Absorventes internos NÃO causam câncer

Nos bastidores do SBBr surgiu uma discussão certa vez de que falta algo para as mulheres, algo como no Papo de Homem. Um sítio para mulheres, com todo tipo de assunto interessante a elas mais ciência.
Essa necessidade se mostrou imensa semana passada, quando recebo (novamente nos bastidores, vindo da ClauChow) um email afirmando que absorventes internos causam câncer (ô palavra doce!).
Minha colega recebeu a mensagem, mas como é acostumada a pensar, não acreditou nela.
Mas quantas outras mulheres receberam o mesmo texto e simplesmente o tomaram como verdade?
Não necessariamente por estupidez (apesar de haver sim mulheres extremamente tapadas), mas mais por preguiça, acomodação e a tendência natural humana para acreditar sem criticar no que os outros dizem.
A quantidade de blogs onde encontrei a mesma estória, simplesmente regurgitada sem o mínimo de raciocínio crítico é impressionante, especialmente quando uma busca rápida por “absorvente” e “amianto” acha, logo no primeiro link, um artigo cético sobre o assunto.
Esses emails chocantes de “o que você não sabe pode lhe matar” sempre contém pequenas dicas de que são falsos ou deliberadamente escritos para causar pânico.
A melhor de todas são os nomes contidos: sempre que um nome é citado, esse nome pode ser investigado e, hoje em dia, basta um email ou alguns poucos minutos no Google para achar esclarecimentos.
(Normalmente, quando um dos citados é um hospital, ainda é mais fácil, pois não há coisa nova sob o céu e as instituições muito provavelmente não só já receberam vários pedidos de confirmação como geralmente já deixam no FAQ de seus sítios um destrinchamento das mensagens.)
Mas a grande maioria vai apenas dizer: “segundo um médico muito sabido, morrer é perigoso” sem jamais citar nomes ou locais ou dar qualquer outra informação passível de contestação, ou o nome de algum incauto que se prestou a passar adiante e deixou involuntariamente sua assinatura no corpo do texto, como que o validando (nem devia ter repassado, né? Em boca fechada não entra mosca).
Um email com muitas interrogações (perguntas retóricas do tipo: “sabia que você pode morrer?”), muitas palavras maiusculizadas (como em: “100% DAS PESSOAS MORREM UMA HORA OU OUTRA”), insistentes pedidos para ser repassado (como nas cartas-correntes dos anos 80: “envie para cinco outras pessoas ou morra um dia”) e apelos emocionais (“enviem para suas mães e avós pois elas merecem saber disso, não sejam ingratos!”) são marcas indeléveis de pilantragem internética.
Falta de consistência interna também, como no caso da mensagem sendo tratada aqui, que eu certo ponto pede para que se leia o rótulo dos produtos com atenção e em seguida faz uma pergunta retórica me dizendo que há amianto em sua composição.
Mentira.
Neste exato momento, tenho uma caixa de absorvente interno ao meu lado onde lê-se: 50% algodão, 50% rayon.
Se, mais para frente, o email pede para que eu não acredite no que está escrito, porque então me pede para ler com atenção o rótulo?
(Amianto é uma causa conhecida de câncer, principalmente pulmonar, mas como absorventes não contém amianto, não podem causar câncer pelo motivo do email.)
Novamente, mais uma pergunta já respondida, me dizendo que rayon faz mal e recomendando que eu só use absorventes que não o contenham.
Em primeiro lugar, rayon não faz mal (segundo o FDA, órgão estadunidense de controle de produtos onde incluem-se absorventes íntimos) e, em segundo, ainda mais importante que o primeiro: sem rayon, absorventes seriam poucos mais que toalhas.
Já viu como um pequeno rolo de algodão é eficiente em reter líquidos? Eu já, e não é nem um pouco (a imagem mental de sangue pingando fica por conta da casa, disponham).
E rayon é um derivado de madeira, feito de celulose (papel também). O que poderia até ser tóxico é um tal de “dióxido” ou “dioxina”, referidos no texto.
