Argumento de autoridade (ou de ignorância?)

Quando eu penso que não, leio um negócio que me impressiona pela falta de cuidado.
Estou aqui lendo o tão aclamado e seguido Guia Quatro Rodas – Rio Grande do Norte, da Editora Abril.
Apesar da excelente falta de indicação (que só pode ser fruto de um esforço consciente para esconder a data da publicação), tenho quase certeza que esta versão que tenho em mãos saiu em 2007.
Na página 117, na seção dedicada à praia de Touros, há um quadro de destaque com uma foto do Farol do Calcanhar e o seguinte texto:

O mais alto
O farol do Calcanhar tem 62 metros e 298 degraus. É o maior do Brasil e o segundo do mundo, só perdendo para o fabuloso Farol de Alexandria, que já foi uma das sete maravilhas do planeta. A visitação é só externa. Informações pelo tel. 3502-5402.

Natal já teve a maior loja de colchões do mundo e no município vizinho de Nísia Floresta encontra-se o maior cajueiro do mundo, mas o segundo maior farol?
Indo por partes: eu aprendi no colégio que a única das “sete maravilhas” ainda de pé são as Pirâmides e que o Farol de Alexandria foi destruído por terremotos (mesmo destino da biblioteca de lá) há muito tempo.
“Muito tempo” aqui significa 529 anos.
O tal “maior farol” deixou de existir e deu lugar a um forte vinte anos antes do Brasil ser abordado por europeus.
Então quer dizer que o farol em Touros é o maior do mundo já que seu concorrente direto perdeu a coroa quatrocentos e sessenta e três anos anos daquele ser construído?
Hummm…
Não.
O maior farol do mundo é o da Marina de Yokohama, no Japão, que é 70% mais alto, com 106 metros.
Voltamos ao segundo lugar.
Bem, nem tanto.
Sequer o mais alto das das Américas.
Um tal de Cabo de Hatteras, na Carolina do Norte, EUA, tem 64 metros.
Uh, na trave!
Eu consigo cuspir mais longe que a diferença de altura entre os dois, mas “mais alto” é “mais alto”.
Que pena.
Pelo menos temos o terceiro farol mais alto do mundo.
Mas seria o terceiro mesmo?
É, é o terceiro mesmo. Só quis criar mais tensão.
O erro ‘foi’ e ‘não foi’ do Guia.
‘Não foi’ porque eles se confiaram numa fonte aparentemente confiável, não tendo sido o primeiro lugar a dizer isso e ‘foi’ porque eles não se preocuparam em falsear a informação, procurando por estruturas maiores (e falharam completamente em lembrar das aulas de História Geral).
O motivo da confusão pode ter sido causado por linguagem específica e falta de atenção, já que na página do Serviço de Sinalização Náutica do Nordeste consta a frase “segundo maior do mundo em altura focal”, que não é o mesmo que altura da base ao topo.
Mas, como dizem os Pet Shop Boys: “se a vida é…

Produtos “naturais”

Eu sempre fui mordido com essa estória de produtos naturais e com a associação que se faz entre tais produtos e benefícios pra saúde.
1 – Nem tudo que é rotulado de artificial faz mal;
2 – Nem tudo que é rotulado de artificial realmente o é;
3 – Nem tudo que é rotulado de natural faz bem.
Enquanto lia o mundo, como tento fazer todos os dias, lembrei de um blogue excelente que costumava ler e que (graças ao GReader e Twitter) havia sido empurrado da minha memória, o Nunca Fui Gorda, cujo artigo mais recente fala um pouco dessa conversa de “produto natural” estampado em letras majestosas nos rótulos de produtos de origem duvidosa.
A autora, jornalista Francine Lima, inicia o artigo Finalmente explicaram os “naturais” dizendo que nunca havia conseguido uma explicação razoável para a diferença entre denominações “natural” e “artificial” de corantes e aromatizantes alimentícios.

Eu tinha essa dúvida há um tempão. E não adiantava ligar pro SAC pra perguntar.

Pois é, a Francine é das minhas. Não só lê os rótulos como liga para os SACs da vida.
E, como eu, ela também não gosta muito da conversa de que “química” é uma coisa ruim.

“(…) Estamos tão errados quando acreditamos que “químico” é um adjetivo que confere uma qualidade ruim a algo que um dia foi natural e bom.

Apois, pedi autorização para reproduzir uns pedaços do texto dela mas não vou ter todo o trabalho. Vão lá e leiam o resto, vale muito a pena!
Produtos “naturais” não são sinônimos de “benéficos“.
Sabem o que mais é natural? Cianeto, veneno de escorpião e catarro.
Eu ouvi falar que um shake desses produtos naturais fazem um bem maior do mundo, curando rapidamente qualquer doença que o indivíduo tenha e melhorando o código genético da humanidade.
E um “pão sem química”?
Não existe. Sequer em imaginação, que necessita de processos bioquímicos para se manifestar.

