MARCO EVOLUTIVO na Europa
Apresentarei trabalhos em colaboração com José Henrique Ferreira e nossa orientadora Dra. Vera Bussab (1;2;3;4) tanto no XIX Bienal International Conference of the International Society for Human Ethology, que acontecerá na Bolonha, Itália, entre os dias 13 e 17 de julho, quanto no XXIX International Congress of Psychology, em Berlim, Alemanha, entre os dias 20 e 25 de julho.
Muitos outros pesquisadores brasileiros de diferentes estados, entre professores e alunos de pós-graduação, membros do Instituto do Milênio de Psicologia Evolucionista (CNPq) farão parte da participação brasileira apresentando pesquisas em Psicologia Experimental, Etologia Humana e Psicologia Evolucionista.
A International Conference of the International Society for Human Ethology acontece de dois em dois anos e abrange trabalhos de Etologia Humana e de Psicologia Evolucionista.
Agradeço apoio do CNPq, do IP-USP e do Instituto do Milênio de Psicologia Evolucionista.
Psicologia Evolucionista e Natureza Humana
Sugiro às pessoas que antes de despejarem seus “ismos” indignados: biologismo, determinismo, sexismo, naturalismo, reducionismo, fatalismo, conformismo entre outros, leiam o texto sobre se nós somos realmente dominados por nossos genes ou apenas por mal-entendidos. E descubram quantas noções preconceituosas sobre a natureza humana temos enraizadas.
Os livros estão mais voltados para resolver esses entendimentos equivocados são o O Que Nos Faz Humanos de Matt Ridley e o Tabula Rasa de Steven Pinker. Nesses livros uma coisa fica bem clara, que nossa velha noção sobre a natureza humana é uma das coisas que devemos desaprender e deixar muito dos preconceitos que impedem nosso entendimento sobre a Psicologia Evolucionista para trás.
E o programa “Coisas que nunca deviamos aprender” sobre Psicologia Evolucionista, em espanhol, que veremos abaixo, trata justamente da questão das novas noções sobre a natureza humana que estão desafiando concepções pautadas em entendimentos equivocados. Com a participação de Steven Pinker, ricamente ilustrado e com uma discussão final sobre as mudanças de paradigmas este programa tem três vídeos bem interessantes.
No primeiro vídeo veremos a discussão sobre nossa tendências agressivas e medos de cobra, sobre a antiga visão da tabula rasa, as inter-relações entre natureza e criação, as ligações com o projeto genoma e com a discussão das células tronco, veremos ainda que existe um grande preconceito frente as sociedade de caçadores coletores tribais, mas na verdade as habilidades mentais são as mesmas em todas culturas.
No segundo vídeo serão discutidas as diferenças entre homens e mulheres, seu desenvolvimento ontogenético, as influências mútuas entre cultura e circuitos cognitivos inatos, veremos que os seres humanos não têm menos se não mais instintos do que os outros animais, e como exemplo a linguagem, os tabus sexuais, ainda veremos as diferencias entre os sexos nas estratégias sexuais e o movimento hippie enquanto mais uma utopia sexual.
No último vídeo veremos o mal-entendido da suposta impossibilidade de mudança social, analisaremos a tabula rasa para perceber que diferença não é desigualdade, e na conversa final teremos a discussão sobre a revolução científica e as mudanças de paradigmas. E mudança é o que está acontecendo em todo o mundo quando se fala da natureza humana, pois como Hamilton disse em 1997 “a tabula da natureza humana nunca foi rasa e agora está sendo decifrada”.
150 anos da Seleção Natural!
Existem pelo menos três aniversários de 150 da Seleção Natural em 2008. Tem a descoberta independente da Seleção Natural por Wallace durante uma grande febre em fevereiro de 1858; tem o anúncio público da idéia conjunta na Sociedade Linneana em 1º de Julho de 1858; e tem a publicação dos artigos de Darwin e Wallace sobre a Seleção Natural em 20 de agosto de 1858. Estamos no meio dos aniversários.
Na noite de 1º de Julho de 1858, há 150 anos, ocorreu um evento que foi um dos maiores divisores de água da história do conhecimento. Os membros da Sociedade Linnean de Londres em Piccadilly ouviram dois fragmentos não publicados sobre a evolução, escritos pelo famoso naturalista Charles Darwin, e um artigo meticuloso escrito por um desconhecido, Alfred Russel Wallace. Nem Darwin nem Wallace estavam presentes. Darwin ficara em sua casa na Inglaterra em luto pela morte de um filho de febre escarlate e Wallace estava na distante Nova Guiné, caçando borboletas e besouros.
O texto com os artigos de Darwin e Wallace escrito no dia 30 de junho chama-se “On the Tendency of Species to form Varieties; and the Perpetuation of Varieties and Species by Natural Means of Selection” A comunicação para a Sociedade Linnean foi feita pelo botânico Joseph Hooker e pelo geólogo Sir Charles Lyell, ambos amigos de Darwin, que reuniram documentos de ambos mostrando que a descoberta da Seleção Natural foi feita independentemente por Darwin e Wallace.
Em todo caso, todos concordam que a idéia da Seleção Natural é tão poderosa que se assemelha a um ácido universal que corroi tudo o que toca. Todas as crenças cosmológicas que partiam de uma mente superior que cria toda a complexidade de cima pra baixo foi dissolvida pelo poder cego e não-intencional da Seleção Natural em criar a complexidade biológica de baixo pra cima.
E cego mesmo foi o presidente da Sociedade Linnean, Thomas Bell, que escreveu em seu relatório anual de 1858 que o ano “não foi marcado por qualquer daquelas descobertas que faz uma revolução instantânea no departamento de ciências no qual ocorre”.