A palavra “dióxido” sozinha não faz sentido do mesmo jeito que “caldo” também não.
Você toma caldo de alguma coisa. Dióxido tem sempre que ser de alguma coisa também (dióxido de enxofre, de sódio, de carbono, etc). Outra falha de consistência.
Os níveis de dióxido de cloro presentes em amostras de absorventes (novamente, medidos pelo FDA) variam entre não-detectável e uma parte em um trilhão.
Uma parte em um milhão equivale ao peso de uma moeda de cinco centavos comparado ao de uma camionete cabine dupla.
1 bilhão são 1000 vezes 1 milhão. Uma parte em um bilhão é o peso de uma moeda de cinco centavos comparado ao peso de mil camionetes.
1 trilhão é 1000 vezes 1 bilhão. Uma parte em um trilhão é o peso de uma moeda de cinco centavos comparad ao peso total de toda a frota de veículos do estado do Rio Grande do Norte multiplicada por três (se todos os carros fossem camionetes Dodge RAM cabine dupla).
Não sei vocês, mas eu acho muito pouco.
Outra dica importante: propaganda. Eventualmente um spam vai alcançar um momento onde “indica” amigavelmente uma certa marca em detrimento de outras.
Cospe em um produto e diz que um concorrente é melhor.
Agora, o indício mais latejante de que tudo ali escrito não passa de delírios de algum teorista conspiratório ou da desesperada necessidade de atenção de algum garotinho solitário em busca de amigos virtuais invisíveis é a presença da famosa tática de pôr em dúvida as intenções de uma corporação.
Afirmações do tipo: “veja só, eles só querem ganhar dinheiro” são, além de óbvias (ninguém vende um produto para desganhar dinheiro), completamente maliciosas.
Um equivalente seria eu dizer: “seu cachorro não só baba como também nunca lhe ajuda nas suas tarefas domésticas”. A frase faz sentido por ser latentemente óbvia mas é absolutamente desnecessária pois apenas soa como uma tentativa de fazer com que você veja seu cachorro como um obstáculo em sua vida.
Qual motivo uma empresa teria para tentar matar você? Mesmo uma empresa bélica não quer que o cliente morra, pois isso contaria como -1 cliente. E, sempre lembrando, eles querem dinheiro.
Quanto mais gente comprar, mais dinheiro eles ganham. Quanto mais gente viva gostar e continuar usando e recomendando, mais dinheiro eles ganham.
E dizer que existem padrões distintos de qualidade entre sedes estrangeiras da mesma empresa é ridículo.
Por serem, majoritariamente, empresas multinacionais, essas companhias exigem um padrão de qualidade mínimo.
Essa é a maior segurança que existe no mercado. Não tem fiscalização governamental nem reclamações de consumidores que se iguale em poder a uma determinação do dono.
A fábrica da Tampax na Ucrânia (leiam o rótulo) não está em conforme com os quesitos de qualidade da Procter & Gamble Int.? Fecha! Simples assim.
É muito mais rentável a longo prazo (e empresa que sabe andar só pensa “a longo prazo” senão dança) fechar dezenas de fábricas por falta de consistência do que pagar eventuais multas estatais e milhões em indenizações pessoais.
E nem precisa fechar, basta recolher o que está errado e voltar a fabricar que preste.
Um problema realmente sério levantado pelo email é Síndrome do Choque Tóxico que pode ser sim causado pelo uso de absorventes internos, mas, que fique bem claro, em 1997 apenas cinco casos dessa síndrome foram confirmados (novamente, minha fonte é o FDA).
Isso é um negócio raro cuja ocorrência independe do uso de absorventes (homens e crianças também podem sofrer disso) porque agentes que eram melhores relacionados com a síndrome foram totalmente retirados do processo de fabricação.
Ou seja, se você tiver Síndrome do Choque Tóxico, eu apostaria que não foi por causa de um absorvente.
Finalizando (porque faz mais de dez dias que eu escrevo): absorventes íntimos são seguros porque são controlados pelos consumidores, fornecedores, fabricantes, governos e concorrência.
Se fizessem mal, teriam sido extintos.