Coisas que não sei: cheiro de roupa preta

Vou iniciar aqui um mecanismo de busca orgânico. Eu faço a pergunta e espero as respostas aparecerem.
Como só tenho leitores Nível-Iluminista para cima (vou começar a agradar vocês, meus queridos), acho que terei respostas interessantes.
Por que roupas pretas têm um aroma diferente (geralmente desagradável) de outras cores?
O quê, na tintura preta, confere aquele odor estranho ao tecido (normalmente ativado por calor, quanto mais quente, mais fede)?
E, mais importante de tudo, como eliminar o cheiro?
Uma busca no Oráculo por “cheiro de roupa preta” resulta em três entradas: um poema, um pedaço de uma resposta que não me ajuda e este artigo.
Dia desses eu fiz um teste com uma camiseta particularmente podre que já sai da máquina de lavar fedendo.
Por ser impossível de usar em um ambiente comunitário devido ao budum que o pano exala (nem sozinho eu consigo usar porque me incomoda bastante), rasguei a bixiguenta em quatro pedaços.
Mergulhei um deles em vinagre puro, outro em café frio, o terceiro em café quente e o último em água com amaciante demais para uma só peça.
Deixei todos eles de molho por duas horas (eu passo tempo demais em casa…) e depois deixei-os secar ao vento, na sombra.
A primeira amostra ficou com cheiro forte de vinagre (nenhuma surpresa aí) mas voltou ao normal depois de uma lavagem rápida com água e sabão;
A segunda saiu com cheirando a café mas readquiriu seu peculiar odor ao secar;
A terceira parte já saiu com o “cheiro de roupa preta” ligeiramente misturado com café (ajudando a confirmar que o cheiro é ativado por calor), ficando igual ao segundo pedaço após seca, e;
A quarta amostra saiu bem cheirosinha, resistindo durante a secagem. No entanto, depois de totalmente seca e sentindo os 30 graus que fez no dia, voltou ao estado original de fedor constante.
E agora? Alguém por aí tem a solução?
Respostas serão bem-vindas aqui nos comentários.
P.S. tenho varias perguntas já engatilhadas, portanto devo fazer uma por semana, mas não confiem na minha pontualidade.

Quem derrubou o avião da Air France foi a Mídia

Péssima semana, a minha.
Começou ruim, foi piorando e hoje quase que eu morro.
Exemplos não me faltam de como a mídia é formada por idiotas que não entendem o mínimo necessário daquilo que estão espalhando para as massas, mas hoje eu só vou conseguir falar de um, senão a veia da minha testa explode.
Algum imbecil, covarde[1] demais para assinar uma reportagem, publicou no JB Online (versão para Internet de um dos maiores jornais do país) uma matéria ridícula com uma ambientalista que afirma que um buraco negro (especialidade dos ambientalistas) engoliu o avião da Air France que caiu no Atlântico de domingo para segunda-feira.
Mas ela tem razão, tendo em mente que buracos negros não só são “portas que se abrem e se fecham para uma outra dimensão” como também são “responsáveis pelo desaparecimento de milhares de pessoas e objetos na face da Terra”.
O parágrafo imediatamente acima deste é puro sarcasmo, antes que alguém se confunda e ache que buracos negros são aquilo. Não são.
São, na verdade, pontos infinitesimais com densidade infinita.
Continuando, quem quer que tenha sido o tapado [1] que teve a idéia de publicar a matéria sequer se deu ao trabalho de escrevê-la.
A lista de “desaparecimentos notórios” foi simplesmente copiada dum artigo do fim de abril deste ano de um blogue português (como eu sempre prego que vocês não devem acreditar no que eu digo, aqui está a prova – http://notempodosaraujos.blogspot.com/2009/04/triangulo-das-bermudas.html) .
O estúpido[1] nem leu que preste (se é que ele sabe ler), senão teria traduzido todas as ocorrências em que “nave” aparece escrito em bom português ibérico, para o mais brasileiro “navio”.
Não há dúvida em meu coração de que o artigo foi ctrl+c, ctrl+v em menos de cinco minutos, com uma busca no google por “triângulo das bermudas + lista” para somar a um email enviado para o autor pela tal ambientalista revolucionária.
Sabe quanto tempo me tomaria para desmentir cada um dos 41 sumiços “estranhos” citados no texto?
Eu estou cronometrando a feitura deste artigo e, a partir do momento em que abri o editor para escrevê-lo, achei de novo a página do JB Online e, sem muita dificuldade, achei a lista original do patrício português até o presente momento, passaram-se quinze minutos e trinta e oito segundos.
Façam as contas.
Meu ramo de blogagem é trabalhoso, viu?
Nunca pensei que manter um blogue fosse ser tão frustrante.
[1] Esses termos carinhosos são, em parte, devido ao fato da presença da palavra “esxtado” logo na primeira linha, evidenciando que o idiota não sabe nem usar um corretor automático.

