A diferença entre falar e fazer verde na #cparty

Estou aqui acompanhando a Campus Party de longe. Ano passado, pude acompanhar várias discussões de perto, pude conhecer pessoas que eu já acompanhava em blogs, comecei a acompanhar blogs que não conhecia. Posso dizer, sem exagerar, que a Campus Party do ano passado me tornou mais blogueira do que eu era antes. Mas, a Campus Party é mais do que network.
A Campus Party é um evento, promovido por uma empresa e deve ser analisado como uma empresa mais do que como um lugar que reune pessoas. Falar da Campus Party deve passar por avaliações de estrutura, organização, logistica & pessoas. E, de longe, só posso analisar o que consigo recolher pela internet. E, como esse blog é um blog sobre meio ambiente e sustentabilidade, a parte que me cabe neste latifúndio é falar sobre isso.
Ano passado, a Campus Party tinha um péssimo gerenciamento de lixo. Não houve o menor cuidado em separar lixo orgânico de lixo reciclável (sendo que a maior parte do lixo produzido pelos campuseiros era e ainda deve ser, de embalagens e copos plásticos). Fora que prometeu certo plantio de uma árvore para cada participante do evento (o que daria 3000 árvores só contando os campuseiros) e não cumpriu a promessa.
Este ano, a Campus Party resolveu esquecer que pode ser sustentável e resolveu deixar o “verde” de seu “campus” voltado exclusivamente para uma seção de conteúdos bastante complexa (mais fácil, né?). Nela pretende-se discutir pontos de união da economia, das tecnologias aplicadas às Ciências e das tecnologias que estão sendo desenvolvidas para melhorar a eficiência energética dos produtos, as novidades para produção de energia elétrica e o uso de novos conhecimentos tecnológicos para resolução de problemas ambientais.  A coleta de lixo, entretanto, pelo que pude ler pelo twitter, não parece estar melhor.
Tratando-se de um evento promovido por uma empresa (e financiado por várias outras) eu esperava maior coerência. Afinal, só falar em tecnologias e ações verdes mas não aplicá-las em seu próprio espaço é absolutamente contraditório. Ou não? Onde está de fato o “verde” do Campus Party?
Imagina que esse blog aqui é escrito por uma pessoa que não se preocupa nem um pouco com suas ações e na realidade não se importa com o meio ambiente. No mínimo iriam dizer que esse blog não tem credibilidade, e, aos poucos, as visitas minguariam até se resumirem a umas parcas visitas direcionadas. E com um evento do tamanho do Campus Party? O que acontece? As pessoas deixam de ir nesse evento mesmo sabendo que ele está estruturado numa área de reserva de Mata Atlântica? Mesmo sabendo que sua postura verde não passa de um blá blá blá de conteúdo para inglês ver? Mesmo sabendo que a promessa do ano passado, sobre plantio de árvores, não foi cumprida? E aí? Como fica? 
Espero que as próximas discussões do Campus Verde tragam à tona as discussões da sustentabilidade do evento. Esse é um texto que busca chamar os campuseiros para uma discussão mais profunda sobre a sustentabilidade do evento. É um manifesto contra o “parecer” mas “não ser” verde. É um chamado para os palestrantes da área de conteúdo do Campus Verde. Bora discutir?

Sobre as coisas que vivi em Research Triangle Park I

Então foi assim: terça-feira, dia 13 de janeiro, eu saí do trabalho, fui até em casa, descobri que a temperatura na Carolina do Norte estava chegando próximo ao negativo, fiz minhas malas, saí correndo, cheguei no aeroporto e esperei pacientemente meu voo que passaria sobre a Carolina do Norte, me deixaria em New York, me faria pegar outro avião para então, finalmente chegar ao meu destino. O Science On Line 09‘. 
Parênteses.
Minhas considerações iniciais sobre os Estados Unidos podem ficar para outro post. Ou não. Posso abrir um grande parênteses bem aqui. O que posso dizer é que absolutamente compreensível logo de cara porque os caras tem uma média per capita de emissão de carbono equivalente em torno de 20 toneladas por ano. É incrível, por exemplo que coisas simples como a quantidade de água gasta para dar a descarga no banheiro do aeroporto, possam ser tão significativas. Ou que a quantidade de lixo que eu produzi durante o período de voo é mais ou menos maior do que minha média de produção de lixo em uns dois dias. E isso fecha o parênteses.
Agradecimentos especiais.
Acho interessante dar uma pausa aqui para agradecer @BoraZ e @mistersugar que fizeram um excelente trabalho de organização do evento. Absolutamente sensacional a escolha do hotel, do local do evento, dos patrocínios conseguidos e da comida servida. Agradecimentos especiais são, obviamente ao Coturnix que fez nossa inscrição na última hora e ao Abel Pharmboy pela vaga no hotel, também de última hora.
Primeiro dia.
O primeiro dia do evento contou com quebras-gelo muito interessantes. Primeiro, fomos testar café no Counter Culture Coffee. Sensacional saber que eu não tenho paladar para descrever sabores nem cheiros, pelo menos de café. Muito legal saber que os caras ajudam o desenvolvimento de fair trade em diferentes países do mundo. Muito curioso saber mais sobre o processamento do café pós colheita.
Muito estranho o fato de termos experimentado cafés, mas não termos de fato BEBIDO os cafés. Achei estranho também o fato de não podermos COMPRAR os cafés em pó. Na verdade, ofereceram que comprássemos on line… Achei estranho, fato.

