Crime e castigo

O trabalho é muito longo e muito técnico para ser traduzido e publicado aqui, mas se trata dos efeitos danosos da impunidade.
Vou traduzir somente o extrato e deixar o link para o original (eu descobri via EurekAlert, mas o Daniel deixou o link para os arXivs)

Crime e punição: o fardo econômico da impunidade

Resumo: O crime é uma atividade econômica importante, algumas vezes chamada de indústria do crime. Ele pode representar um mecanismo de distribuição de riqueza, mas também um fardo econômico e social, por causa dos custos do sistema da manutenção da lei e ordem. Algumas vezes pode ser menos custoso para a sociedade permitir um certo nível de criminalidade. Um efeito negativo de uma tal política é que pode levar a um alto aumento das atividades criminosas que pode se tornar difícil de reduzir. Os autores investigam o nível de manutenção da lei necessário para manter o crime dentro de limites aceitáveis e demonstram que se observa uma brusca transição de fase como função da probabilidade de punição. Os autores também analisam o crescimento da economia, a desigualdade na distribuição de riqueza (o Coeficiente de Gini) e outras quantidades relevantes sob diferentes cenários de atividade criminal e a probabilidade de captura.
(http://arxiv.org/abs/0710.3751)

Em resumo: os autores, usando modelos extremamente simplificados, demonstram que, quanto maior a impunidade, mais a atividade criminosa cresce e maiores danos à economia (e ao desenvolvimento econômico) se verificam.
Um ponto que os autores enfatizam é que a resposta à atividade criminosa não é tão dependente assim do número de policiais, mas depende muito mais diretamente da efetiva aplicação de punições aos criminosos.
Ou, dizendo em uma linguagem que qualquer brasileiro entende: não adianta a polícia prender, se a justiça não condena.

Não bastava o CO2 e agora vem o O3

Outra notícia (menos agradável), via EurekAlert:
Ozônio gerado pela atividade humana vai prejudicar as culturas, de acordo com estudo do MIT
Produção pode ser reduzida em mais de 10% até 2100

Nancy Stauffer, MIT Energy Initiative
26 de outubro de 2007
Um novo estudo do MIT conclui que os crescentes níveis de Ozônio, devidos ao crescente uso de combustíveis fósseis vai prejudicar a vegetação do globo, resultando em sérios prejuízos para a economia mundial.
A análise, relatada na edição de novembro de Energy Policy, se focalizou em três mudanças ambientais (aumentos de temperaturas, dióxido de carbono e ozônio), associados com a atividade humana, afetarão as culturas, pastagens e florestas.
A pesquisa mostra que aumentos na temperatura e nas taxas de dióxido de carbono podem, na verdade, beneficiar a vegetação, especialmente nas regiões temperadas do Norte. Entretanto, esses benefícios podem ser mais do que contrabalançados pelos efeitos nocivos dos aumentos do ozônio, notavelmente sobre as culturas. O ozônio é uma forma de oxigênio que é um poluidor da atmosfera no nível do solo.
O custo econômico dos danos será moderado pelas modificações no uso da terra e pelo comércio agrícola, sendo algumas regiões mais capazes de adaptação do que outras. Mas as conseqüências gerais sobre a economia serão consideráveis. De acordo com a análise, se nada for feito, quando chegarmos a 2100 o valor global da produção das culturas terá caído entre 10 e 12%.
“Mesmo presumindo que as melhores práticas tecnológicas para controlar o ozônio sejam adotadas por todo o mundo, vemos concentrações de ozônio subindo rapidamente nas próximas décadas,” declarou John M. Reilly, diretor associado do MIT Joint Program on the Science and Policy of Global Change. “Este resultado é tão surpreendente como alarmante.”
Enquanto outros se concentravam em como as mudanças no clima e nas concentrações de dióxido de carbono poderiam afetar a vegetação, Reilly e seus colegas adicionaram a esta mistura as mudanças no ozônio da troposfera. Além disto, eles estudaram o impacto combinado dos três “fatores de stress” ambientais a uma. (Mudanças em ecossistemas e na saúde humana, e outros impactos potencialmente preocupantes ficaram fora do escopo do presente estudo)
Eles realizaram sua análise usando o MIT Integrated Global Systems Model, que combina modelos computacionais de economia, clima e agricultura, no “estado-da-arte”, interligandos, para extrapolar as emissões de gases de efeito-estufa e precursores de ozônio, com base nas atividades humanas e sistemas naturais.

