Manchete comentadas – Medicina Ortomolecular
Se o título acima parecer familiar é porque vocês frequentam o blogue de Bessa. Muito bem, continuem assim.
Ontem eu recebi um email de um amigo (que escreve o excelente Capsaicina, inspiração total para o meu blogue gastronômico) recomendando uma matéria do Fantástico sobre Medicina Ortomolecular e não quis clicar pois estou meio doente e fiquei com medo de que o súbito aumento de pressão estourasse alguma coisa no meu cérebro.
Só cliquei no link porque ele lê MEDICINA+ORTOMOLECULAR+APRESENTA+FESTIVAL+DE+IRREGULARIDADES.
Levei um susto ao ler a manchete “Médico ortomolecular atribui sintomas a problemas espirituais” mas, ao ler o subtítulo (sic) “São testes proibidos, diagnósticos errados, tratamentos perigosos, falsas garantias de emagrecimento e rejuvenescimento. Um escândalo.“, percebi que se tratava de (pasmem!) uma reportagem cética!
Eu fiquei tão excitado que vomitei um pouquinho dentro da boca e senti uma súbita vontade de conferir se o fogão estava desligado, uma curiosidade intensa quanto ao conteúdo da minha geladeira e um desejo incontrolável de organizar meus livros por ordem alfabética de endereços das editoras, mas sei que isso foi só uma desculpa do meu corpo para gastar energia dando uma voltinha pela casa.
Quando parei de tremer, me sentei novamente e li o artigo até o fim, sempre retornando ao cabeçalho sem acreditar muito que estava lendo algo associado ao programa Fantástico.
Mas já chega de insultos à revista digital de variedades, vamos ao muciço da reportagem.
Não existe evidência alguma da eficácia da prática ortomolecular e já é bastante claro que a maioria dos testes usados pelos ortomoleculares são inúteis.
E, por venderem ilegalmente remédios em suas clínicas, alguns praticantes ainda são criminosos!
Ou contraventores. Não sou jurista, não sei bem a diferença.
Mas sei que, de toda forma, isso é anti-ético.
E feio, muito feio. Una! =¦¤P
Por favor, leiam a matéria completa (eis o link novamente, por escrito e incrustado – http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1539131-15605,00-MEDICINA+ORTOMOLECULAR+APRESENTA+FESTIVAL+DE+IRREGULARIDADES.html -copiem e colem ou cliquem) porque vale a pena.
Pelo menos para mim valeu. Eu sorri com tanta força do início ao fim que descobri dentes que achava que não tinha.
Verdade deve ser dita, o texto é meio mal escrito, como se não houvesse sido revisado. Mas eu entendo caso o escritor (que eu morro de procurar mas não descubro quem é) seja alguém como eu. Se eu tremi tanto ao ler o título, teria sofrido convulsões permanentes enquanto escrevesse tudo. Gramática e pontuação é o de menos.
Frases lindas adornam o texto, como essa a seguir:
“A nova resolução do Conselho Federal de Medicina também determina: altas doses de vitaminas e minerais, só se o paciente tiver falta dessas substâncias no organismo. Fora isso, basta se alimentar direito.”
Isso aí é poesia! Eu quero montar um sarau para declamar isso aí!
Um dos praticantes daquele ramo da merdicina usa a velha defesa do argumento de autoridade ao dizer que o criador da Medicina Ortomolecular foi Linus Pauling e que ele ganhou dois prêmios Nobel. Infelizmente, porém, ganhar um prêmio em química e ser defensor do desarmamento nuclear não o torna especialista em biologia ou medicina nem o salva de virar um velho cabeça-dura, gagá e rabugento).
O mesmo sujeito, Felippe Júnior, num contorcionismo argumentativo extraordinário, diz: (sic) “Ortomolecular chegou ao Brasil um pouco com o pé quebrado. Fizeram propagandas indevidas. Por isso, eu uso biomolecular.”
A página do Instituto de Medicina Biomolecular sequer cita “ortomolecular”, mas ambas são exatamente a mesma coisa, com confirmação da Associação Brasileira de Medicina Biomolecular[1] e tudo!
Rá! Pegue esse argumento de autoridade e esfregue na sua cara!
Essa segregação implícita nas palavras do presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Biomolecular para mim tem cheiro de briga entre facções, como uma religião acusando a outra de adorar a divindade errada.
O antepenúltimo parágrafo da reportagem me fez rir tão alto que eu fiquei alguns minutos tossindo.
Uma “terapeuta” (aspas introduzidas pelo/a brilhante autor/a da peça) chamada Marina Pieroni se defende de acusações de que está ilegalmente vendendo fármacos e praticando medicina sem licença da seguinte forma:
“Eu estou fazendo uma coisa totalmente legal, não estou fazendo nada ilegal. Não tem por que eu ficar dando entrevista”.
Será que ela falou isso aí com os braços cruzados, punhos cerrados, marcando as sílabas com fortes pisadas enquanto tentava manter o lábio inferior tesamente apontando para a frente em postura de desafio à verdadeira autoridade da Lei?
Darwin cuida.