Depois do almoço, fomos ao North Carolina Museum of Natural Sciences em Raleigh, com a apaixonada monitoria de Roy Campbell, diretor de exibição do museu. Visitamos, inclusive, os laboratórios “subterrâneos” do museu, onde pudemos ver o laboratório de paleontologia, onde o pesquisador nos mostrou uma peça sensacional de um fóssil de crocodilo bípede, no qual ele vem trabalhando por 4-5 horas por dia, durante 5-6 dias por semana, há um ano e diz que ainda há pelo menos mais um ano de trabalho (\o/). Depois visitamos a coleção de pássaros do museus, que tem peças com mais de 100 anos de idade!!!! Resumindo, sensacional. E isso foi só o primeiro dia oficial.

Acabei de decidir que vou deixar a parte das palestras para outro post. Fui!

Filosofando sobre divulgação e jornalismo científico

Eu estou um pouco filósofa estes dias. Isso porque eu aproveitei minhas microférias para conhecer um pouco melhor a blogosfera científica norte-americana. Então, estou eu aqui, em Research Triangle Park, North Carolina, onde aconteceu até agora a pouco o Science On Line 09′.

O evento reuniu muito mais que blogueiros e leitores de blogs. Há, por exemplo, uma professora chamada Miss Baker que trouxe os alunos dela do programa Extreme Biology para conversar com cientistas e para os garotos aprenderem a divulgar a ciência que eles fazem na escola. Há pessoas que não conhecem a ferramenta de blogs e vieram saber mais sobre. Há estudiosos, cientistas, educadores, observadores, interessados, perdidos, etc, etc, etc.
Mas, o que me fez ficar filósofa são particularmente os assuntos envolvendo divulgação científica, jornalismo científico e as novas responsabilidades que blogar fora do Lablogatórios vão trazer (É… o Lablogatórios vai morrer). Por quê? Porque na minha opinião deveríamos levar um peteleco cada vez que abríssemos a boca pra dizer que existe divulgacão científica e jornalismo científico no Brasil. Algo como um castigo por estarmos falando abobrinha.
Não, não há isso no Brasil. E, antes que venham argumentar que sim, existem sim jornais fazendo divulgação de Ciências, já vou adiantando que fazer tradução mal feita de press release e tradução mal feita de sites americanos e ingleses não é jornalismo científico. Quer exemplos do que seria jornalismo científico?
+ O que sabemos sobre a vida e contribuições de Carlos Chagas e sobre suas incursões no interior do Brasil?
+ O que sabemos sobre o que nossos cientistas fazem hoje nos seus laboratórios – muitos deles públicos e que gastam milhões em dinheiro?
+ O que sabemos sobre os avanços tecnológicos e científicos decorrentes das pesquisas do brasileiríssimo Dr. Nicolelis?
+ Quem são os expoentes na Ciência brasileira atualmente?
+ Onde precisamos investir mais dinheiro e que pesquisas deveriam ser completamente encerradas por conta de maus profissionais? (sim, temos maus profissionais, que mentem no currículo, por exemplo.)
+ Quais são os objetivos de cada campo atual das Ciências no Brasil?
+ Por que nossos alunos de ensino fundamental e médio não se interessam por Ciências?
+ O que deveríamos fazer para aumentar o interesse dos brasileiros em Ciências?
+ Por que não temos jornalismo investigativo de qualidade, desses que desenterram questões tipo “Afinal, quem observou pela primeira vez os cromossomos politênicos?”
Enfim…
Graças ao Lablogatórios temos pela primeira vez reunidos em um condomínio bons blogs de Ciência, que atuam em diferentes áreas do conhecimento. Temos cientistas, curiosos, interessados e temos um jornalista (que também é físico). Dos blogs que temos, fazemos bons comentários sobre artigos científicos, sobre novas tecnologias, sobre curiosidades, sobre educação de Ciências nas escolas, sobre ceticismo, sobre Ciência em geral. Mas também não fazemos jornalismo científico, até porque ser um jornalista científico (sendo jornalista ou não) demanda tempo (muito tempo) e precisa ser um trabalho pago (jornalismo científico é profissão, não passa-tempo).
Não sei se consigo levar vocês, meus leitores, onde quero chegar. O que eu tento dizer é que o Lablogatórios é sensacional e que cumpre seu papel em divulgar Ciências de uma forma simples (mas não simplória). Também tenta cumprir um papel interessante de fazer alunos se interessarem mais por Ciências. Também traz a Ciência para o cotidiano das pessoas, ensinando e desmistificando alguns conhecimentos. E também faz a Ciência parecer coisa de maluco, mas ainda assim ser fantástica. O que tento dizer é que para sermos um país preocupado em divulgar Ciências isso não basta. Temos que ter profissionais empenhados nisso. E empregadores interessados em pagar por isso. Temos que divulgar nossa Ciência em livros. Temos que conhecer mais nossos cientistas. Temos que ter mais responsabilidade social e conhecer mais onde nosso dinheiro vai sendo empregado. E isso não é responsabilidade só do Lablogatórios.

