Porque spams de chumbo em batons nunca morrerão

O texto a seguir não é meu, mas uma tradução autorizada de “Why Lead in Lipstick Stories Will Never Go Away“, de Perry Romanowsk do blog Chemists Corner que incluo aqui como complemento para o meu desmistificador texto Batons com chumbo, de 2008.

Essa conversa sobre o estudo em batons feita pelo Daily Mail que mostrou que 55% dos batons contêm traços de chumbo me leva a concluir que esse problema jamais irá embora.

O problema?

Não, não é o chumbo em batons. Isso não é um problema. Não existe nenhum estudo com credibilidade que demonstre que o nível de chumbo em batons seja algo além de seguro.

O problema é a crença de que não existem níveis seguros para chumbo ou mercúrio ou “toxinas” que podem ser tolerados em cosméticos.

Infelizmente, isso é um problema com o qual químicos de cosméticos precisarão lidar pelo resto dos dias. Algumas pessoas nunca entenderão a noção, colocada por Paracelso:[1]

Todas as substâncias são venenosas; não existe uma só que não seja veneno. A dose correta é o que diferencia os venenos” Paracelso (1493-1541)

Por que?

Eu tenho pensado muito sobre isso por ser um assunto tão frustrante para os cientistas. Aqui estão cinco razões pelas quais eu acho que este problema nunca vai desaparecer.

 

1. Estórias de medo são mais convincentes que estórias de segurança.

Isto é uma coisa óbvia em jornalismo. As pessoas estão mais interessadas em notícias que as assustam do que naquelas que são tranquilizadoras. Sensacionalismo vende. Assim, estórias de cosméticos tóxicos sempre superarão outras declarando a segurança dos mesmos. E já que os cosméticos são, de longe, mais seguros do que a maioria dos outros produtos de consumo, os meios de comunicação terão que reinventar estórias sobre chumbo no batom. Simplesmente não há muito mais que isso.

 

2. As pessoas são analfabetas científicas.

Essas estórias de medo são convincentes porque as pessoas, em geral, são analfabetas científicas [não sabem necessariamente como a Ciência funciona nem se interessam por fatos científicos]. Elas também preferem respostas simples a respostas complexas; “chumbo = ruim” é uma coisa muito mais fácil para o público compreender do que “certos níveis de chumbo são ruins porém outros níveis são perfeitamente seguros”. A mercantilização do medo é eficaz porque quem propaga essas notícias o faz para um público que não é entende o bastante de ciências para julgar a validade da estória.

Note a cor. Não é um batom.

Note a cor. Não é um batom.

Você sabia que para determinar o nível de chumbo num batom você tem que usar ácido fluorídrico para separar o chumbo? O ácido estomacal não é forte o suficiente para separar os componentes de um batom que tenha sido ingerido, dessa forma, o chumbo nunca nem vai entrar em seu sistema!

 

3. As pessoas são incapazes de avaliar adequadamente o risco.

Outro imenso problema é que as pessoas não são boas em avaliar riscos. Eles se preocupam com chumbo em batom ou BPA em garrafas de plástico que têm níveis de risco na casa do 1 em milhões, mas nem pensam duas vezes em entrar num carro que tem um 1 em 100 chances de matá-los. Aqui está uma lista das coisas que matam as pessoas. Cosméticos não são uma delas.

 

4. A mensagem beneficia alguns vendedores.

Uma das razões pelas quais essas estórias vão continuar circulando é que alguns comerciantes usam o medo para se destacar de seus concorrentes.[2 – veja anúncio da Mary Kay mais abaixo] Quando você lê alegações como “sem parabeno” ou “livre de sulfato” em um recipiente, há a afirmação implícita de que essas coisas são perigosas ou ruins [ou, no caso deste açúcar, de que seus concorrentes estão usando enxofre na composição]. Estas não são mentiras diretas, mas implicitamente propagam mitos que ajudam empresas a se beneficiarem deles.

 

5. Efeito Dunning-Kruger.

Finalmente, há o “efeito Dunning-Kruger“. Esta é a noção de que alguém não qualificado em um assunto tem mais confiança na sua opinião sobre aquele assunto do que alguém que realmente sabe alguma coisa sobre aquilo. Então, você tem livros escritos por agentes de relações públicas e modelos de passarela expondo a toxicidade e perigos de cosméticos. Por que é que as pessoas que passaram suas carreiras a pesquisar e testar produtos cosméticos não estão escrevendo livros assustadores sobre cosméticos? Por que será que justamente as pessoas que provavelmente mais conhecem a verdade sobre se os cosméticos são perigosos não estão escrevendo esses livros?

Dunning Kruger explica.

Esse não tem chumbo. Notou a diferença?

Esse não tem chumbo. Notou a diferença?

 

Formuladores cosméticos

Então, o que isso significa para cosméticos e químicos de cosméticos?

Em alguns aspectos estórias assim são positivas para os químicos de cosméticos. Sempre que um ingrediente cai sob a mira de uma ONG (organização não-governamental) fiscalizadora, os fabricantes de cosméticos se movimentam e colocam seus cientistas para trabalhar, desenvolvendo versões de fórmulas que não contêm o ingrediente visado. Este trabalho de formulação defensiva pode manter as pessoas com um trabalho remunerado durante anos.

No entanto, isso significa que você não vai conseguir criar qualquer inovação real ou desenvolver produtos com novos benefícios. Você simplesmente gasta seus dias reformulando produtos que funcionam perfeitamente bem usando ingredientes alternativos, geralmente de baixa qualidade. (Se não fossem de qualidade baixa, estariam sendo usados desde o começo).

Mas, infelizmente, o mundo é assim. Até que melhore-se a educação científica em nosso país e em todo o mundo, as pessoas ainda vão achar “Chumbo no Batom” convincente.

— Notas do tradutor —

[1] Essa passagem (e o link associado) diz respeito ao fato de que, na dose correta, qualquer substância se torna perigosa. Os mais perigosos são aqueles cujas doses prejudiciais são menores (ácido sulfúrico, soda cáustica, cianureto, metanol), mas até água e ar podem se tornar venenos quando em doses grandes o suficiente.

[2] Isto abaixo é um cartaz que supostamente a empresa Mary Kay está dispersando pelo Facebook (citando parágrafos inteiros do meu texto sem os devidos créditos corretos), se aproveitando da situação para virar o jogo a seu favor (clique para ver a imagem do tamanho correto):
 
Mary Kay não tem batom com chumbo. Nenhuma outra marca também.

Agradecimentos especiais a Pedro, por ter chamado minha atenção para o original.

 

Alpiste cura diabetes!!! Só que não!!!!

Recebi de uma leitora preocupada uma apresentação de Power Point que alega que alpiste cura diabetes, pressão alta, artrite, gota, feiura, etc, etc.

