Acerte seu relógio

Rapidinho!
Eu poderia deixar isso passar nem com a moléstia dos cachorros doidos!
Sincronize o seu temporímetro com a hora oficial do Brasil dada pelo relógio de césio do Observatório Nacional.
Mais oficial que isso só se dessem uma patente de Brigadeiro-Almirante General de 10º Dan para o relógio.
Obrigado Isis pela dica!

Bebo não, como com farinha

Para se medir a quantidade de álcool em uma bebida, usa-se uma medida chamada gravidade específica e um processo onde pesos diferentes são colocados dentro de amostras do líquido a ser medido (antigamente, nas bombas de álcool em postos de combustível era possível ver um pesinho flutuando dentro de um vidro cheio de etanol vindo direto do reservatório; caso o peso flutuasse demais, indicaria que o álcool estava muito aguado).
Gravidade Específica é apenas outro nome para Densidade. Na verdade, o certo seria densidade relativa, pois é geralmente medida em relação a outra coisa.
Densidade é a relação entre massa e volume, de modo que quanto mais de uma coisa couber dentro de um certo volume, maior será a densidade do corpo.
Por exemplo: um copo cheio de areia solta é menos denso que o mesmo copo (volume fixo) cheio de areia compactada. A massa de areia aumenta mas o volume do copo permanece o mesmo.
Dá para entender?
Um quilo de algodão pesa o mesmo que um quilo de chumbo, mas o volume do metal é bem menor porque a densidade é bem maior (cabe mais num lugar menor).
Neste momento, é comum surgir a pergunta “então, qualé o mais denso, mercúrio ou chumbo?”.
Em temperatura ambiente (31° em Natal), mercúrio é um líquido e chumbo é um solido. Quem já manuseou um dos dois ou ambos, sabe que eles parecem ser bastante pesados, devido a alta densidade deles.
Este vídeo apresenta também o tungstênio, metal com o maior ponto de liquefação (e segundo maior de todos os elementos, depois apenas do carbono) que é usado em filamentos de lâmpadas e que também é deveras compactado:
[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=Rgf3Cvq47wU]
O prato está cheio de mercúrio, a rodelinha é de chumbo e o palito é de tungstênio.
Notem que o formato não importa, um palito de dentes flutua na água tanto quanto uma folha de compensado, desde que a madeira seja menos densa que a água.
Água salgada é mais densa que água “doce” (que não é propriamente doce, apenas é não-salgada).
O Mar Morto, além de gelado, é muito salgado. A concentração de sólidos solúveis nele é tão alta (quase nove vezes mais salgado que o mar) que um corpo humano não consegue afundar ali (isso não é o mesmo que dizer que não há afogamentos, pois basta estar boiando com a face pro lado errado).
[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=PRT6bk3iSSU]
Outra do Mar Morto (o nome se dá a falta de organismos vivos visíveis devido a alta salinidade); suas margens são o ponto de terra firme mais baixo da Terra.
Densidade também influi em transmissão sonora.
O som se propaga em ondas, através das moléculas das coisas. Quanto mais perto essas moléculas estiverem umas das outras, mas rápida será a propagação.
Quanto mais perto as moléculas, maior a densidade do material ou do meio.
O som anda mais ligeiro na água que no ar, e mais rápido ainda em sólidos (apesar de se deslocar menos, pois perde energia mais rápido).
Agora, umas charadinhas de leve, pro meio da semana não passar batido:
Uma de densidade:
Você está em pé dentro de um barco, que flutua livremente, sem contato com o chão, em uma pequena lagoa, enquanto segura uma bala de canhão de chumbo.
O nível de água da lagoa, que suporta o barco, você e a bola metálica, é estável e está marcado.
Se a bala for solta e afundar, sendo completamente coberta, até tocar o piso do charco, quem não é deformável (menos como lama e mais como cimento), o que acontecerá com o nível da água (depois de atingir novamente o equilíbrio)? Aumentará, diminuirá, continuará o mesmo ou é impossível prever?
E mais uma de pensamento lateral:
Você está em um quarto com três interruptores. Este quarto é totalmente isolado visualmente de outro, onde há uma lâmpada incandescente. A passagem de um para o outro é rápida e fácil, através de uma porta.
Apenas um dos interruptores do quarto onde você se encontra acende aquela lâmpada.
Podendo mudar a posição das chaves apenas três vezes no total e mudando de aposentos apenas uma vez, como saber qual delas acende a lâmpada?
Quem chegou até aqui ainda lembrando que eu comecei falando de álcool?
Se fosse um filme, seria a hora ideal de trazer de volta o herói coadjuvante que foi deixado propositalmente no esquecimento cinco cenas atrás, para ajudar o herói principal a salvar o dia na última cena.
Eu deveria escrever roteiros…
P.S. ontem, antes de sair para a fisioterapia, eu li um artigo com duas ocorrências de p.s. onde o segundo não era p.s.2, mas p.p.s.
Legal, acho que aprendi uma coisa nova.

