Curva adiante

Estou há tempos pensando nos rumos desse blog.
Por um momento, pensei que o mais sábio seria dar uma grande pausa até que eu consiga retomar os estudos das políticas públicas e descobertas científicas na área de meio ambiente e mudanças climáticas – pausa esta que estou mesmo sendo ” deliciosamente forçada” a fazer. A consequência desse pensamento é o que temos visto nesse blog… um imenso vazio de posts.
Entretanto, minha pausa “deliciosamente forçada” não me fez deixar de pensar e considerar de maneira mais consciente minhas escolhas. De fato, essa pausa me fez mudar o olhar, mas não o método de olhar. Não sei se me faço clara. O fato é que estou pensando muito no meu consumo, nas minhas ações pessoais, enfim, mais em problemas práticos e do cotidiano de quem tem preocupações com o meio ambiente – e desse modo mudo um pouco o foco do olhar, já que políticas públicas e descobertas científicas ficaram de lado – mas não mudo o método, ou seja, ainda faço minhas análises críticas sobre qual o melhor para o planeta, sem que essa escolha seja economicamente ou socialmente inviável.
E a dúvida é: compartilhar ou não compartilhar essas novas ideias, mesmo que elas tenham um rumo diferente daquele que gosto de dar a esse blog. Se sim, mais posts com cara “pessoal” devem aparecer e menos, muito menos posts de ciências e política. Meu medo? Transformar o Rastro de Carbono num imenso blog pessoal e nunca mais retomar o caminho.
Então, de repente, considerei que não exatamente preciso mudar de caminho para continuar a escrever. Uma curva. Só farei uma curva. E voltarei a programação normal quando puder. Que tal?
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By Atelier Vanessa Maurer on Flickr

Alexandre Garcia, não me faça te pegar nojo!

TODOS os seres humanos da Terra são passíveis de erro. T-O-D-O-S. Isso faz parte da nossa humanidade. E eu acho essa uma das características mais lindas que podemos ter. A capacidade de errar e, de repente, reconhecer o erro, se desculpar, mudar de ideia, começar de novo.

Tem uma profissão que eu não gostaria de ter. Jornalista. Eu não ia me dar bem com a coisa. Não é do meu perfil. Jornalismo é uma profissão, pra mim, que exige uma dedicação maior do que 24 horas por dia, 7 dias da semana. O cara tem que estar absolutamente antenado com TUDO o que acontece no universo em volta dele. Quanto mais ele souber do que acontece, mais capacidade ele terá de conduzir bem uma entrevista, de expressar uma opinião, de moderar uma discussão, de escrever bem e claramente sobre um determinado assunto. E mais ele terá capacidade de formar opiniões nos ouvintes/leitores, mais ele terá capacidade de dar o tom certo a uma discussão, mais ele terá capacidade de fazer-nos mudar de ideia e, de repente, de nos direcionar para um ou outro lado – e essa última capacidade é, para mim, a mais poderosa do jornalista: poder ser tão coerente, tão coeso, tão bom argumentador de uma causa, que seja capaz de enrolar/ludibriar/convencer qualquer cidadão do mundo sobre praticamente qualquer coisa.

Pois bem. Jornalista é ser humano – até que se prove o contrário. E, como ser humano, jornalista é passível de erro.

Hoje ouvi a opinião de um jornalista daqueles das antigas, que tem voz, respeitados em seu meio e fora dele, sobre saúde. Sinceramente… Alexandre Garcia pôs-se a falar de um assunto que, claramente, não é a praia dele. Ouçam e tirem suas conclusões:

E, não deixe de observar as notas do Ministério da Saúde sobre o caso

Alexandre Garcia… não sou índia, mas melhor que fosse. E, respeito à diferença e ao livre arbítrio são valores que nós, brasileiros, não gostaríamos de perder. O direito que nós mulheres conquistamos de ter filhos e nossa pátria Brasil respeita tanto passa muito além dos argumentos contra a prática ou a escolha do parto que você mencionou. E, sinto muito que para você, um HIV positivo tenha menos direito do que HIVs negativos. E sinto muito também que saiba tão pouco sobre parto humanizado.

