A Evolução da Arte e dos Rituais

 A arte a o ritual são dificilmente separáveis. O que hoje vemos enquanto algo independente como a pintura, a moda, a dança, a música e as religiões não estavam tão claramente distintas em nosso ambiente ancestral. A perspectiva etológica busca em observações interculturais as constantes na manifestação da natureza humana. A arte e o rito, enquanto manifestações universais da natureza humana, podem ser foco de estudos etológicos sobre sua função evolutiva.

Uma das visões clássicas sobre a evolução do comportamento artístico e ritualístico em nossa espécie aponta para a coesão grupal como um elemento chave na seleção dessas manifestações. Os grupos em que a arte e os rituais tornavam mais coesos e integrados tinha vantagens para seus membros frente a outros grupos. No vídeo abaixo (de 4 minutos e meio), Ellen Dissanayake explica de uma forma rica e tocante essa visão evolutiva sobre nossa arte e rituais.

ANO DE DARWIN 2009 no Brasil

É com grande alegria que inicio essa nova fase do MARCO EVOLUTIVO aqui no Lablogatórios, sempre ensinando e dispersando ciências. E nada mais animado do que falar de comemorações. Sim as comemorações históricas na Biologia do ano 2009 serão, literalmente, um marco evolutivo não só para a Biologia, mas para a Ciência brasileira.

 

Aqueles que acompanham o blog acompanharam também os desdobramentos das movimentações para que o ano de 2009 fosse considerado o Ano da Biologia. Viram no Dia de Darwin que as comemorações estão espalhadas pelo mundo. Acompanharam quando alguns órgãos internacionais apoiaram a idéia brasileira, mas infelizmente a UNESCO já tinha planos estelares para 2009. Vimos também, no aniversário de 150 anos da Seleção Natural, o porquê grande parte das comemorações serão no ano que vem, menosprezando a importância de Wallace.


 

Agora veremos que o “Ano da Biologia” virou “Ano de Darwin” e que a movimentação brasileira está indo muito bem. A mudança começou quando houve uma reunião com representantes de diversas instituições e associações, realizada por iniciativa do professor Ildeu de Castro Moreira (UFRJ, MCT) no dia 15 de julho de 2008, durante a 60ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). A idéia foi reunir esforços nacionais em torno das comemorações sobre as imensas contribuições de Charles Darwin. Dito e feito!

 

 

Essa reunião levou à formação de um Grupo de Trabalho, e uma das contribuições mais importantes para a organização nacional das comemorações evolutivas foi a criação do site para a divulgação de informações sobre o “Ano de Darwin” no Brasil e no mundo. Vale a pena acessar esse o site e divulga-lo não só para alunos de Biologia. Além disso no site você pode acompanhar todas as iniciativas (atualmente 11) já programadas de comemoração no Brasil.

 

 

E o Grupo de Trabalho estabelecerá contato com todas as instituições nacionais interessadas em desenvolver ações relativas ao “Ano de Darwin”, estimulando colaborações, divulgando as iniciativas planejadas, sugerindo atividades e atuando junto aos órgãos de fomento à pesquisa, à educação e à cultura, em todos os níveis, para obter o apoio necessário à concretização dessas ações.

 

 

Estão sendo programados: encontros científicos (Salvador, Manaus, Rio…); exposições sobre a evolução por seleção natural, Darwin, Wallace, Fritz Müller etc; publicação de livros de/sobre Darwin e Wallace; números especiais de revistas; reportagens em jornais e TVs; atividades nas escolas etc. Por falar nisso a exposição DARWINsaiu de Brasília e está em Goiânia de 19 de agosto até 5 de outubro. Como sempre cheia de palestras paralelas interessantes: uma das palestras no Descobrindo a Árvore da Vida será sobre “Psicologia Evolucionista: a evolução da mente humana” ministrada por Dwain Santee da UCG no dia 20 /09.


 

 

 

 

 

 

 

Será importante criar um movimento intenso para que possamos fazer com que Darwin, “o Sol do séc XIX” possa bronzear com segurança e serenidade as pessoas aqui do século XXI, e que isso possa repercutir na discussão sobre o ensino deste tema na educação básica, superior formal e não-formal.

 

Crianças + Chocolate = Egoísmo ou Altruísmo?

Você acha que o ser humano é egoísta por natureza ou altruísta por natureza? Essa é uma discussão muito antiga que remonta Rousseau e seu “bom selvagem”, em que o ser humano era tido como bom por natureza e a sociedade o corrompia. Mas como vamos ver o ser humano não é tão simplista assim. Não nascemos equipados só com predisposições cognitivas pró-sociais ou só com anti-sociais, mas sim com ambas predisposições. Somos ricamente equipados com estratégias sociais mistas.

Nossas predisposições cognitivas pró ou anti-sociais são manifestadas segundo características do contexto social em que nos encontramos. Conhecer as pessoas do seu meio social, confiar nelas, reencontrá-las de tempos em tempos são algumas das condições muito importantes para a evolução do altruísmo recíproco, ou seja, a cooperação com não parentes.

Pesquisadores brasileiros de Psicologia Evolucionista investigando essa questão encontraram que outra característica relevante na escolha de atitudes pró ou anti-sociais é o tamanho do grupo social. Em artigo publicado no periódico Evolution and Human Behavior 29 (2008) 42–48, que está disponível junto com outros artigos nacionais no site do Projeto Milênio de Psicologia Evolucionista, Anuska Alencar, José Siqueira e Maria Emilia Yamamoto, investigaram a cooperação em crianças.

Segundo a professora Dra. Emilia Yamamoto, “tentamos entender como é a cooperação do ponto de vista evolutivo, ou seja, quais atitudes das crianças são dirigidas a um benefício comum, e quais revelam certo egoísmo.” E pra fazer isso é só criar um engenhoso jogo envolvendo chocolate em que colocava as crianças em posição de doar algum para que o benefício comum aumente ou não doar nada em prol apenas do benefício individual. Isso em grupos pequenos e grandes de crianças.
Eles encontraram que no grupo pequeno as atitudes pró-sociais foram mais comuns, pois a possibilidade de monitorar indiretamente o comportamento dos colegas era maior. Já no grupo grande as doações diminuíam bastante, segundo ela “revelando que o egoísmo prevalece quando o indivíduo não percebe um ambiente propício para a cooperação”. Entra em jogo então o raciocínio que acaba rapidamente com os recursos naturais: se é de todo mundo então não é de ninguém e se eu não aproveitar muito agora outros o farão já já.
É interessante lembrar que a superpopulação não é um problema só da China, mas sim do planeta Terra. E que as conseqüências prejudiciais da superpopulação não são só ambientais mais também anti-sociais. Os estudiosos da evolução do comportamento humano apontam que o tamanho da tribo humana ancestral girava em torno de 200 pessoas, algo muito longe do tamanho das cidades atuais.
Uma versão resumida escrita e em áudio do presente trabalho pode ser encontrada no novíssimo site de divulgação científica da UNESP: o Toque da Ciência, destinado à divulgação da produção científica brasileira por meio de uma linguagem simples e atraente, com periodicidade diária e contando com um acervo de mais de cem programas. Toque da Ciência têm formato de PODCAST disponibilizando áudios de um minuto e meio de duração, com o relato do processo de pesquisa pelo próprio pesquisador, aproximando público e cientista e tornando eficaz a comunicação e os fins da divulgação científica.
Um bom exemplo de altruísmo com o conhecimento científico e cooperação com a sociedade.