A busca pela vida noutros cantos

Desulforudis audaxviator
Encontrados a uma profundidade de quase três quilômetros numa amostra de água extraída do fundo de uma mina na África do Sul, esses microorganismos (também chamado de extremófilos, por fazer parte do grupo de seres que vivem em condições que chamaríamos de extremas, como ao redor de jatos de água superaquecida no fundo do mar ou no gelo eterno dos pólos) vivem num ambiente privado de oxigênio e que alcança temperaturas de até 60 graus centígrados.
Num exemplo de (possível) evolução, acredita-se que essas bactérias se formaram na superfície e migraram para dentro da terra, alguns milhões de anos atrás, onde nada mais há senão eles mesmos.
Eles tiram sua energia do hidrôgenio e sulfato produzido pelo caimento radioativo do urânio (que é um elemento que, através desse processo de caimento, ajuda a aquecer o planeta, evitando que nossa bola de pedra se solidifique de uma vez por todas) e constróem eles mesmos suas moléculas orgânicas, utilizando água, carbono inorgânico e nitrogênio, proveniente de amônia encontrada nas redondezas e que é um tanto quanto tóxico para nós. Mas também nós não somos extremófilos…
Aliás, oxigênio é tóxico para essas criaturas. Sinal de que não tem contato com tal gás há muitos milhares de séculos.
Nada vivo havia sido encontrado a uma profundidade grande assim e, de acordo com o sequenciador de genoma ambiental (um aparelho que conta os genes de tudo que houver numa amostra e diz a porcentagem de cada) dos pesquisadores, essa microfauna é composta exclusivamente desse tipo de organismo (99,99%, sendo o resto apenas detrito de coisas vindas mais de cima).
Agora imaginem que o planeta é apagado superficialmente, incluindo aí evaporação dos oceanos, transformando a Terra numa Vênus 2.0, mas retem (ainda leva acento?) sua integridade física.
Essas bactérias subterrâneas seriam as únicas coisas a sobreviver, porque a temperatura exterior não as atingiriam de imediato e as mudanças seriam lentas o suficiente que possibilitariam adaptação por parte dos sulferides.
Com o passar dos milênios, elas seriam o único traço de vida presente no mundo.
Mas seriam indetectáveis para um observador externo ou que mandasse sondas que não perfuram suficientemente fundo!
Vida é razoavelmente fácil de aparecer e se estabelecer, pois vai lutar até a morte para se manter viva.
Nem que tenha que descer para as profundas para respirar nitrogênio e comer urânio!
A descoberta de seres assim aumenta as esperanças/possibilidades de encontrarmos vida fora daqui.
Basta uma colônia de bactérias dormentes num pedaço de rocha atingida por um meteoro e lançada ao espaço (evento inacreditavelmente comum!) encontrar um local razoável para despertar e pronto. A semente está plantada!
Outra notícia relacionada; 10% da biomassa terrestre reside debaixo da superfície dos oceanos.
Vida alienígena, extraterrestre, não precisa ser verde, jogar baralho nem dar descarga. Sequer precisa se feita de silício ou titânio.
Precisa nem estar vivo!
Se contiver DNA e vier de outro planeta, é o suficiente.
Apóiem o SETI (eles têm um ótimo podcast).

Pré-natal para Síndrome de Down

Antigamente (até ontem, eu acho), existia um teste, feito nas futuras mães, para se saber se o feto era portador da síndrome de Down.
O teste consistia em se enfiar uma agulha na barriga grávida da mulher para colher uma quantidade de líquido amniótico (que envolve o feto dentro da placenta) e testar os genes da futura criança.
Além de altamente incômodo e ATERRORIZANTEMENTE ASSUSTADOR para a mãe, o procedimento introduzia o risco de dano ao semibebê.
Agora, cientistas da Universidade de Stanford, EUA, desenvolveram um novo método que depende da colheita apenas do sangue da prenha em questão.
Depois do sangue num vidrinho, basta contar e comparar genes, separando os da criança em desenvolvimento e verificando se eles são alterados.
Um teste do pezinho antes de um pé estar disponível!
Mas e depois?
Leiam o resto clicando aqui.