Oi, Igor,

Estive a ver no seu site e Você sabe alguma coisa sobre esta história da alpista fazer bem aos diabetes? Estive a ver no seu site e não encontrei nada!

Abraços,

Patrícia Salgado

Minha regra geral é: se veio num arquivo .pps, provavelmente não é verdade. E tal possibilidade diminui progressivamente com a quantidade de cores e exclamações adicionadas.

Considerando que o primeiro quadro da apresentação lê “¡¡¡¡¡¡¡ALPISTE!!!!!!!!”, eu já eliminaria qualquer chance de credibilidade do texto. Mas vamos analisar de toda forma, eu me divirto com isso.

(Peço desculpas antecipadas por incluir ipsis literis o texto nojentamente escrito.)

Recentemente cientistas investigadores da Universidade Nacional Autônoma do México analisaram o grande poder alimentício do alpiste, devido aos grandes benefícios que acarreta às aves,

Óquêi. Para você, qual a primeira coisa que chama atenção aqui?

Para mim é a presença da palavra “aves”, que torna qualquer comparação com mamíferos, com uma diferença evolutiva de pelo menos 300 milhões de anos, totalmente irrelevante.

A segunda coisa é a presença do nome de uma universidade. Uma alegação testável!

Mexendo um pouco na página da dita cuja – unam.mx -, achei o seguinte:

Alpiste

Phalaris canariensis L.

Gramineae

(…)

Comentarios.

Planta introducida de la cual no se detectaron antecedentes de uso medicinal, ni estudios químicos o farmacológicos que corroboren su efectividad.

Ou, em bom português: “Planta introduzida (não-nativa) na qual não se detectou antecedentes de uso medicinal, nem estudos químicos ou farmacológicos que corroborem sua eficácia.”

Se você não é familiar com o “trombone triste”, clique neste link e ouça (são cinco segundos só).

Pois é. Na página da universidade citada logo no começo do spam é facilmente encontrado que não só não existem registros de uso medicinal tradicional como também não existem estudos que apoiem tal uso que não era feito. Que lindo.

Mas, mais sobre isso daqui a pouco. Continuando.

E depois de muitas experiências baseadas em método científico descobriram que o alpiste possui uma proteína incrívelmente poderosa, a qual tem seus aminoácidos estáveis o que induz a uma maior eficiência alimentícia no organismo.

Que proteína? Cadê o nome? Falou até em método científico mas não deu o nome da proteína?

Isoleucina, leucina, triptofano, lisina, metionina, fenilalanina, treonina e valina. Esses são os oito aminoácidos essenciais para a nossa vida. Não existe um mais eficiente que outro nem eles formam proteínas mais poderosas que outras. Por mais que palavrinhas safadas como (sic) “incrívelmente” estejam presentes no texto (como eu costumo dizer, quem acentua advérbios de modo não tem o mínimo de visão do futuro).

A parte que eu mais gosto do trecho acima é “maior eficiência alimentícia”. Visto que “alimentícia” significa “que serve para alimentar“, pode-se concluir que o autor do spam acha que nosso corpo é um restaurante. Que gracinha.

O alpiste é uma planta gramínea da família das poáceas, herbácea. É originária do Mediterrâneo, mas cultivada comercialmente em várias partes do mundo para usar a semente na alimentação de pássaros domésticos.

E daí? Como veremos mais adiante, alpiste seria uma panaceia (a cura de todos os males, agora sem acento!) e essas últimas informações acima de nada ajudam, nem como evidências nem como situador – pois se você não sabe o que é alpiste, saber de onde vem e a qual família pertence não vai ser de grande ajuda.

Palavrinhas safadas, novamente. Em nada ajudam e só servem para criar um ar de ^sabedoria^, incluindo no texto informações completamente inúteis porém com ar científico, chegado até a usar o termo “método científico” mais acima.

“Tirando leite do pau”, uma imagem irrelevante para o texto, em homenagem.

O alpiste é uma das sementes mais poderosas da Terra;

É o He-Man do mundo vegetal.

sua capacidade de recarga enzimática é imensa e seu conteúdo proteico é ainda maior. Um copo de leite enzimático de alpiste Tem mais proteína que dois ou três kilos de carne mas com aminoácidos estáveis, isto é, que viajam de uma maneira segura e indestrutível até o nosso organismo.

Bem, vamos ver a alegação acerca da proteína. Segundo uma medição neste link (em PDF) da PUC do Rio Grande do Sul, 100 gramas de “carne bovina magra, assada” contêm 30,4g de proteína total.

De acordo com a tabela nuticional (em PDF) da Comissão de Desenvolvimento de Alpiste de Saskatchewan (pois é, também me surpreendi), cem gramas de alpiste contam com 21,67g de proteína.

Usando uma recente descoberta da Universidade de Desde Sempre chamada “regra de três”, concluo que dois ou três quilos de carne equivaleriam a um copo de alpiste, desde que esse copo comportasse, respectivamente, pelo menos 2,8 e 4,2 quilos de alpiste puro, sem água. É MUITO ALPISTE!!!

Eu não sei o que o autor considera “recarga enzimática”, mas qualquer enzima que o alpiste contenha vai ser demolido com força pelo nosso ácido estomacal (mas sobre ácidos lá embaixo). Quanto ao trecho “aminoácidos estáveis, isto é, que viajam de uma maneira segura e indestrutível até o nosso organismo” eu só consigo pensar que ele está a cantar as virtudes da casca do alpiste, que não deixa o grão se desintegrar. Mas aquele “isto é” ali me deixa um pouco desconfortável, visto que aquela não é a definição de “aminoácido estável”.

Veja bem, os aminoácidos são naturalmente estáveis, sendo os ácidos alifáticos os mais estáveis de todos, incluindo dois (glicina e alanina) que produzimos naturalmente, sem a necessidade de comermos ração de passarinho.

Mais palavrinhas safadas.

As enzimas que o alpiste proporciona têm um imenso poder para desinflamar nossos órgãos, especialmente o fígado, os rins e o pâncreas, o que torna o alpiste um fabuloso regenerador pancreático, isto é, acaba com a diabete em poucas semanas,

Você entendeu o que essa frase aí quis dizer? Vou traduzir usando analogias automotivas para deixar mais claro: “a cor da gasolina tem um imenso poder para limpar os filtros do condicionador de ar, especialmente os que resfriam o para-brisas e o desembaçador do vidro traseiro, o que torna a cor marrom um fabuloso regenerador aéreo, ou seja, seus dentes vão ficar mais branco em uma semana”.

Ficou mais claro agora? O autor deu um pequeno salto de “viram que alpiste é bom para pássaros” usando o tradicional “eu não sei ler tabelas nutricionais” e chegou milagrosamente em “só não ganhei ainda o Nobel de Medicina porque sou muito modesto”.