A não-previsão que será esquecida ainda hoje

Uma usuária do Twitter, a @lalai, embarcou ontem num vôo direto da AirFrance para Paris, e como boa tuiteira, sua última mensagem antes da viagem foi mandanda poucos minutos antes de embarcar, mas enquanto se dirigia ao aeroporto, escreveu: “Indo pro aeroporto numa baita ressaca. Vou morrer no avião hoje.
Ontem, como todo mundo que tem Internet e/ou TV já deve saber, um avião caiu.
Felizmente para a Lalai, ela estava num avião que saiu de São Paulo (AF459), dez minutos depois do vôo que caiu (AF447), que estava saindo do Rio, ambos para Paris, ambos da AirFrance.
Mas enquanto ela não chegava lá e dizia em qual avião tinha embarcado, todos os seguidores dela (e os seguidores de seus seguidores) ficaram preocupados pela vida da garota.
Às nove e pouco, ela dá notícia: “to viva, mas chocada com o acidente, afinal mesma cia aerea e chegava 15 minutos antes do meu em paris“.
Pronto, acabou-se aflição e esqueceu-se a previsão de que ela ia morrer.
Porém, se ela tivesse morrido, teria visto e avisado de seu destino a todos.
Mas, como é de praxe, vamos esquecer de resultados negativos e nos lembrar mais uma vez do vídeo gravado pelos Mamonas Assassinas cinco meses antes do seu último vôo, onde o cantor diz “sonhei essa noite que morria num avião”.
Previsão? Acho que não.
Lei dos Grandes Números? Vamos começar uma listinha das “previsões” que não deram certo e comparar com uma das que deram. Aí vocês mesmos me dizem depois.

Omni Bostus Est

Desculpem a agressividade do título, mas eu passei a semana sem escrever porque passei a semana lendo muitas notícias.
Geralmente isso me faz querer escrever, mas estou na fase baixa da minha bipolaridade e passei a semana chorando (por dentro) por causa do esforço perdido que é tentar ensinar alguma coisa a alguém nesse mundo.
Vinte e tantos blogues excelentes de Ciência, explicando tudo no mundo de um jeito fácil, amigável, interessante, engraçado, charmoso, carinhoso, etc, etc, aí vem um jornal televisivo vespertino com uma audiência quinhentas mil vezes maior que a nossa e caga nas nossas cabeças, dizendo que a gripe suína vai dominar o mundo a menos que usemos agulhas de acupuntura molhadas em preparações homeopáticas (exagero, mas a mensagem é parecida).
Isso e minha cidade foi escolhida como uma das sedes da Copa da FIFA de 2014.
Já disse antes, digo de novo: me sinto cavando um buraco n’água.
Estou de mau humor hoje, dá p’ra notar?

Doutor, socorro! #consultavirtual

Sexta-feira passada eu estava quase me afogando enquanto trabalhava e não conseguia parar de tossir.
Me recomendaram um expectorante que era certeza me curar em um dia e a situação estava tão fora de controle que eu quase comprei, mesmo sabendo que estava no fim do ciclo do resfriado que havia adquirido na semana anterior e muito provavelmente acordaria curado de todo jeito no sábado.
Foi exatamente isso que aconteceu.
Acordei ainda meio embotado mas bastaram algumas assoadas de nariz, um banho quente e uma xícara de café para que estivesse 100% curado antes do almoço.
Eis que então me ocorreu: e se eu tivesse comprado o diabo do xarope (mesmo sabendo da sua ineficácia)? Por mais cético que fosse, teria atribuído a ele minha recuperação instantânea e talvez até passasse a recomendá-lo e tomasse de novo ano que vem, no meu próximo acesso de tosse (ou caso quisesse ficar doidão).
Toda doença (ou pelos menos a maioria delas até onde eu saiba sem pesquisar) tem um histórico, uma linha começo-fim.
Tomar quantidades industriais de vitamina C não vai prevenir gripe, e mesmo que não fosse o caso, depois de gripado já era! Você pode tomar todo o estoque regional de Redoxon que vai continuar gripado por pelo menos mais uma semana.
Mas, na hora que a mazela sumir: “Ó aí! Fiquei bom por causa da vitamina!”
É difícil raciocinar o contrário pois não existe controle. Não dá para a mesma pessoa tomar E não-tomar a vitamina e ver no que dá.
Sempre vem aquela sensação de “se não tomar agora vou ficar doente mais tempo” ou “só fiquei bom dez dias depois porque tomei o negócio”.
É algo parecido com a barganha da Síndrome do Jogador: e se eu não jogar agora, justamente na hora em que ia ganhar?
Isso tudo me lembrou de um conselho sobre automedicação que deveria estar na primeira página de todos os jornais: Gripe é causada por vírus. Antibióticos (que matam apenas bactérias) não devem ser tomados em hipótese alguma para tratar gripe pois você estaria perdendo tempo, dinheiro e imunidade.
Finalizando, com uma frase de X, onde X é alguém sensato, razoável e, de preferência, antigo (melhor ainda se for um sábio oriental que viveu antes da Grande Muralha ser construída):
“Um resfriado não tratado desaparece em 14 dias. Um resfriado medicado é curado em duas semanas.”