Cheiro de café

Da série “eu já sabia!”, li uma notícia (New Scientist, via BBC) que diz que o cheiro do café já é suficiente para acordar o cérebro.
Um teste foi feito em ratos deixados sem dormir por um dia inteiro. Ao fim da maratona de alerta, os animais foram expostos ao aroma de café e os cientistas registraram altos níveis de atividade em genes funcionais que indicam que o cérebro está “disposto”.
Uma resposta parecida com a registrada quando os ratos ingeriram cafeína.
“Eu já sabia!” porque sempre que passo pela seção de café do supermercado e sinto a lufada de trimeteilxantina eu preciso parar por um segundo para apreciar enquanto meu cérebro liga o turbo.
Duas observações, no entanto, são pertinentes:
1 – os testes nos roedores podem não traduzir bem para humanos, pois os genes são diferentes, e;
2 – o que eu sinto no mercado, obviamente, é prazer por estar sentindo o cheiro de algo em que sou (quasi) viciado.
Se fico mais alerta é pela antecipação de encostar os lábios uma xícara cheia do meu ópio negro.

Delícia...

Delícia...


Numa notícia relacionada (pela própria BBC), café descafeinado aumenta o risco de doenças coronárias.
Eu acho é pouco!
Beber café sem cafeína é um absurdo, uma bizarrice, um atentado à natureza!
Café sem cafeína é o mesmo que x-salada sem salada!
É como um leite sem lactose (como se o desnatado já não fosse uma afronta grande o suficiente), goiabada sem goiaba ou água seca!
Pessoas que bebem café descafeinado são as mesmas (pelo menos para mim) que fazem churrasco vegetariano (urgh!).
Não come carne? Não faça churrasco!
Não gosta de cafeína? Beba guaraná (porque ninguém merece tomar chá)…

Republicado: Lápis e papel na mão!

O artigo a seguir foi originalmente publicado por mim no meu outro blogue, no dia 27 de abril de 2008.
Clique no link acima e leia lá. O Google não gosta de artigos repetidos.

Carnaval Científico – Grandes Descobertas Científicas

Artigo participante do I Carnaval Científico do Lablogatórios.
Muitos já devem ter ouvido falar de Norman Borlaug, ou O Homem que Salvou Um Bilhão de Vidas, ou o Pai da Revolução Verde.
Agrônomo, Ph.D. em genética e em patologia vegetal, Borlaug desenvolveu uma variedade nova de trigo muito resistente a doenças e com altíssima produtividade.
Isso lhe garantiu o Nobel de Paz em 1970, por, teoricamente, ter salvo 1 bilhão de pessoas da morte por fome.

Porém, o meu artigo de hoje não é sobre ele (que, tecnicamente não descobriu coisa alguma, apenas trabalhou duro com um propósito bem delineado e chegou ao resultado esperado), mas sobre alguém possivelmente bem menos conhecido, que avançou a ciência um pouco mais, mesmo que para o lado errado inicialmente.
Seu nome é Thomas Midgley Jr. e é provável que ele tenha matado, de fato, 1 bilhão de pessoas.

Engenheiro mecânico, mexendo em carros no início da década de 20, ele descobriu que o barulho de motor fora de tempo (aqueles pipocos que soam como tiros que costumam vir de carros velhos) diminuia quando se misturava iodo à querosene.
Mas apenas diminuir não era o suficiente, ele queria acabar completamente com a zoada, então partiu para testar cada um dos elementos da tabela periódica e descobriu que chumbo era o melhor de todos.
Como resultado, todos os veículos, por setenta e tantos anos, usaram chumbo misturado à gasolina, espalhando, bem espalhadinho, várias toneladas desse metal pesado e venenoso pela atmosfera terrestre.
Não satisfeito em resolver apenas 1 problema em vida, Midgley (pronuncia-se “mídj-lí”) queria fazer algo quanto ao dióxido de enxofre e a amônia usados em refrigeração (por serem ambos gases potecialmente perigosos à saúde e unanimemente nocivos ao olfato).
E, em 1930, com uma meta na cabeça, em apenas três dias ele descobriu o diclorofluormetano (di-cloro-fluor-metano), um gás inerte, inodoro, atóxico, não inflamável, não corrosivo e benéfico, ao qual deu o nome freón.
Havia então sido criado o primeiro dos clorofluorcarbonos, ou CFCs, compostos químicos diretamente responsáveis pela destruição da camada de ozônio, que protege nossas frágeis peles e olhos da radiação ultravioleta enviada grátis pelo sol.

