A fina arte de escrever títulos sem conexão com o artigo

Nossa boca é um buraco que dá bem certinho para dentro do nosso corpo e fica boa parte do dia aberta, seja comendo, falando, roncando, bocejando, admirando, se surpreendendo, intimidando, imitando Tarzan, etc.
O quê, então, nos mantêm livres de infecções causadas pelos trilhões de micróbios soltos pelo ar ao nosso redor?
Nosso sistema imunológico.
Mas este artigo é sobre Saliva, então vou deixar de arrodeio e vou direto ao assunto.
Nosso cuspe é composto de noventa e tantos por cento de água (por isso que quando estamos com sede sentimos logo na boca que, por estar sempre cheia de água, é o primeiro lugar onde falta) mais, muco (líquido viscoso que serve de lubrificante e tem propriedades anti-sépticas), eletrólitos (íons livres que conduzem eletricidade e geram uma descarga elétrica na boca de pessoas com obturações metálicas que, por um motivo ou outro, mordem uma folha de papel alumínio, efetivamente criando uma bateria dentro da boca), e enzimas (como a ptialina, que dissolve amidos, iniciando a digestão dos alimentos já dentro da boca).
A água tem como função molhar a comida e facilitar a mastigação e ingestão, o muco serve para barrar alguma bactéria que esteja se fazendo de besta na vizinhança bucal e para proteger os dentes, os eletrólitos eu não sei para que servem, se servem para alguma coisa, pode ser só um efeito colateral (nós temos muito disso) e as enzimas descem junto com a comida para auxiliar na extração de nutrientes.
A goipa, em geral, tem propriedades bactericidas, o que justifica o hábito de “lamber as feridas” mantido pela maioria dos animais. Baba humana, porém, não contém NGF, uma proteína encontrada na saliva de muitos mamíferos que ajuda na cicatrização das feridas. Portanto não use “proteção e desinfecção” como desculpa quando estiver lambendo suas purulentas perebas. E casca de ferida (pus seco) não contém nutrientes essenciais para o bom desenvolvimento da cútis, essa desculpa também não cola. Deixe de seboseira!
Quê mais?
A produção do esputo pode ser estimulada pelo sistema nervoso simpático (em resposta a estresse, reação de correr ou lutar), que o deixa grosso, e pelo sistema nervoso parasimpático (que regula funções fisiológicas como digestão), que o deixa mais aguado (a famosa sensação de “água na boca”).
O fluxo de saliva, que enquanto estamos ativos varia entre três quartos de litro até um litro e meio por dia, baixa para quase zero enquanto estamos dormindo.
Isso é o que eu li, porque minha evidência anedotal (experiência pessoal) me leva a concluir que a produção, se diminui, diminui muito pouco (quem nunca acordou todo babado?).
Bafo pode ser causado pelo acúmulo de bactérias em cima da língua (por isso que é importante escová-la enquanto se escovam os dentes) que, apesar do efeito bactericida, nem todas são afetadas e algumas (oito milhões e meio por mililitro) sobrevivem e interagem com a nossa entrada primária.
(Atualização: estava lendo isto aqui, coisa que raramente faço, e percebi que este último parágrafo está completamente mal escrito, foi mal. O que eu queria dizer era “Bafo pode ser causado pelo acúmulo de bactérias em cima da língua que, apesar do efeito bactericida -da saliva-, nem todas -as bactérias- são afetadas e algumas sobrevivem e interagem com a nossa entrada primária.”)