Fora que “regenerador pancreático” me soa muito parecido com “capacitor de fluxo”. Mas aí é só implicância minha, porque eu só gosto de coisas que fazem sentido.

Ai, ai… Tem muito mais ainda.

elimina também a cirrose ao aumentar o controle de hepatócitos do fígado e de passagem, claro, o desinflama,

Sabe o que elimina cirrose? Transplante. Cirrose é, literalmente, uma cicatriz no fígado. O tecido do órgão é substituído por uma cicatriz, da mesma forma que acontece no queixo de menino que não sabe brincar. Se você já levou pontos alguma vez, sabe que essa marca jamais vai ser eliminada pelo aumento do controle do num-sei-o-que, seja lá o que isso signifique.

E inflamação no fígado não é cirrose, é hepatite. Sujeito aí faltou à primeira aula de fisiopatologia.

recarrega os rins de enzimas, favorecendo uma saudável diurese que elimina o excesso de líquidos no corpo,

Minha resposta:

“O crime é uma doença… tipo cirrose ou hepatite (não sei a diferença). Minhas balas de alpiste são a cura (quando eu recarrego os rins, que são as pistolas).”

por isso o alpiste é um lutador incansável contra a hipertensão…

Hein!? Como foi que chegou aí? Acho que a minha cópia veio com algumas páginas coladas.

é uma maravilha, por conter a enzima lipasa que elimina rapidamente a gordura do organismo, seja nas veias, nas artérias, ou simplesmente dos depósitos de gordura, por isto é um importante remédio contra a obesidade

Não, não contém.

Próxima!

e gera grandes e potentes resultados como promotor de corte e tonicidade muscular.

Mesmo que tivesse, não geraria. Como não tem, não gera dobrado.

E eu que não quero um negócio promovendo “corte muscular” em mim. Já me bastam as facas daqui de casa.

Indicado para hipercolesterinemia e prevenção da arteriosclerose;

Indicado por quem? Pelo pps? Porque pela Medicina não é.

diurético: útil em situações nas quais se requer um aumento da diurese, tais como infecções genito-urinárias (cistite),

Cistite é uma inflamação na bexiga (é também uma inflamação da bexiga, oxe). Não sei como é no autor, mas meus genitais ficam um pouco mais para fora.

E agora, com vocês, uma lista de doenças!

hiperazotemia (abundância de sustâncias nitrogenadas no sangue), hiperuricemia, gota, hipertensão arterial, edemas, sobrepeso acompanhado de retenção de líquidos, gastrite e ulcus (úlcera, sobretudo úlcera do estômago).

TA DA! [muitas palmas]

O que mais gosto da lista, além do fato da aparente falta de necessidade em listar coisas aleatórias e desconexas, é o uso da palavra ulcus, latim para úlcera.

É demulcente (emoliente, relaxa e abranda as partes inflamadas).

Mas é para cabelos secos ou oleosos?

Nas Canárias além de aperitivo é considerado um bom remédio para os males da urina, pedras, rins e bexiga, e refrescante para os calores.

Você não odeia quando sua urina adoece? E quantas vezes nós não saímos no meio da noite em busca de uma farmácia aberta para comprarmos remédios para pedras? Eu não gosto de ver pedras sofrerem, sempre achei de mal gosto o começo de Super-Homem IV, que mostra Lex Luthor quebrando pedras a marretadas.

Pelo menos é “refrescante para os calores”. Todos eles.

Também é utilizado externamente para eczemas.

Essa parte é interessante (não só pela imagem que acompanha, que pode facilmente ser um recorte de uma imagem pornográfica de uma desbarrigada sensualizando) porque fala de uso externo e, em seguida, ensina o modo de consumo – via oral.

Como consumi-lo: apenas deixar de molho cinco colheres de alpiste à noite e pela manhã eliminar a água em que ficou de molho, por as cinco colheres de alpiste embebido no liquidificador, enchê-lo com água pura e bater,

ENCHER O LIQUIDIFICADOR? Que receita fabulosa! Quanta atenção aos detalhes!

Naquela mesma página da universidade mexicana, onde tem dizendo que nunca se encontrou prova de eficácia, em um link que citei lá em cima, encontrei isso aqui:

Etnobotánica y antropología.

La presión alta, en el Distrito Federal, se trata entre otras muchas formas como sigue: se prepara un cocimiento con los frutos, se cuela y se toma como agua de tiempo sin endulzar, solamente por una semana.

Traduzindo: a forma tradicional de consumir alpiste é cozendo-o, coando-o e consumindo-o somente por uma semana. Para tratar pressão alta.

Uai!? E tem que tomar depois de cozinhar? Não era só deixar de molho? E cadê a diabetes? Cadê? Cadê diabetes?

E o que o autor do spam quer? Matar todos nós de super dosagem? Porque no único lugar onde ele cita o tempo do ^tratamento^ ele fala em “semanas”.

Bah. Tem mais.

o resultado será um leite bem espumoso de suave sabor que é basicamente uma injeção a favor da saúde máxima e da forma desejável do corpo, toma-se um copo grande em jejum e outro bem antes de dormir.

Quando eu escrevi esse outro texto, minha intenção era fazer uma paródia justamente de spams desse nível; textos escritos por alguém que mal sabe separar parágrafos, sem revisão e sem senso de ridículo (ou de responsabilidade, mas eu ainda prefiro aplicar a Navalha de Hanlon).

Uma injeção a favor da saúde máxima e da forma desejável do corpo. É tudo o que eu quero agora.

É claro que se você quiser tomá-la nas refeições ajuda muitíssimo, no entanto, nunca deve faltar em jejum pela manhã e antes de dormir.

Se ajuda muitíssimo, por que a recomendação inicial já não é “se entupa desse caldo amargo e seboso o dia inteiro” desde o começo? QUEM VOCÊ ESTÁ TENTANDO MATAR, SEU SPAMMEIRO SEM CORAÇÃO??

Nunca acrescente nem fruta nem açúcar, isto está proibido

Pausa para citar uma frase do único filósofo sério e único profeta real, Aleister Crowley: “fazes o que queres, pois tudo é da Lei”.

Continuando:

Nunca acrescente nem fruta nem açúcar, isto está proibido pois o açúcar refinado é um veneno que mata as enzimas e tudo que é bom dos alimentos, já que é muito ácido e nada vivo sobrevive na acidez do açúcar refinado.

Amigão, enzimas não são vivas, frutas não contêm açúcar refinado nem este é veneno, nem ácido.

A frase é tão filhadaputa que é até difícil contar quantas coisas estão erradas. Por exemplo, se frutas tivessem um veneno que mata “tudo que é bom dos alimentos”, por que então seria uma das coisas mais recomendadas por médicos e nutricionistas?

