Meio ambiente e educação 2 – Animal Planet – Descubra o Verde
Veja mais em http://www.discoverybrasil.com/descubraoverde/
Se você é um leitor que chegou aqui pelo vídeo, nada mais nesse post deve te interessar. Mas se você é professor ou professora, saiba que vídeos são ferramentas educacionais interessantes para se usar em sala de aula, ou na sala de informática, se a sua escola tiver uma disponível.
Claro, só deixar os alunos assistindo vídeos por uma aula inteira não vai levar a nada. Mas esses vídeos do Animal Planet – disponibilizados no site da própria Discovery Channel Brasil – podem possibilitar problematizações muito interessantes, ao longo de várias aulas.
Eles tratam de forma engraçada questões sobre aquecimento global, efeito estufa, emissões de gases do efeito estufa – e podem ser ponto de partida para diversas discussões.
Divirtam-se!
Resenha: O mundo é o que você come
OK, OK, eu devo admitir. Duas das principais coisas que me fazem escolher um livro desconhecido na prateleira de uma livraria são: o nome e a capa.
Talvez se tivessem arrumado uma tradução melhor para “Animal, Vegetable, Miracle: A Year of Food Life” eu teria comprado de primeira. Mas um livro chamado “O mundo é o que você come“, onde os “os” de “mundo”, “o que”, “você” e “come” são, respectivamente um globo terrestre, uma tangerina, um tomate e uma beringela, eu jamais teria comprado.
Uma pena… Porque este livro me surpreendeu do começo ao fim.
O livro conta a história de Barbara Kingsolver (a autora) e sua família que se propuseram um desafio: comer comida local e orgânica por um ano. Claro, tiveram umas facilidades como possuir uma propriedade que permitisse e possibilitasse o cultivo e dinheiro para o investimento inicial. Mas as facilidades terminaram por aí. Ninguém da família tinha experiência real com produção agrícola, mas tiveram muita vontade de mudar os seus hábitos alimentares.
Para produzir sua própria comida, a família deixou para trás uma cidade onde todo alimento chega em containers refrigerados, vindos de longe e o aquífero natural de água está se acabando. A alternativa do governo para sanar o problema da falta da água me fez enjoar e abençoar a água que entra na minha casa. Vale a pena a história.
Para iniciar a própria produção, a família começou escolhendo sementes em um catálogo e visitando os fazendeiros da região. Escolher a época que as frutas e os legumes vão crescer e ter certeza de quando vão prontos para a colheita – para não faltar nada em uma época ou sobrar em outra é uma tarefa que exige bastante estudo. Saber a época que os perus vão estar grandes suficientes para “a colheita”, limpá-los e armazená-los também não é para qualquer um.
Depois, preparar a terra, cultivar, livrar-se das plantas daninhas, colher, processar e armazenar o alimento (para consumo no inverno) são tarefas extremamente cansativas.
Veja duas coisas interessantes: ter uma alimentação saudável, aos olhos da autora, não é tornar-se vegetariana, tão pouco comer apenas comidas frescas. Isso faz bastante sentido considerando as estações do ano bem definidas que existem na maior parte do território americano, na qual a produção de alimentos é impossível na neve do inverno.
Entre os “causos” com o novo estilo de vida, como evitar ervas daninhas cobrindo o solo com jornal e palha velha, Barbara me presenteou com informações sobre certificação orgânica e me explicou porquê muitos produtores americanos não submetem seus produtos à certificação. Também me presenteou com receitas e novas ideias, que podem inclusive ser baixadas do site preparado para o livro.
Também me deu mais dicas e me ajudou ainda mais a sustentar minha argumentação de que mudanças pessoais no estilo de vida valem a pena para o ambiente e para quem as realiza.
Resumindo, recomendo muito a leitura do livro. Trata-se de um livro agradável, que conta a história de um ano de vida de uma família que resolveu deixar de comer comida gordurosa, importada, com produtos de animais criados em confinamento intensivo para conhecer o verdadeiro sabor das frutas da época e dos animais criados em liberdade.
O mundo é o que você come é da Editora Nova Fronteira e foi uma cortesia para este blog.
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Outra resenha deste livro aqui no SBB:
Ecodesenvolvimento
Pegada 21 – Blogosfera científica no Ciência Hoje On-line
Saiu hoje uma matéria sobre a expansão da blogosfera científica no Ciência Hoje On-line! ScienceBlogs Brasil e Roda de Ciência presentes!
Vale a pena dar uma conferida!
Ciência Hoje On-line – Unidos venceremos!
O Rastro de Carbono também está lá! 😀
Mulheres na Ciência 7 – Sophie Germain
Sophie Germain nasceu alguns anos antes da Revolução Francesa e, mesmo sem participar ativamente dos acontecimentos políticos da época, provocou sua própria revolução: uma revolução feminina que trouxe significativos avanços na Matemática e na Física.