Na Ciência – 09 a 15 de janeiro

Mais calor, menos comida
O que o aquecimento global (nome que eu não gosto pois trás um erro conceitual clássico – achar que aquecimento global vai trazer de fato aquecimento em todas as áreas do globo, e não aumentar na MEDIA, que é o correto) tem com agricultura?
Pois bem, o estudo de Battisti e Naylor, publicado recentemente na revista Science, diz o que todos já esperávamos – as áreas tropicas e subtropicas mais pobres, com mais gente e mais vulneráveis às mudanças climáticas terão sua agricultura seriamente afetadas.
Temperaturas mais altas deverão reduzir a produção de grãos primários, como milho e arroz, de 20% a 40%, sem considerar a dinâmica da água no solo. Considerando que aumento na temperatura também prejudica a umidade do solo, a diminuição na produção será ainda maior.
Science – Battisti D. and Naylor R. – Historical warnings of future food insecurity with unprecedented seasonal heat
Mais calor, mais mar
Estudos recentes indicam que o nível dos oceanos deve subir entre 90 centímetros e 1,3 metro em 100 anos (3 vezes mais do que as estimativas anteriores, assumindo que a temperatura média seja de 3 graus mais quente).
A dificuldade nas estimativas de cálculo do aumento do nível dos oceanos reside no fato de não conseguirmos prever quanto tempo as geleiras demoram para se derreter. 
Climate Dynamics –  Grinsted A. et al. – Reconstructing sea level from paleo and projected temperatures 200 to 2100 AD 
Plástico vira papel sintético
Um papel sintético que pode ser usado na fabricação de rótulos de garrafas, outdoors, tabuleiros de jogos, etiquetas, livros escolares e cédulas de dinheiro agora pode ser feito usando como matéria prima garrafas de água, potes de alimentos e embalagens de material de limpeza.
Mas não se engane! O papel é sintético e seus resíduos ainda são plásticos! A vantagem é produzir papel sintético a partir de material reciclado, e não de resina derivada de petróleo, como é feito atualmente.
Revista FAPESP – Manrich S. – Papel de plástico reciclado

Você conhece o City Rain?

Uma grande amiga minha me escreveu essa semana passando um link para um jogo que parece muito legal para os educadores de plantão. Eu não tenho lá muita paciência para jogos, mas devo dizer que esse, que mescla um pouco de SimCity com Tetris merece um tempo de procrastinação.
O objetivo do jogo é construir uma cidade sustentável. E rápido porque pedaços da cidade vão caindo em cima da cidade já existente!
Ainda não consegui jogar, porque a versão para download grátis de City Rain é para PCs, mas, pelo vídeo do Youtube, parece ser bem legal mesmo!