Já pensou sua cidade sem eletricidade? Pague em dia, garanta energia…

Já notaram que lâmpadas incandescentes tendem a queimar mais freqüentemente ao serem acesas do que enquanto estão brilhando?
Estatisticamente isso não faz muito sentido, pois os bulbos tendem a ficar acesos por centenas de vezes mais tempo do que enquanto estão acendendo.
Então, deve haver algum outro mecanismo atuando para que isso aconteça, certo?
Não necessariamente. Só por eu ter começado com “já notaram”, eu estou induzindo vocês, seres sociais, cooperativos e evitadores de confrontos, a concordar comigo e estimulando suas memórias a recobrar só os eventos positivos e esquecer os negativos, como todas aquelas vezes quando a lâmpada queimou no meio do jantar. Mas, sério, alguém já presenciou isso? Eu lembro de nenhuma ocorrência do tipo. Só me recordo delas queimando ao serem ligadas.
Desta vez, existe sim o fenômeno e um conjunto de fatores que o propiciam. Não é apenas um truque psicológico, do tipo que videntes e astrólogos usam quando dizem coisas do tipo “você é uma pessoa forte e decisiva”. Ora, todos nós gostamos de nos ver maiores do que realmente somos, e gostamos de ter qualidades como Forte e Decisivo, por mais que não sejamos. O adivinho experiente, no entanto, completará a frase com “mas às vezes se sente frágil e gosta que lhe digam o que fazer”. Isso aí cobre 100% da população; os fortes, os fracos, os de decisão e os de cumprimento de ordem.
Mas, voltando para a explicação que quero dar.
Um filamento de lâmpada incandescente funciona da seguinte forma: corrente passa através dele, mas sofre muita resistência, o que faz o filamento esquentar (efeito análogo com o que ocorre quando esfregamos uma mão na outra e elas esquentam) até o ponto onde fica brilhante.
Um problema desse método é que o filamento frio tem menos resistência, logo conduz mais corrente. Se a corrente for muito alta, o fio se rompe em um ponto fraco.
Outro problema, é que sempre que a luz acende, elétrons super excitados (ui!) evaporam da superfície filamentosa. Saltam para fora aleatoriamente no começo, mas depois vão preferindo uns locais (chamados “nós”) a outros, fazendo o material perder massa em certas regiões, criando pontos fracos.
E além disso tudo, quando a corrente passa pelo filamento, que geralmente é helicoidal (em forma de mola), cria-se um pequeno campo eletromagnético temporário (depois que fica quente demais, o campo morre, tadinho) que efetivamente mexe o fio, empurrando e puxando até atingir equilíbrio. Mas isso é bem de pouquinho, não é o suficiente para desatarrachar a lâmpada do soquete, tranqüilize-se.
Então, temos a criação de nós frágeis quando está quente, a passagem de corrente excessiva quando está frio e um puxa-encolhe quando está ligando. Se isso não torar o sujeito na emenda, eu sei mais de nada!
Finalmente, como não é possível falar em lâmpadas sem falar n’Os Originais do Samba:
“As mariposa, quando chega o frio, fica dando volta em volta da lâmpida pra se esquentar.
Elas roda, roda, roda e dispois se senta em cima dos prato da lâmpida pra descansar.”
O resto da letra não carece, minha fama já é ruim o suficiente…
P.S. Mariposas, como outros insetos voadores de hábitos noturnos, se utilizam da luz da lua e das estrelas para achar o caminho de volta à toca. Como essas coisas estão muito longe dos bichos, o ângulo entre eles e a luz muda muito pouco, quase nada. Quando eles se deparam com uma fonte de luz mais forte que a desses marcos celestes, o sistema de navegação deles sofre interferência e eles tentam corrigir esse ângulo, chegando cada vez mais perto da fonte luminosa. O que quase sempre acaba em choro…
Só mais uma para acabar. Vou nem botar P.S.2, que parece marca de videogame.
Lâmpadas incandescentes são boas para manter coxinhas e queijadas quentes dentro de vitrines de padarias, pois são muito pouco eficientes e geram quantidades absurdas de calor e muito pouca luz, proporcionalmente.
Lâmpadas flourescentes antigas (das grandes) usam reatores que também esquentam muito, mas menos que as incandescentes, se tornando um pouco mais eficientes.
Já as novas lâmpadas econômicas (ou eletrônicas) usam reatores menores, que geram bem menos calor e consomem bem menos energia para produzir muito mais luz.
Mas boas mesmo são as lâmpadas de LED. Só são CARAS.
Pronto, acabei.

:)

