Darwin Day, Brasil 2024!
Entramos em mais um Dia de Darwin, nesse famoso 12 de fevereiro, comemorando 215 anos desde o nascimento de Charles R. Darwin (1809-1882). Ele foi o primata que além de apontar nossas raízes primatas, reuniu várias fontes de evidência e montou o quebra-cabeça coerente da origem, diversificação, manutenção e especialização natural das espécies de seres vivos ao longo da história de nosso planeta. Evolução biológica, sopa primordial, especiação por barreira geográfica, seleção natural e sexual, são algumas de suas grandes contribuições científicas. A curiosidade e humildade intelectual de Darwin, suas descobertas e seu legado são o que nos inspiram a continuar e ampliar essa celebração internacional que é o Darwin Day.
Um dia após o Dia Internacional das Meninas e Mulheres na Ciência, onde reconhecemos e incentivamos os interesses e carreiras científicas de meninas, garotas e mulheres, o Darwin Day estende esse chamado científico a todos, apesar do feriado de carnaval. E foi bem na segunda feira de carnaval, como hoje, que em 1832 Darwin presenciou o carnaval baiano. Na época não existia spray de espuma, então os foliões jogaram no jovem Darwin gringo sacos de farinha e bolas de cera cheias de água. É claro que ele não entrou na dança e odiou a festança.
Aqui no MARCO EVOLUTIVO o carnaval é de conhecimento! Pontualmente celebrando o Dia de Darwin desde 2008, passando pelo Bicentenário de Darwin e 150 anos do ‘Origem da Espécies’ em 2009, e por 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017, pela Década de Darwin Days no Blog em 2018, 2019, 2020, pelo sesquicentenário do “A Descendência do Homem a Seleção Sexual’ em 2021, pelo sesquicentenário do ‘A Expressão das Emoções no Homem e nos Animais’ em 2022, até 2023.
O presente evolutivo do Darwin Day desde ano quem nos deu foi o pessoal do Darwin Online que desde 2002 disponibilizam virtualmente todas as publicações, manuscritos, e cartas de Darwin. Depois de 18 anos de pesquisa, eles finalmente remontaram online a biblioteca pessoal completa de Darwin. Pela primeira vez desde seu falecimento em 1882, a biblioteca de Darwin contendo mais de 7.350 títulos pode ser acessada por qualquer um online. A biblioteca pessoal da Darwin se revelou conter quase 7 vezes mais itens do que previamente estimado. Além de livros de biologia e geologia, haviam livros de criação animal, filosofia, psicologia, história e viagem, entre outros.
Realmente, Darwin escreveu em sua autobiografia que ele havia comprado muitos livros. Pois bem, então hoje podemos acessar as fontes que ele acessou e entrar um mais no universo de conhecimento em que ele estava imerso. E isso demonstra que ao contrário de ser um cientista isolado, longe de Londres e das grandes universidade e museus, Darwin se mostrou estar bem por dentro do estado da arte que as Ciência Naturais estavam. Como metade dos livros não estavam em inglês, ele se mostrou focado ainda em aprender outras línguas. A biblioteca de Darwin se revelou uma das mais importantes e extensas coleções de livros particulares do sec. XIX. Aproveitem!
Como sempre, neste ano estamos tendo o Darwin Day do Museu de Zoologia da USP com várias atrações para os adultos e as crianças de 4/02 até 03/03. Dia 17/02 o Darwin Day do IB USP com duas palestras à tarde. Temos ainda de 26 a 28/02 o Darwin Day da Sociedade Brasileira de Genética na UFJF com exposições, palestras e mesas redondas. Temos o Darwin Day da UFJF em 24 de março. E teremos o Darwin Day da Unesp também! Fiquem ligados.
Feliz Dia de Darwin 2023!
É chegada a hora do nosso Darwin Day! Hoje, 12 de fevereiro de 2023, estamos celebrando os 214 anos de ninguém menos que Charles Robert Darwin (1809-1882). Foi ele, o geólogo e naturalista, que reuniu diversas fontes de evidências apontando para o processo evolutivo dos seres vivos. Com os mecanismos da seleção natural e da seleção sexual, ele propôs uma explicação natural e unificada para diversidade, similaridade e manutenção dos seres vivos, incluindo o ser humano, ao longo da história do planeta Terra.
Nada mais apropriado do que celebrarmos o aniversário de Darwin, sua biografia, descobertas e legado neste Darwin Day de 2023. O Dia de Darwin é uma celebração internacional que visa nos inspirar a refletir e agir seguindo os princípios de bravura intelectual, curiosidade, pensamento científico e busca pela verdade como demonstrados por Charles Darwin. Então temos que aproveitar esta celebração para nos ajuda apreciar a natureza evoluída dos seres vivos, nossa origem primata humilde, e para buscarmos as atualizações do conhecimento evolutivo fruto do legado darwinista.
Aqui no MARCO EVOLUTIVO temos, nos últimos 15 anos, continuamente celebrado o Dia de Darwin começando em 2008, passando pelo Bicentenário de Darwin e 150 anos do ‘Origem da Espécies’ em 2009, e por 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017, pela Década de Darwin Days no Blog em 2018, 2019, 2020, pelo sesquicentenário do “A Descendência do Homem a Seleção Sexual’ em 2021, e pelo sesquicentenário do ‘A Expressão das Emoções no Homem e nos Animais’ em 2022. Neste 2023 não seria diferente.
Darwin nos mostrou a beleza e o insight profundo de ver as relações entre as espécies como as de parentescos famílias numa grande árvore da vida. Não somos idênticos aos nossos pais; assim como as pessoas, as espécies são únicas, mas as espécies irmãs tendem a ser mais parecidas entre si do que as espécies primas. É uma ótima metáfora, pois ainda mostra que da mesma forma que um galho conforme cresce vai mudando, as espécies também vão mudando ao longo das gerações (anagênese), e quando há uma bifurcação é quando ocorre o evento de especiação, o surgimento de novas espécies (cladogênese). E quando um galho seca é como um evento de extinção para as espécies daquele ramo. De forma geral a evolução biológica pode ser representada como um eterno crescimento, bifurcação, fusão (simbiose) e perecimento dos ramos da vida, todos tendo um mesmo tronco distante em comum.
