Exposições, Simpósio e Entrevista sobre Darwin

Dando continuidade às comemorações do bicentenário de Darwin e 150 do “Origem das Espécies” aqui no MARCO EVOLUTIVO, apresento duas opções de programa darwinista para esse final de semana dias 16-17 na cidade de São Paulo e uma série de vídeos de Maria Isabel Landim explicando Darwin.

A primeira opção é para não perder os últimos dias da exposição DARWIN NOW apresentada na capital paulista pelo British Council e pela Estação Ciência. A exposição temporária DARWIN NOW explora a vida e obra de Darwin e o impacto que suas idéias sobre a evolução das espécies ainda provocam. Ela ficou na Estação Ciência desde 16 de abril e domingo, dia 17 de maio, é o último dia. A DARWIN NOW tem 8 painéis duplos, ilustrados, com textos em português e inglês, além de elementos interativos para o público mais jovem.

Os temas abordados são 14: Quem foi Darwin; Redes Globais; Teoria de Darwin: hereditariedade, variação, seleção; Reações; Evidência para a Evolução – Naquela Época; Evidência para a Evolução – Hoje em Dia; A Evolução desafia a Religião?; Como surgem as novas espécies?; Humanos em Evolução; Como a Música evolui?; Como evoluem os Genomas?; Evolução Íntima ?; Uma Síntese Maior?; Por que tantos?; além do mapa da viagem de Darwin no H.M.S. Beagle, com as regiões costeiras de todo o Hemisfério Sul visitadas. Achei muito legal que finalmente alguma exposição sobre Darwin falou de suas contribuições para a evolução da musicalidade, tema que estudo. Os painéis completos em inglês e fotos da exposição estão disponíveis on line.


São Paulo foi a primeira cidade brasileira a receber esta exposição, que circulará pelo país neste ano percorrendo algumas capitais tais como: Rio de Janeiro, Manaus, Fortaleza, Recife, Salvador, Brasília e Cuiabá. Os ingressos saem por R$ 2,00 (grátis para menores de 6 anos, maiores de 60 e para todos no primeiro sábado e terceiro domingo de cada mês). E no dia 17 de maio, último dia da exposição também é o terceiro domingo do mês, por tanto a entrada será grátis.

A segunda opção darwinista para esse final de semana é o I Simpósio Acadêmico do Curso de Psicologia da Universidade Anhembi Morumbi que tem como tema central o paradigma evolucionista: A PSICOLOGIA 150 ANOS APÓS “A ORIGEM DAS ESPÉCIES” DE DARWIN. O Simpósio tem como objetivo favorecer uma reflexão acerca das contribuições da teoria da evolução para a psicologia contemporânea. Serão palestras e mesas redondas ao longo do sábado dia 16 de maio.

As mesas redondas serão sobre os seguintes assuntos: Charles Darwin na Psicologia Contemporânea, A Psicologia Evolucionista e Evolução: psicobiologia e cultura. Eu serei um dos palestrantes da mesa-redonda sobre Psicologia Evolucionista junto com José Henrique Benedetti e Altay de Souza, ambos da pós em Psicologia Experimental da USP também.
O simpósio será no campus Vila Olímpia da Universidade Anhembi Morumbi, rua Casa do Ator 275, primeiro andar da unidade 6 na sala 611. Começa às 9h e vai até às 17h. A inscrição, que devem ser feita pelo e-mail bpteixeira@anhembi.br, é apenas 1Kg de alimento não perecível entregue na data do evento. Vagas são limitadas aproveitem.

Abaixo vocês encontram uma entrevista em 5 vídeos com a Dra. Maria Isabel Landim do Museu de Zoologia da USP explicando Darwin, comentando sobre a exposição de Darwin nas diferentes cidades em que foi, falando do ciclo de palestras paralelo à exposição, do livro que se originou de uma desses ciclos e da importância do evolucionismo para acabar com nosso antropocentrismo arrogante. Ela além de ter sido co-curadora da Exposição sobre Darwin, também está envolvida na organização da comemoração anual do Dia de Darwin em 12 de fevereiro. Espero que ela inspire muitas outras pessoas em divulgar e estudar Darwin e a Teoria da Evolução.

Luz, Vaga-Lumes e Ação … Sexual!!!

Como parte dessa primeira blogagem coletiva sobre luz do ScienceBlogs Brasil veremos aqui no MARCO EVOLUTIVO as influências da seleção sexual nos custos e benefícios do piscar do vaga-lume. Muitas das cerca de 1900 espécies diferentes de vaga-lume usam flashes luminosos para sua comunicação sexual. E veremos a trama sexual comandando a evolução do padrão de sua bioluminescência.

