África no Ambiente de Adaptabilidade Evolutiva
A espécie humana é africana. E nessa Blogagem Coletiva estamos escrevendo sobre a África, onde evoluímos, onde diversas pressões seletivas locais agindo em conjunto moldaram nossa mente. E nossa mente é um conjunto de mecanismos para processamento de informação que foram moldados pelo processo evolutivo para a resolução de problemas enfrentados em nosso ambiente ancestral.
Funciona como um ambiente hipotético onde todas as propriedades que geraram as principais pressões evolutivas em nossos ancestrais estivessem presentes. Se caracterizarmos bem esse ambiente, podemos avaliar qual eram os dilemas evolutivos que mais pressionaram os membros das populações ancestrais, há cinco mil ou dez mil gerações atrás.
Os grupos humanos ancestrais apresentavam baixa densidade populacional, caracterizados por agrupamentos baseados no parentesco atingindo cerca de 200 pessoas. Os grupos apresentavam uma tecnologia simples, alta mortalidade infantil e baixa expectativa de vida. Alta vulnerabilidade ambiental e poucas opções de estilos de vida.
Os principais problemas adaptativos que nossos ancestrais enfrentaram foram: Problemas de sobrevivência e crescimento, caracterizado pelos desafios existentes até se chegar ao momento da reprodução, como detecção de animais perigosos; preferência alimentar e a detecção de alimentos contaminados entre outros. Problemas de acasalamento, ou seja, selecionar, atrair e reter um parceiro amoroso e executar o comportamento sexual requerido para o sucesso da reprodução. Problemas de parentais, ou seja, fazer com que a prole sobreviva e cresça até o momento da reprodução. E por fim existiam os Problema da ajuda à parentes caracterizado pel
as ajudas na reprodução dos parentes e filhos de parentes.Coevolução e Seleção Sexual no Caso da Vespa Tarada
Inicialmente o conceito de coevolução foi usado indiscriminadamente ao se referir a qualquer interação entre diferentes populações (Janzen, 1980). Atualmente o conceito está muito mais bem delimitado, reservado apenas para mudanças evolutivas claramente recíprocas, específicas e simultâneas. Tais pressupostos são facilmente contemplados se pensarmos na coevolução entre machos e fêmeas da mesma espécie.
A dinâmica coevolutiva entre machos e fêmeas pode abarcar a coevolução entre planta e polinizador, como é o caso do mimetismo sexual e a pseudocópula que ocorre na polinização das orquídeas do gênero Ophrys. Conhecido como mimetismo pouyanniano ou sexual ocorre quando uma flor de orquídea apresenta a forma, coloração (Spaethe, Moser & Paulus, 2007) e cheiro de acasalamento (Ayasse, Schiestl, Paulus, 2003) da fêmea de alguma espécie de abelhas na maioria dos casos, e na minoria, de vespas ou besouros todos espécie-específicos. Isso faz com que o macho da respectiva espécie seja atraído à flor para copular, o que acaba por dispersar as políneas para outros estigmas concluindo a polinização.
O ajuste coevoluído não é apenas espacial, mas temporal. A atração dos machos pelas flores miméticas ocorre num período em que as fêmeas ainda não estão receptivas, ou às vezes nem disponíveis ainda.
Realmente os machos são manipulados pelas flores sem nenhum benefício em troca. Entretanto, após algumas tentativas passam a evitar o convite tentador das orquídeas, pois apenas machos inexperientes são enganados, e isso faz com que as orquídeas tenham menos oportunidades de polinização levando a uma maior pressão seletiva para o aumento da sua ornamentação (Andersson, 1994; Spaethe, Moser, Paulus, 2007).
estão evoluindo no sentido à resistência do sinal apresentado pela flor, porém sendo este muito semelhante ao sinal da fêmea da própria espécie, sua aptidão começa a diminuir a partir que eles começam ficar insensíveis às próprias fêmeas. Eles então estão presos em duas dinâmicas coevolutivas uma intra e outra interespecífica que fazem com que cada vez mais as orquídeas desse grupo fiquem mais perecidas com as fêmeas.Referências
Andersson, M. (1994). Sexual Seletion. Princeton: Princeton University Press.
Ayasse, M.; Schiestl, F. P.; Paulus, H. F. (2003). Pollinator attraction in a sexually deceptive orchid by means of unconventional chemicals. Proceedings Royal Society of London B, 270, 517–522.
Janzen, D. H. (1980). When is it coevolution? Evolution, 34(3), 611-612.
Krebs, J. R.; Davies, N. B. (1996). Introdução a Ecologia Comportamental. São Paulo: Atheneu.
Schiestl, F. P.; Cozzolino, S. (2008). Evolution of sexual mimicry in the orchid subtribe orchidinae: the role of preadaptations in the attraction of male bees as pollinators BMC Evolutionary Biology, 8:27
Spaethe, J.; Moser, W. H.; Paulus, H. F. (2007). Increase of pollinator attraction by means of a visual signal in the sexually deceptive orchid, Ophrys heldreichii (Orchidaceae). Plant Systematic and Evolution. 264: 31–40.
Thompson, J. N. (1989). Concepts of Coevolution. Trends in Ecology and Evolution. 4(6), 180-183.






