A melhor coisa, depois de você próprio
Nova tecnologia de avatares combina avanços em inteligência artificial e renderização de imagens de computador
Uma imagem estática de um avatar do Projeto LifeLike conversando com uma pessoa. |
15 de maio de 2009
Veja aqui o video de uma entrevista com os chefes do Projeto LifeLike Avelino Gonzalez e Jason Leigh.
Você já desejou poder estar em dois lugares ao mesmo tempo? Talvez você já tenha querido criar uma cópia de você mesmo que pudesse passar por você em uma reunião, liberando você para trabalhar em questões mais importantes. Graças a um projeto de pesquisa chamado LifeLike, essa fantasia pode estar um pouco mais perto da realidade.
O projeto LifeLike é uma colaboração entre o Laboratório de Sistemas Inteligentes (Intelligent Systems Laboratory = ISL) na Universidade da Flórida Central (UCF) e o Laboratório de Visualização Eletrônica (Electronic Visualization Laboratory = EVL) na
Universitdade de Illinois em Chicago (UIC) que visa criar visualizações de pessoas, ou avatares, que são tão realísticos quanto possível. Embora os resultados atuais estejam longe de ser réplicas perfeitas de uma pessoa específica, seu trabalho levou o campo de pesquisas adiante e abriu uma série de possíveis aplicações em um futuro nem tão distante.
A equipe EVL, liderada por Jason Leigh, um professor associado de ciências da computação, é encarregada de criar os aspectos visuais do avatar com perfeição. Superficialmente, isso parece uma tarefa simples – qualquer um que tenha jogado um video game com personagens vindas do cinema ou atletas profissionais, está acostumado com imagens geradas em computador que se parecem com as pessoas reais.
Porém, de acordo com Leigh, é preciso mais do que uma boa renderização visual para fazer um avatar realmente se parecer com uma pessoa. “O realismo visual é algo difícil”, disse Leigh em uma recente entrevista.
“A pesquisa mostra que mais de 70% da comunicação é não verbal” e é dependente de gestos sutis, mudanças no tom de voz da pessoa e outras variáveis.
Para conseguir acertar com esses aspectos não verbais, a equipe EVL têm que fazer precisas medições em 3-D da pessoa que o Projeto
LifeLike quer copiar, capturando a maneira com que a face se move e outros itens de linguagem corporal, de forma que o programa possa reproduzir esses detalhes minúsculos posteriormente.
A equipe ISL, chefiada pelo professor de engenharia elétrica Avelino Gonzalez, se focaliza na aplicação de capacidades de inteligência artificial nos avatares. Isto inclui tecnologias que permitem a um computador reconhecer e compreender corretamente a linguagem natural enquanto ela é falada, bem como atualização e refinamento automáticos dos conhecimentos, um processo que permite que o computador “aperenda” informações e dados que recebe e os aplique de modo independente. Segundo Gonzalez, a meta final e que uma pessoa que converse com o avatar, tenha o mesmo nível de conforto e interação que teria ao conversar com uma pessoa real. Gonzalez vê as metas do Projeto LifeLike como fundamentais para o campo da inteligência artificial.
Em uma recente entrevista, ele disse: “Nós já aplicamos a inteligência artificial de várias maneiras, mas, se vamos realmente implementá-la, a única maneira de fazê-lo é através de alguma personificação de uma pessoa e isso é um avatar”.
A equipe do Projeto LifeLike demonstrou a tecnologia no inverno passado no quartel-general da Fundação Nacional de Ciências (NSF) em Arlington, Virgínia. A equipe recolheu informações visuais e dos movimentos de um membro do staff da NSF e forneceu ao sistema do avatar informações acerca de uma futura proposta a ser apresentada à NSF. Foi permitido que outras pessoas se sentasse e conversassem com o avatar, que podia conversar com seu interlocutor e responder a perguntas sobre a proposta. Os colegas do funcionário do NSF instantaneamente reconheciam quem o avatar representava e comentaram que ele tinha capturado alguns maneirismos da pessoa.
Gonzalez e Leigh acreditam que esta é apenas uma das possíveis aplicações para este campo. Eles acreditam que, no futuro, pode ser possível a escolares interagir com avatares de figuras históricas, ou pessoas em busca de emprego praticarem suas habilidades para entrevistas, praticando com um avatar. Embora a tecnologia possa não ser capaz de cobrir nossas ausências ainda, ambos os pesquisadores concordam que, nas próximas décadas, muitas das “pessoas” com quem vamos interagir, não serão pessoas de verdade.
-NSF-