George C. Williams (1926 – 2010) Grande Evolucionista

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Morreu no dia 08, semana passada, do mal de Alzheimer aos 83 anos George C. Williams (1926 – 2010), um dos mais importantes evolucionistas da atualidade. Professor emérito da Biologia na State University of New York em Stony Brook nos EUA, foi visionário e pioneiro que contribuiu enormemente para nosso entendimento evolutivo sobre o envelhecimento, menopausa, a reprodução sexuada, o adaptacionismo, os níveis de seleção e a medicina e doenças.
Para Niles Eldredge, George C. Williams foi um pensador profundo e cuidadoso, muito tímido e bem legal. Stephen Jay Gould o achava um cavalheiro quieto com uma enorme influência na teoria evolucionista que sempre esteve avançado em relação ao seu tempo quanto à sua clareza teórica. Para Richard Dawkins, ele foi um cientista maravilhoso e um grande cavalheiro de uma sabedoria lendária. Para Steven Pinker ele é um dos mais famosos escritores na história da ciência. Para Daniel Dennett, ele mostrou pela primeira vez como é difícil ser um bom evolucionista e como é fácil cometer erros simples. Para Martin Daly, George William faleceu sendo o maior biólogo evolucionista de seu tempo que influenciou tanto a ecologia comportamental quanto a psicologia evolucionista. Para Michael Ruse, ele foi parte do grupo de biólogos que mudou completamente a natureza da teoria da evolução a meio século atrás. Para Randolph Nesse, ele foi o mais importante biólogo do século XX que com uma abordagem consistente e um pensamento metódico perseguiu questões importantes e destilou suas conclusões em prosa límpida.

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Em seu primeiro livro e um dos mais importantes da área Adaptation and Natural Selection: A Critique of Some Current Evolutionary Thought (1966) ele influenciou gerações de evolucionistas com um adaptacionismo mais rigoroso e desbancando de vez o selecionismo de grupo ingênuo, que infelizmente, ainda vemos muito na narração de documentários sobre animais, algo do tipo “tudo para o bem da espécie”. Ele mostrou que a adaptação é um conceito oneroso e que teve ser criticamente testado segundo vários critérios antes de aceitá-lo finalmente como conclusão.

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Em Sex and Evolution (1975), Natural Selection: Domains, Levels, and Challenges (1992), ele atualizou e expandiu suas idéias anteriores, introduziu a idéia de seleção de clado e foi fundo na questão dos níveis de seleção. Ele fez um distinção muito importante para evitarmos muitos mal entendidos em biologia evolutiva. Temos que reconhecer que existem dois domínios distintos em biologia evolutiva: um é o da matéria, no qual gene significa cadeia de DNA, o outro é o da informação, no qual gene significa pacote de informação, mensagem, receita. Então para entender os níveis de seleção não se pode incorrer no erro de misturar os dois domínios como indivíduo (material) e gene (pacote de informação), pois os diferentes domínios não são correspondentes, deve-se ter a clareza de comparar níveis dentro de um mesmo domínio.

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Mais tarde em seu livro Why We Get Sick (1995) (Por que Adoecemos. A nova ciência da medicina darwinista (1997) da Editora Campus na tradução brasileira) em coautoria com Randolph Nesse, introduz o campo da Medicina Darwinista. Ambos trazem todo o poder da teoria evolutiva em dar sentido, amarrar e guias novas perguntas mas toda a área médica. 

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Williams mostrou como é um absurdo a idéia de restaurar a homeostase, ou seja, tudo de incomum manifestado em seu corpo durante a doença deve ser combatido, com um exemplo bem claro: Imagine que você chega na sua casa e dois fatos incomuns estão acontecendo: 1) tem um caminhão vermelho estacionado na frente e vários seres jogando água na sua casa; 2) tem muita fumaça saindo pela sua janela. O que você deve fazer para restaurar a homeostase da sua casa é dar um fim em todos os fatos incomuns, então você se livrar dos seres molhados, guinchar o caminhão vermelho e não deixar fumaça sair pela janela, pronto resolvido!!! Eles mostraram que muitos dos sintomas das doenças são estratégias coordenadas do seu corpo inerentes do processo. Dawkins chegou a sugerir a todos que comprem duas cópias do livro e receitem um para seu médico. Segundo profetizou o próprio Williams:
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“In twenty or thirty years, medical students will be learning about natural selection, about things like balance between unfavorable mutations and selection. They will be learning about the evolution of virulence, of resistance to antib
iotics by microorganisms, they will be learning about human archaeology, about Stone Age life, and the conditions in the Stone Age that essentially put the finishing touches on human nature as we now have it. These same ideas then will be informing the work of practitioners of medicine, and the interactions between doctor and patient. They’ll be guiding the medical research establishment in a fundamental way, which isn’t true today. At the rate things are going, this is inevitable. These ideas ought to reach the people who are in charge — the doctors and the medical researchers — but it’s even more important that they reach college students, especially future medical students, and patients who go to the doctor.”