Achei que uma gafe tipo Boris Casoy fosse demorar mais pra acontecer…

Garis! Se vocês, do alto de suas vassouras e dificuldades tem tanta pureza em desejar felicidades para o mundo, quem não terá?

Mas… Boris Casoy e Alexandre Garcia são seres humanos. E como seres humano são passíveis de erro. E também são capazes de mudar de ideia, pedir desculpas e começar de novo.

Um planeta sustentável começa com práticas pessoais sustentáveis. E sustentabilidade significa respeito ao meio ambiente, respeito as possibilidades econômicas e respeito às pessoas.

Você vende carbono, mas eu posso não querer comprar.

Ah… as relações de compra e venda…

Vai lá o cidadão, trabalha, se esforça, bota um produto no mercado e nada de alguém querer comprar. Sei lá, pode ser o preço, pode ser a qualidade, pode ser que ele seja feio e de mau gosto e só você não notou, pode ser só que a hora de vender não era adequada pro produto (tipo tentar vender bronzeador em dia de chuva, sabe?)… Mas a verdade cruel é que pode ser que ninguém esteja interessado naquele momento.

Isso aconteceu ontem.

A BM&F (Bolsa de Valores Mercadorias e Futuros) realizou ontem, dia 8 de abril de 2010, o primeiro leilão de créditos de carbono voltados ao mercado voluntário (os outros dois leilões organizados pela BM&F foram do Aterro Bandeirantes e do Aterro São João, ambos do mercado regulado e ambos foram arrematados). 

Foram postas para leilão 180.000 unidades de redução de emissão verificadas de gases do efeito estufa, divididos em três lotes de 60.000 unidades cada. Uma unidade de redução vale 1.000 toneladas de carbono equivalente (Ceq), e tinham como preços iniciais de R$ 10,00 a R$ 12,00 a unidade, variando conforme o período em que foram gerados os créditos. Ou seja, para um lote de 180.000 mil unidades, esperava-se um faturamento mínimo de 1,8 milhões de reais.

Resumindo:

1 unidade = 1000 toneladas de Ceq = R$ 10,00 (no mínimo)

180.000 unidades = 1,8 x 10ˆ8 toneladas em Ceq = R$ 1,8 milhões (no mínimo)

Mas…

Nada foi arrematado.

Os créditos (validados pela UNFCCC) eram de titularidade e administrados pela Carbono Social Serviços Ambientais e referiam-se a redução de emissões gerados a partir da troca de combustíveis fósseis por biomassa renovável (bagaço de cana-de-açúcar, caroço de açaí, casca de arroz, entre outras) em fábricas de porcelana localizados em São Paulo (Panorama, Paulicéia), Pará (São Miguel do Guamá), Pernambuco (Lajeado, Paudalho), Sergipe (Itabaiana), Minas Gerais (Ituiutaba) e Rio de Janeiro (Itaboraí).

Isso me lembrou muitíssimo a reunião de ontem na FIESP, onde se propôs a constituição de uma comissão para definir normas para um mercado de carbono tupiniquim. Saiba aqui.

Olha o carbono fresquinho! Um real a dúzia! Quem vai querer? (hein?)

Foi-se o tempo em que as relações comerciais se baseavam em trocas de mercadorias simples como alimentos, roupas, matérias-primas por dinheiro ou por outro produto. Chegamos ao tempo da compra e venda de gases do efeito estufa! É, meu amigo… de gases!

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Vitral no mercado municipal de São Paulo.