Descobertas esperadas e inesperadas

Os resultados para os impactos das mudanças climáticas e aumento das concentrações de dióxido de carbono (presumindo que os negócios continuem como hoje, sem restrições de emissões) trouxe poucas surpresas. Por exemplo, o dióxido de carbono e os aumentos de temperaturas beneficiariam a vegetação em grande parte do mundo.
Os efeitos do ozônio são decididamente diferentes.
Sem restrições às emissões, o crescente consumo de combustíveis [fósseis] vai empurrar a média de ozônio mundial para cima em 50% até 2100. Este aumento terá um impacto desproporcionalmente grande na vegetação porque as concentrações de ozônio em muitos lugares vai subir além do nível crítico, onda os efeitos adversos são observados nas plantas e ecossistemas.
As culturas serão as mais duramente atingidas. As previsões dos modelos mostram que os níveis de ozônio tendem a ser maiores nas regiões onde as culturas são plantadas. Além disto, as culturas são particularmente sensíveis ao ozônio, porque são fertilizadas. “Quando as culturas são fertilizadas, suas estromas se abrem e absorvem mais ar. E quanto mais ar inspirarem, mais danos por ozônio ocorrem,” diz Reilly. “É mais ou menos como sair e fazer exercício pesado em um dia rico em ozônio.”
Qual é o efeito total das três mudanças ambientais? Sem restrições às emissões, o crescimento das florestas e pastagens diminui um pouco, ou mesmo aumenta, por causa do clima e dos efeitos do dióxido de carbono. Mas as colheitas das culturas vão cair no entorno de 40% pelo mundo todo.
Entretanto, essas quebras de safra não se traduzem diretamente em perdas econômicas. De acordo com o modelo econômico, o mundo se adapta, alocando mais terra para as culturas. Esta adaptação, no entanto, tem seu custo. O uso de recursos adicionais traz uma perda econômica global de 10 a 12% do valor total da produção das culturas.

O ponto de vista regional

As estimativas globais não contam, entretanto, toda a história, à medida em que os impactos regionais variam significativamente.
Por exemplo, as regiões temperadas do Norte se beneficiam das alterações climáticas por que as temperaturas mais altas estendem sua estação de crescimento. No entanto, as perdas de safra associadas com altas concentrações de ozônio serão significativas. Em contraste, os trópicos que já são quentes, não se beneficiam de um maior aumento na temperatura, mas não são tão duramente atingíveis pelos danos do ozônio porque as emissões precursoras do ozônio são menores nos trópicos.
Resultado final: regiões tais como os Estados Unidos, China e Europa vão ter que importar comida e fornecer essas importações será um benefício para os países tropicais.
Reilly alerta que as projeções do estudo sobre o clima podem ser otimísticas demais. Os pesquisadores estão incorporando, agora, uma simulação climática mais realística em suas análises.
Os colaboradores de Reilly são do MIT e do Marine Biological Laboratory. A pesquisa foi apoiada pelo Departamento de Energia, a Agência de Proteção Ambiental, a Fundação Nacional de Ciências, a NASA, a Administração Nacional Oceanográfica e Atmosférica (NOAA) e o MIT Joint Program on the Science and Policy of Global Change.
Ele faz parte da MIT Energy Initiative (MITEI), uma iniciativa multidisciplinar do MIT projetada para auxiliar a transformar o sistema de energia global para fazer face aos desafios do futuro. A MITEI inclui pesquisa, educação, gerenciamento da energia no campus e atividades externas, uma abordagem interdisciplinar que cobre todas as áreas de fornecimento e demanda de energia, segurança e impacto ambiental.

Bom… Quem está dando essas notícias são cientistas responsáveis e de uma instituição de renome. Não são “ecochatos”, nem “ecolôs” (achei engraçadíssima esta expressão “eco + gigolô”), nem o Al Gore!

