Quais os benefícios evolutivos e psicológicos da Dança e da Música?

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Quem dança e canta seus males espanta, certo? Tudo bem, mas, evolutivamente, se esses males não forem inimigos, predadores, parasitas e outros competidores e se ainda assim se isso não ajudar na reprodução direta ou na de presentes, então nada feito. As origens evolutivas e efeitos sociais e cognitivos da música e da dança são o tema de uma entrevista muito interessante de Eduard Punset, distinto divulgador de ciência espanhol, com Lawrence Parsons, neurocientista cognitivo da Universidade de Sheffield.

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Punset e Parsons ressaltam que a música e a dança são universais, regidas por processos psicológicos em grande parte inconscientes, feitas espontaneamente em grupo e que apresentam paralelos análogos em comportamentos de outras espécies, principalmente aves. Para Parsons a música e a dança

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 evoluíram como uma primeira forma de comunicação não verbal para promover a coesão social intragrupo, sincronizando e conectando emoções e atividades trazendo vantagens na competição com outros grupos, tribos etc. Parsons segue citando que a dança e a música são bem antigos segundo pinturas rupéstres e fósseis de flautas, e que não há celebração social sem música nem danças populares em todas épocas históricas.

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Ele aponta que os bebês já estão prontos para aprender os ritmos da própria cultura já nos primeiros anos de vida: assim como com a linguagem durante o primeiro ano os bebês respondem brincando igualmente vários modelos rítmicos e de escalas musicais, mas após um ano aproximadamente eles passam a se especializar aos sons musicais ou lingüísticos da própria cultura. Através de brincadeira musical e dançada diferentes sistemas cerebrais se harmonizam eficientemente ao longo do desenvolvimento, segundo Parsons.

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O interessante é que Punset não descarta a influência da seleção sexual tanto é que na edição final ela só é citada nas reportagens entre as partes da entrevista e não na entrevista em si. Os ancestrais que andavam e dançavam de forma mais graciosa eram percebidos como mais saudáveis, criativos e inteligentes levando então a um maior sucesso reprodutivo.

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Eles falaram também dos neurônios espelhos, que estão ativos quando fazemos algo e quando vemos alguém fazer algo, seja dançar, tocar um instrumento ou assistir a uma competição esportiva. Então, seja especialista ou amador mesmo se estivermos praticando os movimentos mentalmente estamos até certo modo realmente aprimorando as conexões envolvidas nos movimentos. Vários sistemas cerebrais estão interagindo de forma complexa, percepção visual e sonora às áreas motoras, quase instantaneamente para gerar os movimentos da dança e isso tudo ligado ao sistema límbico nos dando prazer recompensador e ajudando na memória.

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Eles finalizam trazendo as implicações sociais e educacionais dos novos estudos neurológicos e evolutivos da música e dança. Dizem que as artes deveriam ser ensinadas em todas as escolas, pois melhoram a memória operacional e a capacidade executiva da atenção e controle motor ao lidarmos com tarefas múltiplas. Concluem que a música e a dança são poderosas formas de coesão e sincronização grupal e que em sua prática contribuem numa harmonização de funções cognitivas gerais.
Muito bem produzido, como sempre, o vídeo da entrevista está repleto de imagens e explicações bem interessantes e cativantes, vale a pena assistirmos esse vídeo de 27 min e de quebra treinarmos nosso espanhol.