E dizer que açúcar refinado, que é 100% sucrose, não pode é o mesmo que dizer que sucrose não pode, não é?

Volte ali na tabela da associação saskatchewense e procure (terceira tabela do lado esquerdo) por “sucrose”. Já adianto: é quase 70% do total de açúcares no alpiste.

Quanto à acidez, é sabido que esta é medida pela quantidade de H+ ou OH- que uma solução apresenta.

Aquela palavra novamente: “solução”. Açúcar, até onde eu lembre, não é uma solução, portanto, não pode ser ácido (ou básico, ou qualquer outra coisa – é como tentar medir a temperatura de um som).

Até em soluções a glucose praticamente não doa nenhum íon (numa solução a 10%, menos de uma em cem mil moléculas perde um H) e, devido a isso, não altera o pH de coisa nenhuma.

De quando em vez, eu preparo um refrigerante de gengibre (que eu chamo “gengibrerante”) aqui em casa e um dos ingredientes principais é açúcar. Outro que não pode faltar é fermento biológico, cujos organismos são os responsáveis por peidar gás carbônico na minha bebida, numa prova viva de que açúcar não mata. Ou será que só mata o que não é vivo?

Falando em ácidos, o do estômago é bem forte, beirando o pH 1 (quanto menor o pH, mais ácida a solução). O “ácido” inexistente do açúcar “mata” as coisas boas do alpiste mas o real, inexorável e intransponível ácido clorídrico não?

Eu achei também em alguns lugares (não muito confiáveis, mas é sempre bom usar fogo contra fogo) que alpiste contém ácidos salicílico e oxálico. Mas não, esses ácidos são do bem, só o que mata é o ácido imaginário do açúcar.

Consumir leite de alpiste é uma injeção ou vacina bem forte contra a diabete e qualquer enfermidade gerada por níveis ácidos do corpo,

Esse sujeito (ou sujeita, para ser justo – algumas mulheres conseguem ser burras assim também) iguala “injeção” a “vacina”. Daí você tira o nível intelectual da pessoa. Confunde um método mecânico de inserção de material com remédio.

Outra coisa: diabetes não é “gerada por níveis ácidos do corpo”. Uma coisa que cure um precisaria de muito malabarismo fisiológico e farmacoquímico para curar outro.

portanto, é necessário consumir pelo menos dois ou três copos de leite de alpiste diários para assegurar uma figura delgada e um corpo bem sadio, que, claro, conduza a uma mente sã.

Quando for usar a locução “pelo menos”, tenha um valor mínimo bem definido. E se o mínimo forem três copos, diga logo no começo que são três e não “um em jejum e outro antes de dormir”, porque isso contabiliza dois. E se beber alpiste conduz a uma mente sã, acho que o autor está se abstendo do leitinho.

E você notou que tudo isso, toda essa enrolada e invenção, depois de tantas imagens, tantas cores, tantos remetentes bloqueados e tantas falsas promessas, eis que surge a intenção real do autor? Ele odeia gordos e acha que ser magro e ter a “figura delgada” é a única forma aceitável para um ser humano e a única maneira de ter “um corpo bem sadio” (não sabia que ser sadio vinha em graduações).

O nome disso é GORDISMO. Sabe quem mais odiava gordos? Hitler.

Mas que figura delgada! Você deve se entupir de alpiste, não é? Hitler ama você.

Mas ainda me pergunto, será que esse suco do alpiste também cura o câncer de esôfago que sua casca pode causar? SERÁ?

Não, não cura. Assim como também não cura diabetes nem cirrose nem nada alegado no spam. Deixe o alpiste para os passarinhos e vamos comemorar num churrasco.

Finalizo esta análise com o recado final do próprio spammeiro: Compartilhe.

P.S. Não resisti, precisava colocar esse gif.

Balas de alpiste recarregando seu mijo!

Outros spams destruídos:

Como reconhecer um spam;

Spam dos batons com chumbo;

Spam do camarão e da vitamina C;

Spam dos absorvente internos que causam câncer;

Spam do benzeno em condicionadores de ar de automóveis;

Spam da Doença de Chagas em feijão;

Spam sazonal da gripe suína;

A falsa cura do câncer desmentida mais rapidamente que eu já vi.

Profissões do futuro – psicanálise de sistemas

Psicanalista de sistemas: profissional cuja função principal é analisar personalidades e identificá-las como um transtorno mental específico; responsável por planejar e coletar informações junto aos usuários, a fim de implantar o número de sessões computacionais por semana; desenvolve tratamentos a partir da psicanálise de coleta de informações, estudando fluxos de consciência e necessidades de regressões para propor alterações de personalidade virtuais, e elabora terapias; implanta memórias e mantém sugestões, observando deficiência, racionalidade e solução de problemas psicológicos e eletrônicos; elabora manuais de comportamento de máquinas.

“Estou compilando sua personalidade”

A psicanálise de sistemas é a atividade que tem como finalidade a realização de sessões de terapia/compilação a fim de encontrar o melhor caminho racional para que a informação possa ser rotulada e executada. Os psicanalistas de sistemas estudam os diversos sistemas existentes entre a infância (tabula rasa – templates), personalidade (instinto animal – libraries), sincronicidade (não-causal – conflitos de sistema) e o tratamento final (psicoterapêutico – execução).

“Todo diagnóstico deve ser livre!”

Os profissionais da área são preparados e treinados em procedimentos operacionais padronizados, dotados de conhecimentos do transtorno e tratamento, descrevendo softwares (id), que são executados em hardwares (ego) operados por usuários (superego).

A partir de então a psicanálise de sistemas é uma profissão cujas responsabilidades concentram-se na análise dos arquétipos computacionais e na administração do inconsciente coletivo da Nuvem.

Os comportamentos e personalidades dos usuários e sistemas são desenvolvidos a partir de soluções que serão padronizadas e transcritas da forma que o paciente possa ser diagnosticado enquanto o programa roda ao fundo.

“Você precisa reiniciar suas preconcepções.”

Assim como existe um número de pai-nossos e ave-marias relacionado para cada pecado, para cada tipo transtorno existe um número de semanas de sessões.

Símbolos e termos musicais – uma simplificação didática

Dia desses minha mãe me ligou perguntando o que exatamente significava a expressão carreira solo, quando em referência a um músico e, como me é pouco característico, eu entendi rapidamente o motivo da dúvida. Vamos lá (respirem fundo agora).

Solo, em português, significa: “Porção de superfície terrestre; Revestimento sobre o qual se anda; Parte superficial da terra que se pode cultivar ou onde podem crescer plantas; Terreno”.