—
[1] Detalhe interessante: apesar de orgulhosamente expor em seu rodapé “© 2004 Associação Brasileira de Medicina Complementar. Todos os Direitos Reservados“, a página, já entrando em seu sexto ano de existência, não informa aos internautas exatamente quem eles sejam.
Enigma multidisciplinar
Lembram que eu disse que estava com preguiça?
Era dengue uma virose muito parecida com dengue.
Hoje não tem estorinha, ainda estou me sentindo muito mal. Vamos direto ao ponto.
Continuando o tema alfabético da semana passada, mas introduzindo novos elementos e mexendo um pouco na ordem, me digam qualé o primeiro número da sequência a seguir:
___, 98, 20, 48, 35, 5, 107, 83, 4, 97, 56, 85, 33, 18, 51, 95, 13, 89
Parem o mundo que eu quero vomitar! Nele, preferencialmente.
Eu desisto.
Foi complicado no começo mas agora parece bastante simples. É impossível competir com ignorância gerada por desinformação gerada por pânico gerada por ignorância, todas de mãos dadas numa cadeia infinita de estupidez quadrática.
“Pérolas aos porcos” não é uma analogia apropriada. Os porcos podem até fazer alguma coisa com elas, nem que seja fuçá-las para o lado de modo que não se misturem com sua comida.
A sensação que eu tenho é de jogar pérolas embaixo da máquina de lavar roupa onde permanecerão para sempre num limbo inalcançável.
Quantos de vocês leram o que Carlos escreveu e passaram a mensagem adiante?
Agora, quantas das pessoas que receberam a mensagem fizeram o mesmo?
Porque eu mandei para todo mundo que costuma trocar email comigo e tenho certeza de que meu esforço morreu neles.
Levei até esculhambação por usar dados e evidências em meus esforços e por ter “mudado de opinião”, indo de “defensor de que a doença não era lá essas coisas todas” para “defensor da vacinação”. Porque essas duas afirmações são mutuamente excludentes, né?
Logo em seguida, no entanto, recebo já de terceira ou quarta mão um email com tantas cores e mudanças tão bruscas de tipo e tamanho de fontes que foi difícil ler até o fim sem ficar com dor de cabeça.
Esse email ridículo é tão mal escrito e cheio de erros que fica difícil corrigí-lo da mesma forma que é difícil contar todos os grãos de arroz num saco. É possível, mas é uma tarefa tão monstruosa que se torna previamente opressiva.
Um dos pontos levantados na mensagem é que mercúrio é tóxico e vacina tem mercúrio.
Botulismo também é tóxico e nem por isso milhões de pessoas ao redor do mundo deixam de injetá-lo frequentemente no rosto. Basta vir sob a alcunha de “Botox”.
Ferro é atraído por campos magnéticos e temos ferro no sangue. Por que operadores de eletroímãs não têm seu sangue esguichado de seus corpos durante a realização de seus serviços?
Porque substâncias existem em formas variadas na natureza. Ferro pode ser férrico ou ferroso. Um ajuda a transportar oxigênio para o cérebro de algumas pessoas enquanto o outro serve para fazer agulhas que são atraídas pelo campo magnético terrestre.
O mercúrio da vacina não o mesmo mercúrio dos termômetros de outrora, mas uma forma orgânica do negócio.
Tão segura para consumo humano que era usado em mertiolate. Disso ninguém lembra, né?
O email continua dizendo que a vacinação é uma forma do governo matar milhares de pessoas para tomar o controle.
Porque o governo já não tem o controle, né?
E menos pessoas é bem melhor para o governo, né?
Diz lá também que a doença foi criada em laboratório e que “a gripe “apareceu” no México” (sic).
Porque esta é a primeira vez que temos H1N1 no mundo, né?
Eu poderia fazer uma análise detalhada, ponto a ponto, do spam que recebi, mas eu não me importo mais.
Não sou mais adolescente, já percebi que não vou conseguir mudar o mundo.
Se estiver sendo injusto com alguém, peço desculpas.
Mas minha experiência justifica minhas palavras. O botão de foward rapidamente se torna difícil de apertar nesses casos…
Próxima vez eu coloco cores mais variadas e pontuação e gramática incorretas.
No começo da semana eu recebi um outro email de um rapaz que, se o ditado “clareza na escrita denota clareza de pensamento” for válido, é bem inteligente e capaz. Infelizmente ele está muito mal (possivelmente tendo sido erroneamente diagnosticado com uma doença fictícia) e a sensação de impotência pode ter feito com ele acreditasse em algo que não acreditaria em condições normais.
Ele me disse que pratica auto-hemoterapia e citou em favor da técnica alguns argumentos quebradiços dos crentes mais inflamados como “a Indústria Farmacêutica impede que a eficácia do tratamento seja testada” ou “é mais barato comprar agulha que comprar remédio”.
Mas eu digo mais nada. Se funcionar para ele, viva! Se não, o destino do sujeito não é da minha conta mesmo, então por que eu me importaria?
Não cabe a mim julgar (como me foi posto claramente em uma discussão recente) pois eu realmente sei muito pouco das coisas, mas, vendo daqui, o mundo não merece ser salvo.
