Andale, andale!

Ontem eu disse que guacamole era Inca, mas eu estava errado.
Na verdade é Asteca (mnemônico: inca – machu pichu; asteca – teotiuacan).
Estes são do México, aqueles, do Peru.
Guacamole é a aglutinação de ahuacatl, que significa abacate, com molli, molho.
A receita tradicional leva abacates maduros (atualmente é mais fácil achar uma pérola negra dentro de um sapato de palhaço na seção de livros de toponímia de uma biblioteca pública com nome de presidente que achar um abacate maduro no supermercado), tomates (também sul-americano), cebolas roxa (introduzidas no continente por Cristóvão Colombo), pimenta-do-reino (também introduzidas por conquistadores, mas provavelmente substituindo a pimenta-rosa, nativa daqui e mais tradicional), pimenta calabresa (acabo de descobrir que esta é igualmente americana e não vem da Calábria, como eu supunha. Aprender é bom!), coentro (uma erva africana, mas que não foi usada ontem em respeito a uma pessoa que eu sei que não gosta mas que não pode ir, fazendo falta), suco de limão (originário da Índia. Onde diabos eu achei essa receita “tradicional”? Tão tradicional quanto sucrilhos. Tradicional é pipoca, chocolate, café, cajuína…) e sal. Sal eu vou dizer de onde é não. Ainda é muito cedo da manhã.
Tequila é uma bebida originária da cidade de Tequila, estado de Jalisco, México, destilada do sumo do agave azul (Agave tequilana), parente do sisal (Agave sisalana) que aqui é utilizado na fabricação de cordas.
Os Mexicas (nome pelo qual os astecas se referiam a si mesmos, “asteca” sendo o nome dado pelos europeus) não inventaram a tequila, inventaram sim o pulque, uma bebida fermentada do caldo do agave (que causa dermatite se entrar em contato com a pele!). Quem começou o processo de destilação, efetivamente criando a tequila, foram os europeus, quando o rum acabou. Fermentar é fácil; é só espremer o suco, misturar açúcar se necessário, ou cuspir dentro (sério) e colocar no calor (precisa nem ser fogo, basta um chão quente num dia de sol forte). Destilar é bem mais difícil e perigoso, envolvendo evaporação do etanol (altamente explosivo), filtração do sumo fermentado e recombinação dos dois produtos.
Foi-me dito ontem que a tequila repousada é de qualidade inferior pois não é envelhecida, mas eu não conheço tequila (sou apreciador de Cachaça) nem tenho ressaca (o processo de envelhecimento introduz mais impurezas congêneres), então para mim tanto faz.
Eu lembro de ter lido que o agave é cultivado em certas regiões pelas flores, que são comestíveis e perenes. Mas é muito cedo para pesquisar isso agora (eu não escrevi ontem porque passei o dia preparando a mexicanada) e vou ter que ficar devendo. Lembrem-se, pode ser mentira.
Que mais?
Outro molho “tradicional” para se comer com Doritos (!) leva só tomate, alho, sal e molho de pimenta (mas ontem eu coloquei alcaparras para agradar a mesma pessoa que não come coentro e que não foi para a festa), aí não tem muito o quê falar.
Burrito é só carne (não de burro, se bem que carne de charque é carne de cavalo. Pronto, eu disse!) com legumes, enrolados numa espécie de panqueca seca de farinha. Mas é bom que só.
No México, porém, todas essas comidas equivalem ao nosso “sebosão”, ou cachorro-quente de rua. O que eles comem mesmo é milho, arroz e feijão. Igual a nós.
P-p-por hoje é s-s-só, p-p-pessoal!