Em 1857, numa carta para Huxley, Darwin escreveu que “A hora virá, creio eu, embora não viva para ver, quando tivermos árvores genealógicas muito justas de cada grande reino da natureza.” Darwin estava certo, e todos nós hoje podemos vislumbrar e explorar a maior árvore dos seres vivos já organizada. O site OneZoom mostra numa estrutura fractal continua os relacionamentos de parentescos de 2,2 milhões de espécies, de bactérias até o urso de óculos sul-americano. Além de fotos, as folhas têm cores indicando se a espécie está extinta ou em risco de extinção. É claro que além da truta, do cogumelo amanita, da maconha, do lobo, o ser humano é uma das espécies mais procuradas.
Darwin estudou a evidência de anatomia comparativa entre humanos e outros grande primatas sem rabo para prever que os humanos muito provavelmente evoluíram na África. Em 1871, Darwin escreveu que “Em cada grande região do mundo os mamíferos vivos estão intimamente relacionados com as espécies extintas da mesma região. É, portanto, provável que a África tenha sido anteriormente habitada por grandes primatas extintos, parentes próximos do gorila e do chimpanzé; e como essas duas espécies são agora as aliadas mais próximas dos humanos, é talvez mais provável que nossos primeiros progenitores tenham vivido no continente africano do que em qualquer outro lugar.”
Darwin estava certo: não só os nossos ancestrais mais antigos desde a separação do ramo comum com os Chimpanzés e Bonobos são encontrados na África, mas também a árvore genealógica humana usando dados genéticos remonta à África. No ano passado foi publicada a maior árvore unificada da humanidade feita por meio de genomas atuais e ancestrais mostrando a riqueza de dispersões e intercruzamentos das populações. Talvez se todos conseguirmos perceber toda a humanidade e todos os outros seres vivos como literalmente nossos parentes ‘de sangue’ talvez diminuiremos com as guerras, abusos e maus-tratos ainda tão persistentes na atualidade.
Seguimos em frente nos Darwin Days, sempre disseminando os insights, as previsões, descobertas e legado de Darwin bem como as novas descobertas, as quais muitas apoiam as previsões do naturalista de revolucionou a biologia e a humanidade. Neste ano tivemos o Darwin Day da Sociedade Brasileira de Genética na UFES com exposições, palestras e mesas redondas. Estamos tento o Darwin Day do Museu de Zoologia da USP com várias atrações para os adultos e as crianças. E ainda teremos o Darwin Day da UFJF em 24 de março. Muitos outros evento ainda vão surgir, então aproveitem!
Dia de Darwin 2022 e 150 anos do ‘Expressão das Emoções’
No dia de hoje, 12 de fevereiro de 2022, há 213 anos nascia Charles Robert Darwin, o naturalista que explicou em termos naturais a variedade e as semelhanças dos seres vivos e revolucionou a forma como entendemos a natureza e nosso lugar nela. Por isso estamos celebrando o Darwin Day de 2022, o momento do ano em que consideramos a vida, as descobertas e o legado da Charles Darwin. Neste dia buscamos inspirar a todos a ver os seres vivos e suas relações atuais e ancestrais da forma naturalista e evoluída que Darwin concebeu. Além disso, enfatizamos também as constantes revisões e atualizações do conhecimento biológico e evolutivo fruto do legado darwinista. Então, o Dia de Darwin é sempre muito emocionante!
Nos últimos 13 anos aqui no MARCO EVOLUTIVO, temos devidamente celebrado o Dia de Darwin começando em 2008, passando pelo Bicentenário de Darwin e 150 anos do ‘Origem da Espécies’ em 2009, e por 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017, pela Década de Darwin Days no Blog em 2018, 2019, 2020 e pelo sesquicentenário do “A Descendência do Homem a Seleção Sexual’ em 2021. Assim como no ano passado, este ano será muito especial pois estaremos comemorando os 150 anos de outra publicação darwiniana, o livro “A Expressão das Emoções no Homem e nos Animais” (1872).
O que era para ser um capítulo do livro anterior “A Descendência do Homem e a Seleção em Relação ao Sexo” (1871) cresceu tanto que precisou ser considerado como uma nova obra em si mesma. O ‘Expressão da Emoções’ foi publicado dia 26 de novembro de 1872, e foi o primeiro a usar fotografias. No livro, Darwin traça um programa de pesquisa evolucionista e comparativo para as ciências do comportamento. Sim, Darwin, que já havia estudando Geologia, por exemplo, com o surgimento das montanhas e dos atóis, Zoologia com sua vasta publicação sobre cracas, e Botânica com seus experimentos de polinização de orquídeas, também se debruçou sobre o comportamento animal, humano e não-humano. Darwin pesquisou meticulosamente várias emoções e os movimentos corporais relacionados, incluindo ainda variações vocais e algumas reações fisiológicas, como arrepio e rubor. Darwin usou observações e questionários entre outras metodologias.
Por questão de saúde, Darwin passou muito tempo praticamente em isolamento social em casa com a família, mas nem assim parou com sua curiosidade e atenção a detalhes e padrões. Isso porque ele passou a observar também o comportamento dos animais de estimação e dos seus filhos em toda a sua expressividade emocional e então, com a ideia de ancestralidade comum em mente, passou a entender as semelhanças e querer cada vez mais aplicar evolução ao comportamento. Enfim, ele mostrou em seu livro que as expressões das emoções são em grande parte compartilhadas entre os animais, incluindo os humanos. Ao perceber a continuidade filogenética da expressividade emocional Darwin foi pioneiro no estudo Psicológicos informado pela Evolução biológica. Ele é considerado por muitos o primeiro psicólogo evolucionista.
Com o agravamento da pandemia causada pela variante Ômicron, os eventos no Brasil e no mundo inteiro estão sendo realizados de forma online facilitando a participação, e o fato de muitos ficarem gravados ajuda demais na disseminação do legado de Darwin e das subsequentes atualizações. Cada vez mais instituições e grupos estão se juntando à celebração internacional do Dia de Darwin e oferecendo gratuitamente palestras e discussões sobre os mais variados temas biológicos e evolutivos. Então, se na época de Darwin ficar em casa não era desculpa para não aprender, agora com vários eventos online, ficou bem mais fácil aproveitar os vídeos do Darwin Day para expandir os conhecimentos.