Resumo 1.3.1b

Segunda coletânea, para os novatos e visitantes esporádicos.
A primeira está aqui.
Se se interessar, clique nas palavras sublinhadas.
Iniciando os trabalhos de hoje, algo um pouco diferente. Uma música minha (cliquem no grande botão azul onde está escrito Download Now e depois de uma contagem regressiva, em Click here to download this file).
Um artigo muito importante e tão antigo que ficou de fora do primeiro apanhado, sobre como alguns números são grandes demais para a nossa compreensão imediata. Um bilhão em números.
Quem não gosta de sangue, não clique aqui (“aqui” que eu digo é num vídeo que tem lá, o resto é bastante inócuo para hemofóbicos). Uma rápida explicação sobre sangue e uma nesga de utilidade pública.
Uma dupla de artigos escrito por uma dupla de chatos, mas que devem ser lidos, porque importam (somos chatos, mas somos pertinentes). Células-Tronco e a polêmica legal em torno delas.
Mais nomes grandes (e coincidências maiores ainda). Coincidências existem.
Truques para a vida (ou quase, deu preguiça no dia). O Método Científico.
Tudo sobre Luz (e como usar um rádio para esquentar seu telescópio). Espectro Eletromagnético em duas partes.
Visitantes espaciais (e como conversar com eles). Alienígenas e ceticismo.
Descubra como acertar seu relógio biológico dançando (ou quase isso). Noel Rosa, alguém?
Uma orgia (visual). Vários experimentos legais e interessantes.
Finalizando por hoje, novamente (quero que todo mundo no mundo leia), uma estorinha não-científica sobre um ladrãozinho com ilusões de grandeza. E depois leiam isto.
Para os que ainda não sabem, cada linha sublinhada dessas aí em cima é clicável, com uma ligação que leva para outra página, com o artigo indicado.
Não desistam de mim tão fácil, eu faço valer a pena mais tarde.
Até a próxima!
=¦¤þ

Este blogue contém 0% de gordura trans / Legislação sobre propaganda de medicamentos é revisada

Hoje eu acordei virado no traque e resolvi saquear a blogosfera atrás de algo bom que outrem já houvesse escrito, me poupando trabalho.
Primeiro, vou roubar só um pedaço do interessantíssimo artigo do Rafael, do RNAm:

Esta pergunta é do FAQ da ANVISA:

Pode ser utilizado o claim (alegação) “livre de gorduras trans” nos rótulos dos alimentos?
Sim, desde que o alimento pronto para consumo atenda às seguintes condições: – máximo de 0,2g de gorduras trans por porção; e – máximo de 2g de gorduras saturadas por porção. Os termos permitidos para fazer este claim são: “não contém…”, “livre…”, “zero…”, “sem…”, “isento de…” ou outros termos permitidos para o atributo “Não contém” da Portaria SVS nº 27/98. Não podem ser utilizados outros atributos para gordura trans.

Hum, ok. Então se o produto tiver menos de 0,2g por porção posso pôr “0% Trans” na embalagem. E quem define quanto é uma porção? A ANVISA de novo, menos para os produtos de “consumo ocasional”, como sorvetes, balas pirulitos, e imagino que salgadinhos e bolachas também entrem nessa categoria. Portanto, quem produz esse tipo de alimento é quem decide quanto é uma porção.

O resto vocês podem ler por lá (e eu recomendo que o façam).
Depois, o muciço de outro ótimo artigo, escrito pela Isis:

Uma das modificações previstas no novo texto é em relação à propaganda de medicamentos isentos de prescrição. A proposta prevê diferentes advertências, específicas para os princípios ativos mais utilizados nesses medicamentos. Um exemplo é a cânfora, cuja proposta de advertência é “não use em crianças menores de dois anos de idade”.
Outra novidade é que nas propagandas veiculadas pela televisão o próprio ator que protagonizar o comercial terá que verbalizar a advertência. No rádio a tarefa caberá ao locutor. Para o caso de propaganda impressa, a frase de advertência não poderá ter tamanho inferior a 20% do maior corpo de letra utilizado no anúncio. Para medicamentos com venda sob prescrição, o fabricante terá que colocar pelo menos uma contra-indicação e uma interação medicamentosa mais freqüentes.

A entrada na íntegra esta aqui (e estão todos intimados a ler, caso queiram aprender alguma coisa útil esta semana).

