Quem gosta de placebo é Bárbara…
O mesmo amigo que ontem me perguntou sobre a montanha invisível me perguntou também: se é sabido que placebo sempre tem efeito positivo, por que os médicos não desenvolvem uma droga que tenha o mesmo efeito, mas sem a enganação?
A resposta: isso que você disse está 100% errado.
Placebos não têm efeitos positivos sempre. Aliás, raramente têm.
Médico não desenvolve droga, quem faz isso são os químicos, bioquímicos e farmacêuticos do mundo.
Os médicos não administram pílulas de açúcar dizendo que são remédios para dor de coluna (quem faz isso são os homeopatas, que são uma ameaça à saúde pública prometendo cura com mágica e não merecem ser chamados de médicos mas de corja). Os placebos são utilizados em grandes testes da indústria farmacêutica antes de uma droga passar a ser vendida ao público e em pesquisas médicas, mas nunca sozinhos. Seria o mesmo que beber um copo cheio de gelo, já que tem o mesmo efeito refrescante de um suco.A melhor maneira de explicar isso é com um exemplo:
Uma droga X está sendo desenvolvida para combater frieira de axila e foram obtidos resultados positivos em ratos, ovelhas, porcos e outros mamíferos e menos importantes que, caso algo dê errado, podem virar uma salsicha ou um hambúrguer do McDonald’s (por favor, isso é uma piada! Grandes cadeias de restaurantes não compram carne de animais de laboratório nem usam carne de minhoca, isso é coisa de teóricos conspiratórios que não têm o que fazer da vida! Inúteis…).
A próxima etapa do processo é o teste em humanos voluntários.
Um grupo de 100 pessoas é escolhido e separado em dois grupos de 50 indivíduos (alguns testes dividem os participantes em mais grupos para concentrações diferentes dos ingredientes ativos).
O primeiro grupo receberá a dose recomendada do remédio, o segundo receberá o placebo, mas ninguém sabe o que está tomando (se for um comprimido, o placebo será um comprimido idêntico ao real, mas sem nenhum ingrediente ativo. Se for injetável, será uma solução salina inerte).
No final do tratamento, todos os sintomas, quadro clínico inicial e final, reclamações dos pacientes e efeitos colaterais que foram devidamente anotados durante o teste serão comparados.
É neste momento que os placebos são importantes.
Se todos (ou uma porcentagem significativa) tiveram dor de cabeça, a cefaléia foi um efeito colateral psicológico.
Se só os do grupo do fármaco tiveram (ou sentiram em números mais significativos que os participantes do outro grupo), foi um efeito colateral causado pela medicação.
Se só os do grupo do placebo reclamaram disso (ou reclamaram mais que os do outro grupo), a medicação pode até ajudar a aliviar dores. O que também constitui um efeito colateral, mas um benéfico.
A administração do placebo atua como um controle, ajudando a identificar e separar os efeitos causados pela droga dos efeitos causados no organismo pelo cérebro, achando que está sendo remediado.
Finalmente, “placebo” é a 1ª pessoa do singular do futuro indicativo do verbo “placere”, latim para “agradar”, e não o imperativo afirmativo do verbo “medicor”, latim para “curar”. É só uma sopinha e um empurrão na rede, não um Tandrilax.
Ah! Bárbara é uma conhecida minha que gosta duma banda inglesa chamada Placebo.
Tadinha…
P.S. Mais sobre o engodo, sacanagem e crime que é a homeopatia futuramente. Aguardem.
Tecão Gasolina
Hoje é o Dia Mundial da Terra (4,5 bilhões de anos, mas com um corpinho de 3).
Essa biloca azul manchada de branco, verde e ocre é tudo o que conhecemos. Tanto que nos adaptamos a este mundo e teríamos dificuldade em viver num muito diferente.
Um amigo meu me perguntou ontem se poderia existir uma montanha de uma cor que nós não vemos. Pode, mas não aqui (existem galáxias inteiras feitas de um negócio chamado “matéria escura” que está lá, tem massa, densidade, interage com outras coisas mas não é visível para nós). Se fosse aqui, nós teríamos desenvolvido a capacidade de enxergar tal coisa. É assim que evolução funciona, ademais o material da feitura do planeta é bem homogêneo.
Hoje é também o qüingentésimo oitavo aniversário do “descobrimento” do Brasil (mais sobre o Brasil no artigo de sexta-feira próxima). “Descobrimento” assim entre aspas porque nós, adultos, sabemos que não foi tão preto-e-branco assim.