E, se não fosse esse o caso, não seria salvo por mim de todo jeito. Então meu argumento morre logo na premissa.
Agora, eu vou ficar ali, estudando maneiras inovadoras de fazer coisas antiquadas, como usar o YouTube para assistir a vídeos filmados de uma TV ligada a um vídeo cassete reproduzindo uma fita produzida pela Editora Bloch em 1976.
Até.
P.S. Muito provavelmente este artigo está recheado de informações imprecisas e erros gramaticais, mas não se importem em corrigir. Eu não me importo mais.
Enigmas alfanuméricos
Só para tirar a poeira, vou encher vocês de enigmas pelos próximos meses.
A falha nessa abordagem é que minha recente inclusão no corpo discente da UFRN (ver o uôleo para atualizações mais específicas e meu Twitter para as mais explícitas) toma tanto tempo da minha vida que eu não vou conseguir criar tantos enigmas quanto quero.
A única alternativa que enxergo é tomar emprestado alguns já existentes e, displicentemente, esquecer de comentar a ocorrência.
Os de hoje são meus mesmo.
Até onde eu saiba.
Hoje vocês terão dois porque primeiro eu escrevi a pergunta e depois fui tentar resolver.
O problema é que eu decifrei o enigma errado, criando uma segunda pergunta que precisou ser formulada a posteriori e que deu tanto trabalho quanto a resposta ao primeiro, que na verdade era o segundo.
Bom, agora que consegui enrolar todo mundo, vamos às perguntas:
Enigma 1; qual o maior número natural que pode ser escrito (por extenso, através do alfabeto ¬¬ ) de modo que nenhuma letra se repita?
Enigma 2; qual o maior número natural que pode ser escrito (nos mesmos parâmetros acima) de modo que suas letras estejam em ordem alfabética?
(Neste último pode haver repetição de caracteres, desde que a ordem A~Z se mantenha.)
Parecem fáceis o suficiente, mas tentem resolver um pensando no outro e vocês vão ver como minha aula ontem foi interessante…
—
Rodada bônus totalmente improvisada e ainda sem resposta formal:
Enigma -2; qual o maior número natural que pode ser escrito de modo que suas letras estejam em ordem alfabética invertida?
Fidelidade evolutiva – amistoso ou Copa do Mundo?
Vários argumentos são cuspidos (por mim, inclusive) defendendo que o homem (com inicial minúscula) não é, evolutivamente, um bicho monogâmico, pois pode fecundar várias mulheres por semana (potencialmente e/ou em filmes), garantido maior espalhamento e chances de sobrevivência de sua herança genética.
Totalmente óbvio, não é mesmo, Dona Ruth?
Nem tanto.
Ser fiel à mãe de seus filhos faz sim sentido evolutivamente.
Mas para entendermos isso precisamos nos transportar para uma época menos Homo interneticus e mais Homo barbourofeliophobe.
Vocês já viram uma criança de dois anos? Já interagiram com alguma?
Já notaram o quão fácil é derrubar uma? Especialmente quando se vem correndo à toda velocidade em sua direção?
E quanto tempo ela demora para se levantar? Isso quando chega a ficar de pé novamente! Na maioria das vezes apenas fica no chão chorando a plenos pulmões. =>
Não que eu já tenha feito algo assim com certa frequência por puro prazer sádico e ódio mortal a pessoas menores que eu e sem capacidade de reação adequada.
Não, de jeito algum. Só estava perguntando.
Pois bem, já notamos aqui como crianças são seres inúteis no que diz respeito a autossuficiência, pois elas precisam de proteção o tempo todo, não conseguindo se defender por si só.
(Sequer sabem correr decentemente, esses pequenos sacos de catarro e cocô…)
Logo, não há muita vantagem real em desperdiçar tanta energia produzindo sêmen para espalhar pelo mundo indiscriminadamente (a imagem mental é gratuita. Disponham) gerando criaturinhas tão frágeis e indefesas.
Um cardume de peixes e as centenas de filhotes de tartaruga que nascem duma vez protegem os indivíduos ali contidos, aumentando suas chances individuais de sobrevivência, permitindo que a espécie continue para se reproduzir outro dia.
Mas cada bebê humano nasce (geralmente) sozinho e sem capacidade de aglomeração intrínseca, então, do ponto de vista da espécie, ter muitos filhos separados é tão vantajoso quanto ter um filho apenas.
É muito mais jogo ter só um filho e cuidar dele até que ele possa, pelo menos, correr e subir nas coisas com certa desenvoltura (sempre lembrando, neste ponto da narrativa nós estamos numa época remota onde ainda éramos parte da cadeia alimentar pelos dois lados).
—
Se preparem pois agora eu vou quebrar o paradigma de vocês!
Prontos? Certeza?
—
Agora, vamos pensar do ponto de vista feminino!
(Doeu?)
Qual vantagem uma mulher teria em se deixar emprenhar por qualquer Zé (ou qualquer Ug, na nossa analogia temporal pré-histórica) quando ele bem entendesse?