Para os que já gastaram uma boa fatia do próprio tempo na internet, o título deste artigo tem um sentido além de dois-pontos-fecha-parêntese. Com a cabeça ligeiramente inclinada para a esquerda, esse dois sinais gráficos viram uma carinha sorridente com dois olhinhos amigáveis.
Da mesma forma, ; ) se torna uma carinha sorridente piscando um olho, : / é uma carinha contrariada (notem a boca torta), : * é uma carinha mandando um beijo (notem a boca em formato de biquinho) e : ( é uma carinha triste.
Desenvolvendo em cima do mesmo tema, podemos criar mais das tais carinhas, por exemplo:
1 – Mais bocas;
: ]
: D
: |
2 – Utilização de narizes;
: ¬)
: -]
: -D
3 – Cabelos;
@: -)
$: -)
Q: -D
4 – Efeitos especiais;
:~( lágrima
:D~ sorrindo e babando
]: -) chifres
=) olhos esticados
5 – E, com a ajuda de caracteres especiais, minha categoria favorita, carinhas sob medida;
§:•P cabelo arrumado e língua de fora
¶:•€ boné e bigode
§÷¬ß dentuço narigudo zarolho
#¦x] japonês feliz
§:•Ð palhaço
Finalmente, a minha carinha padrão;
=¦¤þ
(se vocês virem uma dessas, eu estive por perto)
Mas por que é tão fácil reconhecer essa ruma de riscos como rostos?
Lembram de prosopagnosia, a falta de habilidade em reconhecer rostos?
Pois bem, o resto de nós desenvolveu um mecanismo diametralmente oposto, onde vemos faces em quase tudo.
Na verdade, não só faces, mas qualquer coisa familiar (imagens e sons principalmente). A fiação do nosso cérebro evoluiu para achar padrões onde eles não existem, Ordem dentro do Caos.
Esse é o mesmo dispositivo que nos faz ver cachorros, gatos, velhos conversando, carros correndo e outros formatos conhecidos em nuvens, por exemplo.
O termo que descreve o fenômeno é Pareidolia (eu pronuncio “párei-dólia”, mas posso estar errado), um tipo de apofenia e é, oficialmente definido como “um tipo de ilusão, ou erro de percepção, envolvendo um estímulo vago ou obscuro sendo percebido como algo claro e distinto”.
O mesmo efeito pode explicar as aparições e avistamentos de fantasmas.
Basta uma sombra aparecer numa parede que nosso cérebro imediatamente vai tentar fazer sentido daquilo. É assim que o bichinho funciona, não se zangue com ele.
E, por causa da supersensibilidade da nossa visão periférica, é bem mais fácil “enxergar” essa aparições de rabo-de-olho que olhando diretamente. Não vemos formatos muito bem desse jeito, mas o cérebro dá um jeito bem ligeirinho nesse problema. Principalmente a noite, quando ele está cansado e mais suscetível a erros (estou escrevendo isso de noite, portanto mereço um desconto nos eventuais erros factuais que venha a cometer).
Sabe aquelas conversas de músicas da Xuxa e de Roberto Carlos contendo mensagens satânicas quando invertidas? Pareidolia! Nada mais que o cérebro tentando desesperadamente criar sentido a partir da loucura aleatória que está recebendo. Aí entra também um viés cognitivo (ou tendência de perceber uma coisa para um lado, como achar que a nossa faixa de trânsito é sempre mais lenta por só notarmos quando isso ocorre e ignorarmos as vezes onde estamos na que se move mais rápido), que desconsidera todas as passagens que se referem a filhotinhos de cachorros correndo livre pelos campos e se atém às menções ao diabo, mas isso diz mais de quem escuta e interpreta as passagens tocadas ao contrário do que de quem as tocou e gravou no sentido normal.
Isto aqui é uma foto tirada da janela do meu apartamento, enquanto eu testava o tempo de exposição da minha câmera:
ROG
Depois que publiquei a foto, um amigo meu notou que a formação de nuvens (ou o espaço deixado pela falta delas, na verdade) do lado esquerdo da foto parece com isso aqui.
Isso é Pareidolia para vocês!

Meu nome é Rmiga. Fo Rmiga.

Sem saber sobre o que escrever hoje (MANDEM SUGESTÕES!), estava relendo meu arquivo de coisas legais e lembrei de uma formiga peruana, a Cephalotes atratus:
ROG
Essas formigas podem ser infectadas por nematódeos (ou vermes cilíndricos) que as fazem agir de uma maneira peculiar.
Primeiro, o acúmulo dos ovos amarelados desses vermes nos abdomens escuros dos insetos fazem com quê estes fiquem avermelhados:
ROG
Essas formigas vivem nas copas das árvores das florestas panamenhas e na Amazônia peruana, e, após a mudança de coloração, elas passam a andar com os rabos apontados para cima:
ROG
Steve Yanoviak, pesquisador da Universidade de Arkansas (nos EUA), descobriu também que o parasita deixa os insetos menos agressivos, os fazem parar produzir feromônios de defesa (do tipo que deixa sua carne com gosto ruim, sendo cuspida antes de ser engolida) quando se sentem ameaçados, e deixa seus exoesqueletos mais fracos (possibilitado, por exemplo, a extração da parte posterior do animal com maior facilidade).
E para quê isso tudo?
Nessas florestas, vários pássaros se alimentam de frutas parecidas com estas:
ROG
Notaram a formiga no meio?
O verme, para completar o seu ciclo, precisa passar pelo trato digestivo de um animal de sangue quente (como um pássaro) para pôr novos ovos, que serão excretados, permitindo que outras formigas, ao vasculhar as fezes das aves em busca de comida para sua prole (na Natureza, o lixo de um é o tesouro de outro), infecte uma nova geração com esse nematode.
E o nome disso, Meninas e Cabras, é co-evolução (eu deveria ter usado esse exemplo no dia em que estávamos jogando Master e perguntaram uma definição. Bom, fica para a próxima).