Não deixe de receitar os seguintes links para seu médico, para seus amigos alunos e professores das áreas médicas. The Skeptical Adaptationist – blog do Randolph Nesse, The Evolution & Medicine Review, Vídeos de Randolph Nesse sobre Medicina e Psiquiatria Darwinista

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Em seu último livro Plan and Purpose in Nature (1996), Williams, rebate claramente os argumentos criacionistas mostrando que se existe um criador e ele é minimamente inteligente nunca faria algo tão mal-adaptado como nosso corpo. Os exemplos vão de peixes ao olho, garganta e muitos outros. Nesse livro fica claro o porquê Randolph Nesse o considera um mal-adaptacionista, já que eles compartilham o fascínio pelos aspectos do corpo e da mente que aparentam não fazer sentido em termos evolutivos.
Sem dúvida George C. Williams foi um marco evolutivo com alcances para além das ciências biológicas. Espero com essa homenagem aumentar o conhecimento sobre ele no Brasil e o ainda mais o alcance de sua contribuição científica.
Fique com uma palestra dada por Randolph Nesse na comemoração sobre o Ano de Darwin 2009 sobre The Great Opportunity: New Evolutionary Applications in Medicine.

The Darwin Debate

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Hoje veremos um debate bem interessante sobre as implicações da teoria da evolução para entendermos a nós mesmos e a sociedade. O The Darwin Debate foi filmado no ano de 2005 em Piccadilly, Londres, na Sciedade Linneana, a mais antiga sociedade biológica, mas só recentemente foi disponibilizado no youtube. Malvyn Bragg é o debatedor e os convidados são Steven Pinker, psicólogo; Meredith Small, antropóloga; Steve Jones, geneticista; e Sir Jonathan Miller, neurologista e artista.

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No primeiro vídeo eles falam basicamente sobre reprodução sexual, sexualidade e formação de casais. No segundo vídeo conversam sobre padrastos e madrastas, homosexualidade, e cultura chimpanzé. No terceiro filme falam de apreciação estética e preferências por paisagens, também se perguntam se a evolução teria parado em nossa espécie. No quarto vídeo, discutem se a evolução está atuando mais fortemente no crescimento de cérebros ou em melhores sistemas imunológicos, falam também de comportamentos maladaptativos por estarmos em ambientes diferentes daquele em que evoluímos. No quinto e último vídeo eles falaram de distúrbios mentais, variação individual, moralidade e altruísmo.
Reserve uma horinha para assistir a esse debate que aborda temas interessantes e pesquisadores com pontos de vista bem variados. Vale apena assistir, aproveite. Se quiser saber mais sobre os convidados e fazer o downoad dos vídeos clique aqui.
 

Extra Extra! Nossos Genes Estão na Música!

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É de longa data a discussão de se a variação individual na nossa habilidade musical tem maiores componentes herdados geneticamente ou do ambiente. Muitos, caindo no erro do determinismo genético de que gene é destino, temem que se descobrirem que alguns genes relacionados a uma facilidade de aprendizado musical isso irá acabar de vez com o ensino de música nas escolas. 
Pois é que os dotados de tais genes deveriam fazer aulas especializadas fora da escola. Ótimo, sendo assim, como devem existir genes facilitando o aprendizado de línguas e de matemática o currículo logo estará livre também dessas disciplinas. Nada mais justo! Vejam como não faz sentido algum temer que se busque fatores genéticos ligados a habilidade musical para proteger que o ensino musical no currículo.

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Estudos em gêmeos apontam que alguns aspectos da musicalidade apresentam um grande componente hereditário influenciando a variação individual. Um estudo (Coon & Carey, 1989) encontrou que de 44% a 90% da variação individual na capacidade musical se deve pelo compartilhamento genômico. Outro (Drayna et al., 2001) encontrou que de 71% a 80% da variação individual na discriminação de tons se deve à herança genética.