Só gostaria de saber se o Luboš Motl ainda continua com aquele selinho no Blog dele, contando os dólares “desperdiçados” no Protocolo de Kioto e chamando isso de junk science… (Não!… não me contem… foi apenas retórica…)

Cabelos ruivos…

Olha só a “pérola” que eu encontrei no EurekAlert!…

Cabelos Ruivos e Sardas…
Estudos genéticos mostram que alguns Neanderthals podem ter tido cabelos ruivos ou louros e pele de cor mais clara

Os remanescentes fósseis dos Neanderthals pintam um quadro incompleto; eles não podem nos dizer algo sobre suas capacidades cognitivas ou nos dar detalhes sobre suas aparências. Desde que os cientistas da equipe de Svante Pääbo do Insituto Max Planck de Antropologia Evolucionária, em Leipzig, começaram a olhar para dentro do DNA dos Neanderthals, fizeram algumas novas e surpreendentes descobertas. Ainda na semana passada, os cientistas de Leipzig publicaram sua descoberta da variante do gene humano FOXP2 em nossos parentes mais próximos. E agora eles revelaram outro detalhe interessante: ao menos um porcento dos Neanderthals na Europa podem ter tido cabelos ruivos, de acordo com um relatório dos pesquisadores que trabalham com Carles Lalueza-Fox na Universidade de Barcelona, Holger Römpler na Universidade de Leipzig e Michael Hofreiter no Instituto Max Planck em Leipzig, na edição online da Science (Science Express, 25 de outubro de 2007).

Fig.: Neanderthals ruivos e homens modernos, cara a cara.

Imagem: Knut Finstermeier, Instituto Max Planck para Antopologia Evolucionária; original da reconstituição do Neanderthal: Reiss Engelhorn Museums, Mannheim

Uma revista de modas perguntou recentemente qual ia ser a cor da moda para os cabelos neste ano, profetisando uma extraordinariamente grande quantidade de homens e mulheres com cabelos ruivos pelas ruas. Tendo em vista a ganhadora do “Germany’s Next Top Model”, Barbara, do popular reality show com esse nome, a revista declarou que “ruivo ia ser o novo louro”! Na verdade, somente dois por cento da população mundial (e da população germânica têm cabelos naturalmente ruivos – causados por uma mutação no gene mc1r. A mudança resultante na proteína que ele controla faz com que as pessoas que tenham esta mutação tenham feomelanina no lugar da melanina escura em seus pele, cabelos e olhos. Isto lhes dá uma pele muito mais sensível e clara, e, em muitos casos, montes de sardas.
Os cientistas do Instituto Max Planck para Antropologia Evolucionária, em colaboração com seus colegas nas Universidades de Leipzig e Barcelona descobriram, agora, que um por cento dos Neanderthals na Europa tinham cabelos ruivos – e definitivamente não eram tingidos. Os pesquisadores rastrearam a cor dos cabelos dos Neanderthals por meio da análise genética: primeiro, eles tentaram multiplicar um pedaço do gene mc1r de um extrato de DNA de Neanderthal. Ao fazer isto, eles encontraram uma variante que jamais tinha sido observada em humanos modernos.
Graças a uma série de testes complexos, os biólogos moleculares foram capazes de eliminar a possibilidade de que as amostras experimentais, contendo a variante, pudessem ter sido contaminadas com DNA humano moderno, ou fosse um resultado aleatório, causado por DNA danificado ou por erros de PCR (PCR, ou polymerase chain reaction, é um processo para multiplicar DNA). Testes funcionais mostraram, então, que esta variante é muito menos ativa do que a variante humana normal. “Variantes genéticos com atividade reduzida similarmente são igualmente conhecidos no homem moderno – embora sejam um resultado de outras mutações,” afirma Michael Hofreiter. “Nas pessoas, elas levam a cabelos ruivos. Portanto, podemos presumir que parte da população Neanderthal pode ter tido cabelos ruivos ou de cores claras e, possivelmente, até uma pele mais clara,” de acordo com o paleoantropologista.
Se os cabelos ruivos entre os Neanderthals era considerado paticularmente erótico, ou mais uma aberração é algo que, é claro, os cientistas não podem dizer. Trabalho original:
Carles Lalueza-Fox, Holger Römpler, Michael Hofreiter et al.
A melanocortin 1 receptor allele suggests varying pigmentation among Neanderthals.
Science, 25 de outubro de 2007