Estragando piadas

“A maneira mais rápida de sugar toda a graça de uma piada é examiná-la e tentar entender porque ela tem graça.”
-Richard Wiseman, durante sua busca pela piada mais engraçada do mundo-
1 – Por que baixamos o som no carro quando estamos procurando um endereço na rua?
Apesar dos sentidos da audição e da visão estarem separados, ambos estão sendo processador pelo mesmo cérebro e dividindo a atenção mental, que não está tão bem separada.
Equivalente – fechar os olhos para tentar lembrar uma palavra.
2 – Quem colocou a placa “não pise na grama”?
Alguém que entende o conceito de “fadiga de material” e sabe que compensa pisar uma só vez no gramado (causando danos mínimos ou inexistentes) para tentar evitar que várias pessoas façam o mesmo (causando danos severos através de repetição).
Equivalente – erosão causada pelas ondas em rochas à beira-mar ao longo dos anos.
3 – Por que as pessoas vasculham a casa toda procurando pelo controle remoto da TV só para não terem que se levantar para trocar de canal?
O primeiro motivo seria recuperar um bem perdido. O controle é uma posse material e ninguém gosta de perder suas coisas. Segundo, começa-se a procurar o controle na expectativa de que a busca dure alguns segundos, mas quanto mais tempo passamos procurando, mais estamos investidos na busca e mais difícil se torna parar a busca. Uma terceira razão, mas talvez a mais importante, é que, assim que acharmos o controle, não precisaremos mais nos levantar para acionar as funções da TV. Comparativamente, uma hora de esforço durante o escrutínio se torna desprezível ao lado de centenas de horas de cômoda espectação sedentária e confortável.
Equivalente – ligar de casa para o próprio celular perdido para achá-lo e fazer uma ligação.
4 – Por que em filmes de batalhas espaciais as explosões são tão barulhentas se o som não se propaga no vácuo?
Isso é um artifício chamado hiper-realismo (ou hiperrealismo, na nova língua), usado em filmes para aumentar o impacto das cenas, utilizando um processo chamado foley, que consiste em “dublar” todos os sons de todas as cenas, se valendo de sons já armazenados em bibliotecas específicas ou alguns gravados especialmente para aquilo. Todos os filmes (raríssimas exceções se aplicam) têm uma trilha sonora contínua, seja diálogo, musica ou efeitos sonoros, sem um segundo sequer de silêncio. Por mais silenciosa que pareça uma cena, sempre há o som de respiração, uma nota se estendendo até acabar, um carro passando ao longe, páginas sendo viradas, etc. Em filme, até o tragar de um cigarro é audível.
E mais, filmes que tratam de naves espaciais e guerras interplanetárias geralmente sustentam um nível de ficção altíssimo.
Nenhum som em um filme (quanto mais recente, mais verdadeira é a afirmação) é real, produzido “in loco” pelo que está sendo mostrado e qualquer informação recebida através de uma tela deve ser duvidada.
Equivalente – sons de socos no estômago que soam como pauladas em sacos de areia e armas de fogo que sempre que são movidas soam como se tivessem folgadas.
5 – Por que os pilotos Kamikazes usavam capacete?
Para evitar que uma pancada na cabeça durante o caminho até o alvo os impossibilitasse de completar a missão.
Equivalente – os capacetes usados pelos pedreiros que trabalham na construção do pavimento mais elevado de um edifício, que são usados não em caso de queda, mas para proteger contra uma ferramenta mal manuseada.
6 – Por que quando se liga pra um número errado, nunca dá ocupado?
Porque quando ligamos e está ocupado, não sabemos que o número estava errado.
Equivalente – a frase “sempre sei quando alguém usa peruca (ou silicone)”. Se o chinó (ou implante) for bem feito e discreto, é impossível registrar.
7 – Por que as luas dos outros planetas têm nome, mas a nossa não?
Em primeiro lugar, o que é comumente chamado de lua é oficialmente denominado satélite natural. O nosso satélite natural tem um nome, ele se chama Lua (com letra maiúscula). E, finalmente, a resposta mais óbvia de que a nossa Lua foi a primeira a ser observada e nomeada.
Equivalente – chamar lâminas de barbear de gilete e esponjas de aço de bombril.
8 – Por que quando não há um teclado instalado no computador, surge a frase “pressione qualquer tecla para continuar”?
Porque o ato de pressionar qualquer tecla que seja implica em um teclado haver sido instalado e o problema inicial resolvido.
Equivalente – empresas ou indivíduos que propagandeiam serviços de conserto de telefones utilizando-se de um número de telefone (que é a maneira mais prática de se contactar um prestador de serviço), esperando que o contratante use um outro aparelho (no trabalho, na casa do vizinho, ou um telefone público), que não o defeituoso para chamá-los.
9 – Se depois do banho estamos limpos, por que então lavamos a toalha?
Porque as toalhas ficam molhadas e tecidos úmidos são ótimos criadores de bactérias, inclusive algumas que produzem odores desagradáveis e outras que irritam a pele e podem causar dermatites, que é o principal motivo de nos enxugarmos em primeiro lugar.
Equivalente – lavar a pia após lavar a louça para tirar a gordura depositada nela e que só é extraída por meios mecânicos (o ato de esfregar) e não somente químicos (o sabão que caiu ali, já saturado de óleo).
10 – Quando alguém perde algo, por que algumas pessoas perguntam onde o objeto foi perdido?
Porque isso ajuda a reduzir o campo de busca. Por exemplo, se o sujeito se deu conta dentro do carro, a caminho do serviço, de que perdeu o celular, a procura já não se dará no local de trabalho. E, algumas vezes, sabe-se especificamente onde tal coisa foi deixada (entrou no carro com o telefone, saiu sem ele). A pergunta é às vezes mal feita, mas o sentido (quando a pessoa percebeu que o item tinha desaparecido) é normalmente entendido.
Equivalente – perguntar que gosto uma comida estranha tem, pois é absolutamente possível descrever um sabor incomum usando características de outros já conhecidos (novamente, uma pergunta mal estruturada, pois deseja-se saber com qual outra comida conhecida aquela diferente se parece).
Disponham.