Já em italiano, a lingua franca da música (de onde obtemos a própria expressão “lingua franca”), solo é a palavra que designa “sozinho”. Logo, em música, “carreira solo” não diz respeito a um deslocamento em velocidade sobre uma superfície mas a uma escolha profissional solitária, em contraponto a uma “carreira coletiva”. Ou seja, o sujeito tocava/cantava numa banda, saiu e passou a se apresentar sob seu próprio nome.

Então, torna-se completamente entendível que surjam dúvidas caso não se esteja familiarizado com as raízes latinas dos termos musicais.

É bom, no entanto, notar que apesar da maior parte dos termos usados em música formal serem derivados do italiano, há exceções quando em português, que é em espanhol, e quando em inglês, que é em francês. Como é o caso do símbolo acima; clave e clef, respectivamente.

Outro bom exemplo é a notação que chamamos de “semínima”, uma aglutinação do italiano semiminima, ou “metade de uma mínima” (que, por ter metade, já não é mais tão mínima), que em inglês tem duas versões: quarter note, ou “quarto de nota”, designando a metade de uma metade de uma nota que chamamos de semibreve, ou metade de uma breve, que é a nota mais longa possível (fazendo de “quarter note” o quarto de uma nota que não é a maior), e; crotchet, derivado do francês crochet (de onde tiramos “crochê”, artesanato têxtil semelhante à renda), que utiliza o termo noire (preta) para a mesma nota, enquanto reserva croche para metade daquela.

A nossa mínima (duas vezes uma semínima, metade de uma semibreve e um quarto de uma breve), é conhecida em francês por blanche, ou “branca”. Então, uma branca equivale a duas pretas. No entanto, a pausa de uma branca é uma semipausa (demi-pause), um termo descritivo denotando metade de uma pausa de ronde, ou “redonda”. A pausa da preta, por outro lado, é denominada soupir, ou “suspiro”. Existe ainda o “meio suspiro” (demi-soupir), que é a pausa do croche, de onde deriva o nosso “colcheia”, enquanto a mesma nota em italiano é chamada de croma, ou “tremida”, devido, talvez, à possibilidade de uso em mudanças rápidas e curtas, que emulam um tipo de vibração. O que não deve ser confundido com tremolo, que designa vibração de alternância de amplitude e não cromática.

círculos das quintas – o SI da escala cromática

Aliás, a palavra “cromática”, como em “escala cromática”, apesar de ser tão derivada do Latim quanto croma, não diz respeito a cores, mas ao sistema temperado, que não deriva de tempero no sentido de condimento, mas de temperamento, no sentido de harmonia, pois a escala cromática organiza e divide as notas em conjuntos harmônicos chamados oitavas, que não devem ser confundidas com as semínimas, que correspondem a oitavos das breves, nem com as eighth notes (literalmente, “oitavos de nota”), que são as nossas colcheias e as cromas dos italianos. É interessante também ressaltar que o “harmônico” dos conjuntos acima descritos é diferente do “harmônico” das ondas que formam as notas em si, sendo este definido como “sub-frequências do sinal compostas por múltiplos inteiros da fundamental”.

O caso mais confuso, todavia, é o da nossa breve, que, como já aludido, é a nota que menos pode ser descrita como sendo breve.

Na língua original (para todos os fins e efeitos, italiano é a base da língua musical original), ela é conhecida por breve porque era, em tempos medievais, realmente a mais breve das notas, sendo precedida pela longa (duas breves) e pela maxima (ou duplex longa, equivalente a duas longas). Atualmente, por outro lado, as maiores foram extintas das notações musicais deixando-as com tal designação completamente equivocada. Mas isso só é válido em português e italiano (e no russo, que mantém a grafia antiga, Бревис).

duas semínimas

Em espanhol, ela se chama cuadrada, para se diferenciar de sua metade (nossa semibreve) chamada redonda. Ambos, como a maioria das notações em espanhol, derivados do francês, onde a palavra carreé, ademais, é também um sinônimo de “praça”.

Em inglês, a nota de maior valor nominal é a whole note, ou “nota inteira” que é, na verdade, metade da maior nota possível, que passou a ser chamada double whole note, ou “dobro da nota inteira”.

Concluindo: em notação musical geral, deve-se usar um substantivo em italiano.
A não ser quando uma língua como português usa um termo em espanhol ou em inglês é usado o mesmo que em francês.
Ou então quando se usa um adjetivo denotando a cor da nota. Menos quando se fala em escala cromática. Ou quando em italiano, onde croma é sinônimo de vibração, de onde vem o português “colcheia”, que já deriva de francês mas que é diferente da vibração tremolo.
É também aceitável utilizar referências ao formato ou subdivisão aritmética das notas, dependendo do idioma, menos no caso de “oitava”, que não é nem a metade de 1/4 nem o formato do dígito 8, mas uma subdivisão cíclica do sistema temperado, mas nunca condimentado, apenas harmônico, mas não matematicamente, apenas agradavelmente.

Dá para notar o motivo da dúvida, não é?

A melhor forma de descascar o ovo cozido perfeito

Antes de qualquer coisa (exceto estas duas frases), eis a receita do ovo cozido perfeito:

Deite um ovo (que foi retirado da geladeira com antecedência e que já se encontra em temperatura ambiente) em uma panela e despeje água fria da torneira em quantidade suficiente para cobrí-lo completamente. Adicione uma ou duas pitadas de sal e leve ao fogo médio.[1]

Assim que o conjunto começar a ferver, desligue o fogo e deixe o ovo em repouso por quinze minutos. Isso vai fazer com que ele cozinhe gentilmente sem que ultrapasse a temperatura interna ideal de 65°C (mais ou menos. Não me cite no seu TCC).

Findado o quarto de hora, escorra a água quente e volte a cobrir o ovo com água fria. Deixe-o por cinco minutos ou até que seja possível manuseá-lo ainda ligeiramente morno.[2]

Aí você descasca!

Usando o método de cozimento descrito acima, seu ovo ficará completamente cozido mas ainda macio.

Então, basta escolher o tipo de sal e degustá-lo lentamente.

———

[1] – Não, o sal aqui não é para aumentar a temperatura de ebulição da água, porque a quantidade sugerida é irrelevante para o processo. O que o sal vai fazer ali naquele conjunto é proteger o ovo de um vazamento. Se a casca estiver trincada, a clara – ainda bastante líquda – vai vazar quando o ovo se expandir na água quente. Se sua água estiver suficientemente salgada, a clara vai se solidificar mais rapidamente, o vazamento vai ser contido e o buraco vai ser tampado.

[2] – Descascar um ovo quente é mais fácil que um frio porque a membrana que fica imediatamente abaixo da casca adere menos à clara em tais condições.

O DISPERSANDO VOLTOU!!!