O jogo foi idealizado e construido para competir no Imagine Cup, uma competição para estudantes de tecnologia do mundo, para que possam se focar e desenvolver soluções para o mundo.
Legal, né? Particularmente, achei a ideia sensacional. É um jeito leve e inteligente de usar jogos para ensinar alunos e interessados em meio ambiente.
Se você conseguir jogar antes de mim (o que eu acho absolutamente provável) e mandar seus feedbacks, essa minha amiga tem contato com os desenvolvedores do jogo que adorariam saber opiniões diversas – e eu teria um imenso prazer em encaminhar os comentários para ela.
Então, faça o download e me conte suas impressões!

Vermicompostagem – ano zero

Desde um pouco antes da ação do Aldeia Sustentável no ano passado, eu e o Carlos vínhamos estudando sobre vermicompostagem. Tínhamos até trocado algumas idéias com o Ricardo, que vem estudando mais sobre permacultura. 
O Ricardo nos passou alguns links, e começamos de fato a estudar. Vários dos textos que achamos na internet eram, infelizmente, cópias uns dos outros, e tivemos dificuldade em achar os originais (tenho dúvidas se conseguimos). Tudo parece ser um amontoado de histórias e conhecimentos populares que foram se desenvolvendo ao longo dos anos. Uns testes aqui, outros acolá, e voalá! A vermicompostagem funciona.
Vou fazer uma série de posts contando mais sobre a minha própria experiência com a minha vermicomposteira. Espero achar mais informações e conseguir com isso abrir um espaço de trocas de idéias e também de dúvidas (eu ainda tenho várias). Espero que vocês se divirtam.
Para inaugurar, um #comofas
Como construir uma vermicomposteira
Há várias maneiras. Vou descrever como fizemos a nossa, um vermicompositor pequeno, para uma casa de duas pessoas, que não fazem todas as refeições em casa.
Ingredientes:
Três caixas de 15 L; 42,5 cm de comprimento; 34,0 cm de largura e 14,5 cm de altura, como estas daqui.
Uma tampa para a caixa.
Uma furadeira e brocas para furar madeira de ø0,5 cm e ø0,15 cm (ou de 0,1 cm).

Terra vegetal, composto (húmus de minhoca).
Minhocas do tipo “vermelhas californianas”.
Um “spray” e um ancinho de pontas rombas.
Modo de preparo:
1) Em DUAS das três caixas, faça furos no fundo, usando a furadeira e a broca para madeira de ø0,5 cm. Atenção: Tem de ser a broca para furar madeira, que tem três pontas bem afiadas. A broca para cimento não funciona muito bem. Os furos devem ser bem espalhados pela caixa. Eles permitem que a água escorra e as minhocas transitem entre as caixas. Reserve a caixa que não foi furada e as duas com furos.

2) Faça furos na tampa, usando a broca de 0,15 cm de diâmetro (ou de 0,1 cm). Elas permitem trocas gasosas da caixa com o ambiente. Quanto menor os furos e mais espassados, melhor. Os furos devem ser pequenos para evitar a saída das minhocas e a entrada de mosquitos, moscas e outros insetos. Reserve a tampa.
3) Pegue uma das caixas com furos e coloque cerca de 3 cm de terra vegetal. Sobre esta camada, coloque mais 3 cm de composto. Ajeite a terra e o composto com o ancinho. Evite misturar as camadas.
4) Coloque as minhocas.

5) Umedeça com a ajuda do “spray”. Lembre-se que minhocas gostam de lugares úmidos, mas não gostam de nadar. Reserve.
Montagem:
1) A caixa que não tem furos deve ser a que vai ficar em contato com o chão. Ela recolherá o excesso de água e o xorume liberado pela vermicomposteira.
2) A segunda caixa da pilha, deve ser a que tem furos, mas ainda está vazia.
3) Por fim, a caixa mais superior deve ser a caixa com a cama e as minhocas. Tampe. Deixe as minhocas se acostumarem com a casa por uma ou duas semanas, apenas observe a umidade.
4) Mantenha a caixa em local arejado e sombreado.
Observações:
+ Se sua família for maior, opte por caixas um pouco maiores.
+ As caixas e a tampa devem se encaixar perfeitamente, evitando a fuga das minhocas e a entrada de insetos.
+ Uma caixa a mais na pilha pode significar mais uma caixa para recolher umidade.
+ Observe a temperatura da sua caixa. As minhocas não gostam de temperaturas muito frias, nem muito quentes. Basicamente, o que for confortável para você, também será confortável para elas.