Tchupléc, Tchuplim¹

Sabão é formado através da hidrólise de gorduras numa reação chamada saponificação.
Esse processo cria uma molécula longa, com duas pontas distintas: uma hidrofílica (que gosta de água) e outra hidrofóbica (que não gosta de água).
Para se manter longe da água, as pontas hidrofóbicas se agrupam, formando uma estrutura arredondada (chamada de micela), com as partes que gostam de água apontando para fora.
Essa estrutura atrai moléculas gordurosas (coisas que não gostam de água costumam se agrupar, fenômeno este que pode ajudar a explicar a proliferação das comunidades hippies), que são imunes à ação solvente da água (H2O é uma molécula polar, enquanto gorduras são apolares, aí não se misturam). Mas como a parte de fora das micelas é hidrofílica, quando a água bate, toda a composição é levada embora. Gordura, óleo, poeira, tudo. O que for solúvel em água, dissolve e desaparece nela mesma, o que não for, é preso pelas moléculas de sabão e arrastado à força para fora.
Água tem uma propriedade chamada “tensão superficial”, que faz com quê pequenos insetos consigam andar sobre a água (e que é suficientemente forte para segurar um clipe de papel). O sabão desmancha essa tensão, literalmente deixando a água mais molhada (de fato, diminuir a tensão de superfície deixa a água mais fluida e mais fácil de se misturar com outras coisas).
O sabão é feito quando se cozinha gordura (qualquer tipo de gordura, tanto animal quanto vegetal) com soda cáustica (altamente corrosivo, especialmente quando em contato com a pele). Esse processo é descrito em mais detalhes (tanto o uso de gordura quanto a reação soda-pele) no filme Clube da Luta.
Água só é água por causa da atração que os átomos de hidrogênio exercem entre si. Se essa atração não existisse, só existiria água em forma de vapor.
Esse mesmo fenômeno explica as bolhas de sabão.
Os átomos de hidrogênio contido nas moléculas da água tentam a todo o custo se segurar uns nos outros (a explicação completa envolve cargas positivas e negativas apontando pros lados e pro centro, o papel do oxigênio nesse misturado e resistência de ligações, mas eu vou explicar isso tudo nem com a moléstia) e as bolhas crescem (sem perder a elasticidade, como um balão que quando seca fixa mais flexível. Outra explicação que eu não vou dar.) de modo a ocupar o menor espaço possível com o volume de ar fornecido. Todos sabemos que o formato tridimensional com a menor área de superfície para o maior volume é o esferóide. Óbvio.
Por isso que as bolhas são em forma de esfera (e não redondas, quem é redonda é pizza, que tem bordas).
A cor psicodélica das bolhas é dada pela reflexão/refração luminosa, através de interações destrutivas e construtivas causadas pela natureza dualista (onda/partícula) da luz. Adivinha o que vai acontecer com esta explicação?
¹Não confundir com “Lupuliplin, Clapatopô”.

Correções

Hoje eu não escrevi com antecedência como de costume e saí cedo de casa para ir à praia e só lembrei disto aqui agora.
Nem ia escrever, mas também não queria deixar um dia em branco, minha média tem sido boa até agora.
Se isso acontecer novamente, vão lendo as entradas antigas que é sempre bom relembrar.
Por favor, leiam os comentários de Zé Pitombeira C.C. II no artigo em duas partes sobre o espectro eletromagnético.
E, pedindo novamente, quem encontrar algum erro de qualquer tipo, por favor me corrija.
Assistam ao vídeo que Heisenberg colocou nos comentários de Depoimento que já me libera de ter que escrever muito sobre Mecânica Quântica (eu ainda não tive tempo de ver os vídeos, estou recomendando por confiar na pessoa).
Para finalizar com pelo menos alguma informação vinda de mim, saibam que o café tem calorias negativas (desde que bebido sem açúcar, o aumento de pressão e de batimentos cardíacos causados pelo consumo da cafeína somados ao efeito estimulante da bebida fazem com quê o corpo use mais calorias do que são ingeridas) e que frio queima mais calorias que calor (o organismo aumenta o metabolismo para gerar mais calor para evitar o resfriamento dos órgãos, gastando mais energia).
Se café sem açúcar e gelado não fosse tão horrivelmente péssimo, seria mais receitado como forma de perder peso (líquidos gelados usam mais energia do corpo pois precisam ser aquecidos até a temperatura corporal para serem processados).
E lembrem-se: jamais poderá existir um café forte (ou doce) demais.