p.s. leiam as respostas tocantes à minha aflitiva situação e também se emocionem:
@Karl_Ecce_Med @uoleo Me diga onde é que dói, meu filho!
@carloshotta @uoleo por quanto tempo vc quer q a gente mantenha o seu blog depois do seu falecimento?
@clauchow @uoleo @carloshotta consulta médica via twitter?
@renanpicoreti @uoleo Fique feliz em ter achado um biólogo. Você poderia ter achado um proctologista. =P
@oatila bom dia senhores e senhoritas! o @uoleo ainda tá vivo?
Só posso ser alguém muito querido…

Números Percentuais e Estatísticas Sérias

Desde o ano passado que eu queria escrever sobre analfabetismo estatístico e finalmente tomei vergonha na cara e o fiz.
Lá vai.
(O título é para diferenciar das minhas Estatísticas Inúteis do outro blogue)
Eu vi uma propaganda aqui que me chamou atenção: “O curso de inglês que mais cresce em Natal!” e imediatamente pensei em qual tipo de crescimento eles se basearam para imortalizar tal alegação num outdoor.
Aumento Relativo e Aumento Absoluto
Digamos que em 2008 o “curso” fosse apenas um professor dando aula em casa para 1 aluno que gostou do método e chamou dois amigos para participar com ele.
Professor de Inglês, visionário que só ele, foi numa gráfica, mandou imprimir uma faixa com um nome inventado, a pendurou sobre a porta de sua morada e pagou pela exposição de uma propaganda num lugar bem movimentado da cidade dizendo que seu “curso” foi o que mais cresceu do ano passado para cá, pois subiu impressionantes 200%!
Mas esse foi um crescimento relativo.
Um Cursinho de Inglês que contasse com mil alunos em 2008 e hoje tenha mil e quinhentos, apesar dos míseros 50% de aumento relativo, conseguiu atrair 500 pessoas extras.
Apesar de 200% encher mais os olhos que 50%, o crescimento absoluto de Professor foi de apenas duas pessoas.
Uma sala que cabe duas pessoas acondiciona quatro aconchegantemente.
Só o fluxo adicional causado pelos quinhentos novos alunos do Cursinho já deve interferir no trânsito de boa parte da cidade e provavelmente serão necessárias novas instalações físicas para acomodar tanta gente a mais.
Então, qual curso de inglês cresceu mais?
O primeiro teve um crescimento relativo de 200% enquanto o segundo teve um crescimento absoluto de quinhentas pessoas.
Eu fico com o segundo.
(Outra forma bem mais simples de notar a diferença entre crescimentos absoluto e relativo é pensar numa sequência simples de números naturais, tipo 1, 2, 3, 4…
O aumento absoluto é sempre 1 (1+1 = 2; 2+1 = 3; 3+1 = 4, etc), mas o aumento relativo muda a cada incremento: de 1 para 2 há um aumento de 100%; de 2 para 3 o aumento é de 50%; de 3 para 4, 33%, e assim por diante.)
Números relativos podem ser uma armadilha, levando um leigo a pensar que o número em si é significante quando o maior significado está no resultado geral e no impacto que aquilo cause.
Dizer que 0,1% da população é formada por soldados é um dado percentual relativo irrelevante no caso da China, por exemplo, cujo número absoluto é um milhão e duzentos mil militares.
Tão irrelevante quanto dizer que o Vaticano, com apenas 825 indivíduos, tem 16% de sua população formada por membros da Guarda Suíça, ou 134 homens.
Eu ficaria do lado do 0,1% chinês contra os 16% vaticanos qualquer dia.
Da mesma forma, afirmar que “apenas 1% da água do mundo é potável” é um dado completamente inútil se não soubermos quanta água existe. 1% mantém todos os seres vivos do planeta hidratados, logo, 1% é água suficiente e 2% talvez fosse desperdício.
(Ainda sobre água: uma parte significativa desses 99% restantes é água presa em nossos corpos (e no de outros animais) que está sendo constantemente reciclada e trocada pelo 1% da propaganda.
Por menos que 1/100 pareça ser aqui, a realidade é bem mais generosa e temos potencialmente muito mais que isso.)
Ponto Percentual
