Coisas que não sei – respiração boca-a-boca
A primeira coisa que não sei quanto a isso é se devo ou não usar hífens, mas por enquanto isso é irrelevante.
Quando eu era pequeno e assistia a S.O.S. Malibu e (inevitavelmente) presenciava uma ressuscitação cardio-pulmonar, sempre pensava que a razão em soprar para dentro da traquéia de outra pessoa era para fazerem os pulmões pegarem no tranco. A caixa torácica enchia e, como um balão, tinha a tendência a encolher novamente, o que expelia a água.
Uma vez sem nada dentro e secos como sacos vazios, os pulmões voltavam espontaneamente a se encher, desta vez com ar fresco.
Meio vasos comunicantes, meio motor de Belina.
Já abandonei a idéia do pulmão elasto-pendular.
Mas, minha dúvida real é esta: se eu soprar ar dos meus pulmões para os pulmões de outrem, não estaria enchendo estes de gás carbônico?
Qual a porcentagem de CO2 numa exalação? Quão rápida é a troca de gases nos meus alvéolos?
Apesar de ser treinado em primeiros socorros eu nunca precisei me dar ao trabalho de salvar uma vida alheia dessa maneira, então não sei exatamente o quanto isso ajuda, mas sempre acreditei nos benefícios (melhor umas duas costelas quebradas que um coração parado, certo?).
Outra, que sempre foi uma dúvida de procedimento: soprar só com a boca garante aeração suficiente?
Cuspir ou engolir?
Sei que este é um assunto muito íntimo, delicado, controverso (e um tanto nojento), mas alguém precisa falar sobre ele.
Vamos lá:
Depois de uma certa quantidade de esforço (que varia de caso a caso, principalmente com a experiência), você sente aquele gostinho peculiar na sua boca. E aí? Você cospe ou engole?
Ou, se o problema for de outra pessoa, você acha que ela deve cuspir ou engolir?
Muitas vezes cuspir pode ser uma atitude socialmente não-aceitável naquele ambiente em que você se encontra, porém algumas pessoas simplesmente não conseguem engolir aquele líquido viscoso, pegajoso e de sabor estranho.
Já presenciei algumas vezes um instante de dúvida em que, ao não saber se deve engolir ou cuspir, a pessoa acaba se engasgando, começa a tossir descontroladamente e acaba por vomitar, ocasionando uma situação muito pior (e muito mais asquerosa/embaraçosa).
Ademais, onde se deve cuspir? Na pia? E se não houver uma por perto (ou não for possível chegar até ela em tempo)? Cuspir no chão? Num lencinho?
Além disso, alguns indivíduos não conseguem cuspir! E nas raras ocasiões em que tentam, deixam um rastro de volta à boca resultando numa liga de baba colada ao queixo.
Então devem apenas deixar o troço escorrer pelos lábios, como uma esbranquiçada cascata?
Argh!
Aqueles que cospem dizem que engolir faz mal e é potencialmente perigoso.
Os que engolem afirmam que cuspir é seboso e uma falta de educação.
Mas como ficam os que não têm uma opinião formada?
Coisas que não sei – limite de velocidade
Essa de hoje é mais bom-senso que ciência.
Digamos que estou em uma ponte com duas pistas e acabo de cruzar uma placa que diz 80 km (porque em placas, pelo menos aqui em Natal, velocidade é dada como sendo uma distância).
Por ter acabado de ultrapassar um carro que estava a sessenta, me encontro na faixa de velocidade, dirigindo no limite imposto pela sinalização.
Eis então que vejo crescer no meu retrovisor um outro carro, vindo abusivamente acima daquele limite, usando seus faróis para me deixar saber, em código morse, que o motorista quer porque quer passar de mim, que já estou andando em velocidade máxima.
Estando eu, naquele momento, impedido de mudar de faixa e dar passagem, devo acelerar o carro acima do limite para que o motorista atrás de mim consiga aliviar seu intestino o quanto antes?
E se eu tiver toda a faixa da direita livre? Devo voltar a ela, deixando que um colega de tráfego infrinja uma lei de trânsito ou mando-o às favas, pois estou no meu direito de ficar ali, naquela velocidade?
Exploração espacial
Me ocorreu algo agora, quando lia mais um dos infinitos argumentos na discussão “homem vs. robôs no espaço”.
Com a tecnologia que temos e que teremos daqui a pouco, poderemos mandar quantos robôs quisermos (isso já é antigo) e poderemos vivenciar tudo o que se passa por onde eles estiverem, daqui, do conforto do nosso lar (essa é a parte nova).