E.T.-telefone-casa

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Um objeto tão simples e de uso tão cotidiano quanto a caneta BIC é uma prova evidente de que os extraterrestres não só nos visitam, mas que estão entre nós.
ROG
Permitam-me mostrar porquê. O comprimento da caneta, com a tampa colocada, é de 150mm, e a distância entre a Terra e o Sol é de 150 milhões de km. A relação é evidente. As canetas BIC são objetos de culto solar introduzidas no nosso planeta por alguma civilização extraterrestre. Mas isso não é tudo. O comprimento da tampa da caneta é de 58mm, e se descontamos o que mede o ganchinho (a parte que serve para que a caneta fique pendurada), restam 35mm. Somamos as duas medidas e obtemos 93, que multiplicado por 2 dá 186, exatamente 40mm mais do que o comprimento da caneta sem a tampa (146mm). Ademais, a soma dos números do comprimento da tampa sem o ganchinho, 35mm (3+5), é 8, que é o diâmetro da caneta. Qualquer um pode ver que nestas proporções existe uma relação, e dessa relação tem que se derivar uma mensagem, provavelmente as chaves para a utilização de todo o poder e a energia do Sol.
E tem mais. Se somarmos o comprimento da caneta sem a tampa, e o comprimento da caneta com tampa, obtemos o total de 296, que é exatamente a distância, em km, entre Recife e Natal pela rodovia. Caso alguém ainda duvide, a tecnologia necessária para construir rodovias é de origem extraterrestre (suponho que ninguém seja capaz de pensar que uns primitivos humanos poderiam desenvolver sozinhos uma tecnologia assim), e a relação entre essa tecnologia e as viagens interplanetárias encontra-se oculta nas mágicas proporções das canetas BIC. E não apenas isso, provavelmente todos os segredos do Universo estejam nessa caneta. Somando o resultado anterior, 296, com a medida da tampa sem o gancho, 35mm, temos 331, que multiplicado por 2 é 662, quase a Constante de Gravitação Universal, salvo o correspondente fator de proporcionalidade (o valor desta constante é de 6,67 x 10¹¹, o erro pode ser devido bem a falta de precisão em nossas medições, ou bem a que a inteligência superior que criou estes objetos decidiu que era perigoso demais pôr conhecimento demais em nossas mãos).
Além do mais, o comprimento do gancho é de 23mm. Se somarmos os números do comprimento total da caneta, 150mm (1+5+0), temos 6, que com os 23 do gancho resultam em 6,023, bastando acrescentar o fator de proporcionalidade 10²³ para obter o número de Avogadro. Com certeza poderíamos seguir estudando as características deste maravilhoso objeto vindo das estrelas, e encontraríamos assim respostas aos grandes enigmas da humanidade.
Terei ficado doido? Continue lendo.
As pessoas tendem a acreditar nas coisas. Certa vez, durante o programa “The Tonight Show”, de Johnny Carson, o mágico James Randi se apresentou, praticando um truque chamado “cirurgia psíquica”. Durante todo o evento, ele continuou dizendo que era tudo um truque de prestidigitação e que ele não era médium, mas um mágico.
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Apesar de todo o aviso, ao fim do programa, centenas de pessoas telefonaram para a emissora querendo saber como entrar em contato com aquele homem, pois estavam precisando de cirurgias espirituais.
Nossa mente costuma esquecer os detalhes que não nos interessam ou que são contrários ao que acreditamos e se concentrar naqueles que concordam com o nosso ponto de vista.
É fácil esquecer que nós só estamos aqui por causa de colisões aleatórias de prótons e elétrons, agregações exageradas de átomos de hidrogênio, criando fornos estelares cujos colapsos criaram megaexplosões que espalharam carbono e oxigênio pelo espaço, que se condensaram em nuvens gigantes de gás, que se aglomeraram num ponto central, acendendo uma nova estrela e criando um poço gravitacional que criou discos de acreção ao seu redor, que se acumularam em várias esferas planetárias, uma de pedra (Terra) e outra gigante de gás (Júpiter), que desvia a maioria dos asteróides e cometas que nos atingiria sem sua proteção, mesmo sendo tais impactos benéficos, como o que tirou um pedaço do mundo, transformando-o em Lua, criando um puxão que deu início às marés, que fez com que as formas de vida mais simples (criadas por carbono recombinado na água oxigenada e cheia de outros elementos provenientes das explosões cósmicas) precisassem evoluir meios de locomoção especializados, que futuramente os tiraria da água (não sem antes passar pela faixa de transição entre mar e terra, a praia molhada, causada pelo movimentos das marés), criaturas essas que teriam que enfrentar outra colisão extraterrena e começar o processo novamente quase do zero, até se tornarem criaturas gigantes, precursoras dos pássaros, que seriam também dizimadas, juntos com mais 75% de todas as espécies do planeta, deixando espaço para uns ratinhos, que moravam em tocas dentro do chão e comiam raízes, crescessem, se espalhassem e se modificassem, dando início a várias espécies de mamíferos que, através de milhões de anos de adaptação conseguiram lugar de destaque na biodiversidade desta pedra solta no vazio escuro e frio do espaço, desenvolveram cérebros flexíveis adequados a qualquer situação, e mãos capazes de manipular os menores objetos com precisão, mas, novamente, isso foi fruto de adaptação ao ambiente.
Nós moramos no lugar certo do sistema solar, perto de uma estrela certa, nem muito quente (que se acabaria rápido demais, não deixando tempo para chegarmos onde estamos), nem muito fria, sofremos uma quantidade perfeita de choques com restos de outros planetas, que empurrou a evolução e matou a concorrência, nos deixando nascer, descobrimos coisas ao acaso (radioatividade, penicilina, radiação cósmica de fundo), construímos telescópios e naves espaciais e agora estamos chegando ao limite do nosso sistema solar.
É MUITO difícil acreditar nisso tudo!
É muita coincidência!
Mas existe evidência para isso tudo. Muita evidência.
O mesmo não pode ser dito de avistamentos de naves extraterrestres.
Quando a prova existe, é para confirmar o contrário.
O coletivo de “relatos” não é “evidência”.
Alternativamente, a ausência de provas não é prova de ausência.
Et´s podem existir, eu acredito que existam, pois o universo é muito grande, muito grande MESMO! E é exatamente por ter tal característica que eu não acredito que seres inteligentes que existam por aí estejam por aqui.
Nós levamos trinta e um anos para chegar ao fim do nosso sistema solar. Sem ninguém dentro da nave. Sem comida nem bebida, só uma bateria e um transmissor.
São 14 horas-luz (ou seja, a luz, cuja velocidade NADA pode ultrapassar, leva catorze minutos para chegar lá) daqui pra Voyager 1. A próxima estrela está a 4.2 anos-luz de distância da Terra. Mais de trinta e seis MIL vezes a distância. Para efeito de comparação, se você andar do início até o alto da ponte Forte-Redinha (Newton Navarro), terá andado mais ou menos 1 quilômetro. Se você andar trinta e seis mil vezes isso, dará quase uma volta completa ao planeta.
A luz, que não tem massa, demora quatro anos e pouco para chegar aqui, vindo de Próxima Centauro, nossa vizinha mais próxima.
Sabe quais as chances de uma civilização aparecer e chegar ao ponto de mandar naves pelo espaço? Até agora de uma sobre infinito.
Existe até uma equação para se calcular as chances com dados melhores.
Mas, até agora, ainda é 1/infinito.
Eu acredito em ET, mas não acredito em visitas…
Leiam isso e mais isso. Valem a pena.