Além de passar duzentos e sessenta e tantos dias dividindo sua energia com um tipo de parasita intra-abdominal, ainda precisaria, sozinha, buscar fontes de reposição energética. E isso só até o menino nascer.
Depois disso ainda precisaria dispor, por quase um ano, de pelo menos um braço para carregar o infante (que é incapaz de se segurar sozinho) enquanto se esconde de predadores e continua sua infindável busca por comida.
Sozinha.
Pessoas assim não ficariam muito tempo gastando espaço e recursos no mundo pois não passariam facilmente pelo crivo implacável da Seleção Natural.
Por outro lado, se conseguissem, creio que hoje teríamos uma raça de mulheres-caranguejo, com um braço bem maior que o outro e uma tendência a correr e escalar troncos de árvores.
Então, que tipos de mulheres e homens passariam melhor pelo vestibular da natureza?
Aqueles que gostam de ficar juntos por muito tempo (desde que consigam procriar em um tempo limite de mais ou menos dois anos, senão as vantagens desaparecem rapidamente e ambas as partes buscam novos parceiros em prol da continuidade de espécie).
Ou pelo menos até seus filhotes deixarem de ser completamente imprestáveis. Marca essa que é atingida em aproximadamente quatro ou cinco anos de vida (biologicamente, pois sociedade-modernamente o ponto de corte sobe para uns trinta, trinta e cinco anos).
Segundo a antropóloga Helen Fisher, da Universidade Rutgers, após estudar dados de divórcios em várias sociedades ao redor do mundo (totalizando cinquenta e oito!), ela levantou uma hipótese de que existe um ciclo de quatro anos entre o “apaixonar-se” e o “desapaixonar-se”, pois o papel do casal como unidade reprodutiva já foi cumprido e, pelo bem da diversidade genética, devemos no “reapaixonar” por outrem:
“Se vemos isso em tantas culturas, talvez haja uma explicação darwiniana.
Talvez tenhamos nos adaptado ao que chamo de ‘monogamia serial’; uma série de relacionamentos de manutenção do par, pois indivíduos que têm filhos com mais de um parceiro tendem a criar maior variedade genética em suas crianças. Talvez, então, o fato do amor romântico ser tão inconstante e passível de acabar em relacionamentos seja um mecanismo evolutivo para promover variedade em indivíduos.”
P O R É M
A Natureza pode até não ser perfeita, mas também não é burra.
“Ficar juntos” não é um eufemismo do tipo “dormir juntos”.
A promiscuidade masculina, por existir e ser tão prevalente (sendo até constantemente exaltada em obras artístico-musicais do tipo forró e pagode), mostra que resistiu de certa forma ao processo seletivo. Mas como?
Mulheres só ovulam vez por outra (ouvi dizer que uma vez por lua, sendo férteis por apenas algumas dúzias de horas), então elas podem optar pelo macho mais carinhoso e mais dono-de-casa pela vida toda e, apenas uma vez, preferir um sujeito com bastante melanina protetora de ácido fólico e ossos fortes e compridos mas que não gosta de lavar fralda nem de acordar mais de uma vez seguida sob o mesmo domo cavernoso.
Outra hipótese sugere que o ciclo menstrual altera a percepção feminina de “par ideal”, como uma espécie de LSD hormono-romântica.
Em condições normais (a definição de “normal” sendo bem aceita como “qualquer sistema arbitrário praticado por uma maioria”), é bem mais vantajoso escolher um bom pai, do tipo caseiro, que compartilhe dos mesmos gostos.
Em condições décimo-quarto-dia, a Síndrome de Olívia Palito toma conta e vence o parceiro que tiver os bíceps maiores e maior diferença genética (facilmente medida através de uma rápida troca de ptialina).
Logo, seria possível manter uma população ativa de machos-alfa circulando promiscuamente entre as mulheres (durante o período de “lua cheia hormonal” que as aflige), eventualmente tendo a sorte de “converter uma cesta” (não sou bom com analogias esportivas, mas acho que a imagem abaixo é uma ajuda visual suficiente).
Com o lucro adicional de ter um filho do qual não precisará cuidar.
E um vezinha de nada basta. Só uma, na hora certa.
Ug nem precisa ficar sabendo, desde que ele cuide da cria (que tem até boas chances de ser mesmo dele).
C O N T U D O
Isso tudo antes de inventarem pílulas anticoncepcionais. Porque depois, aparentemente, todas as regras deixaram de valer.
Segundo o estudo do link acima, a preferência por parceiros, tanto de homens quanto de mulheres, varia de acordo com o ciclo menstrual (como eu já notei láááá em cima neste artigo que está se tornando desnecessariamente mais e mais longo, como se fosse um trabalho de escola com número mínimo de páginas) e o uso de pílulas anticoncepcionais pode, potencialmente, desmantelar esse mecanismo de escolha.
As mulheres perdem o discernimento e começam a querer namoro sério com os trogloditas e ter filhos com candidatos menos geneticamente diversos delas.