No melhor estilo “realidade virtual”, poderíamos comandar robôs articulados e com visão binocular. Não precisaríamos mandar um biólogo para Marte, seria suficientemente bom mandar uma caixa metálica com motores e um microscópio.
Ver um astronauta andando desengonçadamente em terreno alienígena dá uma sensação boa, como ver o seu time ganhar um campeonato (eu acho. Não torço, não sei) e humanos são sim melhores que robôs, mas não precisamos necessariamente programar os bichinhos.
Nós já estamos programados e, basta um controle remoto para operarmos os danados em solo enceladiano.
Tudo bem que precisamos resolver o “problema” da velocidade da luz, que demora para chegar nesses cantos e causa um atraso de minutos no envio e retorno de informações, mas esse é um problema mais fácil de resolver do que proteger humanos frágeis da radiação espacial.
Um software de mapeamento e predição sairia bem mais barato que arrodear uma nave com toneladas de água.
Imaginem: um módulo orbital mapeia o relevo do terreno, com direito a análise cromatográfica e tudo mais, manda essa informação para a base terrestre, onde um ambiente virtual é criado.
Um geólogo humano pode “andar” pelo terreno reconstruído com uma resolução altíssima, ver onde seria mais interessante cavar e colher amostras. sua contraparte mecânica, horas-luz de distância, munido de uma pá e de instruções criadas organicamente, repete os passos do cientista, escava o local adequado, recolhe amostras, analisa e manda os dados já mastigados de volta, que serão estudados mais aprofundadamente por aqui.
Não há coisa alguma que um microscópio na Terra possa fazer que um igual em Io não consiga.
Mas há muitas coisas que um robô sem terminações nervosas superficiais consegue fazer a meio metro de um gêiser de metano líquido que um humano coberto com pele de foca não conseguiria.
Portanto, o futuro da exploração espacial reside em uma simbiose cibernética entre nós e nossos futuros mestre metálicos servos mecânicos.
Com o Skynet a ponto de se tornar autoconsciente, só nos resta botar os pés para cima e apreciar o espetáculo da colonização robótica espacial.
Coisas que não sei – paradoxo da sinuca
Antes de lançar a pergunta para o meu “Google orgânico” devo notar que “coisas que não sei” é uma das frases mais mal escritas que eu consigo continuar escrevendo, porém não consigo achar uma melhor que mantenha o mesmo sentido e que seja curta o suficiente.
Não adianta ficar obcecado com meus princípios antiambiguidade, porque, como diz um amigo meu: “se o povo diz que é assim, é assim.”
Voltando ao muciço:
Um taco de sinuca é um bicho estranho com uma alta manutenção.
É necessário passar algo na ponta para que ele não escorregue (ou “espirre”) ao bater nas bolas e cobrir seu corpo com algo para que ele deslize melhor na mão.
Sendo que esse “algo” pode ser a mesma coisa: giz.
Pergunta: Por que giz na ponta do taco aumenta o atrito mas o mesmo material quando passado no lado diminui a fricção?
Experiência caseira – ovo sem casca
Eu passo boa parte do meu tempo livre mexendo em coisas.
Ontem, ao concluir a construção de um veículo motorizado autopropulsionado reduzido (carrinho movido a pilha) feito de isopor, madeira e restos de um vídeo cassete, eu estava começando a ficar entediado, quando lembrei do meu ovo.
“Meu” porque veio numa embalagem com mais cinco ovos que eu comprei no supermercado e que, por direito, me pertencia.
“Lembrei” porque não estava com ele imediatamente na minha memória de acesso rápido, pois o havia deixado pelas últimas 96 horas imerso em vinagre.
A casca (feita principalmente de carbonato de cálcio) e o vinagre (constituído quase completamente por ácido acético) foram mutuamente cancelados, resultando numa poça salobra de um líquido espumoso e acre, de gosto bastante repulsivo (mais ainda que seu aspecto, pena que não tirei fotos).
O ovo em si estava macio ao toque e inchado, como um balão cheio de água, e havia aumentado de volume consideravelmente (como uma barriga grávida, talvez?) e parecia estar prestes a romper.
Antes que isso acontecesse, eu intervim da melhor maneira que sei em situações como essa: com um palito, uma faca e uma câmera.
Cliquem no read on para ver o vídeo e mais fotos:
Mídia moderna, jornalismo antiquado
O diário natalense Tribuna do Norte, agora a pouco, atingiu a marca de 600 seguidores no Twitter.