Mais spams destruídos:
Alpiste não cura diabetes nem nenhuma outra coisa;
Como reconhecer um spam;
Motivos para não incluí-los em meus textos;
Spam da Doença de Chagas em feijão;
Spam sazonal da gripe suína;
Spam dos batons com chumbo;
Spam do camarão e da vitamina C;
A falsa cura do câncer desmentida mais rapidamente que eu já vi;
Spam do benzeno em condicionadores de ar de automóveis.

Coisas que não sei – espinhas

Esta deve ser a mais rápida de todas: qualé a das espinhas?
Qual (se algum) é o benefício em ter a face banhada em sebo durante um momento crucial em nossas vidas, então sociais?
Sem dúvida (na minha cabeça, mas isso pode ser mudado) elas estão relacionadas a hormônios (e tubos, como a Internet), mas por que?
Teria o óleo que nos escorre da cara quando estamos amadurecendo sexualmente um aroma agradável aos antigos receptores olfativos dos nossos predecessores?
Essa dúvida (e a possível resposta acima) me veio durante uma conversa sobre ciclo menstrual e o aparecimento inevitável de espinhas durante o mais vermelho dos dias.
Mas desconsiderando tudo isso para que não se influenciem (tarde demais, eu sei), qualé a das espinhas? Por quê durante a adolescência? E por que a já derrubada relação causal chocolate/espinha não funciona comIgor (é batata! Comi, espinhei)?
Por favor, meus ObiWans, vocês são a minha única esperança!

Mais um para o saco (de feijão)

Outro dia, outro email.
Feijão transmite doença de Chagas?
Não!
A não ser você tenha a estrutura mandibular de um jacaré e o trato digestivo de uma vaca, é muitíssimo pouco provável que você venha a consumir feijão in natura.
Por mais que o percevejo carinhosamente conhecido por “barbeiro” goste de fazer dos grãos¹ seu banheiro, não há extremófilo neste mundo que suporte água fervente.
Especialmente durante as várias dezenas de minutos necessárias para que feijão cozinhe suficientemente para ser apreciado e declarado Prato Nacional.
O sujeito que estudou a doença, Carlos Chagas (sempre lembrando: única pessoa até hoje a ter estudado todo o ciclo de uma doença, desde o ciclo de vida do agente transmissor, passando pelo do protozoário, até as causas da contaminação em humanos), resolveu nominar o micróbio (Trypanosoma cruzi) em homenagem ao seu amigo Oswaldo Cruz, que posteriormente veio a ser novamente homenageado (merecidamente) com a troca do nome de seu instituto soroterápico para Fundação Instituto Oswaldo Cruz, ou Fiocruz, em cuja página você pode encontrar o artigo “Mecanismos principais e atípicos de transmissão da doença de Chagas“, que contém o tópico “Transmissão por via oral”, onde é possível ler o seguinte trecho:

Sabe-se que o cozimento superficial dos alimentos não elimina o agente, mas que procedimentos como pasteurização, cocção acima de 45°C e liofilização o fazem.

“Cocção” eu precisei procurar no dicionário, mas é apenas um substantivo feminino que significa “ato ou efeito de cozer; cozimento.” (Aurélio Eletrônico)².
Sabe o que é que dá para cozinhar abaixo de quarenta e cinco graus centígrados? Não-feijão.
Eu tenho outro artigo anti-spam terrorista sendo preparado, mas este furou a fila porque é menorzinho.
Créditos a ClauChow pela paciência de receber emails desse tipo todos os dias e não ter jogado o computador no lixo ainda.
¹ Feijão é um legume. Preferi usar o termo “grão” apenas como artifício descritivo, ao invés do mais comum “caroço” devido à posterior referência a evacuação fecal e as imagens mentais que poderiam surgir, como a que vem logo após a frase “flor de couro que brota nos meios teus”.
² Processo de secagem e de eliminação de substâncias voláteis realizado em temperatura baixa e sob pressão reduzida.