Não, não, não… não pense você, pobre mortal, que poderá sair por aí vendendo e comprando os gases do efeito estufa que suas ações pessoais deixaram de emitir. Isso é para os grandes. Isso é para TONELADAS de carbono equivalente. Mas também não pense que você não é um “player” (como gostam de dizer por aí) nesse jogo de especulações.


Como funciona?

Funciona assim: uma empresa que quer entrar para os “negócios do carbono” entra em contato com uma outra empresa especializada em fazer inventários das emissões de gases do efeito estufa. A partir desses inventários, obviamente baseados numas poucas metodologias de cálculos de emissões existentes, normatizadas e aprovadas (GHG Protocol, ISO 14064), é traçado um plano para redução de emissões. Uma auditoria é realizada para checar se a redução foi mesmo realizada e aí, essas toneladas de carbono que deixaram de ser emitadas podem ser VENDIDAS (!!!!) para outra empresa que não conseguiu reduzir emissões, de modo a “neutralizá-las” [opiniões aqui e aqui]. Isso vale e interessa principalmente para as empresas situadas naqueles países chamados pela UNFCCC de países do anexo I que têm metas de redução de emissões (previstas pelo Protocolo de Kyoto).

O Brasil não tem metas de redução estabelecidos pelo Protocolo de Kyoto porque não é do grupo dos países do anexo I. Entretanto, é o país que ocupa o quinto lugar no ranking dos países mais emissores de gases do efeito estufa do planeta – principalmente derivados de desmatamento. Essa colocação entre os TOP 5 nos permite sonhar com reduções de emissão – e também nos permite sonhar com um lugar no ranking bem melhor do que esse. E, porque vamos reduzir, por que não almejar VENDER esse “extra” pra quem não consegue fazer suas próprias reduções?

Vender e comprar carbono. Como faz?

Exitem dois mercados especializados na comercialização de carbono. Um deles, chamado mercado regulado, é organizado por entidades com poder legislativo. Por esse mercado, passou, por exemplo, a transação comercial que envolveu a venda de carbono equivalente do aterro sanitário Bandeirantes, em Perus, São Paulo. Outro mercado é o chamado mercado voluntário, que é auto-regulado e tem como um dos principais representantes da atualidade o CCX, de Chicago.

E o Brasil?

O Brasil nesse contexto é:

1. Um país potencialmente redutor de gases do efeito estufa.

2. Um país que quer e pode LUCRAR com suas reduções de gases do efeito estufa e, mesmo não tendo metas de redução estabelecidas pelo Protocolo de Kyoto tem muito a ganhar ($$$$$) fazendo isso.

3. Um país que não tem (ainda) um mercado voluntário próprio e tem que se submeter à normas de mercados internacionais (como as do CCX). 

Então… já que temos o queijo na mão, falta a faca. Certo? Errado. Faltava.

FIESP e ABNT entram no jogo para ganhar

Ontem, na FIESP, estavam reunidos interessados em iniciar uma comissão que terá a tarefa de “estabelecer as diretrizes orientativas do mercado  voluntário interno de carbono, não necessariamente codificadas pelo Protocolo de Kyoto”, ou seja, uma comissão que, junto com a ABNT, deverá elaborar uma norma para o mercado voluntário de carbono brasileiro.

Essa norma deve prever APENAS regulamentações para que possa ser possível comercializar carbono equivalente dentro do país e deverá responder algumas perguntas como “Quem registra uma transação?”, “Quem tem a custódia?”, “Qual será a mecânica da transação?”, “Onde se fará a compra e a venda?”, etc, etc, etc – tudo relativo a MERCADO. Portanto, se alguma empresa resolver negociar “carbonos frios” esse problema será única e exclusivamente das empresas compradora e vendedora, não sendo do escopo dessa norma gerir maus usos do MERCADO. 