Aos 13 anos e confinada em casa pelos pais, que temiam por sua segurança no ano da Queda da Bastilha, Sophie aventurou-se na biblioteca do pai, então diretor do Banco da França.
Na biblioteca, conheceu a história de Arquimedes. Conta-se que Arquimedes, um então velhinho morador de Siracusa, estava na praia imerso em pensamentos e rascunhos de algum problema na areia. Soldados romanos (que deveriam protegê-lo!) invadiram a praia e um deles deu-lhe ordens. Como estava desenhando seus raciocínios na areia, Arquimedes não obedeceu e então o soldado o matou.
Sophie Germain ficou impressionadíssima. Afinal, como poderia um homem ignorar ordens de um soldado por estar perdido em pensamentos? No mínimo, o objeto de estudo de Arquimedes deveria ser interessantíssimo e então, Sophie iniciou seus estudos seguindo no inspirador: a Matemática.
Obviamente, os pais de Sophie achavam inapropriado para uma mulher estudar (afinal, que homem se casaria com ela?) e tentaram persuadi-la a abandonar os estudos. Mas, como uma boa adolescente, Sophie contrariou os pais e começou a estudar a noite, escondida. Conformados de que a matemática era seu talento, os pais de Sophie incentivaram-na por toda sua vida.
Com 18 anos, no ano de 1794, foi fundada em Paris a Ecole Polytechnique, que pretendia “treinar matemáticos e cientistas para a nação”. Obviamente, mulheres não eram aceitas. E, como sempre, Sophie buscou uma maneira de estudar. Descobriu que um estudante chamado Le Blanc tinha abandonado seus estudos e resolveu interceptar sua correspondência. A partir de então, com o pseudônimo de Le Blanc, Sophie pode trocar correspondências com outros estudantes e iniciar seu estudo na Ecole Polytechnique.
Joseph Louis Lagrange, grande matemático da época, notou a rápida evolução de Le Blanc, que passou de um medíocre aluno a um aluno excepcional em pouco tempo. Quis então marcar uma reunião com o aluno, e descobriu os planos de Sophie. Lagrange tornou-se a partir de então, mentor, tutor e confidente de Sophie.
Em 1804, Sophie começou a se corresponder um excepcional matemático alemão, chamado Carl Friedrich Gauss, ainda usando o pseudônimo de Le Blanc, com medo de ser recusada por ser mulher. Gauss e Le Blanc trocaram muitas cartas, até Sophie saber que Napoleão pretendia invadir a Prussia. Sophie pediu a um general amigo da família que resgatasse Gauss antes da invasão. Gauss ficou imensamente feliz e quis saber quem era seu salvador.
Foi então que conheceu Sophie e descobriu que ela era Le Blanc, com quem ele se correspondia.Gauss escreveu (não vou traduzir, não vai ficar tão bom):
But how to describe to you my admiration and astonishment at seeing my
esteemed correspondent Monsieur Le Blanc metamorphose himself into this illustrious personage who gives such a brilliant example of what I would find it difficult to believe. A taste for the abstract sciences in general and above all the mysteries of numbers is excessively rare:
one is not astonished at it: the enchanting charms of this sublime science reveal only to those who have the courage to go deeply into it.
But when a person of the sex which, according to our customs and prejudices, must encounter infinitely more difficulties than men to familiarize herself with these thorny researches, succeeds nevertheless in surmounting these obstacles and penetrating the most obscure parts of them, then without doubt she must have the noblest courage, quite extraordinary talents and superior genius. Indeed nothing could prove to me in so flattering and less equivocal manner that the attractions of this science, which has enriched my life with so many joys, are not chimerical, [than] the predilection with which you have honored it.
Sophie Germain contribuiu para o desenvolvimento de uma prova para a Teorema de Fermat usando números primos; descobriu, entre outras coisas, que, se p é um número primo, então 2p + 1 também é primo; trabalhou também na teoria da elasticidade.
Sophie Germain foi a primeira mulher a ser aceita da Academia de Ciências de Paris.
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Dica:
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Saiba mais:
Biographies of Women Mathematicians
Wikipedia
The Rogues Gallery
Hora do planeta
Pois bem… chegou o dia da Hora do Planeta (ou a Hora do Apagão, segundo a senhora minha mãe).
A Hora do Planeta foi concebida com a intenção de chamar atenção das pessoas para o consumo consciente de energia – internacionalmente (no Brasil, ainda não – mas se depender do Minc e do Luiz Bento…), a produção de energia é a maior causa de emissão de gases do efeito estufa – e, portanto, (até onde rezam os relatórios do IPCC), do aquecimento global.
