Mídia moderna, jornalismo antiquado

O diário natalense Tribuna do Norte, agora a pouco, atingiu a marca de 600 seguidores no Twitter.
De quando em quando, alguém cuja função anterior ainda não consegui apurar, tuíta uma chamada curta (passível de ser facilmente repetida sem a necessidade de cortes) e um link para uma notícia na página do jornal.
Para quem ainda não conhece, o Twitter é um meio para informar pequenas coisas a quem quer que os siga, em tempo real (ou no espaço de tempo necessário para que suas mensagens sejam lidas), e vice-versa, possibilitando que se leia qualquer mensagem mandada por outrem.
O “pequenas coisas” se deve ao fato de, cada mensagem, ou twit, poder conter no máximo 140 caracteres, ou exatamente o conteúdo desta linha.
As mensagens mandadas pela Tribuna não dizem coisa alguma, são apenas as manchetes das notícias que eles querem que todos leiam em sua página na Internet.
Isso é equivalente a Sherlock Holmes embarcar num avião supersônico para chegar mais rápido à cena de um crime munido apenas de lupa.
Meios de ponta para métodos há muito ultrapassados.
Isso me ocorreu mais fortemente ontem quando eu sai do trabalho para almoçar e encontrei a rua impedida e o tráfego nela parado.
Passei mais de vinte minutos num trecho que em condições normais me tomaria apenas cinco.
A equipe de jornalismo da Tribuna do Norte sabia disso e tuitou: “Acidente entre ônibus e carros congestiona trânsito no Centro” e incluiu um link que não abre na minha neolítica máquina computacional.
A maneira twitter de dar a notícia seria “evitem a Rio Branco, ela está parada” e um link para a notícia. Quem pudesse, como eu, evitaria essa rua.
Mas preferiram pensar com os pés e colocar um meninote na esquina, gritando EXTRA, EXTRA!
Eles não estão nessa para prestar serviços mas sim para propagandear o próprio sítio.
E é por essa mentalidade que eu acho é pouco que diploma de jornalista agora só serve para esconder infiltração.
Custa acompanhar as mudanças?
P.S.
Parabéns aos agentes da STTU pela ação rápida de coordenação do tráfego.
O telefone de lá é 156 ou 3232-9095 e eles atendem 24 horas por dia. Se vocês virem algum carro parado em local indevido ou um sinal sem funcionar, liguem e me ajudem a não morrer de raiva antes dos 35.
Pode demorar pois eles têm poucos carros, mas eles eventualmente chegam.
P.S.2
Já que hoje é dia de política aqui no SbBr, a imbecil excelentíssima prefeita Micarla de Souza vai mais uma vez mudar o nome da secretaria, que passará a se chamar SEMOB.
Eu sei disso porque conversei bastante com dois “amarelinhos” uma noite dessas.

Coisas que não sei – Homo sapiens sapiens

Sendo nós, seres criadores e usuários de calçados com fecho de velcro, os únicos membros não-extintos do gênero Homo e já havendo a espécie sapiens, qual o motivo de existir uma subespécie classificatória?
Se hoje em dia só existe um “homo” e “sapiens” servindo perfeitamente para nos diferenciar dos nossos “primos” não mais existentes, existe uma necessidade real de sermos Homo sapiens sapiens?
Pergunta Bônus: exatamente em que ponto da nossa contínua evolução poderíamos afirmar existir uma nova subespécie, um Homo sapiens superioris, digamos?
E o quanto de mudança seria preciso para um Homo novis, uma completamente nova espécie?
A diferença entre um lobo e um cachorro é um familiaris.
Nota: eu sei que a classificação de Lineu está um tanto ultrapassada, com cladística e tal, mas a pergunta continua: quanto de mudança genética é necessária para abrir uma nova vaga?
Como complemento para a pergunta, consultem esse artigo do Blogueiro X (me recuso a chamá-lo de “cretinas”)

Argumento de autoridade (ou de ignorância?)

Quando eu penso que não, leio um negócio que me impressiona pela falta de cuidado.
Estou aqui lendo o tão aclamado e seguido Guia Quatro Rodas – Rio Grande do Norte, da Editora Abril.
Apesar da excelente falta de indicação (que só pode ser fruto de um esforço consciente para esconder a data da publicação), tenho quase certeza que esta versão que tenho em mãos saiu em 2007.
Na página 117, na seção dedicada à praia de Touros, há um quadro de destaque com uma foto do Farol do Calcanhar e o seguinte texto:

O mais alto
O farol do Calcanhar tem 62 metros e 298 degraus. É o maior do Brasil e o segundo do mundo, só perdendo para o fabuloso Farol de Alexandria, que já foi uma das sete maravilhas do planeta. A visitação é só externa. Informações pelo tel. 3502-5402.