Fuso Evolutivo do Samba

Hoje é o dia da fundação (333 anos, só é metade do mal) do Observatório Real de Greenwich, na Inglaterra.
A impotância disso vem de duas coisas:
1 – Foi o local de trabalho de Edmond Halley, físico que previu que os cometas tinham órbita (Cometa Halley foi nomeado em sua homenagem, quando este passou no dia exato previsto por ele), mapeou o céu do hemisfério sul, propôs que o movimento atmosférico que causa as monções é causada pelo Sol e estabeleceu a relação entre pressão barométrica e elevação.
2 – E, até há pouco tempo, foi o local onde se calculava a hora média (GMT, ou Hora Média de Greenwich em português) do mundo (o tempo não é só medido, é calculado com base em movimentos pendulares, que dependem da força da gravidade, e do movimento de estrelas, sério). Quando lá fosse meio-dia, aqui seria nove da manhã (o Brasil sendo GMT -3).
ROG
Hoje é também o aniversário de cento e oitenta e três anos do nascimento de Thomas Henry (ou T. H.) Huxley, biólogo inglês (não confundir com o seu neto, Aldous Huxley, escritor e apologista de drogas favorito dos tomadores de LSD), conhecido como o Buldogue de Darwin, por ter defendido o colega (Charles Darwin) e sua teoria (Evolução das Espécies), com fervor, aumentando assim a aceitação de algo que revolucionaria a Biologia e o nosso entendimento de como as coisas do mundo funcionam.
Huxley
É sempre bom saber que horas são e de onde viemos, mas ouvir música é muito mais agradável, e é por isso que hoje eu me dedicarei a falar sobre Noel Rosa, sendo hoje o septuagésimo primeiro aniversário de sua morte (aos vinte e seis anos).
Noel foi importante para a música brasileiras por unir o samba mais tradicional (com fortes raízes afro-brasileiras) com uma linguagem mais moderna, mais urbana, usando ironia e letras espirituosas.
Seu primeiro sucesso foi “Com Que Roupa?”, de 1931 (que retrata o povo brasileiro miserável, com muitos problemas) que, segundo Carô Murgel, teria sido inspirado num episódio em que sua mãe, temendo por sua saúde frágil e não querendo que ele fosse à uma festa, escondeu todas as suas roupas.
Outros sucessos do músico (violonista e bandolinista) incluem “Pierrô Apaixonado”, “Coração” (inspirado em suas aulas de anatomia quando na faculdade de medicina, que não chegou a concluir), “Fita Amarela”, “Gago Apaixonado”, “Triste Cuíca”, e a famosa rusga sambista com seu colega compositor Wilson Batista, de onde nasceram os clássicos “Feitiço da Vila” e “Palpite Infeliz”.
Além de ter tido o rosto deformado ao nascer (sendo um parto difícil, fez-se necessária a utilização de fórceps, o que amassou-lhe a mandíbula), Rosa sempre teve a saúde muito precária e era acometido regularmente por ataques de tuberculose (mas, apesar disso, nunca parou de fumar), o que o findou tirando-lhe a vida em 1937.
Noel Rosa pode não ter sido um gênio, mas a sua contribuição para o bem-estar da humanidade (A definição de “Saúde” da Organização Mundial da Saúde é: não apenas a ausência de doença, mas um estado de completo bem-estar físico, mental e social), na forma de música é digna de um prêmio.
Eu não gosto de lembrar de aniversário de morte, mas não poderia esperar até dezembro para homenagear esse grande Compositor e Inspirador.
Noel, você foi o cara!
Noel