E isso é uma das coisas mais erradas deste mundo; a enganação deliberada das crianças.
Tomar café e abrir a geladeira aleija.
Comer e tomar banho em seguida mata.
Tomar banho em água corrente num certo dia do ano entreva.
Roer unha dilacera o estômago.
Brincar com fogo faz molhar a cama.
No dia em que eu andei descalço na calçada quente e não fiquei gripado, vi que era mentira e assumi instantaneamente que todos os outros avisos também eram. Inclusive o de fogo queimar, tomada dar choque e subir em árvore na chuva aumentar o risco de queda.
Foi uma semana bem dolorida.
Crianças falam daquele jeito porque ainda não desenvolveram a coordenação motora fina necessária para a fala fluente e não por serem idiotas.
Crianças são muito inteligentes, eu que o diga.
Elas merecem saber que nosso país foi usucapiado, que abrir a geladeira vai no máximo esfriar o café, que tomar banho depois de comer só não é melhor que dormir seguindo a refeição, que tomar banho de mar em qualquer dia do ano é uma das melhores coisas praticáveis à luz do dia, que roer unha é ruim para as unhas e não para o estômago e que brincar com fogo é PERIGOSO (colchão mijado é só botar no sol, ala sul da casa carbonizada é um problema mais sério).
Ensinem que dedos decepados não crescem mais, que eletricidade machuca, que vem carro dos dois lados e que água não se respira. Pronto. Deixem o resto para elas testarem por si mesmas (sob supervisão de um adulto responsável, obviamente).
Um adulto que acredita em Papai Noel, acredita que cortar cabelo dia 16 dá azar e que tem certeza que desenhar um sol na areia faz parar de chover não é um bom inquilino para o nosso pedaço de chão verde e marrom nem para a nossa biloquinha de hidrogênio.
Como nós sabemos que cachorros vêem em preto e branco?
Um amigo meu me perguntou isso várias vezes e nunca esperou para ouvir a resposta, ficava tão indignado com a impossibilidade da certeza da informação que ia logo embora jogar bola, resmungando “quem foi que disse?”.
Antes de mais nada (fora o que eu já disse aí em cima), os cachorros são animais noturnos por natureza. Eles só foram domesticados por nós há mais ou menos quinze mil anos e ainda não deu tempo deles evoluirem o aparato visual para visão diurna.
No escuro não dá para ver cores (tente escolher uma camisa pela cor a noite sem acender uma luz), então é mais vantagem desenvolver mais os sentidos que não dependem de luz, como olfato e audição.Na parte dos olhos dos mamíferos que capta luz, existem dois tipos de células que fazem isso; cones e bastonetes.
Os cones são responsáveis por captar cores e pela visão detalhada (visão direta) enquanto os bastonetes existem para detectar movimento (visão periférica) e para visão noturna.
Nós temos três tipos de cones nos nossos olhos, mas os cachorros só possuem cones azuis e verdes. Eles não enxergam vermelho e muito pouco verde (que misturado com azul fica amarelo).
O espaço que sobra na retina canina é compensado com muito mais bastonetes, fazendo-os se adaptar melhor a condições de pouca luz. Os cachorros percebem movimento bem melhor que nós e o mundo deles também é bem mais claro por causa dessa quantidade extra de células receptoras de luz e movimento.
Mas ao mesmo tempo o mundo deles é menos colorido e mais borrado, pela falta de células captadoras de cor e de traços finos.
A evolução fez os cães assim e a ciência médica e veterinária descobriram o resto.
Não é que alguém tenha chegado prum cachorro e dito “Ei, de que cor é essa maçã?” e riu depois que ele respondeu “Preta!” e ficou abanando o rabo com a língua para fora por ter interagido com uma pessoa.
Não é assim que Ciência funciona…
Finalmente, os cachorros não enxergam em preto e branco, eles só não vêem a cor vermelha nem os detalhes das coisas, então nem adianta mostrar aquela escultura em argila bem trabalhada de Chico Barreiro que eles não vão saber apreciá-la.
Acho que é isso mesmo.
p.s. hoje em dia aquele meu amigo tá careca.
De dia é azul, de noite é piscando.
O ar que forma a atmosfera em cima das nossas cabeças, apesar de parecer, não é totalmente transparente, é meio fosco e tem uma certa densidade que também não é constante.
– E eu com isso?