Natal já teve a maior loja de colchões do mundo e no município vizinho de Nísia Floresta encontra-se o maior cajueiro do mundo, mas o segundo maior farol?
Indo por partes: eu aprendi no colégio que a única das “sete maravilhas” ainda de pé são as Pirâmides e que o Farol de Alexandria foi destruído por terremotos (mesmo destino da biblioteca de lá) há muito tempo.
“Muito tempo” aqui significa 529 anos.
O tal “maior farol” deixou de existir e deu lugar a um forte vinte anos antes do Brasil ser abordado por europeus.
Então quer dizer que o farol em Touros é o maior do mundo já que seu concorrente direto perdeu a coroa quatrocentos e sessenta e três anos anos daquele ser construído?
Hummm…
Não.
O maior farol do mundo é o da Marina de Yokohama, no Japão, que é 70% mais alto, com 106 metros.
Voltamos ao segundo lugar.
Bem, nem tanto.
Sequer o mais alto das das Américas.
Um tal de Cabo de Hatteras, na Carolina do Norte, EUA, tem 64 metros.
Uh, na trave!
Eu consigo cuspir mais longe que a diferença de altura entre os dois, mas “mais alto” é “mais alto”.
Que pena.
Pelo menos temos o terceiro farol mais alto do mundo.
Mas seria o terceiro mesmo?
É, é o terceiro mesmo. Só quis criar mais tensão.
O erro ‘foi’ e ‘não foi’ do Guia.
‘Não foi’ porque eles se confiaram numa fonte aparentemente confiável, não tendo sido o primeiro lugar a dizer isso e ‘foi’ porque eles não se preocuparam em falsear a informação, procurando por estruturas maiores (e falharam completamente em lembrar das aulas de História Geral).
O motivo da confusão pode ter sido causado por linguagem específica e falta de atenção, já que na página do Serviço de Sinalização Náutica do Nordeste consta a frase “segundo maior do mundo em altura focal”, que não é o mesmo que altura da base ao topo.
Mas, como dizem os Pet Shop Boys: “se a vida é…

Com quantas pintas se faz uma bochecha sardenta?

Sábado eu fui a um evento que consistia em: perder todo o senso de civilidade e auto-estima dançando do pior jeito possível, comer o máximo de derivados de milho que a Lei permita, tentar a todo custo manter a integridade física de seus apêndices articulados e de sua camada protetora externa apesar da constante ameaça de artefatos explosivos e o livre tráfego de faíscas, fagulhas, chamas abertas e estilhaços, e voltar para casa absolutamente defumado devido à exposição contínua à resíduos de partículas suspensas provenientes da queima de tecido orgânico de vegetais lenhosos. Ou, como costumam chamar por aqui, um arraiá.
Pois bem, enquanto tentava não ter o meu cabelo inflamado por um tal de chuveirinho (artefato produzido primariamente para uso infantil que produz um efeito semelhante a o de um maçarico de acetileno) nem meus tímpanos irremediavelmente rompidos por rápidos deslocamentos de ar provenientes de reações altamente exotérmicas, notei algo interessante: quase todas as garotas estavam com as bochechas excessivamente avermelhadas e, dentro da área afetada, alguns pontos pretos.
Bom, essa não é a parte mais interessante (nem tampouco o fato de todas elas terem suas cabeças emolduradas por tranças presas por fitas coloridas).
O que mais me chamou atenção naquelas sardas artificiais foi a observação (e posterior confirmação) de que todas elas eram idênticas.
Tendo notado que cada mulher chegou num momento distinto e tendo visto minha namorada pintando as suas, rapidamente peguei um atalho mental, eliminei vários passos de raciocínio e cheguei à conclusão de que todas fizeram exatamente o mesmo desenho de maneira independente das outras.
dado5.pngMas, fiquei com a pergunta: por que cinco pontos, com um no meio e quatro nos flancos, como num dado?
rosinha.jpgO modelo que mais me vem à cabeça quando penso em “festa junina” associada à “fantasia feminina” é Rosinha, e ela não tem sardas.
De onde estaria vindo a idéia de criar tal padrão?
Como essa foi a primeira vez que notei a semelhança, não posso dizer que sempre foi assim, mas especulo que seja.
Vou continuar minhas investigações e, caso tenha alguma novidade que valha a pena ser contada, venho aqui e conto.
Enquanto isso, caso alguém já saiba a resposta, por favor me diga.
E o mistério da cara-de-dominó permanece…
domino.jpg