Este Darwin Day 2022 é uma oportunidade excelente para aprendermos mais sobre os seres vivos e sobre nós mesmos. Pois como o próprio Darwin escreveu no prefácio do ‘A Descendência do Homem’: “Ignorância mais frequentemente leva à confiança do que o conhecimento: é aqueles que sabem pouco, e não aqueles que sabem muito, que positivamente afirmam que este [origem dos humanos] ou outro problema nunca será resolvido pela ciência”.
Feliz Darwin Day 2022!
Dia de Darwin 2021 e os 150 anos do “Descendência do Homem”
É chegado o Darwin Day 2021, a grande celebração internacional da biografia, publicações e legado de Charles Robert Darwin. Hoje, dia 12/2/21, Darwin faz 212 anos. E daqui 12 dias seu livro “A Descendência do Homem e Seleção em Relação ao Sexo” (1871) completa 150 anos de publicação, 12 anos depois do sesquicentenário do “Origem das espécies”. No “Descendência” (12 letras), Darwin aborda as semelhanças morfológicas, comportamentais e psicológicas entre humanos e não-humanos como evidência da ancestralidade comum, e discute a importância da seleção sexual para a evolução de algumas características compartilhadas. Darwin deixa claro que as diferenças que existem entre nós e os outros animais são de grau e não de tipo, e que todos os humanos vieram de um ancestral comum africano. Trata-se então de um dia, um mês e um ano muito especiais para o evolucionismo, especialmente aplicado ao ser humano.
Nos últimos 12 anos aqui no MARCO EVOLUTIVO, temos celebrado ininterruptamente o Dia de Darwin começando em 2008, passando pelo Bicentenário em 2009, e por 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017, pela Década de Darwin Days em 2018, 2019 e em 2020. Por conta da pandemia muitos eventos no Brasil e no mundo todo estão sendo realizados online, o que facilita muito a participação e a disseminação das ideias e do legado de Darwin. Então busque online por Darwin Day 2021 e aproveite. Veja a discussão sobre Evolução Humana promovida pela Sociedade Brasileira de Genética.
No “Descendência” Darwin ressalta que epidemias, assim como guerras, são um importante fator de seleção fazendo com que a população humana não realize todo seu potencial de multiplicação. Seguindo esses primeiros passos de se abordar os surtos de doenças evolutivamente, especialmente num livro sobre a evolução do corpo e do comportamento humano, alguns psicólogos evolucionistas contemporâneos têm continuado essa linha durante a atual pandemia de COVID-19 causada pelo novo coronavírus. Temas como as tendências evoluídas de se evitar contágio por patógenos, as respostas comportamentais e psicológicas a ameaças, cooperação e cuidado em tempos de crise de saúde, entre outros, estão sendo abordados teórica e empiricamente no momento. Veja Seitz et al. (2020), Arnot et al., (2020), Dezecache et al. (2020), Troisi (2020), e Ackerman et al. (2020).
Um tema comum nessas novas publicações é o descompasso temporal evolutivo (evolutionary mismatch) entre o ambiente ancestral, para o qual boa parte das nossas tendências está adaptada, e o ambiente atual, que preserva cada vez menos semelhança com as condições ancestrais. Se o descompasso entre o ambiente de adaptação evolutiva ancestral e o contexto moderno urbanizado, pós-industrial e tecnológico pré-pandemia já era considerado pouco representativo do modo de vida caçador coletor ancestral, levando a vários problemas como o sedentarismo, obesidade, solidão e estresse crônico, esse descompasso só aumentou durante a atual pandemia de COVID-19. A pandemia de COVID-19 está sendo referida como o grande descompasso evolutivo.
O conceito evolutivo do descompasso é importante pois mostra que as adaptações não são absolutas, mas sim relativas a um ambiente específico. Quem conhece o tamanho do ambiente natural dos grandes felinos entende porque eles estão sempre andando para lá e para cá em seus recintos no zoológico. Assim como os leões, os humanos também vão tender a querer se comportar como se ainda estivessem em sua família estendida tribal rodeados de parentes e amigos, alta interação social diária, alimentação comunal, deslocamento diário e entretenimento em grupo ao redor da fogueira à noite.
Ao longo dos anos fomos criando substitutos como a televisão, cinema, o telefone, internet, email, vídeo chamadas, realidade virtual, educação à distância, esteira de corrida/caminhada, aplicativos de escolha de parceiros, pornografia, os documentários de natureza, etc. Mas, ainda assim, quanto mais perto do contexto original maior é o apelo psicológico, como de reencontrar a família no restaurante ou os amigos na escola/universidade ou no bar à noite, o futebol com os amigos no final de semana, a atividade física na academia de ginástica, a socialização nos cultos religiosos, e as oportunidades de se encontrar novos parceiros sexuais nas boates e discotecas.
Porém, durante a pandemia essa resistência de se deixar a vida moderna mais virtual/online ainda, que é compreensível e prevista à luz dos descompassos evolutivos, está colocando a sociedade e a espécie inteira em perigo. São justamente a escola/universidade, o restaurante, o bar, a igreja, a academia, as boates e discotecas que estão sendo identificados como locais com eventos de super-espalhamento do novo coronavírus (suprespreading events) que poderiam ser evitados visto que os indivíduos oportunisticamente decidem se expor ao perigo.
Mais do que nunca teremos que utilizar e disseminar os vários substitutos virtuais para manter os mínimos níveis de estimulação e atuação social, os quais ajudam a manter a sanidade corporal e mental (apesar de eles também levarem a alguns prejuízos). Então, nesse dia de Darwin é importante participar dos vários eventos online, e entender a problemática dos descompassos evolutivos para tentar ao máximo minimizar mortes evitáveis decorrente da irresponsabilidade epidemiológica de alguns poucos.
Feliz Darwin Day 2020 Brasil!!!