Dessa forma, os responsáveis pela transmissão da credibilidade e da qualidade do produto que está sendo vendido (gases…) não são os responsáveis pelas normas de mercado. Por isso eu digo sempre: se alguém quer mudar a forma com que estamos manejando o nosso planeta, esse alguém somos nós, consumidores atentos e absolutamente fortes para mudar nossos hábitos de consumo e os investidores, que querem nos convencer de comprar os produtos deles, então, vão fazer das tripas um coração para se adequar as nossas exigências.

A comissão para elaboração da norma foi formada ontem, em reunião que presenciei e óbvio, me voluntariei, e, muito em breve, deverá iniciar os trabalhos para a confecção da norma propriamente dita. É bom ficar de olho nisso pois a aprovação pública de uma norma é item obrigatório para que ela seja homologada. Não só isso, normas como essa são subsídios para legislações e para certificações futuras. É bom ficar atento agora, porque será quase impossível correr atrás de algum prejuízo depois.

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Saiba mais:

FIESP

Estadão

Agenda: Workshop “Economia do clima”

Acontece dia 17/03/2010, das 9:30 ao 12:15hs, no Instituto de Estudos Avançados/USP, o Workshop “Economia do clima” (não se espante se não encontrar nada no site).
Eu iria, se não fosse no meio da semana, no meio do horário comercial, ver, principalmente, como é que os especialistas da Faculdade de Economia, Administração e Contablidade (FEA/USP), pretendem “precificar o clima” ou “precificar danos climáticos” ou ainda “precificar ações de adaptação/mitigação”.
+ Será por grau Celsius acumulado/ano?
+ Será por hectare devastado? Ou por plantações dizimadas?
+ Será por milhões de migrantes/ano? Dólares investidos em ações de sustentablidade/ano?
Fiquei curiosa.
Entre os especialistas, José Goldemberg (IEE/USP) falará sobre os “Desafios e oportunidades para pesquisa em mudanças do clima no Brasil”, Eduardo Haddad (FEA/USP) falará sobre “Economia das mudanças climáticas no Brasil” e Carlos Roberto Azzoni (FEA/USP) sobre “A FEA e a economia do clima”. Além deles, presenças confirmadas de José Marengo (INPE e INCT-MCT), Vera Lucia Imperatriz Fonseca (IEA), Paulo Artaxo (IF-USP) e Jacques Marcovitch (FEA e IRI/USP).
OBJETIVO DO ENCONTRO:
+ fortalecer a estrutura da sub-rede “Economia das Mudanças Climáticas”, coordenada pela FEA-USP, por meio da integração de pesquisadores e seus resultados, da discussão de oportunidade de pesquisas e do encaminhamento para pesquisas e ações futuras.
LOCAL:
+ O IEA fica na Rua da Reitoria (antiga Travessa J) 374, Cidade Universitária, São Paulo, SP
INSCRIÇÕES:
Os interessados devem se inscrever em www.iea.usp.br/inscricao/form1.html.
PÚBLICO ALVO:
Estudantes de pós-graduação
TRANSMISSÃO:
Ao vivo pela web em www.iea.usp.br/aovivo.
[Vou tentar essa daqui!]
PROGRAMA COMPLETO:
9h30-10h – Recepção
10h-10h10 – Abertura
Carlos Roberto Azzoni (diretor da FEA-USP)
César Ades (diretor do IEA-USP)
10h10-10h30 – Desafios e Oportunidades para a Pesquisa em Mudanças do Clima no Brasil
Jose Goldemberg (IEE)
10h30-11h – O INCT para Mudanças Climáticas
José Marengo (INPE e INCT-MCT)
11h-11h15 – Economia das Mudanças Climáticas no Brasil
Eduardo Haddad (FEA-USP)
11h15-11h25 – Projeto FAPESP Impactos Socioeconômicos de Mudanças Climáticas no Brasil
Ricardo Abramovay (FEA-USP)
11h25-11h35 – A FEA e a Economia do Clima
Carlos Roberto Azzoni (FEA-USP)
11h35-11h45 – O IEA e os Estudos de Serviços de Ecossistemas
Vera Lucia Imperatriz Fonseca (IEA)
11h45-11h55 – Monitoramento da Concentração dos Gases de Efeito Estufa na Atmosfera
Paulo Artaxo (IF-USP)
11h55-12h15 – Políticas Públicas sobre Mudança do Clima e Relações Internacionais
Jacques Marcovitch (FEA e IRI-USP)

Podar é preciso. Esconder não é preciso.