Atendendo a pedidos

Reclamaram de mim por meu blogue (aportuguesado da palavra “blog”, abreviação de “web log”, que em inglês significa “diário de rede”, onde “rede” é a Internet e “diário” é um lugar onde se registram os pensamentos e as experiências) ter muita coisa escrita.
Certo.
Mandaram eu colocar fotos e desenhos e cores e adornos e toda sorte de tiradores de atenção disponíveis. Se eu quisesse desviar a atenção do que quero dizer, eu nem começaria dizendo e cada artigo teria uma foto minha cutucando meu nariz.
Eu descobri o prazer de escrever e de ser lido e de ter alguém que vez por outra vem me dizer que aprendeu uma coisa legal ou que se divertiu com minhas peripécias internetais.
Outra das coisas que eu faço é cronometrar o tempo de ler cada uma das minhas entradas (eu sei que tenho problemas, não me julguem). A mais longa demora nove minutos para ser lida, a mais visitada e elogiada leva quatro minutos. Um cigarro queima em sete, a água do meu café ferve em dez e deixar o nariz limpo custa 11 minutos de dedos em ação.
Eu só utilizo figuras em casos especiais, para explicar algo que seria muito difícil de entender só lendo, para chocar ou para causar um impacto emocional maior. Prefiro usar links.
Mas, em homenagem a essas duas chatas (um alô aí pras minhas cunhadas!), hoje eu vou deixar a página lenta para todo mundo (de nada) colocando muitos vídeos.
Como eu sou um sujeito dado à Ciência, serão vídeos de experimentos científicos interessantes de assistir.
1 – A massinha prateada em cima do prato é sódio, um metal alcalino que, em sua forma pura, explode em contato com água.
O amarelo dentro do frasco é gás cloro, um elemento altamente venenoso que pode matar uma pessoa que o aspire, e é colocado, em quantidades ínfimas, em reservatórios de água potável para evitar o desenvolvimento de qualquer organismo prejudicial à nossa saúde.
Isso é o que acontece quando se misturam os dois com água:
[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=Mx5JJWI2aaw]
O pó no fundo é areia, só para não quebrar o vidro.
Outra propriedade desses dois elementos é a de, quando combinados em condições certas, formam Cloreto de Sódio, ou o que é mais conhecido como Sal de Cozinha.
2 – Existe uma propriedade física chamada metaestabilidade que permite, por exemplo, que água fique mais fria que seu ponto de congelamento, mas se mantenha líquida. Até ser perturbada:
[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=gGpNhBPYNfs]
Ou que água esquente acima do seu ponto de ebulição, novamente se mantendo líquida, até que haja um distúrbio:
[youtube= http://www.youtube.com/watch?v=yNu8WaKo5No]
3 – Alguns gases, como o hexafluorido de enxofre, são tão mais pesados que o ar (na verdade, o certo seria dizer que é mais denso, pois um quilo de ar pesa o mesmo que um quilo de qualquer outra coisa) que “afundam”, formando uma base invisível:
[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=1PJTq2xQiQ0]
Esse gás específico aí é conhecido como “anti-hélio”, pois se comporta de forma diametralmente oposta ao hélio, que é menos denso que o ar e faz os balões de festa flutuarem e se você aspirar hélio, ficará com voz de Pato Donald, se respirar hexafluorido de enxofre, ficará com voz de Tim Maia.
4 – Ondas acústicas estacionárias são formadas por um fenômeno físico que reforça uma certa freqüência entre paredes paralelas, aumentando a energia da tal freqüência.
Se o som for alto o suficiente e o espaço pequeno o suficiente, a energia produzida pode gerar uma força (assim como um vento muito forte tem força para destelhar uma casa) que faz com que objetos leves “surfem” nessa onda estacionária:
[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=94KzmB2bI7s]
Levitação Acústica. Seus tímpanos estourariam, mas você seria a pessoa mais popular do bairro.
5 – Ressonância é o fenômeno que ocorre quando energia vibratória é transferida de um sistema para o outro. Quem já tocou em banda conhece esse efeito, quando o baixista toca uma certa nota e a caixa da bateria fica chiando.
Ernst Chladni, físico e músico, uniu o melhor dos dois mundos e descobriu o efeito que hoje leva seu nome, as figuras de Chladni (quase tão legal de dizer quanto “Gottlob”):
[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=DpXPvJL9oFw]
Isso aí é o seguinte: quando a placa é tocada (isso funciona também com um alto-falante embaixo da placa, podem procurar no youtube), ela vibra desigualmente. As laterais tentam vibrar ao mesmo tempo, mas o ponto médio entre elas não se mexe porque as vibrações vindas de ambos os lados se cancelam nos chamados “nós”. A areia em cima da placa fica pulando (imaginem um lençol rente à cama sendo sacudido e toda a areia sendo jogada para cima) até cair em um nó, que não se mexe ou pelo menos não tanto quanto o resto da placa, formando esses desenhos geométricos. Apenas encostar na placa já cria nós em outros pontos, mudando o desenho.
Quem disse que Física não é um negócio bonito?
P.S. Este tópico demora quatro minutos e meio para ser lido. Dá tempo de comer três bolachas creme cráquer (sem manteiga; pois as meladas levam menos tempo por serem mais fáceis de engolir e requererem a produção de menos saliva).

Recorte de jornal

-Retirado do Jornal da Assembléia-
Correção política extremada ou simples perda de tempo?
Por Jorge Peixoto
Natal, 30 de janeiro de 2008.
O Deputado Estadual Luiz Almir Filgueiras Magalhães, na tarde de ontem, encaminhou Ofício à Assembléia Legislativa do Estado pedindo, em caráter urgente e extraordinário, o pedido de votação da medida 32.833/08, que aconselha maior prudência neste período de festas carnavalescas.
Mas a que custo? Segundo o texto da medida, o bloco tradicional da Redinha, Os Cão, ficaria proibido de sair este ano, ou pelo menos de manter a sua tradição de se cobrir com a abundante lama do mangue da praia da Redinha, pois os foliões “perturbam a paz e causam poluição visual nas ruas do bairro”.
Mas não pára por aí!
O Deputado quer também proibir, ou melhor, “regulamentar” os blocos de mela-mela do estado, quando diz que “tais blocos ofendem aos passantes, vítimas inocentes de uma cruel prática, deixando os cidadãos e o Patrimônio Público sujos, sem o consentimento das partes”. Segundo o texto do Ofício, os mela-melas só poderiam “circular em trechos de ruas públicas após consentimento do Governo do Estado, na forma da Secretaria de Transportes e Obras Públicas (STOP), da prefeitura do município e, caso haja, conselho de bairro por maioria de voto. Tais trechos serão fechados ao público comum, por não mais de uma (01) hora e serão determinados por Conselho Extraordinário, formado por parlamentares e assessores, apenas durante o evento, e todos os envolvidos nas celebrações devem assinar Termo de Compromisso (…) onde deixam explícito que participam por livre e espontânea vontade e que os impede de levar adiante processo civil ou penal contra outros partícipes.”
Resumindo, pra brincar num mela-mela, os organizadores precisam pedir permissão ao secretário de TRANSPORTE (?), ao prefeito e deve ganhar por maioria o voto do conselho de bairro. Depois disso só se pode brincar por no máximo uma hora num local determinado pelos vereadores e seus empregados e ainda todos devem assinar um papel dizendo que não se importam de se sujar em nome da folia.
Imagine o tamanho da papelada, o tempo perdido com burocracia e, mais importante, o ônus de tudo isso! Sim, porque nada aí seria de graça.
Mas seria isso um preço baixo a pagar pelo conforto de poder sair por aí sem o risco de ser atingido por maisena? Ou um mal necessário para que todos nós possamos ir comer a nossa ginga com tapioca sem termos a nossa paz perturbada e a nossa visão poluída por seres do mangue?
A minha opinião é de que isso é uma medida ridícula, um artifício para fazer número, adicionando, antes da próxima eleição, ao portfólio de Luiz Almir.
Se ele não gosta d’Os Cão ou de mela-mela (é fato público que ele gosta mesmo é de serestas), deixe nós, que gostamos, aproveitar o espetáculo, a farra e a brincadeira em paz e pare de gastar o nosso dinheiro e o tempo da Assembléia com medidas inúteis e descabidas!
O e-mail do Deputado é luizalmir@al.rn.gov.br
Deixo-o ouvir a sua opinião!
—————————————————
Agora, se eu, Igor Santos, não dissesse que não existe Jornal da Assembléia nem Jorge Peixoto, que isso aí é mentira e foi inventado por mim no dia 30 de janeiro como uma brincadeira (visando estimular o pensamento crítico de alguns colegas meus), quantos acreditariam na minha palavra virtual?
Cuidado com a informação que vocês recebem, não acreditem em tudo o que lêem. Dados sem corroboração não valem de nada, por mais que pareçam fazer sentido ou sejam agradáveis e concordem com nossos pontos de vista.
E, baseado na minha experiência, se passou na TV é mentira.
Podem acreditar em mim!