Produtos “naturais”

Eu sempre fui mordido com essa estória de produtos naturais e com a associação que se faz entre tais produtos e benefícios pra saúde.
1 – Nem tudo que é rotulado de artificial faz mal;
2 – Nem tudo que é rotulado de artificial realmente o é;
3 – Nem tudo que é rotulado de natural faz bem.
Enquanto lia o mundo, como tento fazer todos os dias, lembrei de um blogue excelente que costumava ler e que (graças ao GReader e Twitter) havia sido empurrado da minha memória, o Nunca Fui Gorda, cujo artigo mais recente fala um pouco dessa conversa de “produto natural” estampado em letras majestosas nos rótulos de produtos de origem duvidosa.
A autora, jornalista Francine Lima, inicia o artigo Finalmente explicaram os “naturais” dizendo que nunca havia conseguido uma explicação razoável para a diferença entre denominações “natural” e “artificial” de corantes e aromatizantes alimentícios.

Eu tinha essa dúvida há um tempão. E não adiantava ligar pro SAC pra perguntar.

Pois é, a Francine é das minhas. Não só lê os rótulos como liga para os SACs da vida.
E, como eu, ela também não gosta muito da conversa de que “química” é uma coisa ruim.

“(…) Estamos tão errados quando acreditamos que “químico” é um adjetivo que confere uma qualidade ruim a algo que um dia foi natural e bom.

Apois, pedi autorização para reproduzir uns pedaços do texto dela mas não vou ter todo o trabalho. Vão lá e leiam o resto, vale muito a pena!
Produtos “naturais” não são sinônimos de “benéficos“.
Sabem o que mais é natural? Cianeto, veneno de escorpião e catarro.
Eu ouvi falar que um shake desses produtos naturais fazem um bem maior do mundo, curando rapidamente qualquer doença que o indivíduo tenha e melhorando o código genético da humanidade.
E um “pão sem química”?
Não existe. Sequer em imaginação, que necessita de processos bioquímicos para se manifestar.

Sangue de São João

Eu gosto muito desta época do ano em que estamos agora (não vou chamar de “melhor época do ano” porque essa é qualquer uma que inclua “férias”, que não posso tirar agora).
Adoro milho e seus milhares de subprodutos, gosto do cheiro de fogueira e de dançar quadrilha, mas reservo um lugar em meu coração para o mês de junho principalmente por causa das bombas (nada como o cheiro de pólvora logo cedo).
Quando eu era criança e não era época junina (o que dificultava a obtenção de explosivos por menores), eu fabricava minhas próprias bombas em casa (o que não significa que eu não mais o faça, mas agora eu tenho “responsabilidade civil” e nenhum diploma universitário que me garanta uma TV na cela).
Talvez pela experiência adquirida (a conclusão perdeu a premissa de vista) eu nunca tenha me machucado com estilhaços ou me queimado com pólvora incandescente.
Porém muitas pessoas (descuidadas ou vítimas inocentes) se machucam. Gravemente, inclusive.
Não tenho dados estatísticos aqui comIgor, mas creio que boa parte da população pelo menos se queime superficialmente ou no mínimo perca um olho (você sabe que a festa foi boa pelos pedaços que lhe faltam no outro dia).
Mas outros se ferem de escorrer sangue. Muito sangue.
Seja por membros amputados (minoria), seja por brigas alimentadas por excesso de quentão, pessoas (com suas carnes frágeis) sangram facilmente.
Eu sei disso porque todo ano, no começo de junho, meu banco de sangue favorito me liga para me lembrar de ir doar para o “estoque junino”.
Creio eu que eles mantenham estatísticas confiáveis do número de pessoas que chegam aos hospitais da cidade precisando “encher o tanque”.
Neste caso, essa informação é o suficiente para me levar até a agulha e dizer “sigam-me os bons”.

Sim, esse é o meu braço.
A agulha pode ser grossa o que for, mas a injeção não dói.
Obviamente você sente a bicha entrando, mas doer não dói.
A não ser que você tenha medo de agulhas e injeções. Nesse caso dói. Mas não dói porque está doendo, dói porque você está achando que vai doer quando na verdade não dói.
Relaxe, e aproveite o lanche depois.
Mais sobre sangue vocês encontram lá nos primórdios da minha vida blogueira.
Procure o hemocentro da sua região, reserve uma hora do seu dia e vá lá.
Você ainda ganha atestado para o passar o resto do dia em casa!
Doe sangue. Você tem muito dele.