Ora, ora, quem diria?… Seria interessante saber o que neo-nazistas e outros racistas teriam a dizer sobre o assunto…

Physics News Update nº 844

O Boletim de Notícias da Física do Instituto Americano de Física, número 844, de 25 de outubro de 2007 por Phillip F. Schewe PHYSICS NEWS UPDATE
MEDIÇÕES EM ATTOSSEGUNDOS EM ESTADO SÓLIDO. Os físicos no Instituto Max Planck para Óptica Quântica em Munique já tinham observado anteriormente o comportamento de elétrons em fase gasosa em uma escala no entorno de centenas de attossegundos (1 aseg = 10-18 seg).
Agora, os físicos, liderados por Ferenc Krausz, em colaboração com seus colegas de Bielefeld, Hamburgo, Viena and San Sebastian, realizaram uma medição do movimento dos elétrons em uma abiente de estado sólido em uma escala de tempo comparável. A medição específica — a observação da diferença dos tempos de chegada de elétrons que voam de um átomo atingido por um feixe de laser — representa a resolução em tempo mais precisa jamais conseguida em uma experiência com matéria condensada.
Para realizar essa proeza, se envia um pulso de laser quase-infravermelho infravermelho próximo (near infrared = NIR) que consiste de uns poucos e bem escolhidos ciclos, através de uma coluna de Neônio, produzindo uma série de feixes secundários de comprimento de onda mais curto. Um desses feixes, nos comprimentos de onda o ultravioleta extremo (XUV), aparece em pulsos muito truncados que duram somente 300 aseg. A seguir, o pulso em XUV é direcionado sobre um alvo de Tungstênio, onde os átomos que ficam próximos à superfície podem ser ionizados.
Na verdade, a luz ultravioleta tende a liberar um elétron “exterior” (“deslocalizado”) do átomo, bem como um elétron mais “interior” (“localizado”). Estes dois elétrons podem prosseguir através do cristal e na direção de um detector, onde, dependendo de seu instante de chegada, podem ser diferenciados.
Este processo de identificação é ampliado de maneira criativa. A trajetória colinear (e coerentemente ligada) ao pulso de XUV, faz parte do feixe laser original NIR. A intensidade do NIR foi cuidadosamente escolhida de forma a não realizar o trabalho de ionização (sendo esta tarefa atribuída à luz XUV), mas para ser forte o suficiente para acelerar os elétrons ionizados, à medida e que eles pulam para fora da superfície da amostra.
A chegada do pulso NIR com seu campo elétrico bem controlado foi estabelecida de forma que o primeiro dos dois elétrons a aparecer (o elétron externo mais rápido) recebesse um aumento em sua velocidade do campo elétrico da radiação NIR, enquanto que o segundo elétron (o elétron interno mais lento) recebe um impulso menor. Em outras palavras, a luz NIR funcionou como um acelerador a nível atômico, aumentando as velocidades dos elétrons, mas em quantidades diferentes. Isto acentuou a diferença dos tempos de chegada dos dois elétrons, tornando mais fácil diferenciá-los.
O resultado final foi a capacidade de medir a defasagem em tempo dos dois elétrons que chegam através das poucas camadas superiores da amostra em estado sólido. O intervalo medido, 110 attossegundos, com uma precisão de 70 attossegundos, constituiu uma medição de “attossegundos” sem precedentes.
Um dos pesquisadores, Adrian Cavalieri, diz que o monitoramento dos movimentos dos elétrons em um cristal, com este nível de precisão, é o primeiro passo no desenvolvimento de um estilo muito mais rápido de eletrônica, talvez até na faixa dos petaherz (1015 Hz). Primeiro vem a medição nos níveis de 100 attossegundos; mais tarde, vem o controle da atividade dos elétrons. (Cavalieri et al., Nature, 25 de outubro de 2007; http://www.attoworld.de/)