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Estudos genéticos já haviam mostrado que há uma associação entre a memória musical e polimorfismos em genes relacionados à vasopressina (Granot et al., 2007). Então o pesquisador Ian Craig do King’s College London coletou amostras de DNA dos 40 cantores profissionais do New London Chamber Choir e de pessoas que se diziam completamente incapazes de cantar ou tocar instrumentos. Ele está analisando se as variações individuais no tamanho e conteúdo das cópias do gene que codifica o receptor 1A para a vasopressina no cérebro e em mais 16 outros marcadores genéticos co-variam com as habilidades musicais individuais. Por enquanto ele só encontrou algumas poucas diferenças, mas a análise ainda não está concluída.

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Então, para atrair a atenção da mídia e do público em geral eles contactaram o compositor Michel Zev Gordon que compôs a música Allele, a primeira música criada a partir das ‘letras’ ou bases nitrogenadas do DNA. (Iniciativas anteriores semelhantes fizeram música a partir da freqüêcia da molécula de DNA). Pois é o DNA tem só 4 letras AGCT, e pra queles que gostam de pop song já sabem que 4 acordes são mais do que suficientes. Então como A= lá, G=sol, C= dó T=ti, ou si em inglês, dá pra criar uma música tranquilamente. Cada músico estava cantando sua voz contendo as notas da própria variante do gene relacionado à habilidade musical. Fenomenal. Veja mais detalhes abaixo no vídeo da NewScientist dessa semana.
Referências
Coon, H., & Carey, G. (1989). Genetic and environmental determinants of musical ability in twins. Behavior Genetics, 19(2), 183-193. 
Drayna, D., Manichaikul, A., Lange, M., Snieder, H., & Spector, T. (2001). Genetic Correlates of Musical Pitch Recognition in Humans. Science, 291 (5510), 1969 – 1972. 
Granot, R., Frankel, Y, Gritsenko, V., Lerer, E., Gritsenko, I., Bachner-Melman, R., Israel, S., & Ebstein, R. (2007). Provisional evidence that the arginine vasopressin 1a receptor gene is associated with musical memory. Evolution and Human Behavior, 28(5), 313-318. 

Quais os benefícios evolutivos e psicológicos da Dança e da Música?

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Quem dança e canta seus males espanta, certo? Tudo bem, mas, evolutivamente, se esses males não forem inimigos, predadores, parasitas e outros competidores e se ainda assim se isso não ajudar na reprodução direta ou na de presentes, então nada feito. As origens evolutivas e efeitos sociais e cognitivos da música e da dança são o tema de uma entrevista muito interessante de Eduard Punset, distinto divulgador de ciência espanhol, com Lawrence Parsons, neurocientista cognitivo da Universidade de Sheffield.

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Punset e Parsons ressaltam que a música e a dança são universais, regidas por processos psicológicos em grande parte inconscientes, feitas espontaneamente em grupo e que apresentam paralelos análogos em comportamentos de outras espécies, principalmente aves. Para Parsons a música e a dança

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 evoluíram como uma primeira forma de comunicação não verbal para promover a coesão social intragrupo, sincronizando e conectando emoções e atividades trazendo vantagens na competição com outros grupos, tribos etc. Parsons segue citando que a dança e a música são bem antigos segundo pinturas rupéstres e fósseis de flautas, e que não há celebração social sem música nem danças populares em todas épocas históricas.

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Ele aponta que os bebês já estão prontos para aprender os ritmos da própria cultura já nos primeiros anos de vida: assim como com a linguagem durante o primeiro ano os bebês respondem brincando igualmente vários modelos rítmicos e de escalas musicais, mas após um ano aproximadamente eles passam a se especializar aos sons musicais ou lingüísticos da própria cultura. Através de brincadeira musical e dançada diferentes sistemas cerebrais se harmonizam eficientemente ao longo do desenvolvimento, segundo Parsons.

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O interessante é que Punset não descarta a influência da seleção sexual tanto é que na edição final ela só é citada nas reportagens entre as partes da entrevista e não na entrevista em si. Os ancestrais que andavam e dançavam de forma mais graciosa eram percebidos como mais saudáveis, criativos e inteligentes levando então a um maior sucesso reprodutivo.

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Eles falaram também dos neurônios espelhos, que estão ativos quando fazemos algo e quando vemos alguém fazer algo, seja dançar, tocar um instrumento ou assistir a uma competição esportiva. Então, seja especialista ou amador mesmo se estivermos praticando os movimentos mentalmente estamos até certo modo realmente aprimorando as conexões envolvidas nos movimentos. Vários sistemas cerebrais estão interagindo de forma complexa, percepção visual e sonora às áreas motoras, quase instantaneamente para gerar os movimentos da dança e isso tudo ligado ao sistema límbico nos dando prazer recompensador e ajudando na memória.