Outros spams destruídos:
Alpiste não cura diabetes nem nenhuma outra coisa;
Como reconhecer um spam;
Motivos para não incluí-los em meus textos;
Spam sazonal da gripe suína;
Spam dos batons com chumbo;
Spam do camarão e da vitamina C;
A falsa cura do câncer desmentida mais rapidamente que eu já vi;
Spam dos absorvente internos que causam câncer;
Spam do benzeno em condicionadores de ar de automóveis.

Quer perder peso? Pergunte-me como.

COM UMA NECROSE NO FÍGADO! Que tal?
Garantido lhe deixar de cama por alguns meses numa dieta extremamente controlada que é tiro-e-queda para lhe fazer perder peso.
Essa é, por enquanto, a única garantia real que a companhia Herbalife pode lhe dar.[1]

Segundo uma pesquisa de suíços e israelenses, culminando numa publicação no Journal of Hepatology, os produtos “naturais” que a Herbalife vende sem testes prévios de toxicidade são tão naturais quanto cianeto e urtiga.
Num estudo anterior realizado em Israel pelo seu equivalente ao nosso Ministério da Saúde (Association between consumption of Herbalife nutritional supplements and acute hepatotoxicity) ao se constatar que quatro usuários de Herbalife estavam com hepatite, doze pessoas com lesões no fígado, causadas por um agente desconhecido, foram observadas enquanto lhes era dado os sumplementos daquela empresa.
Resultados: onze meses depois do início da pesquisa, um dos pacientes quase morreu (o termo “lesão fulminante” aparece em referência ao caso) e precisou de um transplante de fígado enquanto todos os outros apresentaram hepatite.
Após a descontinuação do uso do Herbalife, todos melhoraram e tiveram suas enzimas normalizadas. Três, no entanto, voltaram a tomar o suplemento e, pasmem, voltaram a ter hepatite.

Mas não é só isso! Você pode também perder peso fazendo a famosa Dieta do Liso (ou “do Quebrado”, dependendo do idioma da sua região), que é aquela dieta que o faz emagrecer por faltar-lhe dinheiro para comprar comida.
Porque Herbalife é vendido da seguinte forma:alguém, geralmente com cara de desespero, aborda você dizendo que a sua chance de ficar rico sem trabalhar é aquela.

Provavelmente vão lhe mostrar um cheque de uns trocados e dizer coisas como “você não precisa trabalhar, as gordinhas vêm até você!” e explicar o seguinte sistema: você compraria mercadoria dele e revenderia para quantos quisesse, ficando com um lucro.
O nome disso é marketing multinível, pois alguém no topo vende para quem está abaixo dele, por um preço X. A segunda pessoa repassa para uma terceira por X + comissão de venda.
O terceiro trouxa vendedor faz o mesmo, repassando a um preço um pouco maior para tirar algum lucro, e assim por diante.

Os dois maiores problemas nisso são:
1 – Ninguém usa os produtos. Eles apenas são comprados e quem o faz tenta a todo custo repassar para um subvendedor. Ninguém compra para usar, apenas para passar a frente. Como dinheiro falso.
2 – A cada etapa, o preço sobe mais e mais e o número de vendedores cresce exponencialmente, saturando o mercado que (esfericamente, no vácuo) chega a um ponto onde só existem pessoas tentando vender para quem já está tentando vender.
(Um número 3 seria a insegurança, pois não há contrato. Seu subvendedor pode pedir vinte caixas de pó -a Herbalife é uma empresa que trabalha vendendo pó- e desistir depois, deixando você com a mercadoria e a dívida com o seu superior. Mais disso, lá na frente.)