No dia 12 de fevereiro de 1809 nascia Charles R. Darwin. Aquele menino curioso, travesso, colecionador de besouros, e nada muito estudioso, virou um jovem explorador e caçador de pássaros. Mas o que ele fez depois de abandonar a faculdade de medicina o colocou no caminho para um futuro de muito impacto. Ao combinar geologia, com história natural e demografia, com observações cuidadosas, expedição ao redor do mundo, coletas de espécimes e fósseis, experimentos caseiros, muita leitura, reflexão, e troca de cartas com especialistas, Darwin, seus livros e descobertas, se tornaram o pilar da Biologia moderna, que por sua vez, ancora para as Ciências Humanas. Nesse Darwin Day de 2020, estamos comemorando os 211 anos de Darwin e os 161 anos do seu livro seminal “A Origem das Espécies”. Trata-se da maior celebração mundial da Ciência e da Razão inspirada na vida e obra de Darwin, continuando a também merecida comemoração de ontem do Dia Internacional da Mulher e Menina na Ciência.
No MARCO EVOLUTIVO, celebramos anualmente o Dia de Darwin começando em 2008, passando pelo Bicentenário em 2009, e por 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017, pela Década de Darwin Days em 2018 e até 2019. Me alegra muito ver o crescimento de celebrações do Darwin Day no Brasil mesmo sendo num período de férias de verão pré-carnaval. E como as abordagens se diversificaram, alguns celebram no dia 12 (UFU, UFSC, MZ-USP), outros na semana inteira ou mês de fevereiro (MZ-USP), outros em março com o início das aulas da graduação e pós (Unesp Botucatu, FMVZ-USP). Tem muita programação imperdível. O importante é aumentar o conhecimento, vislumbre e engajamento sobre o evolucionismo darwinista no Brasil. Afinal somos ainda a única espécie do sistema solar que já descobriu a evolução por seleção natural.
Hoje também é celebrado o Dia do Orgulho Ateu no Brasil. Nada mais apropriado do que comemorar a liberdade das amarras da religião no dia de nascimento do naturalista britânico para quem apoiar a evolução por seleção natural era como confessar um assassinato. Isso porque, com Darwin, as explicações criacionistas não são mais necessárias para explicar a origem e diversificação dos seres vivos. Apesar de parecer que Darwin tornou de vez desnecessária a crença religiosa, o que ele possibilitou, muito pelo contrário, é uma explicação materialista evolutiva tanto para a origem e diversificação das espécies e suas adaptações corporais quanto suas adaptações mentais. E assim, até a propensão para religiosidade e/ou seus subcomponentes afetivos-cognitivos também podem ser explicadas evolutivamente. Os possíveis valores adaptativos ancestrais da religiosidade podem ser desde reforçar o tribalismo, promover assimilação cultural alheia, motivar expansão territorial e conflitos entre grupos, controlar a fidelidade, sexualidade e reprodução feminina, fomentar sexualidade mais conservadora, oferecer propósitos de vida além dos de cuidado parental, ativar o efeito placebo de auto-cura, oferecer conforto e esperança frente ao medo da morte, entre outros. As pesquisas sobre esse tema estão florescendo nas últimas décadas, e assim que as evidências forem se acumulando saberemos quantos e quais desses valores adaptativos são os mais embasados para explicar a evolução da propensão para desenvolver a capacidade da religiosidade/espiritualidade. Veja exemplos aqui e aqui (livro da imagem).
Então, ao invés dos religiosos ficarem chateados por Darwin ter explicado os seres vivos, incluindo a origem primata dos humanos, nos termos materialistas sem a interferência de qualquer divindade mitológica, eles deveriam também celebrar o Darwin Day, pois o evolucionismo pode explicar a existência de sua própria tendência a religiosidade/espiritualidade. Sabemos que não é manifesto na natureza a existência de qualquer divindade criadora minimamente inteligente ou bondosa, visto a extinção das espécies, as crueldades que indivíduos fazem uns com os outros, os órgãos vestigiais, os erros de design de vários órgãos, suas disfunções, as doenças hereditárias, entre outras. Porém, a capacidade para se ter as experiências e tecer os raciocínios religiosos tem sua realidade embasada na própria evolução da mente humana. É por isso que esses raciocínios religiosos são antigos, universais e experienciados subjetivamente como verídicos, intuitivos, profundos e poderosos, pois são parte evoluída de longa data da mente humana, e não porque esse ou outro ser mitológico mágico local realmente exista invisível e antropomorficamente. Contra-intuitivamente, a pura fé religiosa é mais prova do alcance e poder da evolução biológica do que da existência de qualquer suposta divindade. A evolução da fé leva à ‘fé’ na evolução.
Muitas capacidade mentais foram recrutadas e reorganizadas para compor a religiosidade. Soeling & Voland (2002) elencaram as capacidades do misticismo, da ética, do raciocínio mitológico, e da tendência para realizar rituais. Dentro das capacidades para o misticismo, além das tendências para a contemplação transcendental, existem as tendências de pensamento essencialista, e de superativação da capacidade de identificar agentes intencionais (antropomorfização). Veja também van Leeuwen & van Elk (2019) para um modelo mais recente. Na revisão da literatura sobre biopsicologia do antropomorfismo (Varella, 2018), mostrei como essa superativação da detecção da intencionalidade é profundamente enraizada e evoluída da mente humana (junto com outros primatas próximos). Ela tem a função protetora por nos fazer ver intenção onde não tem para não deixarmos de ver onde tem, especialmente em contextos de vulnerabilidade. Foi melhor para nossos ancestrais pré-históricos se assustar com o vento mexendo a moita do que não se assustar quando o tigre-dente-de-sabre estava escondido na moita. Como no geral os religiosos tem mais medo da morte do que os não religiosos (mas a coisa é mais complicada do que isso) faz sentido eles verem agente intencional onde existem apenas processos astronômicos, físico-químicos, e biopopulacionais transgeracionais.
Somado a isso, os humanos (junto com outros primatas próximos) projetam e fazem ferramentas que nos ajudam na sobrevivência e reprodução há muito tempo pra essa capacidade mental de projetista/engenheiro também fazer parte intrínseca da mente humana. E isso também explica o quão intuitivo é o falacioso ‘argumento do design’ usado por criacionistas e adeptos do, também pseudocientífico, design inteligente. Achar piamente que para se produzir algo funcional e complexo é preciso sempre de um projetista inteligente, apesar de ‘fazer sentido’ intuitivamente, não é prova da plausibilidade da teologia natural, mas sim do caráter evoluído da nossa capacidade cognitiva de imaginar, reconhecer e produzir ferramentas e outros artefatos.