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Eles finalizam trazendo as implicações sociais e educacionais dos novos estudos neurológicos e evolutivos da música e dança. Dizem que as artes deveriam ser ensinadas em todas as escolas, pois melhoram a memória operacional e a capacidade executiva da atenção e controle motor ao lidarmos com tarefas múltiplas. Concluem que a música e a dança são poderosas formas de coesão e sincronização grupal e que em sua prática contribuem numa harmonização de funções cognitivas gerais.
Muito bem produzido, como sempre, o vídeo da entrevista está repleto de imagens e explicações bem interessantes e cativantes, vale a pena assistirmos esse vídeo de 27 min e de quebra treinarmos nosso espanhol.
 

O Rap também é Evolução

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Cansado de ter que ler vários livros tediosos pra aprender evolução e inglês? Preferia ficar ouvindo um rap em alto e bom som? Pois seus problemas se acabaram!! Chegou o The Rap Guide To Evolution!!! Pois é minha gente, depois de ouvirmos músicas sobre Darwin e evolução no post e nos comentários de Cantando Darwin, depois de ouvirmos a versão reggae de cada um dos capítulos do Origem das Espécies, chegou a hora de ouvirmos o que o rap tem a nos dizer sobre evolução.

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Baba Brinkman é um raper canadense fissurado em plantar árvores que lançou seu mais novo álbum “The Rap Guide To Evolution”. Graças às conversas com um amigo biólogo evolucionista e muitas leituras, ele compôs 16 músicas interessntes sobre vários aspectos da evolução. Até a Olivia Judson, a Dra Tatiana do Consultório Sexual para todas as espécies, falou bem dele em sua coluna no The New York Times.
Em suas músicas ele explica a seleção natural, desacredita o criacionismo, explica a seleção artificial, ressalta nossa descendência comum com todos os seres vivos e afirma que todos os seres humanos são africanos. Ele ainda fala sobre Psicologia Evolucionista cita autores como Leda Cosmides e Geoffrey Miller, explica a relação do desconto de futuro com o homicídio comentando o livro de Martin Daly e Margo Wilson. Além disso, ele explica memética, seleção de grupo, seleção sexual, DNA mitocondrial e muito mais. Tudo isso numa liguagem clara, bem humorada e fácil de entender.

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Gostei dele ter dedicado uma música ao ácido universal. Daniel Dennett refere-se a ideia de Darwin como um ácido que corrói tudo a sua volta, pois nenhum modelo instrutivo se sustenta frente ao modelo seletivo (veja o porquê). Ou seja complexidade e inteligência podem sugir de processos simples e burros sem nenhuma instrução mágica, basta performance, feedback e revisão por um longo período de tempo. No site dele vocês podem ouvir e baixar as músicas e ver muito mais.

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No vídeo abaixo veremos Baba Brinkman no Cambridge Darwin Festival ano passado comemorando o Ano de Darwin frente aos famosos evolucionistas. Ele canta o rap em que explica como funciona o modelo seletivo e como usando os mesmo passos da seleção natural: performance, feedback e revisão é possível aprender e aprimorar até o mais fajuto rascunho de letra de rap, porque o rap também é evolução. Divirtam-se cantando e aprendendo.

Symphony of Science

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Sem sombra de dúvida o youtube intensificou as pressões seletivas sobre os memes audiovisuais da nossa espécie. E quando temos forte seleção e muita variabilidade disponível não precisamos de muito tempo para encontrar coisas extraordinárias. Mais um casamento promissor entre ciência e música se faz presente graças às técnicas de edição de vídeos. Hoje veremos o que o Symphony of Science tem a dizer sobre evolução.
O Symphony of Science, produzido por John Boswell, consiste em mais uma forma de trazer conhecimento científico e filosófico para o público em forma de música. Em cada vídeo encontramos vários cientistas famosos, como Attenborough, Dawkins, Hawkins, Goodall, P Z Meyer, Sagan e muitos outros, todos cantando suas palestras e falas de vídeos. O trabalho final soa muito bom, parece que eles realmente estão juntos cantando e a produção das imagens dos vídeos ficaram muito boas, interessantes e instigantes.