De quando em quando, alguém cuja função anterior ainda não consegui apurar, tuíta uma chamada curta (passível de ser facilmente repetida sem a necessidade de cortes) e um link para uma notícia na página do jornal.
Para quem ainda não conhece, o Twitter é um meio para informar pequenas coisas a quem quer que os siga, em tempo real (ou no espaço de tempo necessário para que suas mensagens sejam lidas), e vice-versa, possibilitando que se leia qualquer mensagem mandada por outrem.
O “pequenas coisas” se deve ao fato de, cada mensagem, ou twit, poder conter no máximo 140 caracteres, ou exatamente o conteúdo desta linha.
As mensagens mandadas pela Tribuna não dizem coisa alguma, são apenas as manchetes das notícias que eles querem que todos leiam em sua página na Internet.
Isso é equivalente a Sherlock Holmes embarcar num avião supersônico para chegar mais rápido à cena de um crime munido apenas de lupa.
Meios de ponta para métodos há muito ultrapassados.
Isso me ocorreu mais fortemente ontem quando eu sai do trabalho para almoçar e encontrei a rua impedida e o tráfego nela parado.
Passei mais de vinte minutos num trecho que em condições normais me tomaria apenas cinco.
A equipe de jornalismo da Tribuna do Norte sabia disso e tuitou: “Acidente entre ônibus e carros congestiona trânsito no Centro” e incluiu um link que não abre na minha neolítica máquina computacional.
A maneira twitter de dar a notícia seria “evitem a Rio Branco, ela está parada” e um link para a notícia. Quem pudesse, como eu, evitaria essa rua.
Mas preferiram pensar com os pés e colocar um meninote na esquina, gritando EXTRA, EXTRA!
Eles não estão nessa para prestar serviços mas sim para propagandear o próprio sítio.
E é por essa mentalidade que eu acho é pouco que diploma de jornalista agora só serve para esconder infiltração.
Custa acompanhar as mudanças?
P.S.
Parabéns aos agentes da STTU pela ação rápida de coordenação do tráfego.
O telefone de lá é 156 ou 3232-9095 e eles atendem 24 horas por dia. Se vocês virem algum carro parado em local indevido ou um sinal sem funcionar, liguem e me ajudem a não morrer de raiva antes dos 35.
Pode demorar pois eles têm poucos carros, mas eles eventualmente chegam.
P.S.2
Já que hoje é dia de política aqui no SbBr, a imbecil excelentíssima prefeita Micarla de Souza vai mais uma vez mudar o nome da secretaria, que passará a se chamar SEMOB.
Eu sei disso porque conversei bastante com dois “amarelinhos” uma noite dessas.
Coisas que não sei – Homo sapiens sapiens
Sendo nós, seres criadores e usuários de calçados com fecho de velcro, os únicos membros não-extintos do gênero Homo e já havendo a espécie sapiens, qual o motivo de existir uma subespécie classificatória?
Se hoje em dia só existe um “homo” e “sapiens” servindo perfeitamente para nos diferenciar dos nossos “primos” não mais existentes, existe uma necessidade real de sermos Homo sapiens sapiens?
Pergunta Bônus: exatamente em que ponto da nossa contínua evolução poderíamos afirmar existir uma nova subespécie, um Homo sapiens superioris, digamos?
E o quanto de mudança seria preciso para um Homo novis, uma completamente nova espécie?
A diferença entre um lobo e um cachorro é um familiaris.
Nota: eu sei que a classificação de Lineu está um tanto ultrapassada, com cladística e tal, mas a pergunta continua: quanto de mudança genética é necessária para abrir uma nova vaga?
Como complemento para a pergunta, consultem esse artigo do Blogueiro X (me recuso a chamá-lo de “cretinas”)
Argumento de autoridade (ou de ignorância?)
Quando eu penso que não, leio um negócio que me impressiona pela falta de cuidado.
Estou aqui lendo o tão aclamado e seguido Guia Quatro Rodas – Rio Grande do Norte, da Editora Abril.
Apesar da excelente falta de indicação (que só pode ser fruto de um esforço consciente para esconder a data da publicação), tenho quase certeza que esta versão que tenho em mãos saiu em 2007.
Na página 117, na seção dedicada à praia de Touros, há um quadro de destaque com uma foto do Farol do Calcanhar e o seguinte texto:
O mais alto
O farol do Calcanhar tem 62 metros e 298 degraus. É o maior do Brasil e o segundo do mundo, só perdendo para o fabuloso Farol de Alexandria, que já foi uma das sete maravilhas do planeta. A visitação é só externa. Informações pelo tel. 3502-5402.