Alguns de vocês já devem ter visto (SIM, VISTO!!!) que o Dispersando, o Podcast do ScienceBlogs Brasil agora é um VIDEOCAST!!

E MELHOR AINDA!! COM ENTREVISTAS!!!

A primeira foi com André Rabelo, do SocialMente e a segunda (os programas devem ir ao ar toda quarta-feira) foi com Eduardo Emanuel Henn, do Caderno de Laboratório.

Vão lá, clicando aqui (o link abre até em outra janela, para seu conforto) e assine tudo que puder ser assinado (RSS, Youtube, G+, petição para a descriminalização da ovalidade da minha cabeça, etc)!!

Aproveitem e escutem os programas antigos. Eles ainda são bons. Eu acho.

“Múltiplas exclamações. O mais claro sinal de uma mente doente.” (Pratchett, T.)

Ditadura surda

Só não vê quem não quer[1]! estamos passando por uma revolução no modo de pensar, de agir e, principalmente, de ouvir! Querem criar uma surdocracia!

Querem tomar minha liberdade de ouvir, é flagrante o desrespeito para com aqueles que escolheram o caminho da audição. Já vários programas na TV Educativa que é DO GOVERNO aparecem com uma pessoa no canto afrontando meus direitos, fazendo gestos e sinais de mão impróprios para qualquer horário e que deveria ser proibido sob pena de cadeia!

Minha família já não assiste mais TVE nem TVU (que retransmite o programas da primeira) e sei que meu filho nunca vai escolher ser surdo, mas e se o governo do PSPT querer ensinar isso na escola? E chamando de “inclusão”. Cadê meus direitos de ouvinte?

Nem a democracia escapa das garras dessa ditadura imposta pelo PSPT, agora tem legenda até em horário político, que é pago com o meu dinheiro e o seu. Toda novela agora tem closed caption e até nos jornais em horário nobre já estão fazendo legendas ao vivo, sem edições. Quem controla isso? O legendador escreve o que quiser e ninguém vai poder fazer nada, daqui a pouco as “redes sociais” vão forçar até o Youtube a ter legendas!

Diga não a esse tolhimentos dos nossos direitos! Denuncie!

Esses liberais sempre se achando superiores querendo empurrar garganta abaixo sua visão distorcida de mundo. Os ouvintes são maioria, ouvir é o normal. Até um tempo desses não existia surdo, mas agora parece que virou moda e tenho certeza de que alguns jovens escolhem ser surdos só de safadeza, para romper com a boa sociedade que os criou sob a moral da audição perfeita.

Talvez para ganhar a Bolsa Surdo, que o PSPT certamente vai criar, não é?

Não tem escrito em Levítico 19:14 que os surdos devem temer a deus?

E logo em seguida, Levítico 21:16-18 nos avisa: “Disse ainda o Senhor a Moisés: ‘Diga a Arão: Pelas suas gerações, nenhum dos seus descendentes que tenha algum defeito poderá aproximar-se para trazer ao seu Deus ofertas de alimento. Nenhum homem que tenha algum defeito poderá aproximar-se: ninguém que seja cego ou aleijado, que tenha o rosto defeituoso ou o corpo deformado.'” Por que então essas pessoas fazem questão de escolher ter um defeito só para aparecer? Só podem estar com raiva de deus!

Por que devemos nos associar com esse tipo, quando até mesmo Jesus, o maior otorrino que já existiu, chama os surdos de “espíritos imundos” em Marcos 9:25? Surdez é uma abominação!

Mas devemos odiar o pecado, não o pecador, portanto vamos tratar essas pessoas que se desviaram de Jesus e escolheram a surdez. Isaías 43:8 já nos diz que surdez tem cura, basta trazer essas pessoas ao Criador!

Eu que fui criado na única doutrina verdadeira (e por isso sei que ela é a única verdadeira), a da audição, não quero isso na minha cultura. Quero ter o meu direito de ouvir preservado! Mas não tem ninguém para defender o meu Orgulho Ouvinte! Só fazem piadas de nós que nunca tivemos nenhuma vantagem na vida por sermos homens brancos, de classe média, católicos e ouvintes.

[1] – E daqui a pouco vão querer tirar também a minha visão. Será que vão querer lançar o Kit Cego?

Atualização em 02/12/12

Se você chegou até aqui com uma indignação insuportável achando que só a fogueira me é apropriada, saiba que você não faz parte do público para o qual escrevo, que costuma ser um pouco mais perspicaz e, sem dúvida alguma, infinitamente mais questionador. Se você está lendo isto soltando fogo pela venta, eu sinto muito, porque um ódio dessa magnitude só é possível naqueles que concordaram com partes do texto porém se sentiram vitimados pelo uso específico da palavra “surdo” e não possuem capacidade de abstração suficiente para notar a ironia e o sarcasmo que escorrem pelas palavras que escrevi.

Sim, se você acha que eu realmente tenho algo contra surdos você foi freudianamente traído pelo seu próprio preconceito. Troque o “surdo” por “gay” ou “negro” ou “mulher” ou “judeu” ou “que abortam” e, depois de se identificarem, vejam exatamente a mensagem que quis passar – ingenuamente achando que ia conseguir fazer vocês refletirem acerca de suas ideias e ver como eles são cretinas.

Da próxima vez que tiver nojo de um gay, medo de um preto ou subestimar uma mulher, lembre deste texto e note como sua mente guarda conceitos absurdos e idiotas, sem o mínimo de lógica ou razoabilidade.

E, aos que passiva-agressivamente disseram ter pena de mim ou mal se contiveram ao me mandar procurar tratamento, eis aqui uma dica para a vida: antes de irracionalmente se tremerem de ódio, questionem. Pois é justamente essa mania de agir sem pensar e engolir sem questionar que cria pessoas preconceituosas auto-engrandecidas.

Largue a bíblia e vá ler Steven Pinker. Mas calma, os livros dele têm ilustrações.

Eu nem queria escrever esta parte mas parece que não subestimei as pessoas o suficiente…

Salada 42.

Eu sempre achei o vegetarianismo imoral. Acho mais aceitável matar um animal com a finalidade de comê-lo do que matá-lo de fome, comendo a comida dele. Por que um ser humano trairia assim tão cruelmente sua própria herança evolutiva se recusando a comer proteína e vitamina B12?

Por isso, durante a maior parte da minha vida, a palavra “salada” significou “a comida da minha comida”. Todas que me eram apresentadas sofriam de uma crônica escassez de variedade. Ou eram rodelas de tomate e cebola servindo de peso para impedir que uma solitária e íntegra folha de alface fosse levada pelo vento, ou simplesmente alface servindo de camuflagem para sua amargurada e intensamente desgostosa prima, a rúcula.

Mas isso mudou alguns anos atrás, quando conheci quem viria a ser minha namorada e, logo em seguida, esposa.