Atualmente temos o desafio de promover e intensificar o ensino de evolução em várias faixas etárias entre os humanos. Mas no futuro quando conseguirmos nos comunicar melhor com as outras espécies (e impedirmos sua extinção por degradação de habitat) teremos que também enfrentar o criacionismo dos gorilas e orangotangos, e o design inteligente dos corvos e macacos-prego. Não só porque isso está em parte devidamente profetizado na série Futurama (S06E09), mas porque esses e outros animais também tem as mesmas capacidades de entender propósitos e metas em outros, e de produzir ferramentas. Penso que uma boa maneira de lidar com isso é reafirmar a realidade do sentimento religiosos e a intuitividade profunda dos raciocínios intencionais e projetistas como produtos legítimos da evolução biológica.
Desejo um ótimo Darwin Day em 2020 para todas as tribos!
Feliz Darwin Day 2019 Brasil com 210 anos de Darwin e 160 do “Origem”
Apesar de tudo isso que tá aí, 2019 tem sim algum motivo para comemoração. Nesse 12 de fevereiro de 2019 estamos comemorando os 210 anos do meu, do seu, do nosso eterno bom velhinho Charles Robert Darwin. São inúmero eventos ocorrendo no mundo inteiro. Trata-se de uma celebração internacional da vida e obra de Darwin, os 160 anos da Origem das Espécies, bem como da Ciência e da Razão, dois pilares de sustentação da modernidade que andam imprudentemente cada vez mais desacreditados e desconsiderados. Um dia depois do Dia Internacional da Mulher e Menina na Ciência, hoje também é celebrado o Dia do Orgulho Ateu e a biografia de Darwin nos ensina que é preciso muita coragem, curiosidade e honestidade intelectual para eclodir do conforto da religião e encarar o mundo real de peito aberto. Em 12 de fevereiro de 1809 também nascia Abraham Lincoln que lutou contra a escravidão, assim como Darwin e sua família. É de notório saber que Darwin quando esteve no Brasil rejeitou a escravidão, disse nunca mais na vida voltar a visitar um país escravocrata, e até torceu para o Brasil seguir o exemplo do Haiti e fazer uma revolta contra os colonizadores.
O que Darwin pensaria do Brasil do século XXI? Onde empresas privadas por ganância e puro descaso destroem bacias hidrográficas inteiras envenenando seu ecossistema e toda sua biodiversidade e população, onde áreas de conservação ambiental estão sem recursos e sendo ameaçadas, onde governantes cada vez mais rejeitam a laicidade do estado e a teoria evolutiva, onde cada vez menos se faz para combater o trabalho escravo, chegando até a ilusória negação da existência da escravidão em nosso país, onde as terras indígenas continuam a ser invadidas e nossos nativos dizimados. Acho que Darwin até sentiria saudade do antigamente que ele outrora rejeitou assim que visse o quanto poderíamos estar avançados enquanto civilização, mas só que não. Com mais mulheres na política e na ciência muitos desses e outros desafios estariam solucionados.
Aqui no MARCO EVOLUTIVO, celebramos anualmente o Dia de Darwin começando em 2008, passando pelo Bicentenário em 2009, e por 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017, e até a Década de Darwin Days em 2018. Nesse período de mais de uma década vi muitos cientistas se empolgarem pelo Darwin Day e começarem a divulgar, prestigiar e até organizar eventos alinhados com as celebrações internacionais. Afinal, com um legado desse não dá pra não se engajar de vez, ainda mais em tempos sombrios como os atuais, talkei.
Darwin, além de ser a razão do meu blogar anual, é simplesmente a pessoa que viabilizou a real integração entre matéria e propósito, forma e função, ancestral e atual, adaptado e vestigial, individual e populacional, armamento e ornamento, domesticado e selvagem, animal e humano, corporal e emocional, geológico e biológico, vegetal e animal, sobrevivência e reprodução. Por isso que o Darwin Day iniciado no mundo em 1995 veio para ficar.
Só nos resta colar e lotar pessoal ou virtualmente nas várias celebrações desse ano, algumas já ocorreram, outras estão ocorrendo agora e outras vão ocorrer depois do começo do ano letivo ou até no segundo semestre. Você que é do Rio de Janeiro, fique de olho no Darwin Day na Livraria Travessa Ipanema com 3 ótimos palestrantes e no Museu do Amanhã com o incrível Ver Ciência. Em Botucatu, fique ligado no Darwin Day Unesp, sempre com ótima programação. Em Ribeirão Preto, fique ligado no Darwin Day RP na USP, sempre muito bom. Em Osasco, tem celebração sempre interessante e descontraída no segundo semestre no Borboletário municipal. Em Uberlândia, se ligue no Darwin Day da UFU de Umuarama, que promete. Em Belém, fique ligado no DNA & Darwin Day da LAGEN na UFPA. Em Alagoas, o pessoal do GESEB na UFAL já celebrou seu Darwin Day.
Em São Paulo, haverá o Darwin Day da Veterinária na FMVZ da USP com programação excelente o dia inteiro, e que poderá ser acompanhado online pelo IPTV USP. Haverá, também em São Paulo, a tradicional e famosa Semana de Darwin no Museu de Zoologia da USP com programação excelente a semana inteira. Serão 4 mesas redondas com ótimos convidados, todas iniciando às 19h: uma hoje, dia 12/02, sobre Os 160 anos do Origem das Espécies, uma amanhã, dia 13/02, sobre Seleção Sexual onde estarei junto com a Profa Dra. Jaroslava V. Valentova, minha esposa, uma dia 14/02 sobre Genes e Cultura, e a última dia 15/02 sobre Cultura e Cognição. Tenho muito orgulho de ter sido convidado a palestras duas vezes no Darwin Day do Borboletário de Osasco, uma vez no de Ribeirão Preto, uma no da Unesp de Botucatu e agora no do Muzeu de Zoologia da USP. Espero que cada vez mais instituições comecem a celebrar esse Dia de Darwin (ou até essa Semana de Darwin) e a brilhantar esse dia num momento tão sombrio do nosso país e do mundo.
Desejo a todos um Dia de Darwin bem subversivo, produtivo, desconstruído e evoluído.
Fique com um Darwin Day especial do Stated Clearly sobre Darwin e Seleção Sexual.