É por isso que as estrelas piscam.
Imagine um carro com os faróis acesos e uma fogueira acesa entre o carro e você.
Quanto mais fumaça tiver, menor será a quantidade de luz dos faróis alcançando seus olhos, e vice-versa. Mas, a quantidade de fumaça nunca é constante. As vezes tem mais, as vezes tem menos, dependendo do calor da fogueira, do vento, do pedaço que tá queimando, da posição do pedaço dentro da fogueira, da orientação do pedaço, da umidade do ar, etc.
Ar é uma fumaça café-com-leite em termos de opacidade. Ar é formado de gases, que são fluidos, assim como líquidos são fluidos.
Se uma pia estiver cheia de água, dá para ver o ralo. Se uma piscina estiver cheia d’água, dá mais ou menos para ver o fundo. Quanto mais água, menos luz passa. A mesma coisa vale pro ar, quanto mais ar, menos luz atravessa.
Quando existe mais ar entre nós e as estrelas, elas ficam menos brilhantes, quando tem menos ar, ficam mais. Como a quantidade e a densidade do ar está sempre mudando, como a fumaça da fogueira, por causa do vento, temperatura, correntes de convecção, etc., as estrelas piscam.
O poeta Zé da Luz, quando em puxinanã, explicou muito bem esse fenômeno:
Os ói dela paricía
Duas istrêla tremeno
Se apagano e se acendeno
Em noite de ventania
Esse mesmo ar que fica esculhambando o samba de noite, deixa o céu azul de dia.
Minha professora da primeira série disse que “o céu é azul porque o céu reflete a cor do oceano”.
E por que fica vermelho de tardezinha? Ela não soube responder e me deu umas contas preu fazer e ficar quieto. Eu gosto de fazer conta.
Não existe um motivo só para o céu ser azul, mas vários.
Um deles é que o ar, como dito acima, não é transparente, e absorve um pouco as ondas eletromagnéticas de frequência mais curta (qualquer dia desses eu publico uma entrada sobre ondas. É mó legal!) como o vermelho e o laranja e espalha mais facilmente as ondas mais longas, como o azul e o violeta.
O céu não é violeta para os nossos olhos porque, apesar da absorção pelo ar ser menor que a da cor azul, nós temos cones receptores de cor nas nossas retinas que respondem melhor ao vermelho, azul e verde. O seu televisor funciona do mesmo jeito, criando todas as cores de todos os vestidos das madames das novelas usando só três luzezinhas (plural diminutivo de ‘luz’. O de ‘bar’ é ‘baresinhos’) nessas mesmas cores.
Como as ondas mais curtas já estão melhor espalhadas pelo ar, essas células dentros dos nossos olhos captam as cores da seguinte maneira: os cones vermelhos respondem à pouca luz vermelha que está na atmosfera mas também responde, mais fracamente, ao amarelo e laranja. Os cones verdes respondem também ao amarelo, mas mais fortemente ao verde e verde-azulado que estão mais espalhados. Os cones azuis respondem às cores que estão mais bem espalhadas; azul, anil e violeta. Se não houvesse anil nem violeta, o céu seria azul esverdeado. O resultado disso é que os cones vermelhos e verdes são estimulados mais ou menos na mesma quantidade, mas os cones azuis recebem muito mais informação que ambos ou outros.
Não é coincidência que para ver o azul-celeste como uma cor pura.
O fato de o azul do céu limpo ser do mesmo tom que excita dos nossos receptores não é coincidência. Nós evoluimos para nos adaptarmos melhor ao ambiente e conseguir diferenciar cores naturais facilmente é uma grande vantagem.
E por quê então o pôr-do-sol é vermelho? Tó, vá fazendo aí:
(3² x 4)³ – {(10² + 2) x [7³ x (19 x 6)]}
Quando o sol está perto do horizonte, ele fica uma nesguinha de nada mais longe da gente do quando está acima.
Apesar do ar absorver a parte carmim da luz e espalhar a parte azulada melhor, o encarnado tem mais força e consegue ir mais longe.
Quando o sol está mais longe, puxa fica mais pro escarlate porque essa cor tem mais energia e viaja mais.
Se o ar estiver limpo, o céu fica amarelado. Se estiver muito sujo com partículas poluentes, fica mais vermelho. Em alto-mar, o pôr-do-sol é mais alaranjado, por causa da refração da luz nas partículas suspensas de sal (maresia). Essas mudanças são por causa de um fenômeno chamado Efeito Tyndall.