“PINGOS” NA “LINHA DE VAZAMENTO” NUCLEAR. Já foram descobertos muitos novos isótopos pesados e, ao menos um, vai além da “linha de vazamento” de nêutrons (neutron dripline.)
As “linhas de vazamento” são as bordas exteriores que definem a zona dos núcleos agregados (“bound”), observados ou que se espera observar, em um gráfico cujo eixo horizontal é o número de nêutrons em um núcleo (denotado pela letra “N”) e cujo eixo vertical corresponde ao número de prótons (Z).
Diferentemente da força de Coulomb que mantém os átomos juntos, e onde o comportamento dos elétrons e as esperadas propriedades químicas de um elemento podem ser razoavelmente previstos, nos núcleos o caso é outro. A força nuclear que mantém prótons e nêutrons juntos (a despeito da força de repulsão eletrostática que tenta separar os prótons de cargas iguais) é tão forte que nenhuma teoria (nem mesmo o assim chamado “modelo de concha nuclear” {nuclear shell model}, concebido em analogia ao modelo atômico) pode prever com confiança se uma combinação particular de prótons e nêutrons irá formar um núcleo agregado. Em lugar disto, os experimentalistas têm que auxiliar os teóricos, indo à luta e descobrindo ou fabricando cada nuclídeo em laboratório.
Em uma experiência realizada recentemente no National Superconducting Cyclotron Lab (NSCL) na Michigan State University, um feixe de íons de Cálcio foi esmagado de encontro a um alvo de Tungstênio. Uma miríade de diferentes nuclídeos emergiu e correu para um detector sensível, para identificação. Dois nuclídeos recentemente descobertos — Mg-40 e Al-43 — apareceram sem causar surpresa. Porém outro, o Al-42, era mais estranho, uma vez que violava a suposta proibição de haver núcleos deste tamanho com um número ímpar de prótons e nêutrons. Os novos nuclídeos não são estáveis, uma vez que decaem em poucos milissegundos. Mas isso é muito tempo em padrões nucleares.
Por que estudar núcleos tão fugazes? Mesmo que eles não possam existir na natureza, os novos nuclídeos ainda podem desempenhar um papel dentro de estrelas ou novas, onde elementos pesados, inclusive os que compõem nosso planeta e nossos corpos, são criados.
Thomas Baumann sugere que possam existir isótopos de Alumínio ainda mais pesados, e que vale a pena explorar quaisquer possíveis “ilhas de estabilidade”, não somente aquelas nos extremos da tabela periódica. (Baumann et al., Nature 25 de outubro de 2007; http://www.nscl.msu.edu/magnesium40)
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PHYSICS NEWS UPDATE é um resumo de notícias sobre física que aparecem em convenções de física, publicações de física e outras fontes de notícias. É fornecida de graça, como um meio de disseminar informações acerca da física e dos físicos. Por isso, sinta-se à vontade para publicá-la, se quiser, onde outros possam ler, desde que conceda o crédito ao AIP (American Institute of Physics = Instituto Americano de Física). O boletim Physics News Update é publicado, mais ou menos, uma vez por semana.
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Como divulgado no numero anterior, este boletim é traduzido por um curioso, com um domínio apenas razoável de inglês e menos ainda de física. Correções são bem-vindas.
P.S. 1: Obrigado Daniel!
P.S. 2: Obrigado Lúcia!
P.S. 3: (Vide comentários)