Resumo 1.0

Vou começar a colocar links pras coisas antigas e mais interessantes (quem escolhe se é interessante ou não sou eu, mas quase tudo aqui foi escrito por mim de todo jeito), para ninguém ter que ir lendo um por um (apesar de eu achar que devem).
Este é um dos mais antigos e nem é sobre ciência, mas eu quero que todo mundo do mundo leia a estória. E depois leiam isto. É sobre um ladrãozinho metido a besta que ronda por aqui.
A cura rápida e certeira para suas ressacas (eu não vendo nada por aqui, mas ao vivo podemos conversar).
Escreva (e depois apague). Tudo sobre lápis(s)
A matemática é nossa amiga (ou, como a falta de preparo para uma entrevista pode render uma boa malhada). Terremotos e escalas.
Uma homenagem aos nossos irmãos de cor (ou um poema apaixonado, fica a seu critério).
Fotos ótimas (sensações melhores ainda). 18 anos de Telescópio Espacial Hubble.
Placebo (não a banda). Por que são usados?
Entenda como os cachorros vêem (e porque podemos dizer isso com certeza). A visão canina explicada.
O céu é azul (mas só às vezes).
Veja agora como perder peso e se manter saudável! (novamente, não vendo nada por aqui…). A dieta certa para você.
Para os que ainda não sabem, cada linha sublinhada dessas aí em cima é clicável, com uma ligação que leva para outra página, com o artigo indicado.
Não desistam de mim.
Até a próxima!
=¦¤þ

Samba de Orni

Abri um blogue dum camarada hoje pela manhã que fala de ornitorrincos (não profundamente, só cita o nome mesmo), aí deu vontade de falar sobre esses animais MUCHO LOKOS (um alô para Renan!).
O Ornithorhynchus anatinus é, antes de mais nada, um mamífero.
PORÉM
Seqüenciamento do material genético do bicho revelou que ele tem algumas características de aves e de répteis, o que não quer dizer que ele deixa de ser mamífero.
Por exemplo, nós não temos um casaco de pêlos como os outros membros da classe Mammalia, e essa calvície epitelial é característica dos répteis, mas nós não somos misturados com eles. Somos?
Mas, vamos às bizarrices (não acho que vocês tenham vindo me visitar pelos meus olhos negros):
ornitorrinco
1 – O bicho é peludo, produz leite e põe ovos.
+3 pontos para os mamíferos
2 – Os pêlos são cobertos de uma camada impermeabilizante.
+1 ponto para as aves
3 – Os ovos são moles.
+1 ponto para os répteis
4 – Bico e pés de pato.
+2 pontos para as aves
5 – Ferrão venenoso.
+1 ponto para os répteis
6 – Eletroreceptores ao redor do bico que lhe garante Eletrolocalização.
+1 ponto para os peixes
7 – Apesar de produzir leite, não tem mamilos e o secreta através da pele abdominal, sendo guiado por um tufo de pêlos. Huummm!
-1 ponto pela seboseira (imaginem o cheiro desses cabelos quando o leite misturado com baba e água salobra de um córrego seca ao sol australiano)
Mamíferos 3 x Aves 3 x Répteis 2 x Peixes 1
Não exatamente científico esse meu método de pontos, eu sei.
Eu disse um dia desses que o bicho tinha mais material genético de aves que de qualquer outra classe, mas eu estava (fui) enganado (é nisso que dá acreditar na primeira fonte, por mais confiável que seja).
Eis uma tabela:

Traduzindo:
Monotremos são o ornitorrinco e a equidna, que são mamíferos que põe ovos;
Marsupiais são o canguru e o coala, que são animais com duas fases de gestação, uma interna e outra externa (dentro de uma bolsa);
Placentais são o resto dos mamíferos, cuja gestação se dá inteiramente dentro de uma placenta;
Duas linhas convergentes indicam um ancestral comum, ou seja, os amniotas (animais cujos embriões são envoltos em líquido amniótico) se dividiram em dois grupos, um deles se dividiu em aves e répteis e o outro virou o grupo dos mamíferos. Depois, o grupo monotremata se separou e, bem mais tarde, os marsupiais dos placentários (não coloquei datas no gráficos porque fiquei com preguiça, mas são milhões e milhões de anos, de baixo para cima).
Dá para entender, é só ler de novo…
Lição de hoje: quando ouvir um negócio bem massa e que pareça fazer sentido, desconfie e procure mais informações antes de sair por aí espalhando desinformação.

Dá para ouvir isso?

Ultra-Sonografia (ou ultrassonografia, em acordo com as novas regras da Língua Portuguesa) utiliza ondas sonoras de altíssima frequência (ultrassom, ou som acima da capacidade auditiva humana) para formar imagens (grafia) numa telinha.
Morcegos e golfinhos usam uma técnica parecida, chamada “ecolocalização” (eco = som refletido), enquanto o processo similar em submarinos é chamado “sonar” (corruptela de som + radar).
O processo é o seguinte; uma onda sonora de alta frequência (a reforma da língua aboliu também o trema, estou tentando me adequar) é lançada sobre objetos sólidos para que reflita e seja captada por um sensor. Se um pedaço do objeto estiver mais perto, o eco vai voltar mais rápido, se estiver mais longe, demorará mais a voltar, o que forma uma imagem plana (bidimensional) do objeto.
E por que alta frequência?
Quanto mais alta, menor é o comprimento da onda. Quanto menor for esse comprimento, de modo a manter e velocidade do som constante (não importa o tom, o som sempre vai andar na mesma velocidade, dentro das mesmas condições, por isso que todos os sons de uma banda chegam ao mesmo tempo em nossos ouvidos), a energia aumenta (a energia total não muda, o que muda é a quantidade de “força” pra “frente”, já que não precisa se mexer tanto pros “lados”). Quanto maior a energia, mais difícil será de se dissipar (ondas mais compridas e com frequência menor também sofrem interferência gravitacionais, mas isso é MUITO além do que eu estou preparado para explicar hoje), mais facilmente se refletirá (dificultando a absorção) e melhor serão as imagens. Como as imagens não são reais, mas a combinação de presença ou ausência de reflexos dessas ondas, a figura aparece em preto (presença) e branco (ausência). Alguns sonares contam com representações coloridas, como um mapa geográfico, onde a distância das coisas (o tempo que a onda leva para ser refletida) induz cores diferentes, mas isso também é irrelevante no momento.
O que importa é que ultrassonografia é um exame muito útil e totalmente seguro (a não ser que se tenha alergia ao gel, mas este também é bastante inerte, à base de água e não gosta de reagir com as coisas) e que deve ser utilizado em pré-natais (ou prénatais, não tenho certeza se a forma original tem hífen), principalmente agora que aperfeiçoaram a técnica e as imagens estão saindo quase tridimensionais (“quase” porque ainda são projetadas numa tela plana, em duas dimensões).
Faça Pré-Natal, acompanhe o desenvolvimento do feto para garantir que a criança nasça que preste.
E minha contribuição para o serviço de utilidade pública termina aqui.
P.S.1 O limite de audição humano é 20kHz, ou vinte mil ciclos por segundo.
Um ultrassom gera entre 2 e 14 milhões desses ciclos (2~14MHz).
P.S.2 Depois da revisão ortográfica lusófona, frases como “eu pélo pêlo pelo corpo” (eu pelo pelo pelo corpo) e “ele pára para ninguém” (ele para para ninguém) me deixaram muito confuso…

Saúde e Doença

Estava lendo uns textos antigos meus em busca de algo bom (e já escrito, que me economize tendões) e achei este, que escrevi como um trabalho de faculdade para uma aluna de Medicina que “trabalha os dois turnos e não tem tempo de pesquisar”.
Sugestão: pare de ver novela; só aí já vão três horas a mais na sua vida.
Eu só fiz esse, e só fiz porque achei interessante o tema.
Quer ser médica? Estude!
Segue o texto:

A definição da OMS (Organização Mundial da Saúde) de saúde é que “Saúde é o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não só a mera ausência de doença ou enfermidade” e uma boa definição de doença é “condição anormal de um organismo que óbsta o funcionamento de funções corporais, associada com sintomas e indícios”.
Daí já vê-se que há mais entre doença e saúde que talvez primeiramente pensado. Desde o começo da sociedade organizada que a Humanidade tenta livrar-se dos males que a afligem, mas até a introdução da Teoria dos Germes, postulada por Robert Koch (Prêmio Nobel em Medicina em 1905 pela descoberta e estudo do bacilo tuberculoso) em 1875, quando este identificou que o antraz (Bacillus anthracis) era transmitido por um agente infeccioso, ainda achava-se que moléstias eram, desde geradas espontaneamente (como mostra o texto mais antigo sobre medicina, o indiano Atharvaveda), até carregadas por mau-cheiro (teoria do miasma, prevalente desde o século XIII ao XIX), ao invés de passadas por microorganismos que crescem se reproduzindo.
Tal teoria, ou Postulados de Koch como veio a ser conhecida, diz que, para se estabelecer que um organismo é a causa de uma doença, este deve ser: encontrado em todos os casos examinados da doença; preparado e mantido em uma cultura pura; capaz de reproduzir a infecção original, mesmo após várias gerações em cultura, e; ser colhido de um animal inoculado e capaz de criar nova cultura. Usando este método de detecção e estudo, os alunos de Koch (apenas a primeira geração de médicos seguindo essa orientação) conseguiram, entre eles, determinar os organismos causadores de difteria, tifóide, pneumonia, gonorréia, meningite cerebroespinhal, lepra, praga bubônica, tétano e sífilis, salvando, assim, milhões de pessoas de uma morte desnecessária, que seria tratada, caso contrário, por curandeiros e outros métodos, invocando mais superstição que métodos científicos reais e comprovados.
Há, também, outras causas de doenças, como radioatividade (partículas subatômicas com massa, como prótons e neutrons, ultra-energizados), deficiência nutritiva (anorexia e licorrexia), problemas genéticos (Parkinson, distúrbio bipolar), exposição (ao sol, melanoma; à fumaça de cigarro, câncer pulmonar), traumas psicológicos (agorafobia, paranóia), entre outros.
Há também quem argumente que pobreza, discriminação social, corrupção, hiprocrisia, etc, são doenças sociais, parasitárias e debilitantes, que destróem a sanidade do espírito do indivíduo sadio, transformando-o em um doente social, incapaz de exercer suas plenas funções dentro do ambiente comum (espírito, neste caso, entendendo-se o humor e o relacionamento do um com o todo, baseado em estímulos e respostas, e não algo paranormal ou mágico).
Saúde, portanto, não é apenas o inverso de doença, ou vice-versa, existe um sem-fim de definições e argumentos, alguns melhores que outros, mas, concisamente, Doença é um mal afligido por um agente intrínseco ou extrínseco, que debilita um sujeito, e, Saúde é um bem-estar completo e total.

Texto escrito por Igor Santos (caso algum professor de fisiologia esteja verificando fontes para descobrir possíveis plágios).