Feliz Década Darwin Day Brasil 2008-2018
Foi com muita emoção e descontração que comemorei o nosso 12 de fevereiro com minha esposa Jarka e meus dois filhos Alice (1 ano e 6 meses) e Bernardo (3 semanas). Entre a visita ao Butantã e a ida à piscina muitas alegrias e choros, claro. Que dia especial é sempre nosso Darwin Day. Ele que faria 209 anos, teve 10 filhos, então devia ter vários motivos para comemorar o 12 de fevereiro. Que dia esse… Do nascimento de Martinho da Vila em 1938 ao falecimento de Tomie Ohtake em 2015, no Darwin Day tudo pode acontecer. Assim como que em qualquer outro dia… É quando menos se nota a importância histórica daquele momento que notadamente se faz e vive a história.
Comemoramos o Dia de Darwin no MARCO EVOLUTIVO há uma década. Temos, então dez visões sobre a importância desse dia e do quanto ele ainda precisa crescer. Desde 2008, passando por 2009 (Bicentenário – Ano de Darwin), 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017. Nessa década, vivenciamos um pleno crescimento do interesse e de celebrações promovendo a vida e a obra desse naturalista que com muita dedicação reuniu as evidências e foi às últimas consequências em suas conclusões evolutivas.
Nosso pensamento darwinista do ano vem de Ron Amundson que em um capítulo de 2001 fez uma observação em um parágrafo bem intrigante. Para ele o Origem das Espécies foi a “primeira reconciliação científica genuína entre forma e função”. Antes de Darwin a escola estruturalista focada na embriologia e na anatomia comparativa explicava os padrões das formas corporais segundo tipos gerais, bem diferentemente do que a escola da teologia natural que focava na perfeição de funções específicas. Pois bem, Darwin conectou as duas peças do quebra-cabeça: usou a escola estruturalista para embasar a descendência comum marcando o trajeto evolutivo, e a seleção natural como motor da mudança evolutiva, o que explicava tanto as perfeições quanto as imperfeições funcionais das adaptações e órgãos vestigiais. Desde Aristóteles forma e finalidade tinham respostas próprias e distintas, agora com a evolução por seleção natural continuam cada uma na sua, mas com alguma coisa em comum: É o sucesso funcional de cada versão de uma forma que propele sua evolução e os padrões estruturais interagindo com o ambiente que definem sua versão formal. Que legado!
Para além de simplesmente unificar escolas de pensamento e linhas de pesquisa, o Darwinismo abriu caminho para explicar a nossa origem e a de todos os outros seres vivos no planeta. Então, mesmo aqueles muitos curtiram um ótimo carnaval contestação Fora Temer & coalizão, no fundo por esbanjar presença, atitude, vivência e experiência momentânea estão celebrando a vida, sua diversidade e complexidade, em forma e função, sobrevivência e reprodução.
Fiquem de olho nos eventos comemorativos do Darwin Day Brasil 2018 em todos os locais onde já se comemoraram o dia em anos anteriores.
E fiquem bem com Sir David Attenborough sobre a importância da Darwin.
Feliz Dia de Darwin 2017, Brasil
É chegado o dia mais esperado do ano novo: hoje, 12 de fevereiro Charles Robert Darwin completaria 208 anos e sua obra prima “A Origem das Espécies” completa 158 aninhos. É o famoso “Dia de Darwin”, momento em que celebramos sua obra e legado para a humanidade. Nós do MARCO EVOLUTIVO marcamos essa data em nosso calendário desde 2008, passando por 2009 (Bicentenário – Ano de Darwin), 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015 até 2016. No Brasil e ao redor do mundo (Veja o DARWINDAY.ORG) estão sendo mantidos e criados novos eventos para promover e disseminar o pensamento darwinista.
O pensamento darwinista ainda é jovem, está só começando a segunda metade do seu segundo século, então é esperado que as pessoas vão ter dificuldades em compreender sua lógica básica. Além disso, o maior inimigo do pensamento darwinista ainda é, de longe, a mente humana primata cheia de vieses, atalhos cognitivos, e de agendas próprias de um mamífero da nossa laia. Um desses becos sem saída psicológicos é o “Erro Beethoven”, nomeado por Frans de Waal em seu livro “Eu, Primata: Por Que Somos Como Somos (2007)” [Our Inner Ape: The Best and Worst of Human Nature (2005)”.
O “Erro Beethoven” ocorre sempre que confundimos ou igualamos o processo ao seu produto e vice-versa. Os conhecidos de Beethoven ficavam chocados e incrédulos sempre que visitavam o compositor em seu apartamento. Ele viveu em 39 apartamentos diferentes, teve cinco pianos todos sem pernas que ficavam no chão. No geral, seu apê era sujo, bagunçado, fedido, cheio de restos de comida e partituras amassadas espalhadas. Não era possível, imaginar que todas aquelas peças musicais sublimes, criativas e elegantes foram compostas ao chão em meio ao um caos repulsivo. Normalmente as pessoas imaginam que o produto demonstrará claramente características do processo e, quanto melhor é o produto, mais positivamente imaginamos o processo correspondente. Ocorre o mesmo problema com a Seleção Natural: ‘já que somos seres bem complexos, conscientes e perfeitinhos então não é possível que um processo cego, mecânico e sem destino tenha nos produzido.’ Ou então ocorre o contrário: ‘já que a natureza é selvagem e cruel – tipo cada um por si – somos naturalmente cruéis por sermos seu produto‘ ou então ‘já que, na evolução, os genes mais egoístas deixam mais descendentes, então só podemos ser naturalmente egoístas mesmo’.
Qualquer pessoa que já foi ao barbeiro ou cabeleireiro sabe que para ter um corte novo, lindo e impecável é preciso passar pelo corte, esse processo longo, desconfortável e ‘sujo’ (cheio de fios em pedaços pra todo lado). Qualquer pessoa que já ralou um queijo sabe que para ter um delicioso, soltinho e leve queijo ralado, tem que ralar (literalmente), é preciso passar por esse processo cansativo, árduo e potencialmente perigoso. Qualquer pessoa que já mudou de casa sabe que para ter um novo lar, confortável, acolhedor e organizado é preciso passar pelo processo caótico, cansativo e angustiante da mudança. Como o produto é mais saliente do que o processo acabamos imaginando o processo à luz do produto. Mas temos que lembrar que na maioria dos casos processo e produto têm características distintas. Então, com a Evolução por Seleção Natural é a mesma coisa: o processo evolutivo que é simples, desnorteado, amoral, implacável e ignorante dá origem, após vários ciclos, a seres complexos, focados, morais, funcionais e inteligentes. Totalmente possível, nada que possa nos denegrir, pelo contrário, só pode nos exaltar já que nossa complexidade e outras qualidades não são versões pioradas vindas de um processo ainda mais complexo e melhor, mas sim as primeiras do gênero para cada ramos da árvore da vida.