Meire me apresentou ao delicado mundo dos vegetais cortados em cubinhos. Isso foi uma revolução gastronômica na minha vida, porque a partir de então eu poderia misturar os sabores diretamente na minha boca sem precisar deslocar meu maxilar, nem comer somente o 1/8 de cebola para só depois degustar do cilindro de tomate à minha frente.

No entanto, isso só aconteceria se eu mesmo preparasse, pois até nos comedouros especializados em salada ainda é mistério a tecnologia do “cortar cada pedaço mais de uma vez”.

E isso traz nada mais que vantagens, pois eu posso controlar tanto a densidade proteica e vitamínica quanto todos os sabores, texturas e umidades que desejar.

Após muita experimentação (em todas as acepções do termo), cheguei a um método que, para minhas papilas e da minha mulher é perfeito. Equilibradamente flexível e consistente enquanto macia e crocante, nutritiva e divertida, de preparo simples e de resultado complexo.

A fórmula é a seguinte (quantidades volumetricamente comparativas):

1 lycopersicon – qualquer variedade de tomate, sempre bem maduro.

1 vegetal folhoso – qualquer espécie de alface ou outra coisa que uma uma girafa não faria questão de rejeitar.

OU

1 vegetal crucífero – qualquer cor de repolho, qualquer nível botânico ou nacionalidade de couve, brócolis, nabo, etc.

1 cenoura – aqui não tem como fazer piadinha porque sua salada vai depender dela para crocância, coisa que nenhuma outra umbelifera pode dar visto que a maioria vem em forma de erva e as outras não prestam para comer cruas.

0,5 capsicum – se você estiver se sentindo aventureiro, vá de pimenta. Caso contrário, qualquer cor de pimentão.

1,5 allium – este vai ser dividido em duas partes, sendo um terço cru (recomendo que seja cebola mesmo) e dois terços caramelizados em fogo baixo com algumas gotas de azeite (mas shhhhh, isso é segredo).

1 legume (ou grão molhado) – milho, ervilha, feijão (sério, pode testar), grão-de-bico, lentilha, etc.

1 noz (ou grão seco) – amendoim, castanha, nozes, castanha-do-pará, amêndoa, avelã, pistache, caroço de jerimum, ou até alguns besouros ou formigas fritas.

0,5 doce e frutoso – morango glaceado, kiwi desidratado, uva-passa, doce de goiaba, figo turco, tâmara, damasco seco, etc. Você vai me agradecer enormemente por isso. Já adianto meu “de nada”.

1,5 animal – o ingrediente principal. Geralmente uso tiras de filé bovino, cubos churrascados de músculo estriado de aves ou atum defumado, mas creio que costela de porco, pernil de carneiro, anéis de lula ou outro representante da locomoção consciente (inclusive os embutidos) não deixariam sua salada terrível. Ou, se quiser comer um bicho inteiro de uma vez só, recomendo um ovo cozido.

1 queijo – esta etapa se torna melhor quando combinada com a anterior. Por exemplo, se usar tiras de filé, vá de gorgonzola; se preferir frango, escolha queijo do reino ou até brie; quando faço com atum, uso sempre algo branco, como mussarela ou coalho.

0,5 adstringente controverso e opcional – aqui, sempre usamos azeitona mas não vejo um só motivo para não acrescentar pasta de alho, vinagre balsâmico, alguma variação no tema mostarda ou até suvinil raiz-forte, caso seu nariz esteja entupido.

Tudo isso temperado com sal, pimenta-do-reino (moída na hora, por favor), noz-moscada (idem item anterior), azeite, vinagre, molho inglês ou de soja em quantidades adequadas (sempre lembrando que “zero” também é uma quantidade, caso você não goste de algo listado).

Outros ingredientes opcionais:

0,2 folhas aromáticas frescas – cebolinha, hortelã, alecrim, coentro, manjericão, orégano, salsa, ou até folhas de limoeiro (sem onda, elas são muito usadas na culinária vietnamita).

1 frutas frescas – tangerina, melão de qualquer cor, manga em um dos vários estágios de maturação, uva meiadas e descaroçadas, morango, fatias quarteadas de banana, caju, maçã ou pera em cubos e goiaba preferencialmente sem sementes.

Hoje eu como salada pelo menos uma vez por semana (quero até aumentar a frequência), nunca repetindo uma receita diferente mas sempre usando o esquema acima. E confiro o Selo Igor Gold de Qualidade enquanto agradeço novamente à minha mulher por me apresentar a este novo mundo de sabores e delícias.

Notícias – um teste

O que segue são dois testes para um possível futuro projeto. Nada demais, apenas um estilo de humor e descompromisso com a realidade que gosto de denominar “jornalismo”.

Mas nem se animem, pois como a maioria das minhas ideias essa também não vai para a frente, ao que tudo indica (“tudo” aqui significa “experiência)

Formação geológica que definitivamente não são caixões são encontrados nas Filipinas e confundidos com caixões.

Do Arreuters, enviado

Formações retangulares que provavelmente são naturais mas que podem também ser um tipo de alicerce ou um altar ao Deus Filipino Retangulor, O Fundo, foram encontradas na cidade de Mulanay por arqueólogos que não sabem usar medição radioativa e chutaram “tem mais de mil anos, com certeza, pelo menos”.

Imagem do que definitivamente não é uma tumba.

Cobertos de uma espécie de musgo que só nasce em certos tipos de rocha não-manipulada de qualquer forma, os retângulos viraram atração para os funcionários do governo de Mulanay que os estão usando para a siesta, tradição hispânica recém-introduzida no país.

Funcionário do governo de Mulanay usando descoberta para a siesta, tradição hispânica recém-introduzida no país.

Testemunhas afirmam ouvir relatos daqueles confortavelmente inserido em um dos espaços como sendo “mais ou menos” e “definitivamente não é um caixão”.

Mais investigações estão a caminho para determinar porque um buraco no chão completamente desprovido de qualquer resquício de osso ou outro resto mortal foi confundido pelos ex-arqueólogos como “túmulos” e “sítios de inumação”. Fontes concluem que os envolvidos não sabiam do que estavam falando e apenas quiseram aparecer em alguma manchete de jornal deitados num buraco retangular no chão.

Seria essa uma alternativa verde ao enterro dispendioso e desmatador de florestas do ocidente? Estariam os sábios orientais flipinenses à beira de uma revolução mausoléica? Ou isso não passa de fogo de palha, ou, melhor dizendo, musgo em rocha?

Jamais saberemos as respostas para essas perguntas.

Apesar de chamada para notícia falar em “vítima vive após picada mais venenosa”, jornal on-line da Internet se retrata no corpo do texto e agora fala em “Adolescente escapa após ser picado por cobra mais venenosa do mundo”.