Aí, vamos discutir mais ou menos nesses termos:
Céticos: Mas vai adiantar apagar algumas luzes durante uma hora, num sábado?
Rastro de Carbono: Óbvio que não!
Céticos: Mas então, por que fazer?
Rastro de Carbono: Para conscientizar e mostrar para as pessoas como é fácil fazer ações que reduzam o nosso rastro de carbono.
Céticos: Mas nada garante que o cara que participar da hora do planeta hoje vai mudar seu estilo de vida, ou vai transformar alguma ação pessoal em algo mais limpo.
Rastro de Carbono: Bingo!
Céticos: Bingo?
Rastro de Carbono: É, a campanha está errada porque não ensina como continuar a ação de uma hora. Não dá dicas de como transformar seu estilo de vida, nem sequer pede para que você se preocupe com consumo de energia. Tanto que tem gente dizendo: vou twittar durante a hora do planeta pelo meu celular… ou vou aproveitar que não posso ligar o microndas para jantar fora… ou qualquer baboseira similar. E nessas, toda a ideia já se perdeu, toda a chance de conscientização em massa virou demagogia, ficou “para inglês ver”.
Céticos: Então você está dizendo que preferia que a Hora do Planeta não existisse?
Rastro de Carbono: Não… estou dizendo que queria que existisse mas que houvesse conscientização real, com educação ambiental de qualidade.
E, nesse diálogo fictício, mas absolutamente possível, vou dizer que minha casa vai ficar com todas as luzes desligadas durante a hora do planeta, por que estou na casa da minha mãe (HERESIA!!!). Mas, que na casa da minha mãe todas as lâmpadas são fluorescentes, que estaremos conversando altos papos na sala, e que – muito provavelmente – estaremos com todas as outras lâmpadas da casa desligadas. E, porque falamos demais, é bem provável que a televisão e o rádio também estejam desligados e, também por isso, meu computador e celular devem permanecer em silêncio absoluto.
Hora do Planeta pra mim, é igual Dia Internacional da Mulher e Dia do Índio – tem que ser todos os dias, senão não tem valor nenhum, nem como simbologia.
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Saiba mais:
WWF – Hora do Planeta
Earth Hour
Earth Hour no Flickr – veja como as pessoas estão participando ao redor do mundo
Pegada 20 – Frase da semana
“Resolver o problema da crise é resolver o problema da imigração. Porque nós também não temos o direito de permitir que sejam os pobres, que viajam o mundo a procura de uma oportunidade, de um emprego, de um salário, de uma renda, que sejam os primeiros a pagar a conta de uma crise feita pelos pelos ricos. Que não foi causada por nenhum negro, nenhum índio e por nenhum pobre. Uma crise causada, fomentada, por comportamentos irracionais de gente branca, de olhos azuis, que antes da crise pareciam que sabiam tudo e que agora demonstram não saber nada.”
Lula, durante a visita de Gordon Brown ao Brasil, antes da reunião do G-20 que deverá arrecadar fundos para conter a crise econômica. 16 mar. 2009.
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Saiba mais:
Brazil’s Lula raps ‘white’ crisis – BBC News
‘Blue-eyed bankers’ to blame for crash, Lula tells Brown – The Guardian
Meio ambiente e educação 1 – O caso das bolinhas de papel
Resolvi estrear hoje uma série que está na minha cabeça há muito tempo. Muitas pessoas chegam a esse blog procurando no Google sobre como falar de meio ambiente nas escolas, sobre aulas de meio ambiente, sobre como falar sobre meio ambiente e sustentabilidade para alunos de todas as idades.
Outro dia mesmo recebi o encaminhamento de um e-mail, no qual a pessoa buscava desesperadamente uma maneira de fazer os alunos se interessarem por meio ambiente e sustentabilidade. Eu respondi apenas: Mas eles se interessam!
E então percebi que na verdade o que os professores estão buscando é ideias de como falar sobre meio ambiente e sustentabilidade, ideias diferentes das trazidas geralmente pelos livros didáticos, projetos que possam ser desenvolvidos pelos alunos, problematizações, etc, etc, etc.
Pois bem… hoje estava dando minha corriqueira espiadela pelos blogs de meio ambiente que eu assino e achei um video sensacional no blog Vivo Verde. O vídeo foi produzido na Escola Municipal Uruguai, no Rio de Janeiro.
Obviamente, para um processo ensino aprendizagem efetivo, o melhor mesmo seria fazer um video na sua escola (fica a dica se você é professor ou professora) – não simplesmente passar esse vídeo pronto. É necessário fazer os alunos vivenciarem o aprendizado, é necessário usar todo o conhecimento e curiosidade que eles tem sobre computadores e internet e canalizar para algo mais interessante que o orkut (se bem que acho que o orkut é potencialmente uma ferramenta pedagógica – mas também sei que essa é uma opinião polêmica).