Aquecimento Global é fogo!…

Acidificação de Oceanos, intensificação nas “temporadas” de tufões e furacões, alagamento de áreas povoadas pela elevação dos níveis dos Oceanos, todos esses tipos de catástrofe já eram previstos no quadro geral do Aquecimento Global.
Só que agora apareceu um efeito subsidiário que afeta uma região particularmente rica e importante do país mais “importante” do planeta… Os incêndios (“firestorms” = tempestades de fogo) no Sul da Califórnia.
Via EurekAlert, um estudo da Universidade do Oregon:

Incêndios generalizados na Califórnia são consistentes com alterações climáticas globais
CORVALLIS, Ore. – Os incêndios catastróficos que estão varrendo o Sul da Califórnia são consistentes com o que modelos de alterações climáticas vêm predizendo por anos a fio, dizem os experts, e podem ser apenas um prelúdio para muitos outros eventos iguais no futuro – à medida em que a vegetação cresce mais densa do que o usual e, então, pega fogo durante períodos de secas prolongados.
“Isto é exatamente o que vínhamos prevendo que poderia acontecer, tanto nas previsões a curto prazo para incêndios neste ano, como para padrões a longo prazo que podem ser associados às mudanças climáticas globais”, declarou Ronald Neilson, professor da Oregon State University e bioclimatologista do Serviço Florestal do Departamento de Agricultura dos EUA.
“Você não pode olhar para um evento como este e dizer com certeza que ele é causado por uma mudança climática”, diz Neilson, que também foi um contribuidor nas publicações do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), um dos co-ganhadores do Prêmio Nobel da Paz de 2007.
“Mas coisas exatamente como esta são consistentes com o que os mais recentes modelos mostram”, afirmou Neilson, “e pode ser uma nova peça de indício de que a mudança climática é uma realidade, uma com sérios efeitos”.
Os mais recentes modelos, disse Neilson, sugerem que partes dos EUA podem experimentar padrões de precipitação pluviométrica de longos prazos – menores variações anuais, porém, em lugar disso, uma seqüência de anos chuvosos, seguidos por vários anos de secas maiores que o normal.
“À medida em que o planeta se aquece, mais água se evapora dos oceanos e toda essa água tem que voltar a cair em algum lugar como chuva”, prossegue Neilson. “Isso pode resultar, por vezes, ao surgimento súbito de uma vegetação mais densa e a criação de uma remenda carga de combustível. Mas o aquecimento e outras forças climáticas também vão criar secas periódicas. Se você tiver uma fonte de ignição durante estes períodos, os incêndios podem se tornar simplesmente explosivos”.
Os problemas podem ser agravados, diz Neilson, pelos eventos “El Niño” ou “La Niña”. Um episódio de “La Niña” que está presentemente em curso, provavelmente está amplificando a seca no Sul da Califórnia, ele argumenta. Porém, quando as chuvas retornarem por um período de anos, a vegetação queimada pode, inevitavelmente, crescer de novo para níveis muito densos.
“No futuro, incêndios catastróficos, tais como os que estão acontecendo agora na Califórnia, podem ser, simplesmente, uma parte normal da paisagem”, declarou Neilson.
Modelos de previsões de incêndios, desenvolvidos pelo grupo de Neilson na OSU e no Serviço Florestal, se baseiam em vários modelos climáticos globais. Quando combinados, eles previram precisamente tanto os incêndios no Sul da Califórnia que estão acontecendo, como a seca que recentemente atingiu partes do Sudeste, inclusive os estados da Georgia e Flórida, causando danosas faltas d’água.
Em estudos publicados a cinco anos, Neilson e outros pesquisadores da OSU predisseram que as condições do Oeste Americano poderiam se tornar tanto mais quentes, como mais úmidas no século em curso, condições estas que levarão a repetidos e catastróficos incêndios, maiores do que quaisquer outros da história recente.
Naquela ocasião, os cientistas sugeriram que aumentos periódicos nas precipitações, combinados com temperaturas mais altas e taxas crescentes de dióxido de carbono na atmosfera, iriam acelerar o crescimento da vegetação e aumentar mais ainda as já existentes reservas de combustível, causadas por décadas de supressão de incêndios.
Secas ou ondas de calor, diziam os pesquisadores em 2002, levariam, então, a níveis de incêndios descontrolados, maiores do que os observados desde a colonização européia. As projeções eram baseadas em vários modelos de “circulação geral” que mostravam tanto o aquecimento global como o aumento nas precipitações pluviométricas durante o século XXI.