Hoje, dia Internacional da Mulher, 8 de março de 2010, descobri que um comentário meu foi apagado do blog A Vida como a vida quer, no post #oquevcfaria se pudesse reclamar da falta de verde na sua região?. Deixei um comentário contrário, hoje voltei lá pra saber se tinha provocado alguma reação, e tinha! Meu comentário foi deletado.

Me surpreende um blog de uma mulher, jornalista, mãe, bastante conhecido e bem frequentado, esconder um comentário contrariando sua opinião. Afinal, na minha cabeça de blogueira, bióloga e mulher, blogs são locais de interação, não só quando essa interação concorda com o autor, mas também quando discorda – Claro!!!!! Há limites. Sem argumentos ou com xingamentos a qualquer pessoa – a mim ou a qualquer um dos meus comentaristas ou criticados – também não entra… mas argumentado? Fiquei pasma. Será que é porque tratava-se de um publieditorial?

Não tem problema. A internet é um local livre. Então, vou reformular e reescrever meu comentário aqui!

Meu comentário todo baseou-se nesse ponto do post:

“Lembrei desta história ontem porque o edifício que fica do outro lado da rua chamou a prefeitura para podar as árvores. Ao ver o caminhão, já me alertei. E exatamente neste momento, vejam que feliz coincidência, recebi um release contando da ação da XYZ para reflorestar milhares de árvores.”

O que incomodou foi que podar árvores parece ser igual a desmatar. E não, jovem padawan, não é. No post original também há um vídeo com a autora inconformadíssima que a prefeitura estava podando uma árvore e cortando uma árvore pequena. 

Oh céus. Vamos falar sobre poda.
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Podar árvores é fundamental. Tão fundamental quanto à arborização das cidades. O verde em grandes cidades como São Paulo, diminuem a poluição sonora e atmosférica, controlam a temperatura, atraem aves, insetos polinizadores, e trazem harmonia e qualidade de vida.
Entretanto, dependendo das espécies de árvores escolhidas e onde elas são plantadas, árvores podem trazem problemas. 
Considerando a parte aérea, pode haver prejuízo na fiação de rede de energia elétrica e telefonia e entupimento de bueiros (principalmente no outono se essas árvores perdem as folhas). Considerando as raízes, pode haver prejuízo no asfalto e calçadas e danos em encanamentos. Considerando manutenção, a árvore pode envelhecer e apodrecer, pode estar oca por conta do ataque de cupins e formigas. Por essas e outras, podar e fazer a manutenção das árvores é fundamental. Fazer o planejamento de que árvores vão crescer e que outras devem ser podadas no início da vida, também. Podar árvores necessita de treinamento e técnica e não é qualquer cidadão que pode fazer esse serviço.
Podar árvores pode ser bastante perigoso, principalmente se redes de alta tensão estiverem por perto. Também deve-se estar preparado para prever onde o galho vai cair. E para onde levá-lo depois da poda.
Em relação à retenção de gases do efeito estufa, todos sabemos que o gás carbônico é utilizado pelas plantas para fazer fotossíntese. Em última análise, para produzir a energia necessária para a planta sobreviver e para crescer – produzir novos galhos, novas folhas, crescer em diâmetro. Quando uma árvore pára de crescer, a quantidade de gás carbônico retida pela planta é menor do que quando ela está em crescimento. Desse modo, a poda é importante para manter a planta absorvendo gás carbônico e retendo carbono (óbvio, há de se saber o que foi feito com os galhos cortados: se eles não foram aproveitados, ou foram queimados, por exemplo, o carbono volta para a atmosfera).
Em resumo: adoro quando blogs falam sobre meio ambiente e biologia. Mas a informação tem que ser correta – e se não for, tem que aceitar ser corrigida. Senão vira desinformação. 
E poda é bom, sim. E poda não é desmatamento, caro Watson.
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Atenção: Fiscalizar como as prefeituras regularizam e fornecem licença para empresas especializadas fazerem as podas é questão de cidadania. O que é feito do lixo orgânico e se as técnicas utilizadas estão corretas deve ser conhecido. Fiscalize sua prefeitura e as empresas que prestam serviço. Acha que a poda é ilegal? Pergunte para o prestador de serviço e confirme na prefeitura. Para se fazer podas é necessário ter licença e ser especializado. Se seu vizinho está podando, ou se você está assistindo uma poda ilegal, denuncie.