Causa e Conseqüência

Eu atrasei a publicação de hoje porque, além de ser sábado e eu ter ficado na rua até as jovens horas da manhã, tinha muita coisa para eu ler e me preparar e muito sol para eu tomar hoje pela manhã.
Vou tentar escrever o mínimo possível hoje (se tivesse deixado de escrever este pedaço, teria escrito ainda menos).
As Células-Tronco (hoje mais referidas por Células Estaminais) são células genéricas (como sorvete de nata) que têm a capacidade de se desenvolverem em células especializadas (como quando se mistura suco de uva, transformando o composto em sorvete de uva).
Existem dois tipo de células-tronco, as embrionárias e as adultas.
As embrionárias vêm de embriões até cinco depois depois da fecundação e com até cento e cinqüenta células (um centímetro quadrado da pele do braço tem mais ou menos 180 glêndulas de suor, cada glândula contendo centenas de células). Milhares e milhares desses embriões são encontrados congelados em clínicas de fertilização e inseminação artificial (vários espermatozóides são implantados em vários óvulos e deixados se multiplicar por algumas horas). Depois que o casal doador tem um gravidez satisfatória, os resto desse material é descartado (via cesto de lixo).
As Células-Tronco adultas são encontradas em tecidos já formados. Mas aí é como tentar retirar a nata do sorvete de uva. Essas células já se especializaram e já cumprem sua função final. Cordões umbilicais e placentas têm células estaminais adultas (o termo “adulto” não implicar ter barba, basta ser um tecido diferenciado) que são um pouco melhores que as do fígado, por exemplo, mas consideravelmente inferiores às células estaminais embrionárias, que ainda são pluripotentes (as que podem se tornar qualquer tecido e órgão do corpo) e, por isso, mais adequadas para tratamento regenerativo.
Por exemplo, uma célula embrionária injetada no coração, vai produzir mais células cardíacas. O que é bom para quem teve um infarto e perdeu um pedaço do revestimento do órgão. Uma porção de células embrionárias colocadas ao redor de uma área danificada por um derrame cerebral pode regenerar a rede neural prejudicada, retornando as habilidades físicas e cognitivas do sujeito afetado.
Células Estaminais podem ser uma potencial cura de doenças como Parkinson, leucemia, cirrose, glaucoma, Alzheimer, cardiopatias, diabetes, hepatite, doenças degenerativas em geral (onde células e tecido vão morrendo sem a capacidade de reabastecimento) e, talvez (não escrevam isso na pedra), até reconstrução de órgãos para transplantes e membros completos para amputados.
Para finalizar, um pensamento meu:
Por que existem tantas clínicas de fertilização e inseminação artificial que podem funcionar sem se preocupar com a clava pré-histórica do pensamento religioso atacando-lhes de baixo para cima, mas a Ciência Médica tem que sofrer tantas agressões quando propõe usar, para fins de melhoramento da qualidade de vida humana, a mesma coisa que as primeiras jogam fora e que constituem uma coisinha de nada de uma ruminha mínima de uma nesga ínfima de um punhado de células menor do que o pedaço de mucosa nasal que vem aderido a uma bola de muco na ponta do dedo indicador de uma pessoa que tem cinco minutos para gastar enquanto espera o ônibus?
Cuidado ao cortar as unhas ou quando for escarrar, você pode estar ofendendo aos dogmas da sua religião ao descartar (ou abortar) tantos milhares de células humanas indiscriminadamente e reservando para si uma poltrona bem quentinha e pontuda na próxima vida. Talvez se você rezar com mais força, aquele seu câncer de estômago se dissolva.

Previsível. Replicável. Falseável.