E eu descobri agora, enquanto pesquisava para isto aqui, que o ângulo também influencia, espalhando melhor a luz e deixando a mistura mais homogênea.
Uma experiência que eu gostava de fazer quando era criança (onde é fácil de perceber o efeito Tyndall) era colocar um copo de coca contra a luz. Fica bem vermelhinho.
Outra maneira de perceber essa filtragem é quando estamos de óculos escuros (os polarizados funcionam melhor) e os cintos de segurança dos carros, que normalmente são pretos, passam a ser enxergados em grená.
Ah, a conta dá 42…
A Dieta Secreta¹ dos Antigos Incas²!
¹ pode ser substituída por “revolucionária”, “da última moda”, “incrível”, “tiro-certo”, “extra-terrestre”, etc.
² pode ser substituída por “antigos povos orientais”, “venusianos”, “cientistas”, “modelos”, etc.
Uma tendência X aparece em meio à aleatoriedade do mundo.
Um grupo de pessoas que começam a parecer umas com as outras mais e mais e, quanto mais se assemelham, mais querem se semelhar, pois são todos animais sociais e essa semelhança exterior intensifica os vínculos que os une, os tornando mais próximos e fazendo-os querer ser ainda mais indistintos.
Por alguma razão, esse comportamento, ao mesmo tempo bizarro e banal, chama a atenção de veículos de comunicação de massa, que começam a difundir maciçamente e endossar aquele comportamento, fazendo com que os outros seres sociais da mesma espécie vejam aquilo e achem que sendo daquele jeito é que eles vão pertencer e se enquadrar ao tal grupo que, estando sendo tão bem notado pelos meios comunicativos, são de uma importância superior e devem ter seu exemplo seguido para que todos, no final, formem uma grande comunidade de seres indistinguíveis para que todos possam viver felizes para sempre.
Ou pelo menos até que a voga expire e um próximo grupo passe a ser mais interessante.
Uma amiga minha quer, apesar de não precisar, fazer dieta e perder dez quilos.
Quem precisa perder dez quilos é zebra parindo (a selva é um lugar perigoso para um animal cuja única defesa é se parecer com um terno de mafioso).
Se fosse um homem, eu diria que é falta de pêia. Mas como é uma mulher, eu acho que é falta de elogio. As pessoas mais próximas dela devem ter se acostumado com a beleza da criatura, cuja formosura merece ser enfatizada, e talvez já há algum tempo ela se sinta estranha aos seus companheiros. Não é realmente culpa de ninguém, da mesma forma como nos acostumamos com o cheiro de um perfume que usamos constantemente, também nos acostumamos com as feições que vemos sempre.
Mas isso, de forma alguma, significa que a pessoa passou a ser menos bela, analogamente como o perfume não perdeu sua volatilidade.
Outro problema é que ninguém quer emagrecer, todos querer ser emagrecidos.
Quanto mais passivo o regime, melhor. Vide a infinita prosperidade de dietas com suco de clorofila, acupuntura, dos astros (corpos massivos feitos de gás incandescente com grande gravidade e emitindo radiação constante, não “celebridades”, apesar de existir uma dieta desse tipo também), do tipo sangüíneo (esta devendo ser notada como particularmente ridícula, mais ainda que a com acupuntura), remédios para emagrecer (geralmente diuréticos, que só emagrecem a bexiga e, mesmo assim, só até quinze minutos após a sede ser novamente aplacada), suco de tamarindo (cujo efeito talvez seja deixar um gosto tão horrivelmente péssimo na boca que impossibilite a deglutição de qualquer coisa por um longo tempo), e etc.
Não existe segredo para perder peso, é só uma questão matemática. Mas mais simples ainda, uma conta de diminuir. Gaste mais energia do que consome.
Se imagine num deserto ou numa duna ou qualquer lugar onde haja muita areia fina. Você tem uma pá, uma faca e um saco (daqueles grossos que hippies usam para fazer calças e dizer que é de “cânhamo”) com areia até a metade. Com a pá você pode encher mais o saco com areia, com a faca você pode rasgar um buraco no fundo do saco para deixar a areia escorrer. Se você começar loucamente a socar areia dentro desse saco, esse saco vai começar a encher e a inchar e ficará, finalmente, totalmente cheio. Se você rasgar um buraco no fundo do saco e não colocar mais areia para dentro, o saco vai acabar o dia sem nada dentro, independentemente de quanta areia havia dentro. Se você colocar areia num saco rasgado, a areia que este entrando pela boca vai sair pelo buraco. Se você colocar areia rápido demais, a vazão não será suficiente e o saco vai encher, apenas levando mais tempo. Se você colocar areia devagar demais, o saco vai secar pois vaza mais areia que está sendo colocada para dentro. O ideal é deixar o saco num nível constante, balanceando a areia que entra, via interação pá-boca, com a areia que sai pelo buraco rasgado a faca. Óbvio, né não?