O que impede que um vendedor (ou até mesmo um consumidor) no quinto degrau passe por cima da cabeça do seu superior imediato e passe a comprar, por um preço menor, direto do chefão (que é quem vende mais barato)?
Competição agressiva, eu acho.
A primeira vez que fui abordado foi por um conhecido, grande fazedor de piadas que havia conhecido na faculdade e a quem cinco quilos não fariam falta.
O vi num shopping, incrivelmente mais magro mas também sem a menor indicação de que já havia feito uma brincadeira na vida, com os olhos sem brilho e a pose murcha, como quem está caminhando em direção a uma cadeira elétrica.
Alternativamente, ele se movia com muita rapidez. Isso era evidente.
Via qualquer pessoa que talvez um dia houvesse conhecido e corria para discursar ao seu lado, mostrando um cheque de mil reais e dizendo que não precisava mais trabalhar, que estava ganhando muito dinheiro com aquilo e perguntando a todos se eles não queriam também ficar com um amarrotado cheque de mil reais na carteira o dia todo abordando semi-conhecidos.
Quando ele veio falar comigo, eu imediatamente perguntei o motivo daquele cheque estar na carteira dele e não sendo depositado e transformado em dinheiro.
Ele não tinha resposta, apenas olhou para mim e piscou vaziamente os olhos.
Estava notadamente abatido e poderia incluir “desesperado” em sua descrição sem me afastar demais da realidade da situação.

Eu sei porque o cheque estava lá, certamente.
Aquele dinheiro não era dele, mas do seu superior imediato, a quem ele devia provavelmente mais do que o valor ali contido.
Apenas andava com ele por mais algumas horas, antes do banco fechar, para tentar atrair outros para lhe salvar a pele do bolso.
Ele me conhecia através de um amigo comum e nunca nos falamos muito, mas ele veio charlar como se fossemos excelentes companheiros de outrora.
Esse tipo de desalento me assusta.

Nesse dia eu notei que Herbalife é mais que marketing multinível. É um bom e velho Esquema de Pirâmide, onde todo mundo tem tudo mas ninguém tem nada.
Dinheiro sobe das camadas inferiores na forma de pagamentos de dívidas até o topo, que é quem realmente fatura. Sem que seja necessário produto algum circulando.
Os pedidos são feitos, bem como as dívidas. Se alguém quebrar a linha, quem estiver imediatamente acima vai ter que arcar com os “custos” (pois não há de fato custo algum, visto que ainda não foi produzido uma só unidade do que quer que seja), e a melhor maneira de fazer isso é “contratar” mais pessoas para “trabalhar” para si.
Muito dinheiro circula para pagar por uma encomenda imaginária.

Pois bem, alguns dizem que Igreja é pior que governo, pois além do seu dinheiro, quer a sua alma. A Herbalife não quer só o seu dinheiro, quer também que você morra!

E agora, com vocês, os consumidores:

Quando comprei o produto com a revendedora ela me informou que todos os produtos eram naturais e qualquer pessoa poderia tomar inclusive diabéticos, cardíacos, crianças porém em momento algum me disse que quem tivesse problema de tireoide não poderia. O que aconteceu foi que n emagreci e ainda engordei mais por causa da disfunção da Tireoide.

Retirado de Herbalife só me fez mal, do ReclameAqui.com.br
LINK – http://www.reclameaqui.com.br/48651/herbalife/herbalife-so-me-fez-mal/
[1] É quase certeza que você, como vendedor, vai acabar perdendo todo o seu dinheiro para eles também, mas não é tão garantido assim porque sempre há a possibilidade de se cansar de ser enganado e desistir dessa vida miserável.

P.S. Agradecimentos ao Atila e à Lúcia Rodrigues pelo material.
P.P.S. Dia desses eu reencontrei aquele sujeito do shopping, que aparentava estar muito bem de vida; saudável, falante e animado. Perguntei: “Continua vendendo aquele esquema lá?” e obtive como resposta: “P… nenhuma! Saí daquela vida! Hahahaha!”
=¦¤þ

Coisas que não sei – respiração boca-a-boca

A primeira coisa que não sei quanto a isso é se devo ou não usar hífens, mas por enquanto isso é irrelevante.
Quando eu era pequeno e assistia a S.O.S. Malibu e (inevitavelmente) presenciava uma ressuscitação cardio-pulmonar, sempre pensava que a razão em soprar para dentro da traquéia de outra pessoa era para fazerem os pulmões pegarem no tranco. A caixa torácica enchia e, como um balão, tinha a tendência a encolher novamente, o que expelia a água.
Uma vez sem nada dentro e secos como sacos vazios, os pulmões voltavam espontaneamente a se encher, desta vez com ar fresco.
Meio vasos comunicantes, meio motor de Belina.
Já abandonei a idéia do pulmão elasto-pendular.
Mas, minha dúvida real é esta: se eu soprar ar dos meus pulmões para os pulmões de outrem, não estaria enchendo estes de gás carbônico?
Qual a porcentagem de CO2 numa exalação? Quão rápida é a troca de gases nos meus alvéolos?
Apesar de ser treinado em primeiros socorros eu nunca precisei me dar ao trabalho de salvar uma vida alheia dessa maneira, então não sei exatamente o quanto isso ajuda, mas sempre acreditei nos benefícios (melhor umas duas costelas quebradas que um coração parado, certo?).
Outra, que sempre foi uma dúvida de procedimento: soprar só com a boca garante aeração suficiente?