Uma conclusão do estudo (feita por Alexandra Alvergne and Virpi Lummaa, da Universidade de Sheffield) que eu achei particularmente interessante é de que as mulheres que usam os contraceptivos orais perdem parte de seus “atrativos ovulatórios” fazendo com que seus parceiros ideais de longa duração percam o interesse nelas (ou, melhor ainda, ganhe interesse maior em outra), gerando, mais uma vez, a danada da promiscuidade masculina.
T O D A V I A
Ainda outro estudo (o mais recente de todos, eu acho), mais uma vez contrariando meus preconceitos e preconcepções, parece sugerir que ainda estamos evoluindo, pois a humanidade está ficando mais e mais adaptada ao convívio social, e os homens que nascem naturalmente mais inteligentes parecem estar ficando mais fiéis.
Quem diria…
Seria então essa tendência à fidelidade uma resposta evolutiva para balancear o uso indiscriminado de anticoncepcionais?
Não, não acho que teria dado tempo. A pílula só existe há cinquenta anos.
!!!
Poderia ser o contrário? Será que as mulheres, ao notarem que estávamos ficando mais fiéis, inventaram um dispositivo para coibir nosso avanço no campo do equilíbrio reclamostático [1] e nos manter no estado corrente de constante perplexidade e alvoroço mental?
Talvez! É difícil dizer.
Não sei precisar exatamente quando o fenômeno surgiu, mas não acho que exista homens tão inteligentes no mundo há tanto tempo assim.
—
[1] Equilíbrio Reclamostático – Situação hipotética altamente idealizada onde o volume de queixas tende ao estado de menor energia, representado teoricamente por um número natural sempre maior que zero.
Doces, bolhas e hipóteses; uma autoexperiência improvisada
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Antes de qualquer coisa (exceto isto aqui <=), um aviso: lembre sempre que plásticos tendem a deformar sob calor excessivo.
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Parte 0 – Ideia brilhante
Estava eu há alguns dias sem dormir que preste quando, numa bela tarde da noite, não mais que de repente, sou abatido por um desejo incontrolável de vasculhar a geladeira. Eis então que encontro uma caixa de leite aberta.
Totalmente desprovido de capacidade cognitiva de estimar a data de abertura do longa-vida devido ao meu estado insône de semiconsciência, lembro de um velho truque culinário que é passado de geração em geração na minha família (começando com a minha mãe e findando em mim) que consiste em aquecer o conglomerado coloidal até que este ferva ou talhe (se ferver, apesar de nutricionalmente arruinado, pode ser bebido com segurança; se talhar, serve nem para jogar ralo abaixo porque leite azedo talhado é capaz de entupir até a boca da panela).
Na minha casa nunca teve essa conversa de “beber leite quente ajuda a dormir” (a palavra de ordem era “banho”), logo jamais passou pela minha anuviada cabeça fazê-lo (era quase um litro também) e como leite fervido e esfriado cria uma nata tão aderente que Van der Waals teria dificuldade em explicar, eu precisava usar aquilo de alguma forma.
Qualquer fita métrica que passasse ao redor da minha cintura naquele momento poderia prever (caso implementos alfaiáticos possuíssem alguma forma inata de precognição) a ideia que surgiria na minha mente em instantes.
Doce de leite.
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Parte 1 – O doce
Ao ver subirem à superfície do líquido não maçarocas de sólidos lácteos mas bolhas de ar, estimei volumetricamente a quantidade de leite na panela e despejei o que julguei ser metade daquele valor em açúcar, alguns poucos cravos-da-índia (para dar um toque exótico) e uma quantidade arbitrária de manteiga (para dar um brilho).
Juntei, de forma simétrica, as pontas dos dedos da mão esquerda às pontas dos dedos da mão direita, proferi um “excelente” e me preparei para passar os próximos noventa minutos mexendo a mistura enquanto ela atingia ponto de fio.
Quando o volume total inicial fica reduzido pela metade, é necessário um olho experiente para perceber a sutil variação na cor do produto que gradualmente escurece e notar quando o doce está no ponto e pronto para ser retirado do fogo. Como eu não tenho um olho assim, uso uma tabela cromática com 256 tons de marrom.
Nesse momento a única diferença significativa entre doce de leite e magma, além da proporção entre os minerais, é que um é quente o suficiente para derreter rochas enquanto o outro encontra-se a quilômetros de profundidade sob o manto terrestre.
Eu costumo ser bastante cuidadoso enquanto estou cozinhando e diretamente proporcional ao cuidado é o desleixo que me toma assim que desligo a boca do fogão.
A comida está pronta e o fogo apagado, o que poderia acontecer de errado?
Grande erro.
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Parte 2 – As bolhas
Dos recessos mais profundos do meu armário de receptáculos vedáveis, produzo um cilindro oco de polietileno despejando dentro dele a produção da minha noite oniricamente prejudicada e coloco o sistema doce-plástico no parapeito da janela para esfriar mais rápido.
Temendo que a coruja albina que mora nas caixas de condicionadores de ar do meu edifício se interessasse pela iguaria, achei por bem tampar o recipiente que se encontrava a oitenta centímetros de mim (aproximadamente uma pia de distância), cometendo o erro de não levar em consideração a variação de ductibilidade do material sob altas temperaturas (vide aviso no início deste artigo) e a perfeição do lacre da tampa, cuja bitola é apenas alguns nanômetros maior que a da boca do pote.