O saco é você, a areia é energia.
Se você só faz comer e dormir, vai acumular muita energia pois não está gastando tanto quanto consome.
Se você não come o suficiente para manter a sua atividade diária, vai acabar se parecendo com uma pipa, pois vai gastar mais energia do que consome e vai faltar um dia.
O ideal para quem se acha mais pesado do que deveria é comer um pouco menos e aumentar a carga de atividades. Nem que comece com uma volta ao redor do quarteirão.
Passar fome não resolve porque quando com fome, o corpo diminui o metabolismo para não consumir o que não tem. As reservas de gordura são para casos especiais e não serão queimadas por besteira. Alternativamente, assim que comida é introduzida, o organismo aumenta o metabolismo, para o alimento ser transformado em energia o quanto antes, possibilitando ao sujeito correr de predadores sem ficar empachado (evolução é um negócio lento, vide 1.000.000.000).
Portanto, a melhor tática para enganar o cérebro e “trabalhar o sistema contra ele mesmo” é comer pouquinho, várias vezes ao dia. Basta o mantimento excitar a aceleração metabólica para a queima de estoque começar, afinal, “vem mais comida por aí”, diz o cérebro. Espere um pedaço e a fome volta. A fome é o sinal de que seu metabolismo está diminuindo, assim como a luz vermelha na porta dum estúdio é sinal de que uma gravação está em andamento. Quando sentir o sinal, não deixe seu corpo diminuir o ritmo, coma de novo, mas pouquinho.
Mas quando a luz do estúdio acender, deixe a gravação ser feita. Esse meu exemplo não foi dos melhores…
Fome desanima e entristece. Exercício entusiasma e revigora.
Quando você se exercita depois de certo ponto, o hipotálamo libera uma cadeia de aminoácidos, conjuntamente denominados Endorfina, que é “produzida em resposta à atividade física, visando relaxar e dar prazer, despertando uma sensação de euforia e bem estar” .
Da primeira vez vai ser chato, ultra mega chato. Fazer exercício é a pior coisa do mundo. Mas uma volta no quarteirão nem é tão ruim. Comece devagar.
Quanto mais um se exercita, maior é a sensação de contentamento e dever cumprido.
Em um mês, o exercício passa a ser almejado e sentimos falta quando deixamos de faze-lo por um dia.
Porém, isso é uma dieta ATIVA.
Aff, só de pensar em ter que comer frutas, verduras, carnes, pães, queijos, bolos, omeletes, num-sei-quantas vezes por dia, sair pra ir andar, correr, nadar, pedalar, levantar peso, dançar, flexionar, lutar, pular, brincar com cachorro, passear com cachorro, subir pela escada, descer pela escada, deixar o carro em casa uma vez por semana e andar até a parada, pegar o ônibus na próxima parada, descer do ônibus uma parada depois, jogar bola, tomar banho na parte funda da piscina, já deu um cansaço…
Vou deitar.
P.S. Menina, você é muito linda, deixe de besteira!
O Miasma e a Verdadeira Vida Eterna
.·’°’·.oOo.·’°’·.
Miasma, uma palavra grega que significa “exalação impura, poluição[i]”, foi uma palavra muito usada para descrever o ar imundo sobre a cidade de Londres, creditado por ter espalhado o cólera, criando uma pandemia nos anos 1800’s. Miasma foi considerada como sendo vapor ou neblina venenosa cheia de partículas de matéria decomposta (miasmata) que poderia causar doenças e seria identificável pelo seu cheiro pútrido e nauseante.