Cuspir ou engolir?

Sei que este é um assunto muito íntimo, delicado, controverso (e um tanto nojento), mas alguém precisa falar sobre ele.
Vamos lá:

Depois de uma certa quantidade de esforço (que varia de caso a caso, principalmente com a experiência), você sente aquele gostinho peculiar na sua boca. E aí? Você cospe ou engole?

Ou, se o problema for de outra pessoa, você acha que ela deve cuspir ou engolir?
Muitas vezes cuspir pode ser uma atitude socialmente não-aceitável naquele ambiente em que você se encontra, porém algumas pessoas simplesmente não conseguem engolir aquele líquido viscoso, pegajoso e de sabor estranho.

Já presenciei algumas vezes um instante de dúvida em que, ao não saber se deve engolir ou cuspir, a pessoa acaba se engasgando, começa a tossir descontroladamente e acaba por vomitar, ocasionando uma situação muito pior (e muito mais asquerosa/embaraçosa).

Ademais, onde se deve cuspir? Na pia? E se não houver uma por perto (ou não for possível chegar até ela em tempo)? Cuspir no chão? Num lencinho?
Além disso, alguns indivíduos não conseguem cuspir! E nas raras ocasiões em que tentam, deixam um rastro de volta à boca resultando numa liga de baba colada ao queixo.

Então devem apenas deixar o troço escorrer pelos lábios, como uma esbranquiçada cascata?

Argh!

Aqueles que cospem dizem que engolir faz mal e é potencialmente perigoso.
Os que engolem afirmam que cuspir é seboso e uma falta de educação.
Mas como ficam os que não têm uma opinião formada?

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Exploração espacial

Me ocorreu algo agora, quando lia mais um dos infinitos argumentos na discussão “homem vs. robôs no espaço”.
Com a tecnologia que temos e que teremos daqui a pouco, poderemos mandar quantos robôs quisermos (isso já é antigo) e poderemos vivenciar tudo o que se passa por onde eles estiverem, daqui, do conforto do nosso lar (essa é a parte nova).
No melhor estilo “realidade virtual”, poderíamos comandar robôs articulados e com visão binocular. Não precisaríamos mandar um biólogo para Marte, seria suficientemente bom mandar uma caixa metálica com motores e um microscópio.
Ver um astronauta andando desengonçadamente em terreno alienígena dá uma sensação boa, como ver o seu time ganhar um campeonato (eu acho. Não torço, não sei) e humanos são sim melhores que robôs, mas não precisamos necessariamente programar os bichinhos.
Nós já estamos programados e, basta um controle remoto para operarmos os danados em solo enceladiano.
Tudo bem que precisamos resolver o “problema” da velocidade da luz, que demora para chegar nesses cantos e causa um atraso de minutos no envio e retorno de informações, mas esse é um problema mais fácil de resolver do que proteger humanos frágeis da radiação espacial.
Um software de mapeamento e predição sairia bem mais barato que arrodear uma nave com toneladas de água.
Imaginem: um módulo orbital mapeia o relevo do terreno, com direito a análise cromatográfica e tudo mais, manda essa informação para a base terrestre, onde um ambiente virtual é criado.
Um geólogo humano pode “andar” pelo terreno reconstruído com uma resolução altíssima, ver onde seria mais interessante cavar e colher amostras. sua contraparte mecânica, horas-luz de distância, munido de uma pá e de instruções criadas organicamente, repete os passos do cientista, escava o local adequado, recolhe amostras, analisa e manda os dados já mastigados de volta, que serão estudados mais aprofundadamente por aqui.
Não há coisa alguma que um microscópio na Terra possa fazer que um igual em Io não consiga.
Mas há muitas coisas que um robô sem terminações nervosas superficiais consegue fazer a meio metro de um gêiser de metano líquido que um humano coberto com pele de foca não conseguiria.
Portanto, o futuro da exploração espacial reside em uma simbiose cibernética entre nós e nossos futuros mestre metálicos servos mecânicos.
Com o Skynet a ponto de se tornar autoconsciente, só nos resta botar os pés para cima e apreciar o espetáculo da colonização robótica espacial.
"Estamos de olho!"

