A Voz Inconfundível do Período Fértil


Nossas vozes dizem muito sobre nozes, ou melhor nós. Mas apesar de falarmos muito, falamos pouco sobre nossas vozes. O que tem que ser dito é que cada vez mais é estudado as influências da seleção sexual sobre a voz humana, principalmente com relação ao período fértil.

Atualmente é crescente entre os pesquisadores do comportamento humano a opinião de que essa história de ovulação oculta está por fora! A ovulação na nossa espécie nunca foi oculta, pois a cada mês são encontradas pesquisas que apontam mudanças psicológicas relevantes e evolutivamente previsíveis relacionadas ao período fértil.

Estudos já haviam mostrado que as mulheres (que não tomam contraceptivo hormonal), quando estão no período fértil preferem vozes mais masculinizadas, ou seja, manipuladas experimentalmente para parecerem envolver mais testosterona.
Outros apontam ainda que essa preferência além de ser maior por vozes mais graves no período fértil é maior também quando as mulheres buscam parceiros para relacionamentos amorosos de curto prazo.
Além de terem suas preferências influenciadas pelo período fértil, as mulheres parecem apresentar características na própria voz consideradas mais atraentes quando elas estão no período fértil.
Os cientistas, da Universidade Estadual de Nova York, gravaram mulheres contando de 1 até 10 em quatro fases diferentes do ciclo menstrual. Posteriormente, eles tocaram as gravações aleatoriamente para estudantes dos sexos masculino e feminino e pediram que apontassem as vozes mais atraentes.
O estudo mostrou que as vozes com timbre mais alto foram indicadas pelos estudantes como as mais sexy. Ou seja, a ovulação humana não é oculta, tá na cara, ou melhor na voz das mulheres se elas estão no período fértil ou não. Basta ver quão sexy lhe soa a voz. Veja o vídeo sobre esse estudo.

O sexo chimpanzé e o conflito de gerações

Os chimpanzés, nossos parentes mais próximos na Terra, apresentam não só uma ótima oportunidade para nos entendermos com um olhar mais amplo, mas também para estudar suas próprias peculiaridades comportamentais. O início da Primatologia foi marcado por um interesse secundário no comportamento dos outros macacos e sim mais uma oportunidade comparada ao estudo do ser humano. Atualmente existe um interesse legítimo no comportamento e nas peculiaridades dos outros primatas, visto que eles não são “piores” do que nós e muitos estão sofrendo ameaças de extinção.

E nada mais interessante do que falarmos sobre o sexo dos nossos parentes mais próximos. As chimpanzés fêmeas não apresentam menopausa, ficando fértil por todos seus 40 anos médios de vida, ao contrário dos humanos. Então, será que os machos chimps apresentam a mesma preferência por fêmeas mais novas que homens apresentam? Foi exatamente essa questão que motivou uma pesquisa feita pelo antropólogo Martin Muller da Boston University. Ele observou a faixa etária das fêmeas mais abordadas para cópula num grupo de chimps no Kibale National Park em Uganda.
Ele obteve que, ao contrário dos homens, os chimpanzés machos preferem fêmeas mais velhas. Os machos competem intensamente pelas fêmeas mais velhas, enquanto as mais novas têm que se esforçar mais para atrair a atenção. Comparado com as mais novas as fêmeas mais velhas são mais abordadas, acasalam mais comumente no período do estro, copulam com maior freqüência com os machos dos altos postos da hierarquia e geram intensa disputa entre os machos na época de acasalamento.
Bom, vocês perceberam que existe hierarquia entre as fêmeas sendo as mais velhas as mais dominantes, e assim elas obtêm um acesso melhor a melhores alimentos. E uma fêmea bem nutrida apresenta maior fecundidade, ou seja, maior a probabilidade de darem à luz em qualquer ciclo fértil. Então seria de se esperar que as fêmeas mais novas desenvolvessem estratégias para contornar essa influência dominante das mais velhas e também se dar bem na reprodução (duplo sentido opcional).
E foi exatamente isso que o psicólogo Simon Townsend da University of St Andrews e colegas obtiveram em seus estudos sobre as eróticas vocalizações de cópula que as fêmeas emitem, quase como gemidos sexuais. A hipótese vigente dizia que essas sinalizações vocais das fêmeas funcionavam indicando sua fertilidade para os machos, incitando a competição de modo que quem copulava era o melhor macho, o que ganhou a competição. Mas eles não encontraram suporte para essa hipótese, pois não houve relação entre os chamados de cópula e o período fértil.
Ao invés disso eles obtiveram que as fêmeas gemiam mais quando copulavam com machos de dominância mais elevada, mas elas suprimiam as vocalizações quando fêmeas de maior dominância estavam por perto. Essa flexibilidade estratégica na emissão dos chamados de cópula acaba por prevenir a competição social, que muitas vezes é violenta, entre as fêmeas de diferentes idades.
As fêmeas chimpanzés parecem estar muito mais interessadas em fazer sexo com diferentes machos sem que as fêmeas dominantes descubram para não gerar confusão pra cima delas, do que gerar competição barulhenta entre os machos. Não esperávamos que o conflito de gerações entre as chimps fosse originar cópulas silenciosas e veladas.