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Isto pode ter o efeito “benéfico” de “acender as luzes de alerta” no país que mais rejeitou o Protocolo de Kioto… Afinal, é a mansão do magnata famoso de Holywood e do Vale do Silício que está pegando fogo, e a “batalha” pelos seguros não vai mais ser travada por um bando de crioulos pobres, como foi em Nova Orleans… O mercado também vai “pegar fogo” com isso… Sem contar que o governador da Califórnia é do Partido Republicano…
Atenção! Se isto serve para as condições climáticas do Oeste Americano, pode ser ainda mais grave para as Regiões do Pantanal (que está passando por uma seca sem precedentes), para uma Amazônia cada vez mais desmatada e, principalmente, para os Campos Cerrados do Planalto Central que se pretende transformar em “fontes de bio-combustível”.
É melhor planejar a “expansão das frontiras agrícolas” com base nesses novos dados e montar uma rede decente de meteorologia, do que correr o risco de tornar todo o Brasil em um “Raso da Catarina”!…
Atualizando em 15/10/2007 – Notícia da BBC-Brasil: Etanol é ameaça ao cerrado, afirma relatório da ONU

O Diabo nem sempre veste “Prada”… 2

E, como “filho feio não tem pai”, agora Policial nega ter ordenado tiros em Jean Charles… Segundo a BBC: Em depoimento durante o julgamento das ações da polícia no caso, Cressida disse ter ordenado que os policiais armados que participaram da ação “parassem” Jean Charles – e acrescentou que, nos círculos policiais britânicos, o termo significa “deter” ou “confrontar”.
Peraí!… Foram oito tiros na cabeça de Jean Charles, fora os outros quatro que erraram… quase matam também o outro policial, desarmado, que estava agarrado a Jean Charles… E a “investigação” da “Independent” Police Complaint Comission (as aspas são minhas) já inocentou os assassinos que deram os tiros…
Enquanto isso, em um artigo escondidinho na edição do The Sunday Times:

Do The Sunday Times
21 de outubro de 2007

Policiais Graduados se revoltam com o bônus para o Chefe Metropolitano
Por David Leppard
SIR Ian Blair está encarando uma revolta de seus subordinados mais antigos na Scotland Yard depois que ele procurou ganhar um bônus por bom desempenho no valor de £25.000, enquanto a força continua enrolada em processos criminais sobre o assassinato [nota do tradutor: eles usam o termo neutro “shooting” – eu chamo de assassinato, mesmo…] de um brasileiro inocente.
Neste fim de semana até os colegas anteriormente leais a ele [Blair] condenaram seu comportamento como “extraordinário” [leia-se: “inconcebível”]. Eles o acusaram de ser “egocêntrico” e de falta de critério.
O comissário da Polícia Metropolitana, cujo salário no ano passado foi de £228.000, escreveu uma carta irada a seu segundo-em-comando, Paul Stephenson, efetivamente acusando-o de deslealdade, depois que descobriu que ele formalmente dispensou o seu bônus.
A decisão de Stephenson de declinar do bônus, de maneira formal perante à Metropolitan Police Authority, é apoiada por vários colegas em cargos de chefia que acreditam que a “bronca” levanta questões sobre o discernimento de Blair.
Um declarou que o comissário estava “fora de si” por permitir que fosse conhecido que ele aceitaria um bônus que seria um desastre de Relações Públicas quase certo.
Blair e Stephenson, os dois policiais mais graduados da Grã-Bretanha, tiveram uma séria discussão no início deste mês, após Stephenson questionar o desejo de Blair em procurar um bônus, enquanto a força está em julgamento sobre o assassinato de Jean Charles de Menezes a dois anos.
Dizem que os dois policiais graduados “virtualmente pararam de falar um com o outro” depois da contenda e dizem que Stephenson ficou chocado e “profundamente magoado” pelo tom hostil da confrontação.
O “racha” acendeu os rumores de uma crise de liderança, com sérias implicações em como a força irá se portar frente à ameaça de novos ataques terroristas.
A “Met” declarou: “A cada ano, tanto o comissário como seu segundo em comando são elegíveis para um bônus no pagamento. Esta questão foi discutida e ambos (…) decidiram não se apresentarem como merecedores de um bônus no pagamento, este ano. Eles continuam a gozar de um relacionamento profissional robusto.”