Do G1, via BBC

[APAGAR]texto adequadamente repetitivo para o nível intelectual dos nossos leitores[APAGAR]

Fontes afirmam ler na página inicial do portal virtual do site on-line da grande rede Internet G1 a respeito de uma suposta “picada mais venenosa” e relatam, posteriormente, seu desapontamento após seguir o hiperlink de ligação e se darem conta de que haveria sido apenas uma picada da “cobra mais venenosa”, nada sendo dito a respeito da potência da dita picada.

Adolescente escapa após ser picado por cobra mais venenosa do mundo mas provoca fúria dos internautas.

Revoltados com o engano, vários internautas virtuais comentaram raivosamente acerca da confusão, numa torrente que começou como simples apelos de esclarecimento mas rapidamente desvirtuou em baderna, com comentaristas xingando uns aos outros de forma completamente não-relacionada à matéria, usando expressões como “privataria” e “petralha”, no que foi caracterizado por um psicólogo como “extremamente de mal gosto” e “sinceramente, não sei porque me ligam a essa hora perguntando coisas inúteis assim. Quem lhe deu meu número? Vou ligar para a polícia”.

A vítima em questão, completamente paralisada, com hipóxia e rigor mortis avançado, não estava disponível para comentários.

CUIDADO! EMPRESAS INESCRUPULOSAS ESTÃO VENDENDO BOMBAS COM O APOIO DO GOVERNO QUE QUER SEU VOTO!

Sua família pode estar correndo risco! Você sabia que empresas COM PERMISSÃO DO GOVERNO DILMA/OBAMA/CHIRAC vendem VERDADEIRAS BOMBAS! A Argentina de ¡KIRCHNER! é a MAIOR exportadora desse perigo disfarçado!

Um simples pacote aparentemente inocente pode conter até milhares dessas bombas de alto calibre que explode com a força do vapor, isso mesmo, o mesmo vapor que impulsionou a revolução industrial e é o subproduto principal DAS USINAS NUECLARES NORTEAMERICANAS de Reagan Clinton Bush Obama Romney!!! e é usado até para medir cavalos, que são quadrúpedes!

O conteúdo explosivo desses pacotes (que utilizam fertilizante na sua produção e todo mundo sabe que fertilizante também é explosivo!!) é introduzido na santidade do seu lar por qualquer supermercado ou até em FEIRAS LIVRES COM A REGULAMENTAÇÃO DO GOVERNO e é liberalmente vendido para crianças! Que criam o vício explosivo em parques e praças e vendem até no cinema e ainda cobram mais caro por isso ! UM ABSURDO COBRAR MAIS CARO POR EXPLOSÃO OU MORTE ! Ê Brasil…!

O pacote até parece pequeno à primeira vista, mas esse MENSAGEIROS DA M☢RTE que vem dentro podem aumentar de tamanho em até 42 vezes ou mais1!! AUMENTA $@ VEZES!!!! É PIor que engordar dois quilos por semana por um ano!

VOCÊ QUER ISSO NA SUA CASA?/?? EU SEI que não1 *rs

Um único grama desse artefato bélico pode atingir 46 (× 10^-6) METROS CÚBICOS. Só um grama e nada mais! É MUITO NÚMERO!! Imagine um pacote inteiro que é vendido de meio quilo e seu filho bebê compra quantos quer! E essas bombas quando não explodiram ainda eles podem engasgar qualquer lactente!! São do tamanho ideal para ENGASGAR ATÉ MATAR!

Ademais, os pacotes são vendidos SEM INSTRUçõES ALGUMA DE COMO PROCEDER EM CASO DE INCÊNDIO OU DE DERRETIMENTO DAS RETINAS! QUE IRRESPONSABILIDADE !!

É uma bomba que ejeta! Com o mínimo descuido, ela sai voando por aí em alta velocidade e colide com tudo que esbarrar nela! E se você tenta faze o que o pacote manda sem usar proteção durante o processo você VAI PERDER UM OLHO, talvez! no mínimo!! Porque acontece tudo num piscar de olhos, cada explosão, ou até mais rápido então nem piscar o olhos dá tempo! fora que joga óleo quente na sua família porque o vapor da explosão queima a quase o dobro da temperatura permitida por lei para água! 180º graus celsius no mínimo! A água não deixa passar de 100 e já vira vapor! Imagina como é quente! Mas você não precisa, eu digo. SÃO MAIS DE 350 GRAUS! (fahrehnheit) E UMA PRESSÃO DE MAIS DE UM MILHÃO! COM *M*! !! É MUITA PRESSÃO! (em pascal).
Até amido que é do bem (rima com “amigo” não tem como não ser) naõ aguenta e derrete por causa da pressão! Aí quando explode jorra lava quente derretida de amido que se solidifa de novo tão rápido que nem dá pra ver! Isso se voc~e ainda tiver o olho!

Pensa só no que isso faz no olho do seu gatinho de estimação! HORRíVEL!

Como tudo na natureza que é laranja significa PERIGO NÕA SE APROXIME e ela é amarela, ou seja, laranja na sua forma pragmática! e o pior; nossas crianças são ensinadas desde cedo na escola e nos filmes e na casa dos coleguinhas a combinar essa perigosa arma bélica com uma mistura de um gás venenoso (o temoroso cloro) e um metal explosivo (sim, metal que EXPLODE! Imagine só os estilhaços no olhinho da sua filha inocente!) chamado sódio, que contém *ÓDIO* no nome, o que já mostra o risco, o nome já tá dizendo.

Os maias já sabiam e usavam esses explosivos cheios de química em rituais satânicos preparando para o final do mundo em 2012 mas eles morreram todos extintos pela própria cobiça nas mãos do seu Deus Satânico Cortés.

Uma coisa antiga assim só pode fazer muito mal! Vide os maias, que morreram muitas décadas atrás! Se erão tão espertos, como morreram? Todos eles comiam dessa bomba perigosa, isso é um indício!!

Já foi cientificamente provado que todo mundo que mexe com essas bolotas amarelas explosivas movidas a vapor morre mais cedo ou mais tarde! É muito descuido e negligência do GOVERNO DO PSPT! E AINDA QUEREM O SEU VOTO !! PENSEM NOS INCÊNDIOS E ENGASGOS MORTAIS!

E O PIOR AINDA ESTÁ POR VIR!! DEPOIS QUE EXPLODE ELA FICA LÁ COMO SE NÃO TIVESSE ACONTECIDO NADA, TIPO UMA ESPUMA QUE É BRANCA E BRANCA É A COR DA PAZ TODOS NÓS SABEMOS ISSO VEJA QUE DISSUMULADA!!!

E NINGUÉM FAZ NADA!?!?!?

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