Coisas que não sei 2: cores de lasers

Por que todo apontador “laser” é vermelho?
Aliás, eu geralmente só escuto falar em laser vermelho, raramente sobre um de outra cor.
Seria possível criar um laser infravermelho para transmissão de calor à distância?
Eu pensei numa arma não-letal para o combate a crimes. Um feixe de luz infravermelha esquentando a mão de um bandido empunhando uma arma apontada para uma cabeça inocente, por exemplo (vocês viram aqui primeiro!).

Rapidinha: autocontrole

Ontem eu entrei numa livraria e, quando me dirigia ao computador para pesquisar o título do livro que pretendia comprar e que me havia sumido da memória, noto muitas crianças sentadas (ou tentando permanecer sentadas) e muitos pais aliviados, todos virados para a mesma direção.
Não dei muita importância porque estava querendo muito lembrar o título de livro e tentando com muita força não esquecer do sobrenome da autora (cujo nome eu até agora não decorei), mas depois de ter adquirido eletronicamente a informação desejada (me forçando a não acotovelar um adolescente que havia invadido violentamente o meu espaço pessoal semelhantemente a como pés de lagartixa fazem com paredes), relaxei e deixei meu cérebro vagar em busca de algum estímulo. Eis que então ouço uma voz feminina dizendo: “Vocês sabiam que antigamente não existiam noites? Pois é, houve um tempo em que só havia dias!” (os erros de concordância da frase original foram devidamente suprimidos para este artigo)
Ao reparar na cena completa, vejo que uma jovem senhora está falando em direção a receptivos rostos infantis.
Não sei se ela era uma autora de livros ou apenas alguém que gosta de discursar na frente de crianças, pois não colhi mais informações, saindo do âmbito auditivo daquela narrativa o mais rápido que pude.
Motivo? É bastante difícil para mim não confrontar alguém que espalha mentiras deslavadas do jeito que aquela mulher estava fazendo.
Tudo bem; livros infantis, fábulas, estórias fantásticas, pequenos polegares, etc, mas a vontade de retrucar com um “como assim não existiam noites?” é maior que eu.
Precisei ir correndo ao caixa, assoviando “90 milhões em ação” o mais alto que conseguia.

Coisas que não sei: cheiro de roupa preta

Vou iniciar aqui um mecanismo de busca orgânico. Eu faço a pergunta e espero as respostas aparecerem.
Como só tenho leitores Nível-Iluminista para cima (vou começar a agradar vocês, meus queridos), acho que terei respostas interessantes.
Por que roupas pretas têm um aroma diferente (geralmente desagradável) de outras cores?
O quê, na tintura preta, confere aquele odor estranho ao tecido (normalmente ativado por calor, quanto mais quente, mais fede)?
E, mais importante de tudo, como eliminar o cheiro?
Uma busca no Oráculo por “cheiro de roupa preta” resulta em três entradas: um poema, um pedaço de uma resposta que não me ajuda e este artigo.
Dia desses eu fiz um teste com uma camiseta particularmente podre que já sai da máquina de lavar fedendo.
Por ser impossível de usar em um ambiente comunitário devido ao budum que o pano exala (nem sozinho eu consigo usar porque me incomoda bastante), rasguei a bixiguenta em quatro pedaços.
Mergulhei um deles em vinagre puro, outro em café frio, o terceiro em café quente e o último em água com amaciante demais para uma só peça.
Deixei todos eles de molho por duas horas (eu passo tempo demais em casa…) e depois deixei-os secar ao vento, na sombra.
A primeira amostra ficou com cheiro forte de vinagre (nenhuma surpresa aí) mas voltou ao normal depois de uma lavagem rápida com água e sabão;
A segunda saiu com cheirando a café mas readquiriu seu peculiar odor ao secar;
A terceira parte já saiu com o “cheiro de roupa preta” ligeiramente misturado com café (ajudando a confirmar que o cheiro é ativado por calor), ficando igual ao segundo pedaço após seca, e;
A quarta amostra saiu bem cheirosinha, resistindo durante a secagem. No entanto, depois de totalmente seca e sentindo os 30 graus que fez no dia, voltou ao estado original de fedor constante.
E agora? Alguém por aí tem a solução?
Respostas serão bem-vindas aqui nos comentários.
P.S. tenho varias perguntas já engatilhadas, portanto devo fazer uma por semana, mas não confiem na minha pontualidade.