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No site do the Symphony of Science encontramos cinco vídeos disponíveis para download, a história do projeto e as letras. Também quem quiser seguir o Symphony of Science no twitter e no youtube, receber notícias no email ou enviar alguma doação monetária encontra como proceder no site. Os clipes em sua maioria falam da astronomia e apenas um de biologia. É interessante que ambas disciplinas estejam presentes, pois o conhecimento científico atinge seu ápice de poder em nossas mentes se nos desvencilharmos do nosso antropocentrismo, tanto em escala planetária (não somos nem o centro do universo, nem nada especialmente diferente de outras galaxias), quanto na escala biológica (não somos nem o ápice da evolução, nem mais especiais do que qualquer outra espécie).

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No vídeo abaixo veremos desde aspectos da origem da vida, da maquinaria celular até a árvore da vida formada pela linha indivisível de parentesco (daí o nome do vídeo “The Unbroken Thread”) que une toda a biodiversidade na Terra ao longo dos 4 bilhões de anos de evolução. Jane Goodall, que nesse 2010 comemora 50 ano do início de suas pesquisa observando o comportamento de chimpanzés em vida livre na África, deixa claro que quanto mais sabemos sobre as capacidades das outras espécies, mais percebemos como éramos e ainda somos arrogantes em sempre tentar nos separar dos outros animais. Pense nisso.
 

Notas e Neurônios

É com muito prazer que inicio as blogagens de 2010 diretamente do Canadá. Dessa vez não vim a um congresso. Acabei de me mudar, estou morando no Canadá há uma semana. Durante todo esse ano até janeiro de 2011 estarei vivendo o “recheio” do meu doutorado sanduíche pela USP (financiando pelo CNPq) aqui na McMaster Univesity. Estou no laboratório de NeuroArts e começando a entrar em contato com um rico ambiente intelectual e aprendendo muitos aspectos evolutivos, antropológicos e neurológicos das manifestações musicais entre outras artes.

E nesse clima apresento o “Notes & Neurons” do World Science Festival de 2009. Trata-se de uma ótima entrevista-discussão-apresentação-documenário sobre as novas descobertas da neurociência sobre nossa musicalidade. Nessa série de cinco vídeos você vai ver como nosso cérebro decompõe as várias dimensões da música usando diferentes áreas e depois reitegra de forma paralela as informações para termos a experiência musical. O âncora é o John Schaefer e os convidados são os cientistas Jamshed Barucha da Tufts Univ., Daniel Levitin da McGill Univ., Lawrence Parsons da Univ. de Sheffield, e o músico Bobby McFerrin (“Don`t worry, be happy”) que faz intervenções bem interessantes.

No primeiro vídeo, após o solo de Bobby eles falam um pouco do crescente interesse pelas bases neurais da musicalidade, suas questões universais e particularidades culturais. No segundo vídeo, veremos que nossa musicalidade sempre inclui música e dança, que não existe uma única área cerebral responsável por toda a cognição subjascente à nossa musicalidade, ela está distribuida por todo o cérebro e o sistema nervoso periférico. Basicamente temos áreas cerebrais envolvidas na percepção e análise auditiva, na memória e associações, na expectativa do que vai acontecer, no movimento, na sensação corporal, na emoção, e na percepção visual.
Eles falam dos intervalos muscais que são

universais como a oitava, a quinta, a quarta e a terça. Falam também que quando falamos algo triste usamos o mesmo contorno melódico dos acordes menores que também soam tristes, e quanto estamos com raiva fazemos um intervalo de meio tom. O interessante é que temos muito mais facilidade de reconhecer o pacote melódico da fala pra emoções negativas. Já que evolutivamente, as consequências das emoções negativas tiveram maior chance de prejudicar a aptidão de nossos ancestrais. Bobby McFerrin faz ótimas demostrações de variação no timbre, e eles mostram variações também no ritmo.

No terceiro vídeo, eles demostram diferenças entre as escalas ocidentas e as escalas da música indiana. Mostram que ter crescido em uma cultura faz com que criemos expectativas musicais típicas das escalas usadas, mas ainda assim possuímos uma platicidade para aprender diferentes escalas e músicas de culturas distantes. Com a crescente disseminação da afinação e da harmonia ocidental através do mundo, graças a pop music industry, corremos o risco de não termos exemplos de músicas sem a influência ocidental para estudos etnomusicológicos. Mas pensando bem, Jamshed está certo em dizer que sim, ainda existe uma última tribo não exposta à música do resto do mundo, os EUA!