O verde é o ozônio, o roxo é a falta dele e a massa continental abaixo é a Antártida

O verde é o ozônio, o roxo é a falta dele e a massa continental abaixo é a Antártida



Graças a Thomas Midgley, hoje nós temos uma miríade de problemas respiratórios, sanguíneos e dermatológicos.
Um só homem, em menos de dez anos, conseguiu fragilizar tremendamente a nossa saúde enquanto ao mesmo tempo nos ensinou (de maneira cruel e traumatizante) a importância de planejar e testar exaustivamente novas tecnologias antes de confiarmos todas as nossas esperanças numa solução aparentemente simples e inócua (a curto prazo) mas que se revela depois ofensiva e com complicações inimagináveis (a longo prazo).
Humanos somos e tendemos a cometer os mesmos erros como se não fôssemos capazes de aprender. Exemplo recente? Gordura trans!
Ótima no começo, boa para misturar açúcar com gordura, mas utilizada indiscriminadamente sem testes de longa duração que poderiam ter concluido como esse material nos faz mal, antes de nos fazer mal.
A grande descoberta científica de Midgley não foi a do chumbo na gasolina nem a do freón na geladeira, mas a descoberta da necessidade de estudos extensivos e duradouros antes da precipitação apressada e precoce de efeitos que enchem os olhos mas cegam o raciocínio e a razão.

Republicado: Como nós sabemos que cachorros vêem em preto e branco?

O artigo a seguir foi originalmente publicado por mim no meu outro blogue, no dia 21 de abril de 2008.
Clique no link acima e leia lá. O Google não gosta de artigos repetidos.

O maior número primo

Para vocês terem idéia da brutalidade destes números, um computador residencial, trabalhando sozinho, precisaria de 4 anos de processamento para testar CADA número de 100 milhões de dígitos, ou, 500 anos para testar UM número de 1 bilhão de dígitos.

Interessou? Cliquem no trecho para ler o resto.
Eu vi no Cybervida, via tecnol.ogia.com.br

O LHC quebrou!

Ando meio sem tempo e meio por fora, aí não sei se alguém já comentou, mas vou me arriscar por aqui.
O Grande Colisor de Hádrons vazou.
Mas nada de outra dimensão, apenas fluido resfriador.
Ele foi feito para funcionar a uma temperatura de 2 kelvin (ou duzentos e setenta e um graus centígrados negativos) e era resfriado por hélio líquido.
Um pouco de hélio vazou e a temperatura subiu para quentíssimos 4K (-269°C), o que é inaceitável para os prótons que correm ao redor do anel.
O dano é reparável, basta fechar o setor e deixar a temperatura ficar ambiente. Mas isso tem que ser feito devagar, para não haver um choque térmico potencialmente destruidor para os componentes envolvidos.
Isso levará seis semanas (a temperatura no tubo é realmente muito e os componentes muito sensíveis).
Depois disso, mais alguns meses para consertar e resfriar de novo.
No meio de ano que vem, voltaremos a ter medo de buracos negros instáveis e strangelets teóricos.
Por enquanto, estamos a salvo da Caça às Bruxas e do pânico desnecessário.
Atualização instantânea:
Minha fonte primária conflite com a fonte do link acima no número de meses necessários para o reparo, mas isso não me diz respeito neste momento.
Depois eu ajeito.