=> Hoje inteira um mês que eu estou escrevendo todos os dias, sem falta, para este blogue, mas isto não é uma comemoração. De nada. <=
O Método Científico é o processo pelo qual os cientistas, coletivamente e com o passar do tempo, se aventuram para ajudar a construir uma representação do mundo cada vez mais apurada, confiável, consistente e não-arbitrária.
Tudo o que acontece, se dá por alguma causa natural, que pode ser explicada racionalmente. Não conseguir ver a causa não é o mesmo que a causa não existir (ausência de evidência não é evidência de ausência). Exemplo: passamos alguns milhares de anos sem saber como o Sol se movia ou a Chuva caía. Não víamos a causa, mas ela sempre esteve lá. Se acontece, é natural; se é natural, pode ser explicado; se ainda não é explicado, com perseverança e diligência (e, às vezes, sorte), é passível de ser. Não tema!
Natureza = Ciência.
Duas palavras que exprimem a mesma coisa. Como “mexerica” e “tangerina”, “mosquito” e “muriçoca”, “sutiã” e “califom”, etc.
A Ciência não é uma coisa, um objeto ou algo em que se deva acreditar cegamente. Ciência é um método, uma maneira de fazer as coisas, e que nos ajuda a entender a Natureza.
Este método promove, necessariamente, mais que qualquer religião ou filosofia, a humildade. Um pesquisador pode passar a vida envolvido numa teoria, mas sabe que aquilo, fruto de uma vida inteira de trabalho, pode ser destruído de maneira muito simples, por um experimento, observação ou condições melhores. E sabe que muitas pessoas ao redor do mundo vão tentar, o tempo todo, fazer exatamente isso, o que deve servir para que o cientista em questão se resguarde e se esforce, tentando deixar sua teoria e seu experimento sem furos e à prova de balas.
O que é meio impossível. Podem perguntar a Aristóteles, Newton e Einstein o que aconteceu com a Gravidade.
Na Ciência não existe dogmas, ou verdades imutáveis. Ciência tem que ser maleável e é bom que mude constantemente, para adequar dados mais confiáveis de instrumentos mais sensíveis e tecnologias mais avançadas.
Acreditar no consenso da comunidade científica não é se valer do argumento de autoridade (isso seria acreditar na palavra de uma só pessoa que se diga entendida no assunto), pois cada teoria existente está, neste exato momento, sendo exaustivamente testada para tentar ser desmantelada e uma melhor surgir.
Uma teoria nasce da seguinte forma:
Observação de um fenômeno; uma bola jogada para cima, sempre cai de volta.
Formulação de uma hipótese que explica o fenômeno; o peso da bola está fazendo-a ser atraída pelo chão.
Previsão de resultado, usando a mesma hipótese, de outro fenômeno semelhante; um sapato jogado para cima deverá cair do mesmo jeito.
Realização de testes experimentais, por indivíduos independentes, para tentar confirmar a hipótese; alguém em outro país joga uma banana para cima e espera que ela caia do mesmo jeito que a bola ou o sapato.
Essas pessoas independentes são, geralmente, editores e colaboradores de jornais científicos, que recebem as mais variadas hipóteses para serem testadas, num processo conhecido como “revisão por pares”.
Quando alguém procura primeiro os veículos de comunicação em massa para divulgar suas pesquisas ou suas experiências, está se utilizando do apelo popular que aquilo possa ter (poções que curam tudo, cremes tópicos que emagrecem, etc.), ao invés de colocar a sua “descoberta” sob o escrutínio de um painel especializado, que iria testar exaustivamente sua teoria.
Alegações extraordinárias, requerem provas extraordinárias.
Para uma hipótese finalmente virar uma teoria, ela precisa, necessariamente;
1 – Fazer previsões do que vai acontecer ANTES do fato. Não adianta prever depois. Isso é coisa para astrologia.
2 – Ser completamente repetível por terceiros (observadores autônomos), usando os mesmos parâmetros. Não serve dizer que só Fulano consegue usar um certo procedimento para chegar a um certo resultado especial. Isso é coisa de curandeiro e feng shui.
3 – Ser passível de uma completa obliteração através de observações melhores. Não voga dizer que se deu errado, a culpa é sua. Isso é coisa dos escritores d’O Segredo e de caçadores de fantasmas.
4 – Ser suportado por dados científicos reais, concretos e públicos. Não vale de nada dizer que existe uma pesquisa que prova que algo funciona sem dizer quem fez e onde estão os resultados para que estes possam ser avaliados. Isso aí é coisa de homeopatas.
Se um cientista se apegar a uma hipótese ou teoria e não quiser, mesmo se confrontando com evidências avassaladoras, que ela seja provada falsa, por vaidade ou qualquer outro motivo, esse sujeito não é um bom cientista. Provas sempre devem falar mais alto.
Para finalizar, gostaria de deixar claro que a crença em Ciência e no Método Científico não é o mesmo que crença religiosa, existe uma diferença semântica.
Exemplo, eu acredito que tem 1 Real no meu bolso, mas não pretendo fundar uma religião para venerar ou adorar meu R$1. Não existe dogmas, ou verdades supremas no meu parco dinheiro. Se eu gastar esse miúdo, não passarei o resto da eternidade vagando liso pelo mundo.
A confiança no Método é cética, fruto de provas e evidências, e não resultado de ouvir-falar nem de ameaças nefastas.
Se você está lendo isto, agradeça aos homens e mulheres que se valeram do citado procedimento para fazer com quê seus ancestrais tivessem fogo para afastar os animais, plantações para evitar a fome, barcos para colonizar novos mundos, casas e carros, para nos manter num lugar só, mas não por muito tempo, hospitais para diminuir o risco de morte dos infantes e suas genitoras, vacinas e antibióticos para frear o avanço de doenças, livros para armazenar conhecimento e computadores para perdermos nosso tempo lendo coisas como esta.
Aos que até aqui chegaram, espero que tenham gostado (eu usaria “tenham se maravilhados”, mas acho que esse tipo de reação acontece mais comigo) do relato e que tenham entendido o que é Ciência.
E obrigado pela visita!
“Um milhão de experimentos podem comprovar minha teoria, mas basta um resultado contrário para que ela seja totalmente demolida.”
– Albert Einstein-