Esse aqui só ouvimos falar em época de eleição. Um ponto percentual nada mais é que um por cento do total.
No caso de uma votação num município com um milhão de eleitores, cada ponto percentual (que equivale a um por cento do total de votos) é igual a dez mil votos.
Se numa pesquisa para eleição de prefeito Candidato A tem 36% (trezentos e sessenta mil votos) e na pesquisa seguinte ele aumenta “quatro pontos percentuais”, significa dizer que as intenções de voto aumentaram quatro por cento do total (um milhão), totalizando quatrocentos mil votos, ou 40%.
O segundo na corrida, Candidato B, apareceu com 15% na primeira pesquisa e, quando saiu a segunda, divulgou que cresceu incríveis 26%, o que pode levar alguns eleitores a concluir que B passou A na corrida eleitoral (15 + 26 = 41), porém o aumento de vinte e seis por cento foi em cima da percentagem original de B e não sobre o total de votantes.
Enquanto o candidato A foi de 36% para 40% (pois subiu quatro pontos percentuais), Candidato B foi de 15% para 18,9% (pois aumentou 26% de 15%, que é igual a 3,9%) e continua atrás como um bom menino.
Depois de ter passado pelo crivo da Tine, minha estaticista de plantão e antiga colega de lablogatório, me ocorreu um exemplo que tem mais ou menos a ver com o assunto.
Digamos que exista uma doença qualquer, uma gripe por exemplo.
Para efeito alegórico, vou denominar como A, caso eu queria comparar com outra mais adiante.
Dados:
No primeiro dia, existem cinco pessoas infectadas com a gripe, ou Influenza, A.
No décimo dia já existem mil casos confirmados da doença.
Existem 2 maneiras de se interpretar os dados acima: 1 maneira honesta (ou H1) e 1 maneira neurótica (ou N1).
A maneira honesta diz: o número real de indivíduos gripados não cresceu significativamente nesses dez dias. O que aumentou foi o número de casos confirmados.
Essas pessoas já estavam doentes, só que ninguém sabia.
A maneira neurótica diz: o número de pacientes infectados subiu três ordens de magnitude em menos de duas semanas! Ocorreu um aumento relativo de 20mil% e um absoluto de 995 pessoas! Essa Influenza A está se espalhando mais rápido que protetor solar em ombro de surfista! Desde já estamos enfrentando uma epidemia pancontinental e vamos todos morrer!
A primeira forma de ver as informações dadas difere da segunda pois admite que o lombinho, o bacon, o presunto, a costelinha e o salame já estavam dentro da minha geladeira antes dela ser aberta. Eu apenas tomei conhecimento do fato ao abri-la.

Falta grave

Minha semana passada foi deveras atribulada, [inserir desculpas esfarrapadas] e etc, etc, mas nada que eu diga aqui justifica eu não ter agradecido ao Professor Luis Eduardo Lima, do excelente Tecnoclasta, pelo prêmio que eu recebi no II Concurso Científico.
Obrigado e desculpe pelo esquecimento!

Ajuda com fóssil

Décadas atrás, no Sertão do Seridó norte-riograndense, local de feudos e disputas, casas caiadas, água de cacimba, posto telefônico, energias elétrica em poucas residências, mais carros de boi que automóveis, um ancião passa à frente seu mais valioso objeto, aquele que o une ao passado mais que qualquer outra coisa, que contém suas memórias dos tempos idos de outrora, um presente do Pai-Mar, repassado pela Mãe-Terra que o acolheu tantos e tantos anos atrás.
O garoto que o recebeu, ainda muito novo, não poderia ainda discernir que o que tinha em mãos era algo grandioso, único e potencialmente revolucionário, muito mais importante do que os seus trinta centímetros de comprimento davam crédito, que havia sido achado pelo velho enquanto arrancava tocos de jurema do chão que só não havia ainda rachado sob o impiedoso sol por ser basicamente poeira seca e esvoaçante.
Um fóssil de um dente de baleia!
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