Velas são feitas de um tipo de cera chamada parafina, um derivado de petróleo que pertence ao grupo dos hidrocarbonetos alcanos (CnH2n+2). Parafina em estado sólido é denominada cera e, em estado líquido, é um óleo conhecido como querosene.[ii]
De acordo com um estudo da Universidade de Maastricht, na Holanda, publicado no European Respiratory Journal (publicação da Sociedade Respiratória Européia que divulga “trabalhos clínicos e experimentais de ponta no campo da Medicina Respiratória[iii]”):
“Foi demonstrado que o ar de igrejas contém concentrações consideravelmente mais altas de hidrocarbonetos policíclicos carcinógenos do que o ar ao redor de estradas utilizadas por 45 mil veículos diariamente.
“A equipe holandesa partiu para examinar a qualidade do ar em igrejas, que são geralmente mal ventiladas, com velas queimando o dia todo e uso freqüente de incenso. Ambos podem, em princípio, ter alguns efeitos nocivos.[iv]”
As igrejas podem não só estar prejudicando as relações pessoais dos indivíduos, mas também a sua saúde. Se uma pessoa é uma entusiasta de igreja, ela claramente não está dando atenção e tempo suficientes para construir relações fortes com sua família e amigos, e satisfazer as expectativas do seu deus, e ainda por cima pode estar respirando tanta coisa ruim quanto um fumante ativo de uma carteira por dia.
Esse último dado foi inventado por mim agora, mas eu garanto que ficar ao lado de uma estrada respirando a emanação de quarenta e cinco mil veículos também não é bom para o sujeito.
Fulano perde tempo indo à igreja e respirando gases tóxicos de velas queimadas para orações, ouvindo pregadores falando sobre como ele deve levar a própria vida, pedindo perdão por coisas que ele fez errado, quando deveria estar do lado de fora, praticando boas ações e tentando, realmente se esforçando, ficar em paz com as pessoas que o rodeiam, não numa maneira antipática e irritante como se ele fosse uma espécie de viciado em alegria, com um sorriso afetado pregado na cara por ser um com seu deus, mas falando a verdade, por exemplo, mesmo que não seja uma verdade fácil ou confortável, porque uma mentira tem que ser estendida e acobertada o tempo todo, se tornando um fardo, colocando-o sob constante estresse, diminuindo sua paciência, conseqüentemente fazendo-o muito menos inclinado a fazer o bem, por estar muito ocupado tapando os buracos nas suas mentiras por achar que seu deus o mandou não ser rude e viver com um sorriso falso pregado na cara.
Viva sua vida ao máximo; se divirta; faça os outros se sentirem apreciados; deleite-se, desfrute a sua vida, sua vida real, sua vida neste mundo, não existe maneira de saber o que vem depois; se puder dispor, ajude aos necessitados; espalhe as boas palavras, as suas palavras, palavras que têm significado, palavras que pessoas reais no mundo real podem confiar; repreenda outros, algumas pessoas precisam descer de seus pedestais e encarar a realidade; faça amigos; faça inimigos com aqueles que não agüentam genuinidade, mas tente fazê-los entender, seja honesto; não corra dos seus problemas para um genuflexório, ande em direção a eles com a cabeça erguida e confiança para solvê-los; faça um favor a si mesmo e viva no presente, com sua mente e seu coração, e não com a sua fé num pós-vida inventado.
Viva grande, viva com força, viva feliz, viva o presente, viva as pessoas ao seu redor!
Pessoas lembrar de você depois da sua morte, esta é a verdadeira vida eterna!
Tenha Fé Em Si Mesmo, Amém[v]!
[i] Dicionário on-line: http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx
[ii] Artigo do Wikipedia sobre parafina: http://en.wikipedia.org/wiki/Paraffin
[iii] Página da Sociedade Respiratória Européia: http://erj.ersjournals.com/misc/about.shtml
[iv] Página da BBC Notícias: http://news.bbc.co.uk/1/hi/health/4026537.stm
[v] Do Hebraico, significando “assim seja; consentimento”
1.000.000.000
1 bilhão é um número tão grande que nosso cérebro mamífero tem sérias dificuldades em compreender, o que dificulta o entendimento de Química (constante de Avogrado), Física (número de planetas e galáxias), História (Eras geológicas) e Biologia (Evolução).
Dizer que 55 gramas de ferro contém 600 vezes um milhão bilhão bilhão de átomos de ferro, ou que cada galáxia contém um bilhão bilhão de planetas e o universo é formado por um número ainda maior de galáxias, que a Terra foi formada há 4 bilhões de anos ou que nós levamos 3 bilhões e meio de anos para evoluir de átomos aleatórios de hidrogênio e carbono para serem pensantes e verificadores de e-mails, não nos diz nada, porque não temos capacidade intelectual de entender números dessa magnitude. Nós somos bons em entender dez de alguma coisa, mas não milhões e milhões. O que nos resta é criar analogias e tentar explicar para nós mesmos o que essas coisas significam.
