Fim do Mundo na Cabeça

O fim do mundo não foi inventado pelos Maias, Astecas, Profetas ou cometas. Ele sempre existiu e mora dentro de nossas mentes. Trata-se da manifestação mais genuína de nosso pluralismo de estratégias comportamentais contingentes à disponibilidade de fatores sócio-ambientais. Explico, dá-se mais valor imediato para o recurso mais raro, nossa mente está sempre alerta à disponibilidade de recursos, logo se falta o amanhã todo recurso estocado deve ser consumido agora. E tem-se a euforia do último dia.

Quanto mais pessoas acharem que o mundo vai acabar dessa vez, mais óbvio ele passa a ser e mais pistas se tem para ajustar a estratégia de alocação de recursos imediatista. Então, sendo assim a questão não passa mais a ser quando ou como o mundo vai acabar, mais sim quais conseqüências o fim do mundo trará. Todo fim do mundo, como sempre, levanta questões: reprodutivas, competitivas, paliativas e contemplativas. Basicamente o eixo condutor é o do dilema entre estratégias ‘rápido e rasteiro’ e ‘calmo e certeiro’. Seres vivos que se reproduzem cedo, vivem pouco e tem prole grande devotando pouco cuidado parental são estrategistas r de ‘rápidos’, enquanto aqueles que tardam a se reproduzir, vivem muito, tem prole pouco numerosa e devotam muito cuidado parental são os estrategistas k de ‘kalmos’.

Nós humanos só tememos o fim do mundo porque temos medo da morte. A morte só surgiu quando do aparecimento do sexo, pois seres de reprodução assexuada não morrem nunca. Logo, um fim do mundo sem sexo é a morte só pra quem se reproduz sexuadamente. Muitos seres vivos na hora H dos finalmentes, ao final da ‘saideira’ da vida só pensam e fazem uma coisa, sexo. No final do mundo para os salmões a palavra de ordem é ficar vermelhão e se acasalar. Alguns insetos já fecundados só pensam em botar os ovos no momento da morte. Daí que percebemos que não se trata de sobrevivência dos mais adaptados, mas sim de reprodução diferencial.

A depleção de recursos é um ponto alto da histeria de massas. Sempre de um desastre natural há um frenezi pelos últimos valiosos recursos. Então temos um contexto para competição, manipulação e violência. A competitividade aparece sempre em que se investe mais em acasalar agora do que se poupar para investir na prole. É claro que a competição por parceiros e recursos não é um fim em si, mas sim um meio para alcançar melhores condições e oportunidades reprodutivas.

É claro que no fim das contas há sempre um arrependimento e uma nostalgia. No leito de morte a maioria das pessoas acha que devia ter trabalhado menos, ser e fazer aquilo que sempre quis, gostar mais e passar mais tempo com os parentes e amigos, perdoado mais as pessoas. Então, do fim surge possibilidades de releituras e recomeços alternativos. Pena que no caso da espécie humana a coisa esteja ficando tarde demais para um arrependimento e um recomeço mais sustentável.

Sabendo que somos os descendentes dos sobreviventes de 5 grandes extinções em massa, das quais boa parte da biodiversidade da Terra sumiu do mapa, podemos nos sentir com sorte. Entretanto, a sorte a posteriori é uma ilusão, assim como extraterrestres, gnomos, deuses e democracia. Mas ainda assim existe beleza em ver tanta gente ganhando dinheiro com o desespero alheio, e tudo o mais acontecendo conforme as previsões comportamentais, ao sermos tão frágeis enquanto sociedade autodestrutiva.

Então, não deixe que essa nova onda de datas do fim do mundo te acerte em cheio na sua propensão cognitiva para o imediatismo e aproveite o momento para rever seus conceitos. Vida longa ao fim do mundo.

Este post fez parte nos últimos minutos do término da blogagem coletiva, “2012: O Último Carnaval?” e espero contribua para a discussão.

Blogagem coletiva Fim do Mundo

Feliz Dia de Darwin 2012

Simplesmente são 203 anos para o aniversariante mais célebre de hoje, Charles Darwin. Todo dia 12 de fevereiro, comemoramos no mundo todo o Darwin Day, uma celebração sobre Evolução, Ciência e Humanismo. Também comemoramos no Brasil o Dia do Orgulho Ateu. Como podem imaginar, não se trata de tietagem vazia, mas sim de uma homenagem mais que merecida para o cientista que em sua vida e obra levantou temas e posturas muito avançadas, abrangentes e revolucionárias.

Darwin hoje representa para nós acima de tudo Coragem. Valentia para se questionar e mudar, evoluir no pensamento. De caçador de animais e degustador de animais exóticos, passou a defender o respeito para com os animais e condenar as práticas de crueldade. Já que não faz muito sentido ser contrário ao trabalho escravo, o que ainda acontece em muitos lugares do Brasil e do mundo, e não se questionar sobre como tratamos os animais. De religioso e estudante para ser pastor anglicano, virou pesquisador em História Natural e abandonou a crença em deus. Não faz muito sentido acreditar num papai noel, mesmo depois de descobrir que não existe mágica, apenas truques, efeito placebo, auto-engano e tribalismo.

Sem essa coragem para abandonar esse nosso antropocentrismo terrorista nunca conseguiremos construir uma realidade mais universalmente justa e respeitosa. O antropocentrismo terrorista, que ao pregar que o ‘homem’ é o ápice, quase divino e, por tanto, está autorizado a usar e abusar das outras culturas, etnias, espécies e ecossistemas, está, não só está destruindo a si mesmo, mas levando tudo o mais junto para o buraco.

Tenha a coragem de aceitar o desafio proposto por Darwin. Veja a si mesmo como tão especial quanto qualquer outra espécie seja bonita e fofinha ou feia e venenosa, sinta-se conectado a todas elas, pois todos somos parentes e, então veja a beleza de se orgulhar de suas bactérias da flora intestinal. Não tenha medo de cultivar dúvidas, despir a curiosidade de tabus e dogmas, experimente beber do experimentar e testar possibilidades alternativas. E então permita que as reflexões nesse dia de Darwin evoluam em você.

Nesse vídeo veremos uma mensagem do idealizador da celebração mundial do Darwin Day, Robert Stephens.

Final de semana do Dia de Darwin chegou!!!

É chegada a hora do final de semana anual mais evolutivamente esperado desde a explosão Cambriana. O nosso perído preferido do ano, o final de semana do Dia de ‘Carlos Roberto’. Aquele de sobrenome Darwin, inglês velho barbudo problemático metódico reservado e almofadinha que simplesmente nos colocou no nosso lugar na natureza, onde merecemos estar, lado a lado às baratas, baleias, ‘braboletas’, barracudas e ‘bariposas’.

Nesse ano de 2012, o nosso verdareiro bom velinho, que existe (e pra caramba), completará 203 anos. E, como sempre, no nosso querido Brasil, outrora visitado pela versão jovem de costeletas felpudas do nosso ‘mentor’, terá comemorações especiais na cidade maravilhosa e na ex-cidade da garoa.

Confira as programações para o Rio de Janeiro e de São Paulo!!

Serão palestras gratuitas, mostra de vídeos e discussões que vão fazer até as bactérias da sua saliva evoluírem, a cada geração, é claro. Aproveitem!!!