Coevolução e Seleção Sexual no Caso da Vespa Tarada
Inicialmente o conceito de coevolução foi usado indiscriminadamente ao se referir a qualquer interação entre diferentes populações (Janzen, 1980). Atualmente o conceito está muito mais bem delimitado, reservado apenas para mudanças evolutivas claramente recíprocas, específicas e simultâneas. Tais pressupostos são facilmente contemplados se pensarmos na coevolução entre machos e fêmeas da mesma espécie.
A dinâmica coevolutiva entre machos e fêmeas pode abarcar a coevolução entre planta e polinizador, como é o caso do mimetismo sexual e a pseudocópula que ocorre na polinização das orquídeas do gênero Ophrys. Conhecido como mimetismo pouyanniano ou sexual ocorre quando uma flor de orquídea apresenta a forma, coloração (Spaethe, Moser & Paulus, 2007) e cheiro de acasalamento (Ayasse, Schiestl, Paulus, 2003) da fêmea de alguma espécie de abelhas na maioria dos casos, e na minoria, de vespas ou besouros todos espécie-específicos. Isso faz com que o macho da respectiva espécie seja atraído à flor para copular, o que acaba por dispersar as políneas para outros estigmas concluindo a polinização.
O ajuste coevoluído não é apenas espacial, mas temporal. A atração dos machos pelas flores miméticas ocorre num período em que as fêmeas ainda não estão receptivas, ou às vezes nem disponíveis ainda.
Realmente os machos são manipulados pelas flores sem nenhum benefício em troca. Entretanto, após algumas tentativas passam a evitar o convite tentador das orquídeas, pois apenas machos inexperientes são enganados, e isso faz com que as orquídeas tenham menos oportunidades de polinização levando a uma maior pressão seletiva para o aumento da sua ornamentação (Andersson, 1994; Spaethe, Moser, Paulus, 2007).
estão evoluindo no sentido à resistência do sinal apresentado pela flor, porém sendo este muito semelhante ao sinal da fêmea da própria espécie, sua aptidão começa a diminuir a partir que eles começam ficar insensíveis às próprias fêmeas. Eles então estão presos em duas dinâmicas coevolutivas uma intra e outra interespecífica que fazem com que cada vez mais as orquídeas desse grupo fiquem mais perecidas com as fêmeas.Referências
Andersson, M. (1994). Sexual Seletion. Princeton: Princeton University Press.
Ayasse, M.; Schiestl, F. P.; Paulus, H. F. (2003). Pollinator attraction in a sexually deceptive orchid by means of unconventional chemicals. Proceedings Royal Society of London B, 270, 517–522.
Janzen, D. H. (1980). When is it coevolution? Evolution, 34(3), 611-612.
Krebs, J. R.; Davies, N. B. (1996). Introdução a Ecologia Comportamental. São Paulo: Atheneu.
Schiestl, F. P.; Cozzolino, S. (2008). Evolution of sexual mimicry in the orchid subtribe orchidinae: the role of preadaptations in the attraction of male bees as pollinators BMC Evolutionary Biology, 8:27
Spaethe, J.; Moser, W. H.; Paulus, H. F. (2007). Increase of pollinator attraction by means of a visual signal in the sexually deceptive orchid, Ophrys heldreichii (Orchidaceae). Plant Systematic and Evolution. 264: 31–40.
Thompson, J. N. (1989). Concepts of Coevolution. Trends in Ecology and Evolution. 4(6), 180-183.







Discussão - 9 comentários
Hmm... que tesão.
h4h4!
Muito boa a relação entre vírus de computador e vespa!
enviar, teorias sobre evolução
adorei o assunto coevolução e seleção sexual no caso da vespa tarada.
como eu posso conseguir o artigo completo?
Oi Ilsa obrigado pelo comentário. Continue acompanhando. Vou te enviar os dois artigos que cito no post no seu email então, tá? Até.
Olá, eu gostei muito desse artigo, mas eu gostaria de ler ele completo. Terei que fazer um trabalho de coevolução e gostaria de coloca-lo como fonte, mas para isso preciso dele completo.
Marco, seu blog é excelente! Parabéns pelo belo trabalho de qualidade de divulgação científica.
Abraços e sucesso!