A melhor cura para ressaca é beber mais…

…tanto quanto a melhor cura para dor de cabeça é lascar a testa numa parede chapiscada.
Eu nunca tive ressaca (ou veisalgia), mas quase todo mundo que eu conheço e que bebe já experimentou a sensação; de dor de cabeça, cansaço, secura bucal e mal-estar generalizado até ansiedade, insônia, desarranjo intestinal, tremedeira e náusea.
O álcool, quando consumido, faz com que a glândula pituitária (no cérebro) iniba a produção de um hormônio antidiurético (vasopressina), causando a fraca reabsorção de água pelos rins, que a mandam direto para a bexiga, desidratando o sujeito (uma bebida com teor alcoólico de 15%, como o vinho, causa a perda de uma vez e meia da quantidade de líquido consumido. 100ml de vinho = 150ml de água excretada).
A impressão de boca seca é um sinal de que seu corpo está muito desidratado e precisa de água urgentemente.
A dor de cabeça é causada pelos órgãos do corpo que, ao tentar se repletar, roubam água do cérebro, fazendo-o encolher e repuxar as membranas que o ligam ao crânio. Cérebro encolhendo. Que divertido.
A urinação excessiva também elimina sais e potássio (necessários para o bom funcionamento dos músculos e nervos) e as reservas de glicogênio (uma fonte básica de energia) do fígado, causando fraqueza, falta de coordenação motora e, às vezes, tremedeira.
As bebidas escuras, como vinho, uísque e tequila, são piores pois contém mais toxinas congêneres (impurezas provenientes do processo de fermentação mas necessárias para dar gosto às beveragens) que bebidas claras, como vodka, gim e cachaça. Mas isso é só um fator que ajuda na potência da ressaca.
Através de um processo bioquímico, que não será descrito aqui (quero deixar simples, para uma pessoa ressacada ler e entender), o consumo exagerado do etanol acarreta a depleção de uma enzima no fígado, que absorveria o impacto em condições normais (de pouca bebedeira). Mulheres têm menos dessa substância e por isso a delas acaba mais rápido, piorando a ressaca e aumentando o tempo de recuperação.
Mulheres, não acompanhem os homens na carraspana!
Depois de uma noite (ou dia, tanto faz) de ebriedade, o beberrão não vai dormir bem (por mais desmaiado que esteja) pois o álcool inibe também a produção de glutamina, um estimulante natural produzido pelo nosso organismo, que após o término do consumo tenta tirar o atraso, aumentando demasiadamente a produção do aminoácido, estimulando o encéfalo, não o deixando chegar ao estágio de sono profundo, necessário para o descanso cerebral e físico.
O álcool promove (finalmente um efeito positivo, sem repressão) a secreção de ácido clorídrico no estômago, eventualmente mandando uma mensagem ao cérebro de que está sendo machucado, e fazendo a pessoa vomitar. Isso pode melhorar a ressaca do outro dia, pois é menos etanol com o qual o corpo terá que lidar.
Agora, uma lista das coisas que NÃO FUNCIONAM contra ressaca.
Beber mais: isso é tão mais pior que qualquer outra coisa que merece até um pleonasmo. Bebida foi a causa do tormento em primeiro lugar, continuar o pileque é o mesmo que martelar os outros dedos para curar uma topada. Os efeitos da veisalgia podem parecer que estão diminuindo, mas é porque o indivíduo está se embriagando e se anestesiando. Mas depois o coice da mula é pior.
Café: estimulante, bom para combater temporariamente a fadiga, mas piorando-a quando o efeito passa; vasoconstritor, tem efeito contrário ao do álcool, que faz os vasos incharem, causando cefaléia, mas também diurético, eliminando ainda mais água, fazendo os miolos encolherem mais. Sabe quando um maracujá engilha e os caroços ficam soltos dentro da fruta? Pronto…
Aspirinas: C U I D A D O ! Se tiver paracetamol ou cafeína na composição, CORRA! Foi demonstrado (eu queria muito saber por quem, mas não consigo achar o link. Posso estar errado aqui) que paracetamol, ou acetaminofeno (tente dizer isso bem rápido três vezes) piora a sensação do resultado da rasca (“porre” só não tem mais sinônimos que “dinheiro”. Que língua maravilhosa!) e podem irritar mais ainda o estômago.
Finalmente (eu só tomara que ninguém se confunda), uma lista das curas e métodos preventivos.
Bananas: bom para reabastecer o potássio e o líquido (banana são 75% água, apesar de Beakman dizer que era 90%) perdidos e para aplacar a dor de barriga e liquefação fecal (foi mal, mas existem termos piores) por conter fibras. Kiwis e bebidas esportivas (eletrolíticas) também repõem potássio.
Sucos: as frutas contêm frutose, um açúcar que auxilia o aumento de energia no corpo, e vitaminas e nutrientes essenciais que podem ter sido perdidos durante e depois a cachaçada. Futuramente eu dissertarei melhor sobre isso, mas complexos vitamínicos não fazem bem, algumas podem até fazer mal. Nós evoluímos para consumir vitaminas dentro do contexto onde elas ocorrem naturalmente.
Ovos: contêm cisteína, um aminoácido que quebra acetaldeído (formado no fígado, naquele processo que eu não quis explicar mais acima), ajudando a aliviar a aflição.
Estômago fornido: comida protege as paredes do estômago e ajuda na absorção do etanol, prevenindo contra a mazela do dia posterior.
Água: o segundo melhor remédio. Beba água rodado, como se não houvesse amanhã ou, caso haja, seja um amanhã seco e sem água. Beba MUITA água. Quando achou que tomou demais e o estômago já está fazendo barulho de pote, beba mais água.
Tempo: o melhor remédio. O tempo não só tudo cura e como ainda dá experiência. Conheço várias pessoas que jamais beberão Rum com Coca novamente.
Aprecie, beba com moderação. E se tiver morrendo, por favor, não me ligue. Provavelmente eu já estou dormindo e eu trabalho cedo…