Agora, preciso da ajuda da capacidade de abstração de vocês. Imaginem a seguinte cena: um líquido ultraviscoso e pegajoso aproximando 160 graus centígrados dentro de um reservatório que se torna mais maleável a cada segundo e cuja vazão está rapidamente dando lugar à pressão devido a uma tampa (que em condições ideais já é deveras difícil de encaixar com sucesso) sendo inadequadamente forçada por um gordo burro e sonolento a uma distância totalmente impraticável.
O que temos então? Isso mesmo.
Napalm caseiro.
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Parte 3 – Hipóteses
Após a parte do jato incandescente de creme açucarado que conseguiu desviar da palma da minha mão me atingiu na perna e pé, meu cérebro resolveu me ajudar um pouco e entrou no modo Alerta 2 (Avaliação de danos => Exploração superficial de riscos latentes nos arredores => Escolha de método de reversão de ameaça).
Após finalizar a coleta de dados inciais, a diretiva principal era bastante clara: reduzir temperatura imediatamente.
Como a ameaça estava incorporada em um ser pastoso e grudento mas completamente hidrossolúvel que cobria áreas variadas do meu corpo, cautelosamente (porque não gosto de entrar em pânico) me dirigi ao chuveiro o mais rápido que o atrito entre meus pés e o piso do apartamento me permitia (porque eu estava em chamas).
Já debaixo de uma coluna semicontínua de água fria (eu tomei um tempinho para verificar se a resistência estava mesmo desligada) pensei, enquanto admirava os tons rubros que partes da minha pele estavam adquirindo, qual seria o próximo passo no tratamento.
O engenheiro de materiais que ocupa um quartinho no lado esquerdo do meu lobo frontal me recomendou que, depois que a temperatura voltasse a níveis aceitáveis, eu deveria manter uma certa oleosidade sobre os locais afetados para impedir o ressecamento das superfícies e evitar rachaduras e infiltrações futuras. Logo, assim que parei de delirar, me enxuguei cuidadosamente e comecei a me lambuzar generosamente com um hidratante à base de óleo (que eu só possuo porque minha caminhadas diárias costumam deixar meu entre-coxas assado).
No meio da ação pensei: “este é um momento ideal para conduzir um experimento impromptu!”
Passei o hidratante em todos os pontos fumegantes, exceto no pé, que resolvi deixar como controle.
—
Neste momento preciso fazer uma pausa para inserir uma das minhas famosas desmitificações: popularmente acredita-se que jogar água em queimaduras favorece o aparecimento de bolhas, mas a não ser que o sujeito possua uma lata de ar comprimido ao alcance das mãos, água é a coisa que vai esfriar a pele mais rapidamente. O que propicia o aparecimento de bolhas é a temperatura e o calor específico daquilo que o queimou (não pude controlar para isso mas talvez num próximo episódio eu tenha mais autocontrole).
De nada.
—
Eu poderia também ter tentado outros métodos para comparação, mas nenhum (pasta de dentes, clara de ovo, manteiga) me pareceu justificadamente funcional, então resolvi manter o plano inicial e me ater a testar apenas a hipótese da eficiência real do hidratante.
Hoje, alguns dias depois, tenho bolhas médias indolores na mão, uma bolha gigante e dolorida no pé e uma marca (como de um açoite com chicote em brasa) na perna, também sem dor na região.
As demais áreas afetadas não podem ser expostas neste blogue, que se orgulha em ser Censura Livre.
O hidratante parece ter ajudado. Meu pé ainda dói consideravelmente.
Sei que não foi um teste cego, mas minha frieza consegue ameaçar minhas emoções e subjetividade de um jeito fabuloso.
Precisa ver.
—
E precisei de tudo isso para conseguir inspiração para escrever um artigo decente enfim.
=¦¤þ
Índice Igor da ferroada que você não quer levar
Não vou dizer que roubei a ideia de Atila porque prefiro considerar este artigo como complemento ao seu sobre a ferroada mais dolorida.
Enquanto lia, ficava esperando para ver qual posição a Vespa mandarinia ocuparia. Infelizmente ela não estava lá.
Também conhecida como zangão gigante asiático ou vespa mata-iaque, essa belezinha de mamãe tem um ferrão de seis milímetros.
Para os menos engenheiristicamente inclinados, isso é o comprimento aproximado da ponta de uma caneta Bic:
O veneno injetado por essa monstruosidade (sim, pois na natureza não basta empalar, é preciso parecer queimar) não é dos mais poderosos, sendo menos tóxico que o de uma abelha comum, mas o zangão da foto a seguir mede seu veneno não em mililitros, mas em copos americanos (e consegue picar repetidas vezes, jamais perdendo seu imenso ferrão).
Um entomólogo descuidado (Masato Ono, da Universidade de Tamagawa) disse que ser ferroado por essa besta é “como ter um prego incandescente atravessando sua perna”.
De nada.
Acabou? Acho que não.
