Ovo ou a Galinha?

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Um dos mais antigos e populares enigmas da humanidade. Um questionamento profundo, contínuo e insolúvel ou uma pérola da reflexão granjeira? Uma omelete entre e filosofia e a reprodução! São muitas as formas de manifestamos nossa perplexidade frente à questão do ovo e da galinha. Minha posição é que não se resolve a questão simplesmente apontando um ou outro como vencedor, mas sim esmiuçando e afastando as concepções pré-evolucionistas subentendidas no questionamento.

Na maioria das vezes a questão é apresentada de duas formas diferentes: “Quem veio primeiro, o ovo ou a galinha?” ou então “Quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?”. Note que a primeira vista esta é apenas uma simples questão sobre origem. Mas a primeira forma não especifica o nível de explicação do “vir primeiro”, enquanto a segunda foca no nível do desenvolvimento individual. E isso já dá margem pra entendimentos diferentes, por mais que a grande maioria das pessoas ache que o único modo de se responder a perguntas sobre origem é recorrer ao nascimento, o que é muito pré-evolucionista. Pergunte a uma criança se nós viemos dos macacos, ela vai dizer que não porque veio da barriga da mãe dela. (lembrete: a criança está certa por motivos errados, não viemos dos macacos somos macacos!).

Existem duas formas de responder a questões sobre a origem dependendo da escala de tempo que você estiver em mente. Numa escala mais proximal está o nível ontogenético – o do desenvolvimento individual – o foco é a concepção ou o nascimento. Numa escala de tempo mais distal está o nível filogenético – o das espécies ancestrais – e o foco são os fósseis, a especiação e a comparação com as espécies mais próximas. Note que o debate sobre as células-tronco tropeçou nessa questão: quando aparece a vida? Qual vida, a do indivíduo ou a das espécies? Então fique sempre ligado no nível de explicação e explicite em qual nível você está pensando.

Outra questão pré-evolucionista escondida é o essencialismo ou fixismo. Pense comigo é possível nascer um mico leão dourado de um lobo guará? Ou um tamanduá bandeira de um peixe boi? Não porque cada uma desses animais só nasce partir de um da sua espécie. Mas então da onde veio o primeiro mico leão ou o primeiro peixe boi? Pensando assim de forma essencialista só é possível concluir que eles sempre foram assim. Você já notou que nos museus todos os tatus de uma espécie são representados por um indivíduo? Darwin introduziu o conceito de biopopulações que é um conjunto de seres iguais no geral, mas diferentes nos detalhes. Não existe o primeiro ovo nem a primeira galinha porque o indivíduo não evolui, é a população que evolui. Existiram populações de ancestrais de galinhas botadores de ovos que evoluíram como um todo gradualmente, e não de uma geração pra outra de um ovo macromutante.

Quando se pensa em ovo daí você pode retroceder para antes dos peixes, plantas e fungos, no início da reprodução sexuada quando gametas se juntaram pra formar um ovo. Quando se pensa na vida da galinha todas começam como um ovo, porque o ovo é do pintinho e não da galinha que o botou. Cada galinha só tem um ovo: aquele da qual se originou, pois depois de adulta os ovos botados são dos futuros pintinhos. Mas como todos sabem que galinhas (e todas as aves) são dinossauros então a reposta para a questão de quem veio primeiro quando se pensa na linhagem das galinhas é o dinossauro.

Este texto faz parte (um pouco atrasado) da Blogagem Coletiva Caça-paraquedista (conheça mais sobre essa iniciativa). Se você entrou aqui pelo Google, seja bem-vindo e aproveite para conhecer um pouco mais sobre o blog e ciência!

Londres, Onde Está Darwin?

 
Este que vos escreve, durante sua viagem pela Europa, foi “obrigado” pela evolução e sua história a passar um tempo em Londres na grande ilha onde Darwin nasceu, a chamada Inglaterra. Minha missão era achar Darwin! Por onde andarás o bom velhinho?
 
Como todo bom biólogo minha resposta foi no museu: perdi a noção de mim do tempo e do espaço dentro do Museu de História Natural de Londres. Tem de tudo, de Geologia a Biologia Humana passando por toda a “dinossaurologia” que acriançada tanto gosta e chegando até a Psicologia – atenção, memória, percepção, desenvolvimento e aprendizagem. Tudo muito interativo, animado e colorido. No setor dos animais para cada grupo taxidermizado exposto havia um painel ao lado mostrando seus antepassados imediatos, algo muito interessante.
 
 
O simples fato de ter um setor só de Psicologia já valeu! Pela primeira vez na vida ver esses assuntos num museu de História Natural foi fantástico. Mas é claro que um resquício de dicotomia Humano versus Animais pode ser observada pelo fato de que a parte de Evolução Humana estava muito longe da de Psicologia Humana. E além disso, não existe um setor de comportamento animal para fazer a ponte entre ambos. Mesmo assim, esse é um excelente passeio GRATUITO (com fotos liberadas) para pelo menos um dia e meio de puro deslumbre em História e Ciências Naturais para ser feito em Londres.
 

Infelizmente a parte sobre a comemoração para Darwin estava em reforma desde a exposição na época do Darwin Day. Segundo eles a exposição foi um sucesso tamanho que será parte integrante do museu, algo muito bom!! Havia a possibilidade de uma visita guiada por um pequeno pedaço dela, mas como era só mediante a agendamento no próprio dia, e dada a loucura de férias de verão não consegui pegar vaga.
 
marco e darwin museu londrs.jpgMas o melhor mesmo foi tirar fotos com a estátua de mármore branco em que Darwin está imponentemente sentado do alto da escadaria olhando para as infinitas formas vivas humanas e não humanas abaixo no museu. Mas eu não queria só Darwin em Mármore e nem ver onde estão seus ossos, queria vê-lo VIVO, na aparência e na mente dos ingleses.
 
 
 
Incrivelmente não vi um sinal se quer de comemoração do bicentenário de Darwin nos inglese nem em Londres. Eu era a única pessoa usando uma camiseta do Ciência Vista sobre Darwin!!! Nem mesmo o pessoal do Museu de História Natural e nem do próprio Madame Tussauds sabiam ao certo se havia uma estátua de Darwin lá. Depois de decepcionar-me com a parca área de Ciência do museu de cera de Londres (apenas Newton, Einstein e Hawkins) eu estava desacreditado.

 
 
Foi só quando decidi sair da Baker Street e esfriar a cabeça no aquário que como por acaso cumpri minha missão. É elementar meu caro Wallace, se evoluímos de espécies aquáticas então o autor do Origem das Espécies só pode estar no Aquário de Londres!!! Pois é meus amigos a estátua de Cera com as dimensões e feições reais de Darwin velho está “esquecida” num cantinho perto da fila dos ingressos do Aquário!!!
 
 
darwin e marco no aquario.JPGA parte boa é que não é necessário realmente entrar nem o Aquário nem o Museu de Cera para tirar sua foto com Dawin, basta entrar no aquário e virar a esquerda no final na fila da bilheteria. A parte ruim é que não há menção, indicação, celebração alguma entorno desta figura tão importante. Como disse em posts anteriores, pelo menos no Brasil estamos no ANO de DARWIN, 12 meses inteiros de celebração, estudo e divulgação.