Por exemplo:
Se você levar cinco minutos para contar até mil, mantendo o mesmo ritmo, em 1 hora você chegará a 12 mil e a 288 mil ao fim de 24 horas.
Em um ano, mantendo o mesmo passo, sem parar, você terá chegado a 105 milhões. 365 dias, sem descanso, para alcançar pouco mais de dez por cento de um bilhão.
O 1 bilhão só será alcançado ao final de NOVE ANOS E MEIO de contagem incessante, ao ritmo de dez números a cada três segundos. Se o ritmo for um número por segundo, você contaria por mais de 31 anos.
1 bilhão de minutos atrás, na década de 100 da era cristã, o matemático grego Ptolomeu nascia, o carrinho de mão tinha acabado de ser inventado na China, os leões foram extintos nos Bálcãs, o Kama Sutra tinha começado a ser escrito na Índia, tijolos começaram a ser usados como material de construção no Império Romano e, novamente na China, o papel fez sua primeira aparição popular.
1 bilhão de horas atrás, agricultura não existia e não havia animais domesticados, a Austrália ainda não era habitada, nós estávamos quebrando pedras para cortar a carne de animais e curtir pele para nos aquecermos, morávamos todos na África e ainda éramos homo erectus e não homo sapiens e a linguagem e a música estavam começando a se desenvolver.
Uma faixa de areia de 10 metros de extensão por 1 metro de largura e 10 centímetros de profundidade contém aproximadamente oitocentos milhões de grãos de areia. 80% de um bilhão.
É impossível ver 1 bilhão de pessoas de uma só vez, por causa curvatura da Terra. É tanta gente que por mais plano que o terreno fosse, as pessoas se estenderiam até passar do horizonte. A única maneira de fazer 1 bilhão de pessoas caber em seu campo de visão seria ascender algumas centenas de quilômetros acima da superfície terrestre, de onde tal população seria enxergada como uma massa, sendo impossível distinguir indivíduos, de forma análoga a como vemos nossa pele, que é formada por bilhões de células individuais. A propósito, 1 bilhão de células de pele é equivalente a 350cm², ou a pele do torso de um humano adulto.
1 bilhão é muita coisa, só digo isso.
Herbert & George
– Eu não entendo como o tempo pode ser uma quarta dimensão! Um cubo tem largura, altura e profundidade e pronto! Como justificar uma quarta dimensão?
– Fácil! Pense num cubo.
– Sim.
– Esse cubo pode ser instantâneo?
– Instantâneo? Como assim?
– Pode esse cubo existir por um momento? Um momento tão curto que não pode ser medido em tempo, como frações de segundo?
– Não!
– O cubo só existe porque nós podemos observá-lo durante um certo tempo.
– Faz sentido… Mas como justificar o tempo como ‘dimensão’?
– Pense num termômetro de mercúrio.
– Sim.
– Digamos que de dia a temperatura tenha colocado o mercúrio no alto da coluna, durante a noite, com a temperatura mais amena, o nível caiu e, no outro dia, voltou a subir.
– Certo. Mas o mercúrio apenas sobe e desce, só se move em uma dimensão.
– O mercúrio move em duas dimensões na verdade. De cima para baixo e durante um certo período de tempo.
– Como assim?
– Como uma pessoa andando na rua jogando uma bola para cima. A bola está indo para cima e para baixo e também está se movendo para frente. O movimento total da bola, se posto num gráfico, não será uma linha reta horizontal nem uma linha reta vertical, mas uma onda que sobe e desce a medida em que se descola para a frente.
– Então, no caso do termômetro, o tempo equivale ao deslocamento da pessoa no caso da bola?
– Exato! O gráfico do movimento do nível de mercúrio não é apenas subindo e descendo, é uma onda no mesmo estilo do da bola!
– Mas, diferentemente de nas outras dimensões, no tempo nós só podemos nos deslocar em um sentido.
– Quase!
– Como assim, ‘quase’?
– Nós podemos ir da direita para a esquerda e de frente para trás, mas não somos muito bons em nos deslocar para cima! O máximo que conseguimos é pulando, que não dura muito, ou subindo uma escada! Cair é bem mais fácil!
– Por causa da gravidade!