Alergia à luz

Existe um nervo dentro do nosso crânio chamado Nervo Trigêmeo, que tem função mista (serve tanto para mexer quanto para sentir). A parte motora desse nervo faz a mandíbula funcionar e a parte sensitiva dá sensação à pele do rosto, à parte de trás da língua, aos dentes, às pálpebras e às mucosas da boca e nariz. E é aqui onde meu interesse começa.
O nervo ótico (um nervo do tipo que só serve para sentir) quando superestimulado (sair de um lugar escuro para um muito claro) pode vazar e interferir no trigêmeo (assim como ligar o liquidificador pode interferir na imagem do televisor. Fiação mal-feita…), acionando-o. Isso é um traço genético de codominância (não vou explicar isso aqui, mas é o mesmo esquema de tipo sanguíneo) que faz com quê os indivíduos que a possuam espirrem quando saiam ao sol.
Eu sou um deles.
Não consegui achar ainda relação entre isso e fotofobia (que apesar do nome não é medo de luz, mas dor e desconforto nos olhos quando expostos à luz forte), que também me acomete, mas acho que faz sentido.
Fotofobia é um problema nos fotorreceptores da retina, que absorvem muita luz e mandam uma quantidade exagerada de estimulação pro nervo ótico.
Esse defeito causa dor nos olhos e, se a exposição for longa e contínua, conseqüente dor de cabeça.
Segundo meu oftalmologista, não existe cura, só paliativo; óculos escuros.
Quando meus olhos se enchem de luz, logo após a dor de agulha (de tricô) quente (incandescente) entrando (de lado) no olho, a parte ótica nervosa se acende (como um filamento de lâmpada) e transborda (como leite não-vigiado no fogão) para dentro do nervo que controla a sensitividade da mucosa nasal.
Além de ser quase cego em dia de sol forte perto de paredes brancas, eu ainda fico espirrando feito menino novo gripado brincando no tapete da sala.
Tenho amigos míopes que antes de abrir os olhos pela manhã precisam calçar suas lentes corretivas. Quando os vidros do meu lar não eram enegrecidos, eu precisava fazer isso com os meus óculos escuros. Já acordava espirrando e com dor de cabeça.
E cada espirro meu me custa uma semana de vida (quem já me viu espirrando concordará). Eu não posso andar sem proteção visual (pelo menos se quiser chegar aos trinta).
Caso você espirre ao primeiro sinal de sol, saiba que não está sozinho.
Eu também sou alérgico à luz.

Lápis e papel na mão!