É necessário também que você professor ou professora busque situações que são problema na sua escola – se não há problemas com bolinhas de papel por lá, esse vídeo, que deve ser o produto final de um projeto, não vai causar grande efeito. Ainda assim, talvez ele te ajude a ter uma ideia sobre uma outra problemática, que será recebida mais efetivamente pela sua escola.
Eu achei o vídeo absolutamente sensacional. Parabéns aos alunos, professores e direção envolvida. Divirtam-se!
Mulheres na Ciência 6 – SIA no Flickr
Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, o Smithsonian Institution Archives (SIA) disponibilizou no Flickr a coleção Women in Science – imagens de mulheres que, em sua maioria, foram pioneiras em seus campos de atuação, ou as primeiras mulheres a se formarem em algum campo antes dominado pelos homens.
São bibliotecarias, escritoras, ativistas políticas, engenheiras, pilotas, fisicistas, médicas, jornalistas, entre outras, que contribuiram de maneira significativa para a Ciência ou para a divulgação científica.
Uma coleção simplesmente sensacional!
Uma das minhas favoritas:
Description: During her aviation career, from the 1930s through the 1960s, Jacqueline Cochran (d. 1980) set more speed and altitude records than any contemporary pilot, male or female, and was the first woman to break the sound barrier. During World War II, she was instrumental in formation of the Women’s Air Force Service Pilots (WASPs). This photograph was taken ca. 1962 when she received the Harmon Trophy for establishing eight World Class records in jet planes.
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Vi no Women in Science
Pesquisas científicas me fazem rir!
Tenho problemas com generalizações. Fato.
O primeiro caso público foi aquele famigerado estudo da professora Luisa Lobo, que dizia que todos os blogs femininos eram diários. Veja bem. O meu problema com isso é com o “todos”, não com o “femininos”, menos ainda com o “diários”. O caso terminou na rádio CBN, onde Tania Morales, entre outras coisas, me fez falar – indignada – sobre a entrevista da semana anterior, que tinha sido com a professora. Saiba mais aqui.
O segundo caso é recentíssimo. A generalista da vez é a jornalista, mestre em mídias pela London School of Economics com o trabalho Ethics versus the need to sell or the Tabloidization of the British press, que eu traduzo como “Ética versus a necessidade de vender ou A tabloidização da imprensa britânica”.
Atualmente diretora da sucursal da revista Época no Rio de Janeiro, a jornalista acaba de afirmar que “O besteirol na ciência é melhor que no Senado” – isso, obviamente, analisando quatro pesquisas científicas e citando alguns indicados para o prêmio IgNobel – não sem se sentir penalizada pelo mau uso das estatísticas.
Difícil mesmo é tentar contrariar as conclusões da nossa generalista: “Ler sobre pesquisas científicas de universidades respeitadas é uma receita certa para dar risada”. Não consegui mesmo chorar frente às novas descobertas sobre o vírus HPV – e a produção da vacina para homens e mulheres. Também não consegui chorar frente aos estudos sobre células-tronco, e as possíveis esperanças que isso traz para milhares de portadores de distrofia muscular. Não consegui chorar frente aos avanços com os estudos sobre bioenergia, nem sobre a que diz respeito ao levantamento da biota brasileira.
Diga-se de passagem, também não consigo chorar quando meu computador funciona, nem quando a internet me permite pesquisar e escrever. Não choro quando alguém me oferece comida aquecida no microndas, nem quando posso acessar um acervo incrível de obras raras à distância de um clique. Não choro se posso visitar museus on line, não choro quando vou de carro flex para o trabalho, nem quando o ar condicionado do trem está ligado quando o calor lá fora é imenso.
Enfim… difícil mesmo é não dar risada e agradecer como a vida é boa com tanta pesquisa científica de qualidade!
Pena, que – sem contrariar as estatísticas – nem toda produção é sensacional, e em algumas situações, os investimentos não dão retorno. Funciona mais ou menos como pagar salário para um jornalista, que, vez ou outra, escreve um besteirol em cadeia nacional.
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[UPDATE]
Leia mais sobre esse assunto no SBb:
Brontossauros em meu Jardim – Cara Ruth de Aquino,
100nexos – “Mas isso eu já sabia”
Rainha Vermelha – Ciência e o óbvio
Geófagos – É muito fácil ser um jornalista frívolo
n-Dimensional – Nunca é tarde para uma autocrítica
Ecce medicus – Conselho de Darwin para Ruth
Psicológico – Sobre pesquisa em psicologia
RNAm – Analisando a polêmica “palhaçada científica” de Ruth
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