Esporos

Não, não vou falar sobre o jogo SPORE, porque eu quero ter mas não posso jogar (me falta tempo e condições físicas), portanto eu tento não pensar muito nisso.
Na verdade, o título deveria ser “Fungos e seus esporos“, mas além de difícil de repetir rapidamente três vezes e parecer nome de banda punk de pré-adolescente (e querer contabilizar na fama do jogo), o filé do artigo é sobre os esporos mesmo. Os fungos que os gera são os coadjuvantes.
Pesquisadores estudando fungos que crescem em rumas de fezes de herbívoros (ô vida boa…) descobriram que os bichinhos se desenvolvem por meio de esporos que devem ser devorados e redefecados.
Contudo, os animais necessários para esse estágio de desenvolvimento não gostam de pastar onde fazem suas necessidades (hummm) e se tornou preciso que os fungos dessem um jeito (eu estou falando como se todos os envolvidos fossem seres conscientes e tudo ocorresse em pouco tempo, mas é porque eu sou um cronista e suponho e espero que meu publico entenda de evolução, mas se não for o caso, leiam o lablogue de Marco).
Eis que surgiu a coisa biológica mais rápida (na verdade, a que tem maior aceleração) da qual se tem notícia. Os esporos.
As espécies estudadas atiram sua munição genética até cento e oitenta mil vezes a aceleração da gravidade (que equivale ao aumento de velocidade em dez metros por segundo a cada segundo que passa, perto de um prédio grande).
180.000 x 10m/s² = 1.800.000m/s² (um milhão e oitocentos mil; por extenso é mais fácil de entender números grandes).
Ou seja, no primeiro segundo, a velocidade é zero. No segundo seguinte (para não confundir ninguém dizendo “no segundo segundo”), a velocidade é 1800000 metros percorridos a cada segundo. Se mantida essa taxa, no próximo segundo, a velocidade seria três milhões e meio de metros percorridos em um só segundo!
Desde o começo isso já seria mais rápido que a velocidade da luz, o que não é possível.
Mas isso é a ACELERAÇÃO medida por segundo.
Como tudo ocorre em bem menos tempo, a velocidade não chega a ser tão impossível.
O fato ocorre em um milionésimo de segundo (1 sobre 1 milhão, ou um zero-vírgula seis zeros, ou 0,0000001), o que não é bem apropriado para os nossos olhos que devem se preocupar mais com coisas como dentes-de-sabre pulando bem mais devagar.
A conta, portanto, daria uma velocidade máxima de 1,8 metro por segundo (na página que eu indiquei mais acima eles chegam num total de 25, mas eu não vou discutir isso porque estou com preguiça, com fome e com uma dor no joelho que tá dobrado faz tempo e eu sei que na hora que eu desdobrar vai doer pior, o que me preocupa mais que o resultado dessa conta aí).
Câmeras daquelas que acompanham trajetória de balas ou balões de festa estourando rodam a mil quadros por segundo. Para estudar esses lançamentos foi preciso uma câmera que filmasse 250 mil quadros por segundos. Só isso.
Essa aceleração brutal se dá devido a um efeito chamado pressão osmótica que precisa ser monstruosa para que os microscópicos esporos consigam adquirir tal aceleração no ar, que para eles é denso como uma piscina de melaço seria para nós (comparativamente, é como se um humano estivesse se movendo cinco mil vezes mais rápido que o som dentro de mel de rapadura).
A distância alcançada é de mais ou menos dois metros e um pouquinho (essa última sentença é bastante vaga, eu sei, mas foi de propósito), o que aparenta ser suficientemente longe dos bolos de excrementos para os animais pastarem novamente e ingerirem os esporos, criando mais fungos nas próximas excreções (como eu disse antes, o lixo de um é o tesouro de outro).
Tem muita coisa boa no mundo.

O ovo do E.T.

Através do Bunker eu cheguei na página do jornal O Mossoroense (vou segurar as piadas por enquanto) que noticia a descoberta de um ovo alienígena.
O artigo não tem data (talvez no link, que tem uma sequência de números que lembra uma data, mas não dá para ter certeza), mas acredito que seja recente. Afinal, está na seção Cotidiano (é, não agüentei segurar as piadas por muito tempo)…
Não quero ser processado por apropriação indevida de material pelos descendentes do cidadãos que expulsaram Lampião NA BALA (há controvérsias sobre a presença de Virgulino, que teria mandado seus capangas antes de arriscar o próprio pescoço, mas não dá para incluir links para elas pois li em livros. Lembram deles?), por isso não vou copiar trecho algum da reportagem, sugiro que leiam a reportagem agora, clicando aqui e depois leiam o resto do meu artigo, clicando aqui.

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