Esse ano no Brasil tivemos, temos e teremos vários eventos Darwindaynianos. É muito bom ver que a lista só aumenta. No Museu de Zoologia da USP em São Paulo como sempre houve a Semana de Darwin com apresentação de documentários, ótimas palestras, oficinas e exposição. Hoje a programação vai até as 17 e serão duas palestras na parte da tarde. O destaque vai para o jogo Caçada no Museu: Edição especial Charles Darwin, para criançada.
No Borboletário de Osasco houve do 2º Darwin Day com discussão aberta sobre “Por que a vida é assim?” no dia 10/fev contando com o Prof. Dr. Nélio Bizzo, o Prof. Dr. Waldir Stefano, e a MsC. Carolina Yamaguchi.
No Catavento Cultural está tendo esse final de semana a “Mostra VerCiência – Dia de Darwin” com exibição continua de curtas-metragens com ‘o que é evolução?’ e ‘como funciona a evolução’.
No Rio de Janeiro, haverá hoje a partir das 14h no Darwin Day no Museu do Amanhã exibição de dois documentários e debates mediados por Sergio Brandão, curador internacional da Mostra VerCiência.
Em Belém do Pará no Instituto de Ciências Biológicas da UFPA no dia 15/fev quinta-feira haverá o 2º Darwin Day com carga horária de 10 horas, para o dia todo sobre o tema “A teoria Evolutiva precisa ser repensada?” a ótima discussão serão 7 palestras imperdíveis. Sobre Construção de Nicho, Epigenética, Evolução Cultural, Plasticidade Fenotípica, Evolução e Saúde, Assimilação Genética e Evo-Devo. As inscrições antecipadas saem por R$10 e no dia sae por R$15, basta enviar email para o pessoal da Liga Acadêmica de Genética lagenufpa@hotmail.com
Pela primeira vez na UNESP de Botucatu organizado com apoio da Pós-Graduação em Genética e do Instituto de Biociências de Botucatu haverá dia 30 de março o Darwin Day UNESP contando com três palestras com o Prof Dr. Ricardo Waizbort falando sobre o ‘Darwinismo no Brasil’, Prof Dr. Mario de Pinna falando sobre ‘A Evolução da Perspectiva Evolutiva’ e Profa. Dra. Jaroslava Varella Valentova (minha esposa e mãe da minha filha Alice) falando sobre a ‘Seleção Sexual’. O Prof. Dr. Danillo Pinhal organizador do evento será o mediador da mesa-redonda onde eu vou falar sobre Evolução Adaptativa, o Prof. Dr. Reinaldo de Brito falara sobre o Neodarwinismo, e o Prof Dr. Cesar Martins sobre Revolução Genômica. Imperdível!
E todo ano o pessoal da Pós-Graduação em Biologia Comparada e em Entomologia, da USP de Riberião Preto, organiza o Darwin Day USP de Ribeirão geralmente entre abril e maio. Então fiquem ligados no face.
Fiquem com uma série de falas do saudoso biólogo britânico John Maynard Smith (1920-2004) sobre Biologia, Genética e Evolução.
FELIZ DARWIN DAY 2016 BRASIL
É chegado o seu, o meu, o nosso Dia de Darwin! Hoje, dia 12 de fevereiro, Charles Robert Darwin faria 207 anos, então no mundo todo estão sendo rememorados e comemorados sua obra e seu legado científico para a humanidade. Isso porque seu livro mais influente “A Origem das Espécies” foi publicado em 1859, no ano em que ele comemorava 50 anos, então hoje também estamos comemorando os 157 anos desse que foi o livro que mudou a história das ciências naturais e acabou influenciando também exatas e humanas. Aqui no MARCO EVOLUTIVO incentivamos e comemoramos essa data desde em 2008, 2009 (Bicentenário – Ano de Darwin), 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, até 2015.
O segredo de como a Revolução Darwiniana nos deu uma nova visão de mundo está em identificarmos os pilares do mundo aristotélico que ela ajudou a quebrar. Encontramos essa ideia no livro de 2015 “From Aristotle’s Teleology to Darwin’s Genealogy: The Stamp of Inutility” de Marco Solinas, um historiador italiano que virá à FEUSP dar uma disciplina condensada de pós-graduação de 22 a 26 de fevereiro 2016, a convite do
Prof. Nélio Bizzo. Os pilares do mundo Aristotélico, segundo Solinas, são o Fixismo (o mundo e as espécies não mudam), Essencialismo (cada espécie teria qualidades únicas e descontínuas), e a Teleologia aristotélica (tudo e todos estavam perfeitamente adaptados funcionalmente para a manutenção das relações existentes). Eu torno explícito a adição do Antropocentrismo (os humanos são qualitativamente superiores em importância aos outros seres vivos e são o centro das atenções) como um quarto pilar aristotélico, o qual Solinas comenta, mas não chega a elevar a condição de pilar. Assim temos esse ‘quadrúpede’ aristotélico que sobreviveu séculos chegando ao fim graças às marteladas de Darwin em cada uma das suas bases.
Darwin, que era um naturalista (não confundir com naturista!), rompe com o fixismo ao perceber que, assim como com a geologia, as condições e os seres vivos estavam em constante mudança lenta e gradual; tornou-se um trasformacionista (não confundir com transformista!). Darwin rompe com o essencialismo ao aplicar o pensamento populacional e perceber que a variação individual não é um mero ruído, mas sim a matéria prima para a seleção; assim percebeu que são as populações que evoluem e não o indivíduo, então tornou-se um populacionista (não confundir com populista!). Darwin então rompe com a teleologia panadaptacionista e perfeccionista de Aristóteles ao chamar atenção para as muitas imperfeições e inutilidades dos seres vivos, como os órgãos vestigiais, justamente o que deveríamos observar se um processo demográfico cego e automático como a seleção natural estivesse atuando; tornou-se um selecionista (não confundir com seletista). E finalmente Darwin rompe com o antropocentrismo ao perceber que o ser humano não é o ápice da evolução, pois esta é multirramificada e sem metas ou rumo, então não existem seres superiores nem inferiores; torna se um indivíduo humilde perante a biodiversidade.
