Apreciação Estética: um ponto de vista Evolutivo

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Apresento aqui uma palestra muito interessante por dois motivos: ser muito bem ilustrada graficamente e por se tratar de um ponto de vista evolutivo para nossas capacidades de apreciação estética. Denis Dutton lançou ano passado o livro The Art Instinct e nele apresenta a Estética Evolucionista e as ligações entre a seleção sexual e as manifestações artísticas. De nossa fascinação por paisagens ao humor, passando pela música e dança todas guardam as cicatrizes evolutivas das interação sociais ancestrais que promoveram o sucesso reprodutivo diferencial. Vale a pena dar uma conferida nessa sua palestra, na outra palestra de uma hora abaixo mais aprofundada e no site do seu livro. Aproveitem.

A Ciência do Sex Appeal

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A Discovery Brasil lança uma série de vídeos curtinhos e dublados promocionais sobre a ciência do sex appeal. Basicamente eles mostram resultados de estudos em Psicologia Evolucionsita sobre escolha de parceiros e amor que apontam que beleza está aspectos específicos tanto d rosto como do corpo, do cheiro, da voz, do modo de flertar e nos recursos que se possui. Os vídeos são bem ilustrativos e interessantes, recehados de entrevistas com os pesquisadores da área.
Só fiquem espertos com afirmações descuidadas, como “O esforço incansável dos homens para conquistar mulheres pode, na realidade, não ser culpa deles…” do segundo vídeo, por exemplo. Procurar na Biologia do comportamento humano, seja evolução ou hormônios, desculpas para qualquer que seja o comportamento é o maior erro que se pode cometer, principalmente quando da popularização desses estudos. Fazer isso é incorrer nos mesmo erros dos séculos passados como eugenia e dawinismo social que tanto mancharam essa área. Tolerância zero com a falácia naturalista!! Não deixe mal-entendidos prejudicarem seu conhecimento da área, lembre-se Explicar não é Justificar, assim como Entender não é Perdoar!!!
Os vídeos abaixo são a série toda em inglês para os destemidos. Aproveitem!!








Eleição, Voz, Vitória e Pornografia

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Muitos podem pensar que eleição é um comportamento muito recente, e sendo assim, não tendo nada a ver com a evolução do comportamento humano, certo? Pois é, mas a dimensão cultural humana não é tão facilmente separável da dimensão biológica assim como podemos intuir. A Biologia do comportamento humano oferece importantes contribuições e implicações para pensarmos eleições, candidatos e resultados. Não estou dizendo que existia eleições democráticas com urna eletrônica e tudo mais no nosso ambiente ancestral, mas sim que aspectos básicos da nossa cognição social primata estão em cena no nosso moderno cenário eleitoral. Veremos como nossas propensões psicológicas influenciam e são influenciadas pelas eleições, como a presidencial que acabamos de ter no Brasil.

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A primeira coisa que temos que entender é que o modo como nós concebemos eleições, como uma vitória democrática histórica e uma construção social moderna não são como nossa mente primata a percebe. Para nossa mente eleição nos remete à velha tarefa de escolher e aliar-se a coalizões de poder, algo que, durante o período evolutivo, foram favorecidas decisões que poderiam influenciar positivamente sua aptidão e também a sobrevivência e reprodução de seus parentes. Então se quisermos concretizar todas as implicações dos ideais de eleições democráticas modernas temos que entender melhor as nossas propensões psicológicas que influenciam a velha tarefa de escolher e aliar-se a coalizões de poder.

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Escolher um representante de coalizão é uma difícil tarefa que muitas vezes tem implicações bem próximas a você e com conseqüências prolongadas. Até para aqueles que não se deixam influenciar pelo assédio ou compra de votos, não imitam a escolha de alguém importante (seja líder religioso, artístico, acadêmico ou familiar) e nem tentam seguir a maioria mostrada nas pesquisas eleitorais, existem muitas outras influências internas enviesando tal escolha. Em 2002, Stanford Gregory Jr. e Timothy Gallagher da Kant State University publicaram o estudo “Spectral analysis of candidate’s nonverbal vocal communication: Predicting U.S. presidential election outcomes”. 

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Eles analisaram o tom da voz de candidatos a presidência dos EUA em debates desde 1960 e obtiveram que tons de voz mais graves induziam percepções de maior dominância social, o que previa a quantidade de votos recebido em todas as 8 eleições analisadas. Parece que em nossas deisões eleitorais ainda estamos nos guiando por pistas de dominância social que, como diferentes estudos apontam, se relacionam com níveis de testosterona, força física e resistência a parasitas.
Tais parâmetros são os mesmos acessados na busca por parceiros amorosos, pois sabemos que a sobrevivência é só um meio para se chegar à própria reprodução e a de parentes. Então as disputas entre coalizões podem ser entendidas como sendo parte da competição intra-sexual por poder sobre recursos, sendo o acesso sexual um dos mais relevantes evolutivamente. 

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Em muitas espécies quando um macho vence o macho alfa dominante ele mata todos os filhotes induzindo as fêmeas a pararem de investir nos filhos do outro macho para investir em se reproduzir novamente, com ele dessa vez. Visto isso seria esperado que a coalizão vencedora estivesse mais motivada sexualmente, apresentando alto apetite sexual do que a coalizão perdedora. Pois bem, acaba ser publicado no número de novembro do Journal Evolution and Human Behavior uma pesquisa que testa exatamente essa hipótese com relação a eleições.

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Patrick Markey da Villanova University e Charlotte Markey da Rutgers University publicaram o estudo intitulado “Changes in pornography-seeking behaviors followingpolitical elections: an examination of the challenge hypothesis”. Nele eles investigaram se aqueles que se aliaram ao partido vencedor acessam mais freqüentemente pornografia online do que os perdedores. Ele analisaram por estado a proporção das palavra-se chaves colocadas no Google nos períodos das eleições presidencias dos EUA de 2004, 2006 e 2008 comparando uma semana antes e um semana após as eleições. 
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Eles encontraram que nos estados em que a maioria votou no partido vencedor as pessoas usaram mais palavras no Google em busca de pornografia do que nos estados em que a maioria votou para o partido perdedor. Pois é parece que ainda lidamos com as eleições de formas semelhantes como os outros mamíferos lidam com das disputas de poder onde o acesso sexual é um dos prêmios finais.

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Vimos apenas dois exemplos de como a Psicologia Evolucionista pode contribuir para entendermos e, posteriormente, aprimorarmos nosso processo eleitoral. Mais pesquisas precisam ser pensadas a esse respeito em países diferentes para vermos se esse resultados se mantém. E claro como estamos a menos de uma semana após as eleições presidenciais brasileiras fique com um eslogam eleitoral evolucionista: “Dê privacidade ao computador para os que votaram no partido vencedor”.