Como vimos, o sexo primata pode dar muito o que falar como pode dar muito o que calar. Aliás, calar foi a única coisa que os humanos (crianças e adultos) não fizeram frente ao ato sexual chimpanzé deste vídeo.

Darwin na Capital: Exposição e Palestras

A Esplanada dos Ministérios da capital do nosso Brasil recebe a partir dessa quarta-feira dia 04/06 a Exposição Darwin: Descubra o Homen e a Teoria Revolucionária que Mudou o Mundo que atraiu mais de 250 mil visitantes em São Paulo e no Rio de Janeiro. Ela está situada numa grande tenda armada atrás do Teatro Nacional, no Espaço Cultural da República Norte e ficará em Brasília até dia 20 de julho. Maiores detalhes veja na reportajem do Jornal de Brasília.
Os dois ciclos de palestras gratuitas dos Eventos Culturais já estão com suas programações no site da exposição. O Desvendando a Árvore da Vida sempre às 20h terá 7 palestras: a primeira foi hoje sobre a A vida e obra de Darwin ministrada por Maria Isabel Landim; dia 12/06, Rosana Tidon falará sobre a Importância da Biologia Evolutiva para a Sociedade; dia 19/06, Silviene Fabiana de Oliveira falará sobre A Orgien do Homem Moderno e a Desinvensão das Raças; dia 26/06, Marcelo Alcantara falará sobre Evolução, Saúde e Tecnologia; dia 03/07, Regina Helena Macedo falará sobre Darwin e a Seleção Sexual; dia 10/07, Paulo Abrantes e Fábio de Almeida falarão numa mesa redonda sobre o Confronto entre o Darwinismo e o Criacionismo; e dia 17/07, Maria Luíza Gastal falará sobre Evolução e Psicanálise.
O ciclo de palestras Infinitas Formas sempre às 15h também terá 7 palestras: dia 07/06, Paulo César Motta falará sobre Aranhas e Escorpiões; dia 14/06, Detlef Hans Gert Walde falará sobre a Evolução no fim do Pré-Cambriano; dia 21/06, Jáder Soares Marinho Filho falará sobre Mamíferos; dia 28/06, Waldenor Barbosa da Cruz falará sobre Da Esfera às Infinitas Formas; dia 05/07, Valdir Figueiras Pessoa falará sobre a Evolução da Visão; dia 12/07, Lurdes Maria Loureiro falará sobre Pulgas dágua; e dia 19/07, Dulce Maria da Rocha falará sobre Reprodução e Dispersão das Plantas.
Agora é a vez do centroeste prestigiar a Exposição Darwin e as muitas palestras relacionadas. Aproveitem.

Os “Ricardões” da Evolução e da Seleção Sexual

Em muitos circulos, tanto leigos quanto científicos, a Evolução e principalmente a Seleção Sexual são precariamente entendidos e grandemente negados. E o biólogo Dr. Ricardo Waizbort tem se empenhado para que essa situação mude. Ele é especialista em genética, mestre e doutor em Letras, pela UFRJ. Desde 1998 trabalha na Casa de Oswaldo Cruz, Fiocruz, com projetos que investigam a recepção do darwinismo no Brasil e o significado filosófico do darwinismo para o conhecimento científico e para a vida humana. Também estão no seu foco de interesse as discussões sobre o conceito de gene e as implicações do darwinismo para a compreensão e interpretação de obras literárias.
Nessa quinta, dia 05/06 (Dia Mundial do Meio Ambiente), às 14:30 ele fará uma palestra gratuita sobre Darwin, a Seleção Sexual e a Espécie Humana no Fórum de Sistemática e Evolução do Museu de Zoologia da USP. Ele já falou sobre esse assunto para os cariocas no ciclo de palestras da Exposição Darwin no Rio. O Fórum de Sistemática e Evolução visa estimular discussões de tópicos amplos relacionados à sistemática e evolução biológica, promovendo o desenvolvimento do pensamento teórico e da interação entre estas áreas e outras subdisciplinas das ciências da vida. No site do Fórum, entre em programação e no mês de junho lá estão disponibilidados as referências bibliográficas, textos muito interessantes do próprio Dr. Ricardo Waizbort .
E nada como uma boa discussão sobre Evolução, Seleção Sexual e Comportamento Humano. Em uma entrevista que o Dr. Ricardo Waizbort concedeu ao Ciência Hoje on line sobre o porquê de o brasileiro não acreditar em Darwin, ele abordou temas interessantes como aceitação da evolução, seu ensido e o problema com os religiosos. Segundo ele “Vivemos uma batalha muito mais retórica, de convencimento e persuasão, do que uma batalha racional, em que são expostos argumentos e evidências para debate. No Brasil, vemos uma situação de analfabetismo científico muito preocupante, porque existem problemas na formação e atualização dos professores.” E ele acredita que “enquanto tivermos essa fragmentação do conhecimento, será complicado fazer os alunos entenderem a biologia de forma completa.” Leia a entrevista na íntegra aqui.
Um outro autor eminente que adora divulgar a evolução, resolver os mal-entendidos e separar religião de ciência é o Dr. Richard Dawkins. Além de seus livros provocativos e brilhantes, em seu site oficial apresenta muito material interessante, assim como no youtube. Ficamos aqui com uma palestra de Dawkins sobre a Teoria da Razão Sexual e a Seleção Sexual.