Natal já teve a maior loja de colchões do mundo e no município vizinho de Nísia Floresta encontra-se o maior cajueiro do mundo, mas o segundo maior farol?
Indo por partes: eu aprendi no colégio que a única das “sete maravilhas” ainda de pé são as Pirâmides e que o Farol de Alexandria foi destruído por terremotos (mesmo destino da biblioteca de lá) há muito tempo.
“Muito tempo” aqui significa 529 anos.
O tal “maior farol” deixou de existir e deu lugar a um forte vinte anos antes do Brasil ser abordado por europeus.
Então quer dizer que o farol em Touros é o maior do mundo já que seu concorrente direto perdeu a coroa quatrocentos e sessenta e três anos anos daquele ser construído?
Hummm…
Não.
O maior farol do mundo é o da Marina de Yokohama, no Japão, que é 70% mais alto, com 106 metros.
Voltamos ao segundo lugar.
Bem, nem tanto.
Sequer o mais alto das das Américas.
Um tal de Cabo de Hatteras, na Carolina do Norte, EUA, tem 64 metros.
Uh, na trave!
Eu consigo cuspir mais longe que a diferença de altura entre os dois, mas “mais alto” é “mais alto”.
Que pena.
Pelo menos temos o terceiro farol mais alto do mundo.
Mas seria o terceiro mesmo?
É, é o terceiro mesmo. Só quis criar mais tensão.
O erro ‘foi’ e ‘não foi’ do Guia.
‘Não foi’ porque eles se confiaram numa fonte aparentemente confiável, não tendo sido o primeiro lugar a dizer isso e ‘foi’ porque eles não se preocuparam em falsear a informação, procurando por estruturas maiores (e falharam completamente em lembrar das aulas de História Geral).
O motivo da confusão pode ter sido causado por linguagem específica e falta de atenção, já que na página do Serviço de Sinalização Náutica do Nordeste consta a frase “segundo maior do mundo em altura focal”, que não é o mesmo que altura da base ao topo.
Mas, como dizem os Pet Shop Boys: “se a vida é…”
Com quantas pintas se faz uma bochecha sardenta?
Sábado eu fui a um evento que consistia em: perder todo o senso de civilidade e auto-estima dançando do pior jeito possível, comer o máximo de derivados de milho que a Lei permita, tentar a todo custo manter a integridade física de seus apêndices articulados e de sua camada protetora externa apesar da constante ameaça de artefatos explosivos e o livre tráfego de faíscas, fagulhas, chamas abertas e estilhaços, e voltar para casa absolutamente defumado devido à exposição contínua à resíduos de partículas suspensas provenientes da queima de tecido orgânico de vegetais lenhosos. Ou, como costumam chamar por aqui, um arraiá.
Pois bem, enquanto tentava não ter o meu cabelo inflamado por um tal de chuveirinho (artefato produzido primariamente para uso infantil que produz um efeito semelhante a o de um maçarico de acetileno) nem meus tímpanos irremediavelmente rompidos por rápidos deslocamentos de ar provenientes de reações altamente exotérmicas, notei algo interessante: quase todas as garotas estavam com as bochechas excessivamente avermelhadas e, dentro da área afetada, alguns pontos pretos.
Bom, essa não é a parte mais interessante (nem tampouco o fato de todas elas terem suas cabeças emolduradas por tranças presas por fitas coloridas).
O que mais me chamou atenção naquelas sardas artificiais foi a observação (e posterior confirmação) de que todas elas eram idênticas.
Tendo notado que cada mulher chegou num momento distinto e tendo visto minha namorada pintando as suas, rapidamente peguei um atalho mental, eliminei vários passos de raciocínio e cheguei à conclusão de que todas fizeram exatamente o mesmo desenho de maneira independente das outras.
Mas, fiquei com a pergunta: por que cinco pontos, com um no meio e quatro nos flancos, como num dado?
O modelo que mais me vem à cabeça quando penso em “festa junina” associada à “fantasia feminina” é Rosinha, e ela não tem sardas.
De onde estaria vindo a idéia de criar tal padrão?
Como essa foi a primeira vez que notei a semelhança, não posso dizer que sempre foi assim, mas especulo que seja.
Vou continuar minhas investigações e, caso tenha alguma novidade que valha a pena ser contada, venho aqui e conto.
Enquanto isso, caso alguém já saiba a resposta, por favor me diga.
E o mistério da cara-de-dominó permanece…