Sobre como é fácil criticar

Peço licença aqui à minha colega de ScienceBlogs Luciana Christante para reproduzir seu comentário em meu último artigo

De fato, essa matéria é horrível, deprimente, desvairada, vergonhosa, indesculpável, irresponsável etc, mas nem ela nem vários outros exemplos de péssimo jornalismo justificam a afirmação de que a mídia (quero crer que você se referiu à imprensa) é formada por idiotas que não entendem o mínimo do que estão fazendo. Veja bem, Igor, se um cientista falsifica os dados de um paper, se um engenheiro constrói um edifício que cai, se um médico erra e coloca em risco a vida de seu paciente (e temos vários exemplos disso, não?), não é muito sensato sair por aí dizendo que a ciência, a engenharia e a medicina são formadas por um bando de cretinos. Se assim fosse, o que não poderíamos dizer dos blogueiros, não é mesmo? Além do fato de haver pouca sabedoria nas generalizações, você poderia considerar seus colegas do ScienceBlogs que fazem parte da imprensa (entre os quais me incluo obviamente)e que não devem ser tão idiotas assim pelo simples fato de estarem compartilhando o mesmo espaço que você, poxa.
Outro ponto: é complicado dizer que o JB é um dos maiores jornais do País. Faz tempo que não é. Nos últimos 7-8 anos, mais ou menos, houve uma incrível decadência e um lamentável sucateamento desse que já foi, sim, um grande jornal e hoje é um tablóide de pouco prestígio. Segundo dados de 2007 do IVC (Instituto Verificador de Circulação), o JB era 12o maior jornal do País e sua circulação era quase três vezes menor que a de O Globo, o principal concorrente carioca (infelizmente não tenho dados mais recentes). Isso não justifica aquela matéria lastimável, mas é sintomático. Aberrações como essa são altamente improváveis em veículos como a Folha, o Estado ou O Globo, para ficar nos exemplos de jornais diários. Há ótimos jornalistas neste País, Igor, mas eles não estão em toda parte, por questões de mercado que são comuns a qualquer atividade. Selecionar bons veículos para ler é um ótimo critério para encontrá-los. Curiosamente, são poucos os posts que comentam ou elogiam o trabalho que eles fazem. É muito mais fácil chutar o cão sarnento (e creio que também gere mais pageviews).
Espero que você não me leve a mal, mas eu realmente fico muito incomodada com esse tipo de crítica virulenta em que não há o mínimo sinal de discernimento e que eu considero bastante injusta.
Saudações,
Luciana

Com meu proverbial rabinho entre as pernas, em primeiro lugar peço desculpas se minha raiva momentânea me fez ignorar a régua que geralmente uso para medir minhas palavras e me fez escrever de um jeito que aparenta que me referia a toda a mídia, incluindo todos os jornalistas, editores e afins.
Posso até ter pensado isso mesmo, meus acessos de fúria impedem minha visão da razão e cegam meu julgamento, mas eu sei que não é bem assim.
Como diz o velho meta-adágio autorreferente: “toda generalização é burra”.
Reconheço que há realmente jornalistas excelentes que sabem o que estão fazendo e que conseguem mostrar seu trabalho, assim como existem os que são barrados no editorial e os que simplesmente não sabem do que estão falando (e várias gradações entre as categorias citadas).
Não posso simplesmente extrapolar de um exemplo só nem deixar que um viés anti-TV me faça apontar os maus exemplos em detrimento dos bons, pois isso seria semelhante ao argumento “morreu um sujeito enforcado pelo cinto de segurança do carro ontem, nunca mais eu uso cinto”.
Complementando as palavras da Christante: quando ela diz que é muito mais fácil chutar o cão sarnento (e creio que também gere mais pageviews), está coberta de razão. É bem mais fácil e infinitamente mais satisfatório.
E, sim, gera muito mais visitas!
Já escrevo na Internet há mais de um ano e já vou no meu terceiro blogue e NUNCA tive 19 comentários em um mesmo artigo (que até entrou no Uêba) e, tirando alguns raros eventos, nunca tive um aumento de tráfego de mais de 450%.
E daquelas 19 comentários, apenas três não me ajudaram a chutar o cachorro.
E isso diz muito da índole humana, na minha opinião.
“(…) Eu realmente fico muito incomodada com esse tipo de crítica virulenta em que não há o mínimo sinal de discernimento e que eu considero bastante injusta.”
E com razão.
Não vou tentar me justificar mais, apenas peço desculpas.

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