Pegada 17 – Mudanças climáticas e água

Recentemente o IPCC lançou seu mais novo livro técnico “Climate Chance and Water” disponível on line, em pdf, AQUI (em inglês).
As observações já feitas e algumas projeções indicam que água doce é vulnerável e tem imenso potencial de sofrer impactos causados pelas mudanças do clima. Isso, obviamente, traria problemas não só para a espécie humana mas também para todos os ecossistemas terrestres, agricultura e criação de animais.
Inclua nessa sopa mudanças nas frequências e intensidades das chuvas, áreas com secas prolongadas, mudanças na qualidade da água doce existente devido ao nova dinâmica de chuvas e secas, poluição da água, derretimento das calotas polares, mudanças na dinâmica da água nos solos e você verá a sombra do caos. 
Mas, não se desespere agora. Aparentemente, o novo livro técnico traz também algumas dicas de como é possível mitigar as causas das mudanças climáticas sobre o manejo de água e a necessidade de promover discussões e produzir políticas públicas.
O resumo da ópera está AQUI (em inglês).
Creio que é uma boa leitura para se preparar para evitar o apocalipse.

EUA e as ciências das mudanças climáticas

Já falei aqui sobre o Protocolo de Kyoto, mas valem alguns lembretes:
1) O Protocolo é um acordo de cavalheiros que diz: “Vamos diminuir nossas emissões de gases do efeito estufa.”
     Aí, você de casa se pergunta: “E se alguém não cumprir o acordo?”.
     E eu te respondo: “Fica por isso mesmo. Ninguém é multado, nem ganha um chapeuzinho de burro e fica de castigo no canto da sala. Talvez – mas isso é uma característica que ainda pode ser renegociada – o país que não atingir suas metas fica devendo para o próximo protocolo.”
2) O Protocolon de Kyoto entrou em vigor em 2005 e vale até 2012.
3) O Protocolo de Kyoto não é ratificado pelos EUA. Os Estados Unidos tem uma das maiores emissões de gases do efeito estufa per capita do planeta, que em 2004 era equivalente a 20,4 toneladas de carbono equivalente (em um ano). Para se ter uma idéia, no mesmo ano, cada brasileiro era responsável por emitir 1,8 toneladas de carbono equivalente.
Pois bem. Os EUA não parecem se preocupar muito com as mudanças climáticas – ou, na verdade, parecem se preocupar muito com a sua economia, visto que reduzir emissões de gases do efeito estufa custa caro (há que se investir em tecnologias limpas, trocar as antigas em grandes indústrias, optar por energia limpa, optar por comércio justo e tantas outras coisas que, custam dinheiro).
Mas, quando se trata de querer ser O MELHOR em determinada coisa, os caras não querem nem saber. Por exemplo – hoje fiquei horas (isto mesmo, horas) tentando procurar a referência original para o relatório citado neste artigo.
O artigo é assustador, fala sobre o aumento muito mais acelerado de derretimento de calotas polares, elevação do nível do mar e secas prolongadas no sudoeste dos EUA do que o aumento previsto anteriormente. Critica, ainda, as projeções conservadoras que vêm sendo feitas e alerta para a falta de conhecimento que temos sobre os riscos potenciais que as sociedades humanas poderão sofrem com os riscos de mudanças climáticas abruptas.  
Aí, como detesto quando alguém dá uma notícia destas sem citar fontes (porque cobram isso de mim quando blogo), fui atrás dos originais. E nestas que eu passei horas. Primeiro, fui até a AGU (American Geophysical Union). Fiquei lá, encontrei o programa do Meeting onde esse relatório foi lido, encontrei o cara que leu, mas nada do artigo. Aí fui no Google. E, depois de passear pelo ScienceDaily, pelo Oregon State University e pelo EurekAlert!, finalmente cheguei no U.S. Climate Change Science Program (vejam bem: é o SCIENCE PROGRAM, não o POLICES PROGRAM, ou o ECONOMIC PLAN, ou qualquer similar).
E lá, me deparei com nada mais, nada menos que quatro livros (todos on line), com algo que promete ser mais completo que os relatórios do IPCC. Os livros tratam de: 
+ Trends in emissions of ozone-depleting substances, ozone layer recovery, and implications for ultraviolet radiation exposure 
Decision support experiments and evaluations using seasonal to interannual forecasts and observational data
Reanalysis of Historical Climate Data for Key Atmospheric Features: Implications for Attribution of Causes of Observed Change
E, finalmente, o relatório que eu estava buscando, de, nada mais nada menos que, 459 páginas.
Abrupt Climate Change.
Acho que vou demorar um tempo pra ler esses documentos, então, se sua curiosidade for maior do que a minha, esteja à vontade.
P.S. Mas que os caras são muito sacanas em não destinarem um centavo para políticas públicas de mitigação ou estudos de vulnerabilidade mas gastarem fortunas com um estudo que já está praticamente pronto (e que foi provavelmente feito com os mesmos grupos de cientistas), isso eu acho que é.
Bora, Obama, assinar esse Protocolo e parar com #mimimi?
P.S.2 – E depois dizem que blogar é fácil. Ou pior, vêm aqui e levam o post para um blog chupim… Humph!