No quarto vídeo, veremos a belíssima e muito didática demostração de Bobby McFerrin sobre as expectativas universais quanto à escala pentatônica. Depois eles falam das relações entre musicalidade e linguagem, os casos de línguas tonais como o chinês, tudo parte de uma grande vivência social compartilhada permeando música, dança e linguagem. E no final comentam que os bebês antes de nascer facilmente encorporam as escalas musicais de cada cultura. No último vídeo músicos e convidados tocam juntos. Aproveitem e feliz 2010!

Aniversário de dois anos do MARCO EVOLUTIVO

É com muita alegria que nesse novembro, além do fantástico aniversário de 150 ano do Origem das Espécies, comemoramos também os dois anos de existência do MARCO EVOLUTIVO. Nascido em 28 de novembro de 2007 com um post sobre a evolução das popensões ao sexo casual, o MARCO EVOLUTIVO completa dois anos e cada vez mais está aumentando seus leitores no Brasil e no mundo. 
Agradeço sinceramente a todos os comentários, dicas e elogios recebidos ao longo desse período. São incentivos essenciais para eu continuar escrevendo mais e mais, sempre contribuindo para o prosseguimento seguro da revolução darwinista em nossa cultura.

Nesse segundo ano houve de mudança de endereço novamente. No período do Lablogatórios desse segundo ano, foram muitas visitas no Brasil e no exterior incluindo Portugal, EUA, Japão, Alemanha, Itália, Moçambique, Espanha, Angola, França e Reino Unido, em ordem decrescente, com mais de 10 visitas. Os cinco posts mais acessados foram: Pinker e os Palavrões, Ano de Darwin 2009 no Brasil, 2009 Ano da Biologia, Simpósio internacional de Psicologia Evolucionista em Natal e Evolução Humana Facilitada.

A transformação do Lablogatório no ScinceBlogs Brasil foi fantástica e aumentou bem a visibilidade do MARCO EVOUTIVO. O número de países diferentes com mais de 10 visitas dobrou. Foram, em ordem decrescente de acessos: Portugal, EUA, Japão, Angola, Moçambique, Reino Unido, Irlanda, Alemanha, Espanha, Itália, Suíça, Cabo Verde, Holanda, Chile, Canadá, Argentina, França, México, Bélgica e Austália. Os cinco posts mais lidos são Coevolução e Seleção Sxual no Caso da Vespa Tarada, Por que todo mundo deveria ser fã de Darwin, Luz, Vaga-lumes e Ação … Sexual, Lamarck: a Verdadeira idéia errada, Vídeos sobre evolução da sexualidade humana. Gostaria de agradecer ao Carlos e ao Átila por concretizarem a criação do ScienceBlog Brasil e sempre me apoiarem, e também agradecer a todos os SciencebrothersBr e a outros blogueiros de ciência brasileiros pelo belíssimo movimento de divulgação e educação científica via net.

E pra comemorar com chave de ouro em clima de comemorações do Ao de Darwin temos um bolo cientificamente concebido com cinco camadas, cada uma representando um Reino, com o Beagle, um ninho de tentilhões, uma tartaruga e muito mais num inusitado concurso de bolos de aniversário de Darwin. E ainda veremos um programa especial do Newsnight Review contanto com Dawkins, a escritora Margaret Atwood, o reverendo Richard Coles e a poeta descendente de Charles Darwin Ruth Padel (autora do podcast Darwin, My Ancestor), juntos com Martha Kearney discutindo a importância do Origem das Espécies, a vida de Darwin e o legado cultural e filosófico do Darwinismo. Eles falam também do filme sobre Darwin e de duas exposições que acontecem na Inglaterra.
 

Podcasts Sobre Darwin e o blogando o Origem

O presente evolutivo em comemoração aos 150 do Origem das Espécies dessa vez vem em forma de áudio. A rádio da BBC 4 está com 4 podcasts especialmente voltados para as comemorações bi e sesquicentenárias Darwinistas. São dicas imperdíveis, muito interessantes e reveladoras.

O primeiro podcast chama-se In Our Time, que abrange 4 programas falando da vida e obra de Darwin, desde sua infância até sua morta e legado. Melvyn Bragg faz entrevistas com eminentes professores ligados ao Christi’s College onde Darwin estudou em Cambridge, com professores do Museu de História Natural de Londres e com curador do jardim da Down House onde ele morou no campo, criou os filhos e fez a maior parte dos trabalhos científicos.