Eletricismo e Magneticidade II

==> Isto é uma continuação, se você chegou aqui agora e não leu a primeira parte, volte e leia, senão nada aqui fará sentido.
Bem, fará, mas você estaria perdendo metade da diversão! <==
Tanto os olhos quantos as antenas de rádio são receptores de luz. Nós não vemos o sinal do celular porque as estruturas de captação de luz nos nossos olhos são muito pequenas e as ondas de rádio são muito longas e não cabem dentro das células. É como jogar sinuca com bolas de vôlei.
=> Não consigo pensar numa frase inteligente para esta passagem
Chegamos ao Ultravioleta. “Ultra” significando “acima”, “violeta” significando a cor violeta. Óbvio. Ainda estou estudando e achei pouca coisa, aí estou enchendo com miolo de pote.
Ah, achei uma coisa interessante; O sol produz muita luz ultravioleta que é bloqueada pela nossa atmosfera, ou era, pois o que bloqueia mesmo é ozônio (um alótropo do oxigênio, que se combina em três átomos) e esse ozônio está sendo quebrado por clorofluorcarboneto (o famoso CFC). Por ser muito energética, radiação UV tem a propriedade de quebrar ligações químicas. Uma dessas quebras acontece na nossa pele (e na dos porcos), causando as queimaduras de sol e, em casos extremos, câncer de pele (o carcinoma é causado quando um desses fótons super-energizados atinge e desmantela uma molécula de DNA, fazendo-a agir de forma imprevisível e incontrolável). O mesmo processo pode causar catarata no olho, ressequidão (acho que essa palavra não existe) e rachadura em plásticos (polímeros em geral) e degradação em tintas expostas ao sol.
Tinta UV é usada em sistemas de segurança (da próxima vez que você estiver numa boate com luz negra, olhe pro seu cartão de crédito) e lâmpadas que criam luz ultravioleta (como as fluorescentes) são usadas em armadilhas para insetos (que se orientam à noite navegando pela luz da lua e das estrelas, mas é um pouco mais complicado que isso. Entomologia é divertido).
Análise de minerais, espectrofotometria (tipo espectroscopia, mas mais especializado) e outras coisas com nomes ainda mais difíceis de ler e pronunciar.
=> Carcinoma nos ossos.
A próxima etapa na escala energética da luz é a dos Raios-X.
Esse nome é muito aleatório mas é muito massa também, coisa de revista em quadrinhos e foi dado por um alemão, Wilhelm Röntgen, que recebeu o PRIMEIRO prêmio Nobel de Física por seus estudos sobre os raios. Invocado!
Lorde Kelvin, o da escala de temperatura, disse uma vez que “raios-x não existem, isso é conversa”, mas eu não o ouvi dizendo, não porei minha mão proverbial no fogo.
Raios-x (sempre no plural, diferentemente do terceiro verso de Parabéns A Você, que é “Muita felicidade”) são usados principalmente em contadores Geiger, para medir o nível de radiação em determinados locais, em astronomia (olha aí, os astrônomos de novo), para medir a freqüência de pulsares e medir buracos-negros, e, mais comumente, para bater chapas radiográficas, que depois de usadas, podem servir para a observação de eclipses solares (por astrônomos, talvez?).
Gerar esse tipo de radiação consome MUITA energia, que geralmente é associado à temperatura dos corpos. Pulsares brilham nessa faixa de luz por serem absurdamente quentes. Não adianta o Super-Homem ter visão de raios-x se não tiver algo atrás do objeto para aparar a radiação, que deve ser lançada de seus olhos, pois objetos frios não emitem esse tipo de luz, e isso seria o mesmo sistema de uma máquina de raios-x, que é na verdade uma grande máquina fotográfica que enxerga fótons hiper-energéticos. Mas precisa imprimir num filme, como um lambe-lambe.
=> Do Homem-de-Aço para o Homem Verde Zangado.
Depois de raios-x, vêm os Raios Gama. Não importa o quão mais energético se tornem (não existe ainda limite teórico máximo de energia), continuarão sendo raios gama.
Da mesma forma como os comprimentos de onda da faixa de Rádio podem ser enormes, os da faixa Gama são tão pequenos que uma ruma deste tamanho ainda não dá para ver!
Além de transformar o pacífico físico Bruce Banner na besta selvagem e incontrolável conhecida por Incrível Hulk, radiação gama, por ser altamente letal para qualquer espécie de vida, é usada como meio de esterilização de equipamentos médicos e irradiação de alimentos, o que destrói qualquer ser vivo, como bactérias, que estejam só esperando um hospedeiro quentinho para se estabelecer e tomar de conta.
São naturalmente gerados em explosões de Supernovas e em explosões nucleares, guardadas as devidas proporções.
Bicho muito perigoso, sempre que puder, evite (radiação gama é não-residual, ou seja, não deixa restos por onde passa, portanto você pode comer comida irradiada sem preocupação; a não ser que você seja o técnico responsável pelo processo…).
E este é o Espectro Eletromagnético!
Espero que tenha sido compreensível.