Um cientista (louco) em minha vida

Pelos idos de meados dos anos 80, o seguinte diálogo se desenvolveu:
Pessoa qualquer:
– O que você quer ser quando crescer?
Eu:
– Cientista!
Essa sempre foi a minha resposta.
Nunca quis ser bombeiro, super-homem, astronauta, jogador de futebol, marinheiro, lutador, fazendeiro, maquinista, carteiro, dono de bodega, explorador, marceneiro, juiz.
Sempre quis ser Cientista.
Fosse lá o que isso significasse.
Eu achava até a palavra bonita.
Microscópios, bicos de Bunsen, balanças, destiladores, tubos de ensaio, placas de Petri, pilões, béqueres, pipetas. Eu não sabia o nome de nada disso, eram apenas vidrinhos em formatos estranhos contendo líquidos coloridos e instrumentos para mexer, medir e transformar substâncias.
Sempre quis andar de bata (jaleco) e parecer importante por estar fazendo algo que não tinha como alguém não achar legal.
Sou fascinado pela Natureza desde que envolvi um caroço de feijão num algodão molhado por alguns dias e o vi brotar. Que coisa fantástica!
Eu precisava saber mais!
Alguns fatos (que eu me lembro enquanto escrevo isto) que me direcionaram mais ainda para esse lado:
1 – notar que óleo boiava em água, ao ver uma reportagem sobre um derramento de petróleo no mar; perguntei à minha mãe se dava para misturar os dois e ela respondeu (ainda lembro das palavras): “Nem a força CENTRÍFUGA de um liquidificador consegue misturar água e petróleo!”
Eu fiquei a ponto de morrer! Me vieram tantas perguntas que eu só consegui murmurar um “aah…” desapontado. O que era petróleo? Era parecido com óleo? Por que era preto? Por que não se misturava com água? Tinha um eletrodoméstico no meu lar que criava força centrífuga? O que era Força Centrífuga?
2 – tomar um remédio que vinha num vidrinho com conta-gotas; pedi ao meu pai para brincar com o conta-gotas. Ele fez melhor e me mostrou como fazer para segurar um líquido dentro de um canudo, tapando uma das pontas com o dedo.
Que negócio MASSA! Passei o resto do dia brincando com esse canudo. Aprendi a soltar gotas controladamente e tudo! Ele me disse que o nome daquilo era “pipeta”. Pipeta? Que nome massa! Não só eu estava brincando com uma das coisas mais ótimas já vistas pela humanidade, ela ainda tinha um nome apto à sua magnificência legalística!
3 – tentar levantar um tamborete enquanto sentado nele; me ocorreu essa idéia e eu decidi testar, para ver se era forte mesmo (outra coisa que eu sempre quis ser foi forte). Passei alguns minutos segurando os lados do banco e usando toda a força que eu tinha, mas por algum motivo eu só conseguia desencostar o danado se estivesse pisando no chão. Que coisa estranha. Mais alguns minutos correram até que eu entendi que não ia dar, não importava o quão forte eu fosse, só conseguiria levantar o banquinho se tivesse outra forma de apoio. Eu sentia que quanto mais força eu fazia nos braços, mais colado eu ficava no assento (eu pensei em escrever “…mais minha bunda se apragatava…”, mas achei que não seria de bom tom, ainda bem que não o fiz) e percebi que o problema deveria estar aí. Não me aprofundei mais no assunto naquele momento pois devo ter sentido fome ou vontade de correr pela casa, mas enquanto eu estava ali, todo pequeno e ingênuo, essa questão me fez ferver o cérebro.
Desde que consegui alcançar coisas em cima de mesas, sempre que ia a um restaurante, ao fim das refeições (não me era permitido antes) eu pegava TUDO o que fosse líquido (e sólidos que coubessem num copo) e tivesse sobrado e misturava. Refrigerante, cerveja, molho inglês, molho de pimenta, azeite, vinagre, espremia limão, adicionava sal, açúcar, guardanapos usados, restos de cebola e ficava observando o copo até ser puxado para fora.
Eu queria que alguma coisa acontecesse, sempre quis descobrir algo.
E descobri, certo dia quando ainda havia gás num resto de cerveja. Nesse dia eu comecei pelo sal. E uma espuma grossa e muita começou a aparecer. Eu não conseguia acreditar! Eu havia descoberto algo! Nesse dia, eu dormi mais feliz.
Desde que aprendi a ler com confiança que leio os rótulos das coisas.
Estabilizantes, Umectantes, Conservantes, Corantes, letras e palavras seguidas de números (E211, amarelo 42).
Lia também os resultados de laboratório dos meus exames, os livros de Ciências da escola por completo no dia em que os comprava, bulas de remédios, etc. Basicamente, eu lia tudo o que ninguém mais se dava ao trabalho de ler.
Aí fui crescendo, aprendendo a ciência do colégio, que nem sempre é muito boa e muitas vezes é simplesmente errada, como ensinar que os receptores de sabor na língua são compartimentados (sal só é degustado na base da língua, açúcar dos lados, amargo na ponta e azedo em cima), o que não é verdade, todos os pontos da língua têm papilas receptoras para todos os sabores (inclusive o quinto, Umami, que representa o sabor de carne).
Mas por ser colégio e seguir um sistema de ensino seboso e idiotificante, onde o professor é Deus e não deve ser questionado em qualquer situação, mesmo quando está flagrantemente errado (tão ridiculamente errado, às vezes, que uma criança de oito anos tem completa e total certeza do erro), eu acabei perdendo meu ímpeto e só queria mesmo saber de correr e fazer conta.