O segundo podcast é o Dear Darwin, que são cinco cientistas de peso: Dr Craig Venter, Sir Jonathan Miller, Prof Jerry Coyne, Dr Peter Bentley e Prof Baruch Blumberg, cada um lendo uma carta sua dirigia a Darwin falando sobre seu legado e trabalho. E você o que incluiria numa carta a Darwin?

O terceiro podcast é o Hunting the Beagle, que é um programa em que o historiador marítimo Dr. Robert Prescott relata seu empenho de quase 10 anos à procura das pistas do paradeiro dos destroços do HMS Beagle.

O quarto podcast é o Darwin, My Ancestor, uma série de 4 programas em que a escritora Ruth Padel, tátara neta de Darwin descreve sua jornada na descoberta das facetas pessoas de seu antepassado, nosso parente, Charles Darwin.

Além dos podcasts eu recomendo os vários vídeos no homepage da BBC. E também recomendo o Blogging the Origin no ScienceBlog Americano. Trata-se de um blog de curta duração criado por John Whitfield, um divulgador de ciência, que nunca tinha lido o Origem das Espécies e publicou na época do Darwin Day um post para cada capítulo lido falando suas impressões ao ler esse livro sesquicentenário em pleno século XXI.

Abaixo veremos um vídeo comemorativo dos 150 anos da Seleção Natural, completado o ano passado graças à cartinha bombástica que Wallace mandou pra Darwin, dando origem à publicação conjunta em 1858 e catalisando a publicação do Origem das Espécies.

Origem das Espécies Faz 150 Anos Hoje

Hoje, dia 24 de novembro de 2009 estamos comemorando os 150 anos do lançamento da primeira das seis edições do livro “Sobre a Origem das Espécies por Meio da Seleção Natural ou a Preservação de Raças Favorecidas na Luta pela Vida” de Charles Darwin, agora disponível online com as anotações de seu terceiro filho Francis Darwin. Como o dia 24 de novembro de 1859 foi um marco evolutivo para a humanidade, é com imenso prazer que o MARCO EVOLUTIVO oferece presentes variados e interessantes para todos. São sites, livros inéditos, vídeos e muito mais.


O “Origem das Espécies” está sendo celebrado hoje em todo mundo. Ele é simplesmente o livro que através de uma minuciosa reunião de fatos e áreas mostrou a possibilidade de se explicar a origem e manutenção da biodiversidade e da distribuição dos seres vivos sem a necessidade de nenhum passe de mágica. “Há uma grandeza nessa visão da vida” escreveu Darwin.

Isso mudou pra sempre nossa visão do mundo natural, pois segundo Dennett no livro “A Perigosa Idéia de Darwin”,  Darwin unificou as esferas da vida, significado e propósito com as esferas de espaço e tempo, causa e efeito, mecanismo e lei física. Por conseqüência encontramos um lugar mais humilde e menos antropocêntrico na natureza. Todos os seres vivos estão conectados e nenhum é melhor do que o outro, todos são especiais e os mais evoluídos do seu ramo.

O Origem, longe de ser a palavra final, abriu uma amplo e fértil programa de investigação que ao longo desses 150 anos unificou todas as diferentes disciplinas das ciências da natureza de geologia à biogeografia, de biologia molecular ao comportamento explicando inúmeros fenômenos por meio de uma mesma matriz evolucionista integradora. E mais recentemente a tendência é essa mesma integração unificar as disciplinas das Ciências Humanas.

Darwin sempre se referiu à sua teoria no singular, mas Mayr no livro “Biologia Ciência Única” mostrou que são pelo menos cinco as diferentes teorias expostas no “Origem das Espécies”. (1) A Evolução: o fato de as espécies mudarem ao longo do tempo; (2) Origem comum: a descendência compartilhada por todos os seres vivos; (3) Multiplicação das Espécies: as espécies dão origem a outras espécies; (4) Gradualismo: a mudança evolutiva ocorre pela transformação gradual da população; (5) Seleção Natural: a reprodução diferencial ao longo das gerações. Muito ainda falta para completarmos a revolução darwinista, então busque como contribuir nessa grandiosa mudança.
Pense grande hoje assim como fizemos no Dia de Darwin para vislumbrar essa mudança e aproveite os presentes abaixo.