Hoje é domingo, cachimbeiro dourado, que inicia uma reação em cadeia, envolvendo militares e insetos coleópteros, que finda na destruição do planeta pelo poder da rima.
Por isso (e por ter passado a noite tomando vinho ouvindo várias línguas serem faladas ao mesmo tempo) o tópico de hoje é mais simples e mais prático.
Não, na verdade nem é. Mas é interessante.
Grafite é feito de carbono. 100% átomos de carbono.
Existem três outras coisas que são feitas de nada além de carbono; carvão mineral (quase a mesma coisa, mas grafite não queima fácil), diamante e fulereno (o nome todo é buckminsterfulereno, uma estrutura artificial, responsável pela formação de nanotubos, um material extremamente versátil e revolucionário que será descrito aqui mais tarde).
O Brasil é o segundo maior produtor de grafita no mundo, sendo deixado para trás pela China (que produz quase dez vezes mais que nós).
Grafite, ou plumbagina, conduz eletricidade (e conduz com gosto; um risco grosso num papel é suficiente para transmitir corrente, portanto não enfiem seus lápis em tomadas) e é um superlubrificante (usando o mesmo princípio físico que possibilita a escrita). Essas duas propriedades fazem com que a grafite (é feminino mesmo, pode procurar no dicionário) não seja recomendada como lubrificante entre metais diferentes, pois a condutividade dos materiais envolvidos causa corrosão galvânica. Tipo uma pilha, mas diferente. Li agora que é especialmente corrosivo em alumínio; até uma marca de lápis numa placa de alumínio pode iniciar o processo de oxidação! Química é massa demais!
Em 1789, um mineralogista alemão chamado Abraham G. Werner (o “G” é de Gottlob, um dos nomes mais legais de falar que já passaram pela minha boca) batizou esse material de “Graphit”, corruptela de “gráphos”, palavra grega que significa “escrever”.
Finalmente me trazendo ao ponto sobre o qual queria escrever.
Lápis.
O que tem dentro de um lápis não é somente grafite, assim como o que tem fora não é um pedaço maciço de madeira.
Grafite em sua forma pura é muito frágil e quebradiço e o processo de transformar pedaços de madeira em lápis sólidos é muito dispendioso (como referência, vide Pica-Pau vs. Lenhador).
Depois de extraído das minas (essa etapa é muito importante, pois fazer e usar lápis dentro das pedras é muito difícil), a grafite é moída junto com argila. Depois que ambas viram pó, água é adicionada e a mistura é batida por um certo tempo (três dias parece ser o padrão). Depois disso a água é retirada, a massa que sobra é secada até endurecer, triturada novamente (mas desta vez já um material diferente do original) e água é reintroduzida até formar uma pasta, que é espremida através de um tubo de metal (como pasta de dentes) e pedaços cortados já no formato adequado. O chumbo-negro (como é chamado o material de dentro de um lápis) é então aquecido até mais ou menos mil graus centígrados para endurecer e ficar uniforme.
A proporção entre grafite e argila muda a “dureza” (marcada por um número + letra escritos no lado dos lápis) da ponta. Quanto mais argila, mais dura a ponta (1H, 2H, 3H, etc.), pois menos grafite está saindo no papel. Quanto menos argila, mais grafite sai, mais macio é o lápis (1B, 2B, 3B, etc.).
E como é que o lápis funciona, afinal?
As moléculas de grafite são achatadas e ficam empilhadas umas sobre as outras. Como pratos guardados.
Quando nós passamos o chumbo-negro num papel, que é mais áspero e mais duro, camadas do material são arrancadas e vão se depositando, formando as letras, desenhos e afins.
Isso só é possível graças à propriedade citada acima, a superlubrificação, que faz com que as camadas escorreguem facilmente umas nas outras. Como uma pilha de pratos lambuzados com óleo sendo passados numa mesa com cola. A cola segura o prato de baixo, que escorrega da pilha, deixando exposto o próximo, e repetindo o processo (analogia um tanto bizarra, eu sei, mas já é hora de almoço e meu olho tá doendo).
Um lápis que risque linhas paralelas horizontais a cada meio milímetro (a média de espessura do traço de um lápis 2H) numa folha de papel A4 (210 por 297 milímetros), de cima a baixo, frente e verso, terá percorrido um quarto de quilômetro!
Eu não sei quanto de um lápis isso gastaria, pois como já disse, meu olho está doendo e eu não estou com humor para experimentar.
E borracha?
A borracha é molecularmente mais pegajosa que o papel, atraindo as moléculas de grafite., mas também é frágil e vai se desmanchando a medida em que é usada.
Borracha foi inventada bem depois do lápis. Antigamente usavam pão seco para apagar os erros (alguns artistas ainda usam essa técnica, pelo que me disseram) mas depois da descoberta da Seringueira, a seiva da planta substituiu a farinha de trigo assada como método favorito de limpar páginas borradas.
Depois, Charles Goodyear (o do pneu) inventou a vulcanização (processo que esquenta a borracha acima de uma certa temperatura, deixando-a mais resistente, similar ao que ocorre com vidro blindex e aço temperado) e melhorou a resistência das borrachas, que ainda eram muito moles e quebradiças
E é por isso que eu só escrevo de caneta…

Quero ver Cuba balançar!

Tremei!
Houve um terremoto em São Paulo de 5,2 graus na escala Richter.
Mas o que isso significa?
Rapidamente, Charles Richter foi um sismólogo (que estuda tremores de terra) que em 1935 desenvolveu uma escala para medir terremotos (já existem escalas melhores, como a Escala Sismológica de Magnitude de Momento, a Escala Modificada de Intensidade de Mercalii, a Escala de Intensidade Sísmica da Agência Meteorológica Japonesa, mas “Ritcher” é mais legal de falar), onde o ponto zero era o menor tremor que os equipamentos dele conseguiam medir (equipamentos mais sensíveis hoje em dia possibilitam resultados negativos na escala) e a intensidade era medida numa escala logarítmica (um terremoto nível 5 é dez vezes mais forte que um nível 4, que é dez vezes mais forte que um nível 3 e assim por diante).
O número em si só é importante para físicos de sismos e para pessoas que tenham acesso a uma tabela como esta:
sismos
Meu professor de matemática do 2º ano tentou enfiar na minha cabeça dura o que era logaritmo, dizendo que servia para medir terremotos. Uau.
Talvez se ele tivesse dito que é útil também para medir intensidade sonora (decibéis), eu teria prestado mais atenção e não teria demorado tantos anos e duas faculdades para entender.
O nome dele é Severo e ele tem a língua presa.
O Brasil não treme mais porque fica mesmo no meio duma placa tectônica (os pedações de terra que formam os continentes e os leitos dos oceanos) e as extremidades, que ficam se roçando (a terra treme por causa dessa fricção entre placas), são os locais onde os chacoalhos são mais intensos.
MAS
Esse sismo foi a evidência  que destruiu a teoria de que o Brasil não se mexe(a mais recente, pelo menos, mas será logo esquecida como o abalo do Mato Grosso em 1955).
Quem mora em Natal, e tem mais de vinte e cinco anos, sabe que o chão vibra vez por outra. Quem mora em João Câmara então, tem certeza!
O atrito que causa os tremores também pode surgir em fissuras dentro das placas, e existe uma rachadura dessas bem abaixo dos meus pés. Mais ou menos. Mais perto dos meus pés que a Tasmânia, pelo menos.
Fizeram até um mapinha mostrando as áreas mais suscetíveis (quanto mais vermelho, mais provável).
Nosso problema real é a falta de equipamentos sismológicos. É como um cego dizer que não existe luz. Ou um usuário de Mac dizer que não tem vírus em seu computador (o que não existe é antivírus para Macintosh).
A ausência de provas não é a prova de ausência.
Para encerrar o artigo de hoje, uma frase do geólogo Joaquim Mendes, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, dita durante entrevista com a revista Época: “Se houver um prédio perto do epicentro, as conseqüências podem ser imprevisíveis”.
Ou, mais explicitamente: se por algum acaso ou de alguma forma existir uma edificação a uma certa distância não muito bem estabelecida do local arbitrariamente definido como sendo o centro do movimento, existe a possibilidade, não muito grande nem muito forte, de o resultado final do acontecimento ser algo completamente aleatório, vago e inesperado.