Coisas que não sei – paradoxo da sinuca

Antes de lançar a pergunta para o meu “Google orgânico” devo notar que “coisas que não sei” é uma das frases mais mal escritas que eu consigo continuar escrevendo, porém não consigo achar uma melhor que mantenha o mesmo sentido e que seja curta o suficiente.
Não adianta ficar obcecado com meus princípios antiambiguidade, porque, como diz um amigo meu: “se o povo diz que é assim, é assim.”
Voltando ao muciço:
Um taco de sinuca é um bicho estranho com uma alta manutenção.
É necessário passar algo na ponta para que ele não escorregue (ou “espirre”) ao bater nas bolas e cobrir seu corpo com algo para que ele deslize melhor na mão.
Sendo que esse “algo” pode ser a mesma coisa: giz.
Pergunta: Por que giz na ponta do taco aumenta o atrito mas o mesmo material quando passado no lado diminui a fricção?

Experiência caseira – ovo sem casca

Eu passo boa parte do meu tempo livre mexendo em coisas.
Ontem, ao concluir a construção de um veículo motorizado autopropulsionado reduzido (carrinho movido a pilha) feito de isopor, madeira e restos de um vídeo cassete, eu estava começando a ficar entediado, quando lembrei do meu ovo.
“Meu” porque veio numa embalagem com mais cinco ovos que eu comprei no supermercado e que, por direito, me pertencia.
“Lembrei” porque não estava com ele imediatamente na minha memória de acesso rápido, pois o havia deixado pelas últimas 96 horas imerso em vinagre.
ovo1.jpgA casca (feita principalmente de carbonato de cálcio) e o vinagre (constituído quase completamente por ácido acético) foram mutuamente cancelados, resultando numa poça salobra de um líquido espumoso e acre, de gosto bastante repulsivo (mais ainda que seu aspecto, pena que não tirei fotos).
ovo sem casca2.jpgO ovo em si estava macio ao toque e inchado, como um balão cheio de água, e havia aumentado de volume consideravelmente (como uma barriga grávida, talvez?) e parecia estar prestes a romper.
Antes que isso acontecesse, eu intervim da melhor maneira que sei em situações como essa: com um palito, uma faca e uma câmera.
Cliquem no read on para ver o vídeo e mais fotos:

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Coisas que não sei – Homo sapiens sapiens

Sendo nós, seres criadores e usuários de calçados com fecho de velcro, os únicos membros não-extintos do gênero Homo e já havendo a espécie sapiens, qual o motivo de existir uma subespécie classificatória?
Se hoje em dia só existe um “homo” e “sapiens” servindo perfeitamente para nos diferenciar dos nossos “primos” não mais existentes, existe uma necessidade real de sermos Homo sapiens sapiens?
Pergunta Bônus: exatamente em que ponto da nossa contínua evolução poderíamos afirmar existir uma nova subespécie, um Homo sapiens superioris, digamos?
E o quanto de mudança seria preciso para um Homo novis, uma completamente nova espécie?
A diferença entre um lobo e um cachorro é um familiaris.
Nota: eu sei que a classificação de Lineu está um tanto ultrapassada, com cladística e tal, mas a pergunta continua: quanto de mudança genética é necessária para abrir uma nova vaga?
Como complemento para a pergunta, consultem esse artigo do Blogueiro X (me recuso a chamá-lo de “cretinas”)

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