O primeiro presente é uma dica de blog sensacional. Nesse Ano de Dariwn a blogosfera brasileira ganhou um presentão. O Prof. Dr. Nélio Bizzo, biólogo e estudioso da história de Darwin, do evolucionismo e de suas relações com a educação, professor titular da Faculdade de Educação da USP fez um blog depois de muitos pedidos: “Blog do Bizzo”. Desde fevereiro de 2009 ele escreve sobre evolução e mostra “lados pouco evidentes das opiniões destacadas em diversos veículos de comunicação de massa”. Trata-se de um blog de conteúdo mais do que reconhecido e altamente recomendado para todos os envolvidos com a área biológica. Seja bem vindo professor!! E vamos todos darwinistas do mundo unidos zelar pelo desenvolvimento pleno da revolução darwinista!

Os dois presentes internacionais são: o link dos resumos do “150 Years after Origin: Biological, Historical and Philosophical Perspectives” na University of Toronto, para todos os interessados em teoria história e filosofia do Darwinismo; e o link do “Evolution of Evolution 150 Years of Darwin’s ‘On the Orign of Species'” um site muito legal e interativo que mostra vídeos e textos sobre Darwin e sua influência na Antropologia, Astronomia, Biologia, Geologia e Ciências Polares.

Como estamos comemorando o aniversário de um livro nada melhor do que indicações de livros comemorativos e altamente relevantes para a compreensão da revolução darwinista, muitos dos quais são lançamentos recentes. Dentre os livros nacionais temos “Charles Darwin Em um Futuro não tão distante”, organizado pela Dra. Maria Isabel Landim e pelo Dr. Cristiano Rangel Moreira, uma iniciativa nacional colaborativa entre muitos autores ilustres, já comentado aqui.

Temos o lançamento de “Além de Darwin” de nosso ScienceBrother Reinaldo do Chapéu, Chicote e Carbono 14, um livro abordando de forma clara uma vastidão de assuntos interessantes sobre biologia evolutiva. Veja o próprio Reinaldo escrevendo sobre seu livro.
Temos também o lançamento de “A Goleada de Darwin” do Dr. Sandro de Souza, ele mostra de maneira muito divertida que se o debate entre evolucionistas e criacionistas fosse um partida de futebol o darwinismo ganharia de goleada, ele explica gol por gol.

Dentre os livros internacionais traduzidos temos “A Origem das Espécies de Darwin Uma Biografia” da Janet Browne, um excelente levantamento histórico sobre a concepção, a publicação e o legado do nosso aniversariante do dia. Temos ainda o lançamento de “A Causa Sagrada de Darwin” de James Moore e Adrian Desmondtions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:””; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:12.0pt; font-family:”Times New Roman”; mso-fareast-font-family:”Times New Roman”;} @page Section1 {size:612.0pt 792.0pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:36.0pt; mso-footer-margin:36.0pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} –> os dois maiores biógrafos de Darwin. Nesse livro eles apresentam uma teses inteiramente nova de que muito da inspiração para as principais descobertas veio da sua postura moral anti-escravidão. Eu já comentei sobre esse livro no post dos Eventos sobre Darwin quando divulguei a palestra que James Moore deu em Salvador, vale a pena assitir o vídeo recomendando o original desse livro.

Temos também o lançamento de “A ilha de Darwin” de Steve Jones, que aborda a intensa vida científica de Darwin na Inglaterra abordando 11 dos sue 19 livros ao longo um período de 40 anos. Mesmo se Darwin não tivesse falado nada sobre evolução ele seria muito famoso e respeitado dada a diversidade e importância de seus inúmeros estudos e descobertas em campos diversos de geologia à botânica, passando pelo comportamento animal e humano.

A Editora UNESP lançou duas coletâneas de cartas de Darwin. A primeira é “ORIGENS” incluindo cartas de 1822 a 1859. E a segunda é “A EVOLUÇÃO” incluindo cartas de 1860 a 1870. Ambos os livros apresentam o lado pouco conhecido da comunicação entre cientistas ao redor de uma grande teoria. Esses livros e muitos outros editados por editoras universitárias e muitas outras estarão pela metade do preço na Feira do Livro da USP que começa amanhã no prédio da História e Geografia da USP. Aproveite essa chance única de comemorar o aniversário de um livro comprando vários outros.

Abaixo veremos o trailer do filme “Creation” sobre a vida de Darwin e a publicação do livro aniversariante e um vídeo celebrando o dia de hoje, o histórico dia em que o  célebre “Origem das Espécies” fez seus 150 aninhos. Parabéns ao “Origem” e a todos que mudaram seu modo de pensar e vida e a si mesmos devido a ele.