Eletricismo e Magneticidade I

Fótons – porçõezinhas de energia que são, ao mesmo tempo, partículas (como coisas sólidas) e ondas (como som), que se movem à velocidade da luz (trezentos mil quilômetros por segundo) e que variam em freqüência, ou em quantidade de energia, e carregam energia eletromagnética.
Energia eletromagnética é mais ou menos tudo, variando de ondas de rádio, passando por cores, até raios gama.
As ondas de rádio variam em tamanho de vários metros a poucos milímetros. Mas isso é irrelevante (para este artigo, pelo menos). Interessante mesmo é que elas servem para rádio (é nada!) AM (amplitude modulada), FM (freqüência modulada), amador, TV VHF (very high frequency, ou freqüência muito alta), UHF (ultra high frequency, ou freqüência ultra-alta), telefones celulares, ressonância magnética, radares, redes sem fio (do tipo que pessoas usam para espalhar internet grátis pela vizinhança, sem se dar conta), Bluetooth (ou dente-azul, o apelido dum rei norueguês) e outras coisas.
=> Da TV para a pipoca.
Alguém (provavelmente americano), num-sei quando (provavelmente durante a Segunda Guerra), num-sei onde (essa nem chutando eu sei) descobriu que Microondas aumentam a energia das moléculas de água, fazendo-as vibrar mais rápido, resultando em aquecimento do líquido.
Como toda comida tem um pouco de água, essa energia podia ser usada para esquentar o alimento.
E inventaram o forno de microondas.
Um forno mágico que só esquenta a comida e não os recipientes. Os pratos esquentam por condução de calor. O sanduíche quente esquenta o prato encostado nele. Da mesma forma, a umidade do ar esquenta o ar dentro do forno, aquecendo o prato.
Microondas servem para outras coisas, como radioastronomia e transmissão de dados, mas comida quente é melhor. Principalmente se botar farinha depois.
=> Aqueceu, ficou quente.
Radiação infravermelha é basicamente calor.
Nós a utilizamos em óculos de visão noturna (mesmo sem luz visível, corpos ainda emitem calor, captado pelos óculos), espectroscopia (técnica usada para medir quanto de cada material existe em determinada substância. Exemplo; quanto de gás carbônico existe no ar), em previsão do tempo (que precisa melhorar um bocado ainda) e em astronomia (astrônomos usam TODA a tecnologia disponível no mundo), pois a luz infravermelha não é bloqueada por nuvens de poeira, como acontece com a luz visível.
O nome vem do fato dessa faixa de freqüência ser imediatamente inferior (em energia) à luz vermelha, que é onde nossa visão começa a funcionar.
=> E faz-se a Luz Visível!
Experiência interessante: acenda a boca de um fogão e coloque um garfo (os dentes finos ajudam a acelerar o processo (use um garfo com cabo de madeira ou plástico ou enrolado num pano (cuidado para não queimar o pano!))) em contato com a chama. Quando avermelhar, você estará testemunhando a criação de luz visível, nascendo do estágio energético imediatamente inferior (a energia aumenta porque está sendo suprida pela labareda), radiação infravermelha. Física é o que há!
A transição da radiação infravermelha (milésima vez que escrevo a palavra “infravermelho” e não consigo escrever certo de primeira… a mesma coisa acontece com “limitando-se”) para a luz visível dá-se quando uma coisa fica tão arrochadamente quente que fica incandescente, avermelhada.
Tudo até agora e daqui em diante é luz, do mesmo jeito que luz é luz, mas a luz que chamamos de luz é, na verdade, luz visível.
Esta vai do vermelho ao violeta e é composta por uma quantidade virtualmente infinita de cores, e não só as sete do arco-íris (vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta). Estas são apenas concentrações mais fáceis de ver dentro das transições infinitas.
Com luz visível dá para fazer um mói de coisa. Ver é a melhor delas.
Todos os que estão lendo isto enxergam, então não preciso discorrer sobre o assunto (e também não dá para explicar percepção subjetiva; tente imaginar uma cor que você nunca viu, por exemplo).
Minha cor favorita de dizer é Grená (existem pessoas que sofrem de uma condição chamada sinestesia, que as fazem experimentar cores combinadas com outras sensações, como ouvir um azul, mas eu dedicarei um artigo completo a isso porque é muito legal de verdade).
==> Em prol da parcimônia e zelando pela paciência de meus visitantes, divido este artigo em dois. A primeira parte acaba aqui, a segunda virá em breve. <==

Categorias