Não bastasse ser grande o suficiente para engasgar o mais bocudo dos animais e ter um ferrão maior do que muitos outros insetos, essa matéria-prima de pesadelos consegue voar a mais ou menos quarenta quilômetros por hora.
Isso são 40km/h!
Usain Bolt conseguiria escapar nos primeiros cento e poucos metros, mas acho que nem o melhor supermaratonista conseguiria continuar correndo pelos cem quilômetros que a vespa percorre na sua ronda diária.
Achando pouco ser o maior inseto peçonhento voador com um ferrão infinito, litros de veneno, velocidade de carro em segunda marcha e estamina de triatleta, a gigante asiática ainda é capaz de decepar até quarenta abelhas por minutos.
Por diversão.
Não, brincadeira, a vespa come as larvas.
E para isso precisa passar pelas abelhas.
Muitas abelhas.
A frase “deixando um rastro de cabeças e membros decepados” apareceu constantemente nas minhas pesquisas.
Vejam por vocês mesmos a diferença de tamanho e a facilidade com quê as abelhas são eliminadas.
Eu teria escolhido a Cavalgada das Valquírias como tema do vídeo.
Recapitulando: gigante, veloz, resistente, muito veneno, ferrão reutilizável, dor imensa.
Faltou alguma coisa?
Acho que não.
Ah! Como a vespa mata mordendo, o veneno é usado só para defesa e quando uma ferroada é administrada, feromônios de aviso são liberados.
E esse aviso é “EI! UMA AJUDINHA AQUI QUE ESSE É GRANDE!” para qualquer outra colega que esteja nas redondezas.
Talvez daí venha o apelido de mata-iaque.
Pode não ser a mais dolorosa fisicamente, mas sem dúvida é a mais psicologicamente forte de todas.
Como ganhar a Mega Sena da Virada
Como ganhar a Mega Sena da Virada?
Apostando nas seis dezenas sorteadas!
Não há “segredo para ganhar na mega sena”.
Se houvesse, a mesma pessoa ganharia sempre, pois saberia o segredo.
Dicas de especialistas? Se um sujeito soubesse como ganhar 100 milhões, vocês acham que ele espalharia?
Quer ser caridoso, aposte usando seu segredo, ganhe e dê o dinheiro para a caridade.
Este artigo infalível foi projetado para com certeza capitalizar com a febre da Mega Sena da Virada.
Enjoy!
:odnasrepsiD rbsgolbecneics
Para quem já segue o ScienceBlogs Brasil no http://twitter.com/, o título deste artigo é totalmente hilário.
Se você não é uma dessas pessoas (mas pelo menos já tuita), faça-se um favor e fique por dentro do que o ScienceBlogs dispersa por aí.
Só não é melhor que assinar o nosso feed RSS coletivo.
Uma das minhas personalidades também tuíta, mas como somos seres distintos, eu não aceito reclamações (muito menos me responsabilizo pelo que aquele irresponsável consegue socar em 140 caracteres).
Aproveitem.
Camarões, arsênio e vitamina C, uma estória (falsa) de amor
“Finalmente traduziram esse!” foi a minha primeira reação quando recebi de Atila a versão em português de um spam que Ítalo me mandou três meses atrás (com uma versão circulando pelo menos desde 2001) e que alerta os comedores de camarão dos perigos da vitamina C associada à uma dieta de artrópodes (para mais sobre o parentesco dos camarões, visite o uôleo).
Começando do início, uma taiwanesa começa, aparentemente sem motivo, a sangrar profusamente pelos ouvidos, nariz, boca e olhos (como todas essas partes podem ser consideradas como orifícios, é de se supor que ela também estivesse secretamente sangrando por outros buracos, mas o email não diz).
Uma autópsia preliminar diz “envenenamento por arsênico”.
Sério?
Eu sempre achei que intoxicação por (semi)metais pesados envolvesse cefaléia, tontura, náusea, vômito, salivação, fasciculação muscular, parestesias, paresia e paralisias reversíveis, visão turva, desorientação, distúrbios neuro-psicológicos, dificuldade respiratória e coma, podendo evoluir para óbito.
Não sabia que a pessoa podia desatar a sangrar feito a mulesta.
Bom, o próximo parágrafo afirma que a polícia “iniciou uma profunda e extensa investigação”.
Duas linhas mais tarde, no entanto, temos que “em menos de meia hora, o mistério foi elucidado”.
Outra coisa que eu ignorava: “profunda e extensa” é sinônimo de “rápida e mal feita”.
Interessante.
(Só achei uma pena que o trecho que lê o professor disse: ” O óbito não se deu por suicídio nem por assassinato, a vítima morreu acidentalmente por ignorância ! “ não foi precedido por “elementar, meu caro Watson.“)
Em seguida, num brilhante protesto contra a submissão à norma culta e numa demonstração de desapego total a qualquer resquício de gramática, o autor escreve: “Todos ficaram intrigados, por quê morte acidental? O arsênico ataca os militares americanos que transportam mudas de arroz H Gao.”