Vermicomposteira gringa

Minha vermicomposteira (mais aqui) vai bem, obrigada. Produz uma quantidade de chorume muito maior do que minhas plantas são capazes de consumir, processa todo o meu lixo orgânico (com raras exceções como carnes, gorduras e frutas cítricas ou vegetais fedorentos), é pequena, não cheira nem fede e as minhocas estão crescendo como nunca.

Hoje vi o design de uma vermicomposteira gringa. Pra minha necessidade pessoal não serve. É grande. E o espaço que tenho para uma vermicomposteira não toma muito sol, o que acabaria com a ideia toda do produto que é ser um “jardim de ervas vertical”. As ervas não cresceriam jamais nesse espaço. Entretanto, achei o design interessante deveras. Só não gostei da cor. Branco não combina com terra, minhocas ou chorume. Olhem que bonitinha:

vertical_garden.jpg

A ideia toda é simples: três prateleiras, com três “vasos”. Os “vasos” podem ser retirados da prateleira, e neles se vê um buraco por onde passa líquido (que, no caso, é o chorume). Como o chorume é rico em sais minerais e água, taí o meio perfeito para regar e nutrir as plantas de uma só vez. O processo todo pode ser visto no esquema abaixo, dividido em 6 partes e livremente traduzidos do site oficial por mim.

1. Os restos orgânicos são colocados na vermicomposteira (a tradução bonitinha é “fazenda de minhocas”).

2. O processamento do alimento pelas minhocas produz o chorume, que, pela ação da gravidade, acumula-se na parte inferior da vermicomposteira. Mais chorume poderá ser recolhido quanto mais água se adicionar à vermicomposteira.

3. Acionando-se a bomba com o auxílio dos pés, o chorume é levado pra o reservatório em cima dos “vasos”.

4 e 5. Do reservatório, o chorume vai escoando lentamente através dos vasos, fazendo a irrigação e a fertilização da terra dos vasos (que tem um buraco em cima e outro embaixo).

6. O excesso de chorume é recolhido na parte inferior da prateleira que tem comunicação com a vermicomposteira e então, pode ser novamente bombeado para a parte superior do sistema.

Bacana, né?

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Fontes:

Blisstree.com
Xavier Calluaud

Yes, we can! (or not)

Esse, foi o Obama que convenceu milhões de norte americanos, convenceu líderes e povos do mundo, convenceu o comitê do Prêmio Nobel [Yes, we can!]

E esse foi o Obama que falou na COP-15 hoje de manhã:

Muitos comentários negativos ao discurso “sem sal” do Presidente Barack Obama surgiram no Twitter. Entretanto, o discurso segue a proposta para política externa norte-americana.
Pessoalmente, fiquei decepcionada. Esperava um discurso mais acalourado acalorado (tks Takata!), que levasse a galera ao delírio! Um discurso Yes, we can! Um discurso Let’s do it! Mas não… um discurso com as propostas já levadas anteriormente, um discurso que não empolgou outros chefes de Estado, delegações ou imprensa americana (que até onde fontes in loco informam, vaiaram o cara). Pra não perder as esperanças, espero que, mesmo não tendo empolgado, o discurso baste. Último dia de COP. Vamos ver o que vai acontecer agora.