Depois troquei os cálculos pela TV.
Isso seria uma tragédia, não fosse anos 90 e não fosse um Produtor de Programação sabido.
Eis que surge uma placa, onde está escrito South Pole, e uma voz, já conhecida, que a traduzia, dizendo “Pólo sul”.
Surgem dois fantoches de pingüins, em meio a muita neve e defronte a uma TV (hoje em dia seria suficiente para me fazer mudar de canal, mas nessa época eu era mais curioso, tinha mais tempo e o controle deveria estar meio longe), conversando algo bem sem graça, mas com potencial, com as mesmas vozes já familiares para quem assiste a muita televisão dublada.
Então, algo ainda mais bizarro se manifesta. Uma coisa tão impressionantemente estranha que me deixa louco de curiosidade.
Muita fumaça, muitos clarões de luz, um sujeito com os cabelos loucos de personagem de revistinha (revista em quadrinhos, gibi) que levou um choque, agindo como se fosse um mamulengo, com os polegares, indicadores e mindinhos estirados, gesticulando imensamente e vestindo um sobretudo verde.
– Fato! (não consigo lembrar o que foi dito depois disso, mas foi uma informação que me fez querer não me levantar até acabar o programa)
-Eu sou o Beakman, e vocês acabam de entrar no MUNDO DO BEAKMAN!
E como se isso já não fosse o suficiente, trinta segundos da melhor música de introdução já transmitida se seguem.
BEAKMAAAAAAAAAAAAAAAAAN
Percussão, acordeon, guitarra, baixo, bateria, explosões, efeitos sonoros.
O QUE É ISSO E POR QUE EU NUNCA VI ISSO ANTES?
O cientista em minha vida, objeto desta dissertação, refere-se a si mesmo por “Beakman”.
Ele reacendeu minha paixão pelo mundo natural.
Não era só mais um programa de variedades variadas e curiosidades curiosas, era algo com conteúdo, explicações.
Por que nunca houve algo assim antes? Será que era mais fácil vestir um sujeito numa fantasia de pinto e fazê-lo dançar com outro de terno que dizia hipnotizar galinhas?
Taí um programa com um cabra vestido de rato (DE RATO!) que não dança, mas serve de escada para piadas e que é um homem (ou rato) de atitude!
Uma assistente que não dança de biquíni numa taça de champanhe gigante com bambolês colados rodando ao seu redor, mas uma que é feia, mal-amanhada e ainda faz caretas e é gasguita.
E um apresentador que não constrange os convidados e funcionários, não fala “Ô LÔCO, MÊU”, “ÔRRA, MÊU” e “pentelho” a cada cinco segundos e ainda EXPLICA coisas interessantes de um jeito interessante.
É difícil assim fazer isso? Não!
Das várias coisas que Beakman me ensinou (uma maneira mais correta seria dizer “me fez aprender”, porque eu fui ensinado durantes vários anos por pulhas indolentes e pouco aprendi), puxando pelo memória neste momento, destaco quatro:
1 – Um episódio sobre Método Científico, onde ele mostra que água não conduz eletricidade para provar a hipótese de que água salgada é condutora.
[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=Guv77iUnFY8]
Viva o youtube!
Ao ver o vídeo novamente hoje, depois de tanto anos, eu lembrei o que senti no dia em que o assisti pela primeira vez.
Quando ele coloca os fios dentro da água e a lâmpada não acende, eu fiquei sem reação, meu mundo parou de fazer sentido por alguns instantes. Como assim água não conduz eletricidade? E todas as estórias que eu ouvi de pessoas molhadas levando choques por estarem molhadas?
Mas ele não deixa buracos e explica isso também (assista ao vídeo)!
2 – Um episódio sobre sabão, onde ele explica o que é Tensão Superficial e como esta é afetada pelo sabão.
[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=-GprcRs56ug#]
E outro (não achei vídeo), relacionado a esse, onde ele demonstra a Tensão Superficial da água fazendo um clipe boiar e construindo uma lancha de papel (um barquinho raso com um buraco na parte de trás onde ele pinga detergente, fazendo o barco disparar pela água).
3 – Uma explicação sobre Gravidade, Movimento Pendular, Atrito, Energial Potencial e Cinética com uma melancia.
Ele amarra uma melancia num cordão preso ao teto, vai até uma parede, encosta a fruta no rosto e a solta (criando efetivamente um pêndulo). Esta não o atinge na volta porque não tem energia suficiente, podendo chegar, no máximo, até o ponto de onde foi solta.
A partir dessa demonstração ele explica, de maneira simples, precisa e agradável, o motivo daquilo acontecer. Genial!
4 – A Física sendo usada para rasgar uma lista telefônica.
Esse foi O MELHOR episódio do programa, tanto pela simples excelência quanto pelo dinheiro que eu ganhei depois dos bestas que não assistiam ao programa e apostavam comigo (dica do próprio Beakman).
Ele mostra como rasgar uma lista telefônica ao meio, de uma vez só.
E completa explicando como isso é possível.
Beakman é o cara!
Beakman
E por ter me relembrado como Ciência é ótima e divertida e como, certa vez, eu queria, com toda a minha convicção, ser um Cientista, ele é também um Cientista em Minha Vida.

Lester, o rato: Muito bem, Beakman, qual é o truque?
Beakman: Lester, quando você tem a Ciência, não precisa de truques!

Categorias