18 anos de voyeurismo

Sem ter sobre o que escrever hoje, mas tentando manter a média de um artigo por dia (desde o dia 14, pelo menos), fui pesquisar (lembra quando a internet era para isso?) e descobri que hoje o Telescópio Espacial Hubble está se tornando um hominho.
Lançado em 24 de abril de 1990, o Hubble completa hoje dezoito anos (já pode ser preso!) de serviços prestados à humanidade.
O começo do projeto foi muito atabalhoado e acabou com muita coisa dando errado (o espelho do telescópio, por exemplo, tinha uma imperfeição mínima, mas que inviabilizaria a experiência; outro problema foi a falta de dinheiro depois que a Challenger explodiu), o que atrasou o lançamento em sete anos.
Uma das coisas que o Hubble ajudou a descobrir foi a taxa de expansão do universo (excitante, eu sei), além de ter tirado fotos ESPETACULARES e ter incentivado milhares de jovens a seguir carreira em astrofísica (será que todo mundo está tão animado quanto eu?).
=>ATENÇÃO<=
Interrompo este artigo para parabenizar a Defesa Civil de Natal. Ontem (eu escrevo isso de véspera) foi o dia da chuva mais bruta em MUITO tempo (cada gota era pelo menos do tamanho dum punho e caia com a força dum bufete) nesta cidade.
Não que esta cidade (arrodeada pelo mar, cortada por um rio que desemboca no mesmo mar e construída em cima duma duna de areia extremamente porosa e absorvente) precise de muita chuva para alagar (a música é do Kid Morangueira sobre a Rio de Janeiro, mas serve para cá também, é só mudar o nome dos bairros).
Só no meu caminho do trabalho pra casa caíram CINCO muros (talvez isso diga mais da qualidade dos muros do que da força da precipitação, mas pela potência da bicha, eu aposto na chuva) e vários pedaços de ruas. Esses buracos mais perigosos, do tipo que cai carro dentro, estavam todos protegidos por veículos e agentes da Defesa Civil, e os menos mortais estavam sinalizados com cavaletes, e não com o tradicional pau de pé-de-pau (um dia desses perto da minha casa tinha um que foi crescendo em quantidade de adornos e acabou como um espantalho, com camisa, chapéu e óculos).
Agora vou esperar a chuva parar para ver se a prefeitura está no mesmo pique e ajeita logo a buraqueira.
Retorno agora à programação normal.
=>Obrigado pela atenção.<=
Esta foto é meio grande, mas vale a pena cada segundo esperado. Cada ponto de luz é uma galáxia (notem as espirais). Não um planeta, não uma estrela, não uma constelação, mas uma GALÁXIA! Com bilhões de estrelas em cada! Veja uma escala aqui.
“O universo é grande. Grande, mesmo. Não dá pra acreditar o quanto ele é desmesurada, inconcebível, estonteantemente enorme. Você pode achar que da sua casa até a farmácia é longe, mas isso é café pequeno pro Universo.”
-Guia do Mochileiro das Galáxias-
Essa é a Nebulosa da Águia, um agrupamento de estrelas e poeira na constelação da Serpente, e talvez a foto mais famosa tirada pelo telescópio.
Tudo o que o Telescópio Espacial Hubble faz e toda a informação acumulada por ele está disponível ao público (incluindo as fotos, que são não forem as fotos mais bonitas já batidas, eu sei mais de nada). Até o tempo de utilização dele é gratuito e aberto a qualquer pessoa. Só é preciso entrar na fila…
E por que mandar um telescópio pro espaço? Tem lugar aqui não? Né mais fácil aqui não?
Lugar tem e é mais fácil sem dúvida, mas aqui tem atmosfera, que faz as estrelas piscarem e dificulta medidas muito precisas. E existe também o grande problema de um telescópio fincado na terra só apontar prum lado o tempo todo. Os no hemisfério sul nunca veriam a Estrela do Norte, assim como os do outro lado nunca observariam o Cruzeiro do Sul (esses nomes não foram colocados na doida). Um observador solto no espaço pode olhar para todos os lados, apontar para todas as estrelas, bastando, para isso, ser mandado.
Hubble já gastou muito dinheiro (não o nosso, não diretamente pelo menos) e já passou por muito problemas, mas também nos ensinou muito sobre nossa História e nos instigou a buscar mais respostas.
Se isso não tiver valido a pena, novamente, eu sei mais de nada.
HST
Parabéns, cabra!

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