O que o Diogo Mainardi sabe sobre o clima?

Veja Mainardi.png

E hoje, o Diogo Mainardi descobriu que ser cético do clima dá IBOPE. E publicou um texto ruim. R-U-I-M. Fato: prestou um deserviço à divulgação de ciências de qualidade, usou entrelinhas para desrespeitar cientistas, principalmente meteorologistas, e, de quebra assumiu que não sabe nada sobre um assunto – o que é uma novidade pra mim pois não é todo dia que se vê um jornalista renomado admitir ignoráncia sobre um tema. 

 
Claro que ele não afirmou: sou ignorante sobre esse tema. Não! Longe disso! Mas, num texto de pouco menos de 3.000 caracteres (incluindo espaços) o jornalista conseguiu juntar apenas 8 coisas que remetem sobre o grande tema “aquecimento global”. 
O que o Diogo Mainardi sabe sobre o clima? Aqui vai um resumo: 
1. “que é um assunto pra lá de aborrecido” 
2. “que meteorologistas do mundo inteiro reuniram-se em Copenhague” 
3. “que se continuarmos a emitir CO2, a temperatua da Terra aumentará sem parar” 
4. “que meteorologistas de O Globo calcularam a temperatua mínima do Rio de Janeiro, ontem chegaria a 22 graus”, mas “na realidade, ela foi 20,6 graus” e que, se eles erram de um dia pro outro, que dirá em uma centena de anos? 
5. “que o alarme dos meteorologistas sobre aquecimento global se baseia em um gráfico com forma de taco de hóquei” 
6. que um meteorologista “analisou doze troncos de pinheiros siberianos” e chegou ao gráfico em forma de taco e que professores do mesmo instituto foram “flagrados manipulando alguns desses dados” 
7. “que há mais gelo do que em 2006” na calota polar ártica 
8. “que leitores foram amedrontados pela imagem de um urso polar canibal” 
9. “que no segundo turno, de acordo com a última pesquisa eleitoral do IBOPE” […] “Dilma Rousseff continua a derreter”. 
Trechos entre aspas retirados de: Eu e o urso canibal
Fato que eu poderia ficar aqui tentando desmentir cada uma dessas afirmações – ou nem isso… poderia apenas cobrar referências bibliográficas para cada uma dessas afirmações que não linkam para nada, menos ainda artigos científicos (de cientistas céticos ou não) – com exceção da última, já que eu não costumo me meter em assuntos que eu não domino – mas não vou. Conheço meus leitores e sei que os comentários serão ricos. 
Escrevo esse post para parabenizar Diogo Mainardi pela corajosa atitude de assumir que sabe oito coisas sobre “mudanças climáticas”. 
Eu também sugeriria alguma bibliografia para que se conheça quem são os ganhadores do Prêmio Nobel da Paz de 2007, quem são as pessoas reunidas em Copenhague e para diferenciar meteorologistas de climatologistas – além claro, de uma bibliografia extensa, rica em pesquisas, discordâncias e concordâncias sobre um modelo matemático complexo que levou a um gráfico “com forma de taco de hóquei” porém essas respostas são facilmente encontradas quando se navega em google.com.
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Também publicaram sobre esse assunto: (Você também publicou? Mande-me o link!)

Papertoy da COP15

Sabadão de preguiça pra mim.
Então, nada melhor do que um papertoy, tipo tubo, que não dá trabalho (preguiça, lembre-se dela).
Tá aqui no souzacampus.com! Eu adorei, principalmente a referência da COP-15. Espero mesmo que venha um presente de lá para nós!