James Lloyd professor na Universidade da Florida, que estuda vaga-lumes por mais de 35 anos, acha que esses pequenos insetos são realmente incríveis. “Imagine antes da eletricidade o quão brilhante era o flash do vaga-lume. Isso deve ter sido muito misterioso”. Hoje sua luz não é mais um mistério, trata-se do óxido nítrico neurotransmitindo o impulso elétrico emitido pelos neurônios do vaga-lume para o abdômen disparar o flash luminoso, que é produzido pela enzima luciferase catalisando a oxidação da luciferina, gerando a emissão de luz.

Mas ainda hoje as nuances de sua comunicação ainda são pouco conhecidas. Para Lloyd, os vaga-lumes podem significar para o estudo da comunicação em insetos o equivalente ao que a drosófila é para a genética de insetos. Vaga-lumes são besouros e, assim como muitos outros insetos suas larvas só comem. Já os adultos só pensam em sexo, nem lembram de se alimentar. Eles têm uma vida adulta curta, de cerca de um dia a duas semanas. E na maioria das espécies o macho voa mais do que a fêmea. Então eles têm pouco tempo para voar, encontrar e conquistar uma fêmea. E para isso usam sua lanterna do amor!

“Ardendo de amor, as cigarras
cantam: mais belos porém
são os pirilampos, cujo mudo amor
lhes queima o corpo!”
Herberto Helder

Tanto os vaga-lumes machos quanto as fêmeas produzem um padrão de flash específico que pode variar de uma piscada curta, um traço luminoso a uma sucessão flamejante, longa, tracejada ou contínua. Seu padrão varia de espécies para espécie. E as fêmeas preferem machos com flashes mais conspícuos, ou seja, de maior destaque, mais brilhantes. Elas respondem à piscadela deles piscando de volta e isso atrai os machos na hora. Mas por que será elas escolhem os mais brilhantes?

Bom para iluminar seus pensamentos pense numa vida adulta curta, nenhuma alimentação, muito vôo e milhares de flashes para conseguir acasalar. Isso deve ser muito custo, não é? Mas quanto afinal? Foi exatamente essa pergunta que a professora Sara Lewis da Universidade de Tufts procurou responder. Primeiro ela mediu a quantidade de gás carbônico produzida pelo vaga-lume sem piscar e piscando. Ela descobriu apenas uma pequena diferença. Então ela resolveu pesquisar se a predação não era maior custo. Usou várias armadilhas no campo sendo que algumas eram o controle (sem luz) e outras tinham um dispositivo luminoso que imitava um vaga-lume macho, de modo a capturar todos aqueles atraídos pelo padrão de piscada.

Para sua surpresa as armadilhas luminosas continham significativamente mais vaga-lumes do que as controle. Mas os vaga-lumes encontrados eram em grande parte de uma espécie diferente. Uma especializada em imitar o padrão de piscadela de outras espécies de vaga-lumes atraindo machos para devorá-los. Esse é o grande custo para aqueles vaga-lumes com flashes mais conspícuos, eles são mais facilmente encontrados por predadores.

Esses machos sofrem mesmo! Como estão sempre tarados, são facilmente ludibriados. Às vezes eles são atraídos por orquídeas que mimetizam a fêmea da vespa para serem polinizadas, como vimos em “Coevolução e Seleção Sexual no Caso da Vespa Tarada”, outras vezes como no caso do Ronaldo, são atraídos por homens mimetizando mulheres para extorqui-los nos mídia. E no caso dos vaga-lumes, são atraídos por fêmeas de outras espécies para predá-los.

Mas por que afinal as fêmeas iriam preferir acasalar com machos de sua espécie que tem mais chances de serem predados? À primeira vista não tem muita lógica porque os filhotes desse tipo de casal têm mais chances de serem devorados. Não seria melhor escolher machos mais camuflados? Não! Porque só os machos de melhor qualidade conseguem emitir sinais que também atraem predadores e continuar vivos. Essa é a lógica contra-intuitiva dos sinais honestos por desvantagem propostos por Zahavi em 1975, só os melhores podem se dar ao luxo de se colocar situações desfavorecedoras e ainda assim continuarem vivos, pois os de baixa qualidade quando colocados em desvantagem morrem fácil.

Como vimos, as pesquisas da Sara Lewis mostram como a evolução do padrão luminoso dos vaga-lumes é moldada por um processo dual tanto de seleção sexual (escolha da fêmea e competição com outros machos) quanto de seleção natural (predação). Abaixo vocês verão os vídeos das pesquisas de professora Sara Lewis que ilustram a dinâmica de sexo, luz e predação da vida dos vaga-lumes.