Enquanto você não enfrentar e demolir cada um dos pilares do mundo pré-darwinista você vai ter alguns mal-entendidos sobre evolução biológica e não vai sentir todo o peso e poder da Revolução Darwinista. Nada melhor do que um bom Darwin Day cheio de atrações para abraçarmos de vez seu legado.
Em Osasco, o Nélio Bizzo e eu estaremos hoje 12/02 na Escola de Artes “Antonio Savi”/Biblioteca Municipal “Monteiro Lobato” de Osasco a partir das 18h30 assistindo e discutindo um documentário, tudo organizado pela Secretaria do Meio Ambiente e Borboletário Municipal. O Darwin Day em Osasco tem entrada gratuita, o evento será transmitido ao vivo através das mídias sociais. Note que o endereço correto é o Rua Tenente Avelar Pires de Azevedo nº 360
Em São Paulo, teremos Darwin Day no Museu de Zoologia da USP e no Museu Catavento.
No MZUSP, que foi recentemente reaberto ao público com uma excelente exposição, a programação vai de hoje 12/02 até dia 19/02 com ótimas palestras, oficinas, jogos e exposições. Vale muito a pena conferir.
No Catavento – Espaço Cultural da Ciência em Sampa, no novíssimo Museu do Amanhã no Rio de Janeiro e no Sesi Tiradentes – Centro Cultural Yves Alves em Tiradentes, Minas, a MOSTRA VERCIÊNCIA DIA DE DARWIN vai exibir o episódio “Darwin no Brasil” uma produção da BBC de 1978 sobre a viagem a bordo do HMS Beagle e vinda de Darwin ao Brasil entre outros vídeos.
No Catavento serão sessões às 12h e as 14h hoje 12/02 e amanhã 13/02.
No Museu do Amanhã será a tarde inteira de sábado dia 13/02 das 13 às 19h com uma palestra e cinco vídeos. Imperdível para os cariocas.
O Prof Gastão Galvão dará a palestra A importância da pesquisa de Darwin e a vinda dele ao Brasil”. Depois virão os documentários:
13h20 – “A viagem de Charles Darwin – Episódio Darwin no Brasil” (50min)
14h20 – Darwin e a árvore da vida (60min)
15h30 – Macacos geniais (60min)
16h40 – Grandes britânicos: Darwin (50min)
17h40 – O jardim de Darwin (60min)
No Sesi Tiradentes serão duas exibições de vídeo: Darwin e a Árvore da Vida (às 18h00) e A Viagem de Charles Darwin (às 20h00).
Em Belém do Pará, o pessoal do Lagen do ICB da Universidade Federal do Pará organiza o seu 1º Darwin Day desde ontem. Hoje a partir das 14h terão ainda duas palestras imperdíveis: uma sobre a Teoria Evolutiva ministrada pelo Prof Júlio Pieczarka, e outra sobre EVODEVO ministrada pelo Prof Igor Schneider.
Outros locais como o IB-USP e a USP Ribeirão
provavelmente terão as comemorações do Darwin Day em alguns meses. É lindo demais ver o Darwin Day se difundindo pelo país. Convido as outras universidades a organizarem o seu Darwin Day e ampliarem essa tendência mundial evolucionista. Aproveitem!
Fechamos então com a gravação do III Darwin Day de USP de Ribeirão Preto do ano passado que teve 5 horas de duração e palestras e discussões muito interessantes e instigantes.
Brasil, Feliz DARWIN DAY 2015!
Feliz 2015 a todos! Começamos o ano já celebrando os 206 anos de Charles R. Darwin como fazemos desde 2008 aqui no MARCO EVOLUTIVO. Neste dia 12 de fevereiro, o famoso “DARWIN DAY”, o mundo inteiro está promovendo eventos e reflexões sobre a vida, obra e todo o legado de Darwin.
“Há uma grandeza nessa visão da vida”, disse Darwin ao contemplar as implicações da mudança de paradigma iniciada por ele. Após muitas leituras, cartas, viagens, coletas, experimentos, descobertas e dilemas, Darwin se viu na obrigação avisar o mundo simplesmente que a Natureza está nua!
Assim como no conto de fadas “A roupa nova do Rei” de Hans Andersen, a maioria na época de Darwin estava mais preocupado em validar sua própria e merecida superioridade frente aos outros seres do que encarar os fatos humildemente. Afinal, só os inteligentes conseguem ver a roupa nova do rei, não é mesmo? Darwin, ao abandonar o antropocentrismo criacionista, foi como aquela criança que fez o favor de mostrar a todos que somos tão especiais quanto qualquer outra espécie, e que toda a eficiência, funcionalidade, complexidade e aparência de intencionalidade no projeto dos seres vivos é fruto do mecanismo cego seletivo e não da intrução premeditada de um criador.
É claro que o gosto amargo que se sente com a possibilidade de conceber que se esteve muito errado ainda hoje impede muitos de perceber a Natureza nua mais como um nu artístico do que como uma pornografia fajuta. Por isso, junte cruriosidade, coragem e humildade e descubra também a beleza e grandeza da verdade nua e crua da Evolução Biológica.
Esse ano no Brasil teremos ótimos eventos. Hoje à noite às 20h no Universidade Municipal de São Caetano do Sul, SP o grande Prof. Nélio Bizzo dará uma palestra intitulada “O que pensam os jovens sobre evolução?”.
Em sampa, teremos amanhã (13/02/2015) o II Darwin Day no IB da USP com o tema “Combatendo a anti-Ciência com Educação”. O evento será transmitido ao vivo online nesse link.
Em breve será divulgado os detalhes do III Darwin Day da USP de Ribeirão Preto na página deles do Facebook. Abaixo segue o vídeo do evento passado do quel tive a honra de participar.
Assistam também o documentário curto da BBC “Darwin’s Struggle: The Evolution Of The Origin Of Species”, é muito bom. Tenham todos mais um ótimo Dia de Darwin!!