Depois que recobrei a consciência, uma busca por “arroz H Gao” produziu apenas páginas apontando para o email falso, enquanto somente “H Gao” produz inúmeras páginas de publicações do (nano)engenheiro mecânico de (nano)materiais Huajian Gao.Legal. Me lembrou um exercício de pontuação da quinta série que pedia para dar sentido à frase “Maria só toma banho quando sua mãe traz a toalha diz ela”.
Continuando, temos que “A vítima tomava Vitamina C todos os dias, que por si só não é nenhum problema” (aham) e “O problema é que ela comeu uma quantidade grande de camarão no jantar. Comer camarão não foi o problema (…)
Utilizando-se lógica simbólica, podemos notar que:
comer camarão = problema; e, comer camarão <> problema, o que resulta em comer camarão = +/- comer camarão.
Logo, temos que: raiz quadrada de (comer camarão)² = 1.
Ou seja, se o camarão fosse uma dízima periódica e o ato de comer fosse uma equação de segundo grau, Schrödinger não teria problemas e seu gato ainda estaria vivo, a não ser que estivesse morto.
E vocês sabem que essa explicação faz tanto sentido quanto o trecho analisado.
Finalmente, uma passagem passível de ser testada: “Pesquisadores da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, descobriram através de experiências, que alimentos, como camarão “casca mole” contem alta concentração de compostos de 5-potassio-arsenico.”
Como eu prestei vestibular há pouco tempo, não tenho a menor chance de saber se existe mesmo um 5-potássio arsênico, mas sei que na University of Chicago nunca se ouviu falar disso. Pelo menos não por escrito.
Depois disso, uma reação magiquímica é dada (grifos meus): “ao ingerir a Vitamina C, o inicialmente não-tóxico 5-potassio-arsenico (As2 O5) se converte no tóxico 3-potassio-arsênico, também conhecido como trióxido de arsênio (As2 O3)“.
Mais uma vez, o vestibular sugou toda a minha capacidade de balancear reações químicas, mas eu sei que o símbolo do potássio é K e sei também que ele não aparece em lugar algum na reação acima.
Mas não se preocupem, o oxigênio veio cobrir a falta do colega monoletrado.
Então, o que deveria (eu acho) ser As2K5 e As2K3 vira As2O5 e As2O3.
Aquele nome mais uma vez: magiquímica.
Na verdade o finalzinho do parágrafo “é também conhecido como trióxido de arsênio (As2 O3), que é popularmente conhecido como arsênico“.
“Arsênico” é popularmente conhecido como “arsênico”.
No máximo “arsénio”, caso se subscreva ao sistema luso de entonação.
“Arsênio” é outro sinônimo. “Trióxido de arsênio” não.
Continuando: “O venenoso arsênico faz parte do magma”
AAAAAAAAH!!!!! CORRAM!!!!!!!!
Não, sério, continuando: “O venenoso arsênico faz parte do magma e causa paralisia nos pequenos vasos sangüíneos, “mercapto Jimei” ??”
Preciso parar aqui porque eu já li mil vezes e não consigo entender a frase.
Isso foi uma pergunta? Os vasos sanguíneos se chamam “mercapto Jimei”? Mercapto não é um semideus grego?
Como o começo da mensagem faz menção indireta a um pesquisador chinês, creio que “Jimei” aí se refira à Universidade de Jimei, na China. Mas não é certeza, pode ser outro pesquisador com o sobrenome Jimei ou com o nome completo Ji Mei.
Não sei, estou muito confuso…
Sabem qual o maior motivo da minha confusão? Lógico que não, eu ainda não disse (e nem mesmo sei se entendo), mas digo agora: logo após o trecho acima o autor descreve as consequências de envenenamento por arsênio usando exatamente os mesmos sintomas de escorbuto grave, causado por falta de vitamina C, que no spam é a responsável pela mazela.
E agora? Se não tomar a ácido ascórbico eu vou sangrar pela boca até morrer, mas se tomar eu também vou sofrer de hemorragia bucal mortal. O que fazer com esse ardil 22?
Ah, lembrei que eu não como camarão!
Ufa! Estou a salvo.
Mas, se vocês comem aquele bicho e querem seguir a seguinte dica do finalzinho do email: “Dessa forma, como medida de precaução, NÃO coma camarão quando ingerir Vitamina C“, eu recomendo que vocês fiquem longe e evitem comer melão, mamão, manga, goiaba, ervilha, morango, pimentão, laranja, acerola, tangerina, limão, kiwi, espinafre, banana, maçã, tomate, brócolis, goiaba, ervilha, batata, Fanta, couve, aspargos, repolho, pera, amoras e suas variações, pepino, cravos, pimentas de vários tipos, uva, ameixa, abacate, orégano, milho, alguns tipos de peixe, carne de foca e a salsinha que vem sobre o arroz quando você pede um prato de camarão aos quatro queijos.
Isso e alho, um dos alimentos mais ricos em ácido ascórbico.
Quantas pessoas vocês conhecem que comeram camarão ao alho e óleo e sobreviveram?
Pois é.
Mais uma vez, faço minhas as palavras finais do texto: “Depois de ler isto, por favor, não seja egoísta. Encaminhe este texto a tantos quanto puder.”
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