– Exato! Nós somos seres bidimensionais! Nos deslocamos facilmente na terceira dimensão só em um sentido, para baixo!
– Mas e os aviões?
– Lembre-se, o esforço para nos deslocarmos para cima é tremendamente maior que o esforço que fazemos quando andamos em círculos, por exemplo! E quando caimos, não estamos fazendo esforço! É como se a dificuldade em se subir fosse compensada pela facilidade em se cair, talvez deixando o sistema balanceado, já que fazemos exatamente o mesmo esforço quando nos deslocamos em qualquer direção em um plano!
– E o tempo? Continua fluindo sempre na mesma direção!
– Não, nós continuamos ‘caindo’ sempre na mesma direção temporal! Nos falta descobrir uma maneira de ‘pular’ nessa dimensão, de vencer a ‘gravidade’ temporal!
– Voltar no tempo?
– Isso! O grande problema com isso é um paradoxo.
– Uma pessoa voltar no tempo e matar o próprio avô antes do pai ter sido concebido?
– Não, um paradoxo que funciona em qualquer direção que se vá! Se eu estou me deslocando no tempo, como o tempo passaria pra mim?
– Não entendi!
– Uma viagem através do tempo só pode ser instantânea, ou seja, não pode sofrer ação do próprio tempo! Como eu posso, por exemplo, passar uma hora viajando para o passado? Apesar de estar voltando no tempo, o tempo, do meu ponto de vista, continuaria indo para frente?
– Eu acho que entendi! Seria o mesmo que pular para cima e continuar caindo!
– Exato! Eu estaria, por exemplo, voltando para o ano do meu nascimento enquanto que estaria envelhecendo? Ou me adiantando para o ano do nascimento dos meus tetranetos, após minha própria morte, enquanto que envelheceria apenas uma dia? Se estou voltando no tempo, não deveria, o tempo, do meu ponto de vista, voltar também?
– Então uma pessoa só poderia voltar até o dia em que nasceu?
– É isso que eu penso! E como as experiências adquiridas durante a vida são também dependentes do tempo, uma pessoa que voltaria ao passado, rejuvenescendo, estaria também esquecendo tudo o que aprendeu previamente!
– Viagens no tempo podem já existir, mas ninguém teria conhecimento, incluindo o viajante!
– Seria como rebobinar uma fita! E como se viajaria para o futuro?
– Como o avanço rápido de uma fita?
– Com todos os acontecimentos futuros acontecendo enquanto se viaja?
– Isso!
– E se um desses acontecimentos fosse uma morte súbita e inesperada?
– Seria o fim do viajante!
– Um dos riscos de se cair mais rápido que a gravidade! O impacto é sempre mais forte!
– Exato!
– A viagem no tempo só seria possível e viável para frente e voltando para trás até o momento em que se descobriu a possibilidade da viagem, apagando novamente todo o conhecimento adquirido na ida ao futuro!
– Faz sentido!
– A grande descoberta seria a de uma maneira de se fazer lembrar o que ocorreu se viajando ao passado.
– Seria uma boa!
– Mas como se lembrar de algo que ainda não aconteceu?
– Paradoxo!
– Aí está! É por isso que viagens temporais não ocorrem, e se ocorrem, ninguém lembra!
– Como a morte, ninguém nunca voltou pra contar!
– Exato!
Nascer e Pôr da Terra
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Esse vídeo é da nave exploradora japonesa KAGUYA mostrando a Terra vista da Lua enquanto nasce e se põe na superfície lunar.
O efeito se dá pela nave circundando a Lua, pois na superfície desta a Terra está sempre parada, devido a um efeito chamado “rotação travada” (a Lua roda em torno do próprio eixo com a mesma velocidade com que circula ao redor da Terra), que faz com que nós sempre vejamos o mesmo lado da Lua.
Eu colocando isso aqui não para ensinar cosmologia nem para mostrar como nós somos avançados e estamos mandando câmeras para o espaço (estamos fazendo isso a 50 anos já, comemorados mês passado), mas para duas coisas; primeiramente mostrar uma coisa bonita e, segundo, para incitar uma idéia.
Tenham em mente o seguinte: tudo o que já foi desenhado, criado, construído, planejado, feito, admirado, comido, plantado, dirigido, tocado, pintado, respirado, falado e pensado ocorreu aí nessa bolinha azul flutuando no espaço que, até onde nós sabemos, é infinito.
De nada.