Água, pra que te quero?

Água é o que parece não faltar no nosso planeta. Tanto que, visto de cima, a Terra mostra-se azul (mais ou menos como a Lua mostra-se Flicts)

By Nasa
De toda a água que temos disponíveis no nosso Planeta, 98% é água salgada, imprópria para consumo. Dos 2% que restam, parte está presa em geleiras, parte está congelada sobre o solo, parte está no subsolo, outra parte no ar e parte em rios, lagos e pântanos. E, nem podemos dizer que esses 2% estão disponíveis porque parte deles estão contaminados. (Leia mais sobre água e nosso consumo de água aqui).
Saber sobre a qualidade da água que entra em nossas casas é assunto do nosso mais alto interesse. A água é essencial para nossa vida e beber água contaminada bem pode provocar diarréia, cólera, etc. e entrar em contato com água contaminada pode trazer outras doenças como leptospirose ou esquistossomose. Fora que a água serve de local de reprodução para tantos outros animais que nos causam doenças, como o mosquito da dengue.
Para podermos ficar de olho na qualidade da água e sobre saneamento e saúde, o Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT) da Fiocruz, em parceria com a Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental (CGVAM) da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), do Ministério da Saúde lançou um Atlas digital nos ajuda a entender mais sobre a água que usamos para consumo.
Por exemplo, quer saber quantos distritos tinha acesso a rede de esgoto, na região Centro Oeste em 2000? Tá aqui:

Quer desenhar um mapa com as regiões onde há água contaminada? Também dá:

Essa ferramenta, mais a ferramenta que permite mapear os aquíferos do mundo, cartografada pela UNESCO e podemos ter pleno conhecimento sobre nossas águas e melhorar o jeito como a gerenciamos. Gostei.
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O Atlas digital está aqui: www.aguabrasil.icict.fiocruz.br
A publicação da UNESCO “Groundwater resources of the world and their use” está aqui: http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001344/134433e.pdf

Será que vai dar praia?

No final do ano muita gente viaja. Inclusive, muitas pessoas vão à praia. Algumas vezes, se esquecem do básico, como por exemplo, se proteger do sol, ou recolher o seu lixo. 
Triste é ver gente na praia largando seu lixo por todo o lado. E aparece de tudo, viu? Desde a embalagem do almoço, até chinelos e brinquedos que se quebraram, tudo fica por lá mesmo. Uma dó. 
Então, tatu! Pega as dicas:
1) Leve para a praia somente o necessário. Se vai consumir por lá, busque um quiosque que recolha o lixo de verdade. 
2) Vai mesmo precisar levar coisas pra praia? Então, não se esqueça de levar alguns sacos de lixo, pra armazenar tudo depois. Se há lixeiras na praia, você pode deixar tudo lá mesmo, que a prefeitura coleta. Se não, faz favor de levar pra casa, ok?
3) Brinquedo quebrou, chinelo rasgou, protetor solar acabou? Lixeira!
4) Não tem lixeira na sua praia? Aproveite suas férias para ser minimamente cidadão e se lembrar de escrever um e-mail para prefeitura da cidade onde você está, assim que possível. Não se esqueça que parte do dinheiro que você gasta lá vai para a Prefeitura via impostos, portanto, você pode sim exigir lixeiras na praia.
5) Ah! Cocos, casquinhas de siri, pedacinhos de camarão não vão se decompor de um dia para o outro. Então, nada de enterrar na areia, hein? Eles também devem ir para o lixo.

By Gustty on Flickr
Deixe sua pegada na areia, mas tente reduzir ao máximo sua pegada ecológica e seu rastro de carbono!
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Um brinde para você: O CPTec (Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos lançou o serviço de previsão de tempo para até sete dias. Antigamente, as previsões eram divulgadas para apenas quatro dias.
As previsões de tempo para o mesmo dia tem um grau de acerto de até 98% para chuvas. Quando chega ao sétimo dia, a média de acerto está entre 75% e 80%.
Acesse a previsão do tempo em http://tempo1.cptec.inpe.br. Será que vai dar praia?