na atmosfera.
Essas explosões liberaram nêutrons que, ao se encontrarem com os abundantes átomos de carbono 12, formaram (depois de apenas dois encontros) carbono 14 radioativo (C12 + 2 nêutrons).
Segundo a ecóloga Nalini Nadkarni, naquela época (guerra fria), a quantidade de C14 atmosférico aumentou em 100% por causa dessa formação forçada de forma ferrenha e fenomenal.
Aliterações de lado, ela diz que pesquisa apóia a idéia de que o pico daquele isótopo produzido acidentalmente começou em 1954.
Portanto, por causa de todas aquelas bombas atômicas, foi criado, inadvertidamente, um marcador temporal em todas as árvores do mundo, que possibilitará, daqui a alguns milhares de anos, cientistas a datá-las com a precisão de um ano.
1954.
Antes disso, níveis normais. Logo após, 100% de aumento (isso é verdade também para qualquer planta, mas árvores tendem a viver mais tempo, por isso que estou dando ênfase a elas).
Agora, descendo um pouco a ladeira alimentar.
Um biólogo sueco, Jonas Frisén, enquanto estudava pinheiros, teve a brilhante idéia de estudar humanos (uau!) e descobriu que pessoas nascidas a partir de 54 tinham, em suas células cerebrais (as maioria das nossas células são repostas com certa frequência, menos os neurônios, que são os mesmos desde que nascemos, com frequência de reposição = zero), muito mais carbono 14 do que as nascidas antes desse ano mágico e as nascidas já nos anos 60.
Não que isso faça diferença alguma para nada, mas é sempre legal saber dessas coisas…

Buscas abrangentes

O google é uma ferramenta fabulosa, principalmente por levar em conta a aleatoriedade das pessoas.

Clique para ampliar a imagem em toda a sua glória.

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Eu acho isso muito massa!

Num estalar de dedos

Não vou falar sobre o estalar de dedos “Garçom, a conta!”, mas aquele de “Eu sou mais durão que você!” ou de “Mãos à obra!”.
Sempre me perguntam duas coisas sobre isso:
1 – Sabia que estalar os dedos causa artrite?
2 – O que causa o barulho de dedos estalando?
Minhas respostas para essas perguntas são mais diretas (curtas) e incisivas (grossas) do que algo que eu escreveria, portanto vou me ater ao que a ciência sabe sobre o assunto.
Clique aqui para ler o resto.

Vanilina

Ou o sabor de baunilha.
A planta é uma orquídea trepadeira, natural do México, e a baunilha em si é uma vagem que quando é colhida não tem o sabor ou olor característicos, que se desenvolvem através de um processo de cura (envelhecimento) dos grãos.

“Baunilha” é uma corruptela de vainilla, espanhol para “pequena vagem”.
Hum…
Baunilha natural é o terceiro produto alimentício mais caro do mundo (preço/quilo), vindo após trufas e açafrão (carece fonte, mas é isso mesmo, um grama desse negócio é CARO)
P.S.
Nome completo: 3-Metoxi-4-hidroxibenzaldeído
P.P.S.
Todo mundo sabe, é? Vocês estão acabando comIgor…
Vou ter que aumentar a dificuldado agora, se preparem!

Enigma molecular – 3ª fase

Quem ainda não sabe o que está acontecendo deve clicar aqui.
Quem souber o nome da molécula e de onde ela vem, diga nos comentários para ter como prova objetiva.
Que bicho é esse?
.
Já conseguiram farejar a resposta?
Resposta segunda-feira, enquanto estiver comendo um bolinho com café.
Para os que ainda não leram as respostas do enigmas anteriores, cliquem aqui.

Cavernas brasileiras: pedindo ao rato…

…para guardar o queijo.
(Já escrevi sobre isso no meu outro blogue, não quero me repetir mas quero divulgar.)

Batatas verdes venenosas

Nem sempre a diarréia coletiva movida a salada de batatas de fim de festas de aniversário está na maionese displicentemente guardada fora da geladeira por 72 horas.
Algumas vezes, as batatas são as culpadas.
Batatas esverdeadas podem conter solanina, um glicoalcalóide (parente dos alcalóides de Pasárgada) venenoso que pode causar náusea e vômito, cólicas e diarréia, arritmia cardíaca, tontura e dor de cabeça. Em casos extremos ocorre também alucinações, dormência, paralisia, febre e hipotermia.
Sempre lembrando, esses sintomas são causados pelo consumo da solanina, e não das batatas.
Quando expostas ao sol, a quantidade dessa toxina aumenta nas batatas, que não são acostumadas com luz, pois crescem dentro da terra.
Elas ficam verdes pela ação da clorofila, que nos é inócua, mas é um indicativo de que aquela batata foi exposta à luz e deve ser evitada.
Falando novamente em falta de costume, batatas não devem ser guardadas na geladeira (o chão é um lugar quente) por muito tempo.
Aliás, como regra geral, quanto mais velha for, mais solanina terá desenvolvido.
Agora, as boas notícias:
Um adulto médio teria que consumir mais de um quilo de batatas verdes para apresentar sintomas de intoxicação por solanina, contida em quantidades minúsculas entre a casca e o miolo dos tubérculos.
E se estiverem fritas, vai comer até rachar o bucho e não vai adoecer, pois aquele glicoalcalóide é removido para a gordura em temperaturas altas (dica: não beba o óleo da panela).
Tomates verdes também contêm solanina em altas doses (cem gramas de tomates verdes crus podem tem uma quantidade suficiente de toxina para causar problemas digestivos), mas ficam seguros quando maduros.
Tabaco também tem solanina (além de nicotina, outra neurotoxina extremamente nociva).
Atualização matutina: este artigo ficou meio cotó, mas eu lembro de ter escrito mais que isso. Estranho…

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