Ou seja… A incompetente da Cressida Dick (êita nome mais infeliz!…) “paga o pato” e o incompetente, mentiroso, cara-de-pau, criminoso, FDP do Yan Blair ganha um bônus em dinheiro!…
Se isso é “civilização”, eu fico com nossas “Tropas de Elite” tupiniquins: BOPE, ROTA, CORE, etc. Pelo menos, são mais baratinhos…

Elementary, dear Watson!…

Mesmo com esta Roda meio bagunçada e apesar de ter dito que eu iria ficar “na arquibancada” neste tema, não consigo resistir a publicar uma matéria sobre as desastradas declarações do Dr. James Watson sobre a “inteligência dos negros”.
O Adilson bem poderia tê-lo feito com seu artigo “A estupidez de um ganhador do prêmio Nobel”, publicado quase que imediatamente no seu Por dentro da ciência. Mas, já que ele deixou a oportunidade passar, eu aproveito para inserir o artigo dele na discussão.
Um episódio lamentável, mas, infelizmente, continuamente repetido: um cientista de renome emite publicamente uma opinião pessoal sobre um assunto fora de sua área de especialização. E a mídia – mais ignorante ainda – reverbera essa opinião, mal fundamentada e mal expressa, usando o suposto “aval” que um Prêmio Nobel confere a seu ganhador para opinar sobre qualquer coisa.
E as coisas se complicam ainda mais quando o referido cientista, em lugar de se recolher a sua insignificância, volta à mídia e apresenta “desculpas” – não por ter emitido uma opinião burra e tendenciosa – mas pela repercussão negativa que a mesma teve (vide BBC-Brasil: Nobel se desculpa por declarações sobre inteligência negra…)
Nosso grande César Lattes cometeu o mesmo tipo de tolice: falar alto demais, perto de um repórter… No dia seguinte, estava estampado em todos os jornais: “Lattes declara: Einstein era uma besta!”
E as verdadeiras bestas se riem, deliciadas… Um tipo de besta, porque publicou uma notícia de arromba… outros, porque – incapazes de compreender a ciência – dizem a si próprios: “Está vendo, só!… E ainda querem que eu acredite nessas maluquices!…”
Cada vez mais eu me convenço de que existe um “nicho profissional” promissor (vide o artigo da Ana Cláudia, Sobre jornalistas e geneticistas na Nature Reviews Genetics): o do “marketing para ciência”…
Comentários aqui, por favor.

Oceanos tóxicos? (2)

Via EurekAlert, mais uma notícia inquietante, desta vez vinda do Conselho de Pesquisa da Austrália (Australia Research Council – ARC):

ALERTA DE ACIDEZ DOS OCEANOS
Os oceanos do mundo estão se tornando mais ácidos, com conseqüências portencialmente devastadoras para os corais e os organismos marinhos que constroem os recifes e fornecem grande parte do oxigênio respirável da Terra.
A acidez é causada pelo acúmulo gradual de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera e que se dissolve nos oceanos. Os cientistas temem que isso possa ser letal para animais com esqueletos calcários, que perfazem mais de um terço da vida marinha do planeta.
Oceanos Ácidos estarão entre os assuntos a serem explorados pelos principais cientistas de corais da Austrália no fórum público no Shine Dome em Canberra, amanhã. O fórum “O Futuro dos Recifes de Coral 07” acontecerá em 18 e 19 de outubro de 2007 e tem como anfitião o Centro de Excelência para Estudos sobre Corais do ARC (Centre of Excellence for Coral Reef Studies = CoECRS).
“Pesquisas recentes nos corais, empregando isótopos radiativos de Boro, indicam que o oceano ficou um terço de unidade de pH mais ácido nos últimos 50 anos. As pesquisas ainda estão no início e a tendência não é uniforme, mas certamente parece que a acidificação dos mares está se acumulando”, afirma o Professor Malcolm McCulloch do CoECRS e da Australian National University.
“Parece que a acidificação está acontecendo agora em questão de décadas, em lugar de séculos como se previa antes. Está acontecendo até mais rápido nas águas mais frias do Oceano Meridional do que nos trópicos. Está começando a parecer uma questão muito séria”.
Corais e plânctons com esqueletos calcários estão na base da cadeia alimentar marinha. Eles precisam de água do mar saturada com carbonato de cálcio para formar seus esqueletos. Entretanto, à medida em que a acidificação se intensifica, esta saturação decai, tornando mais difícil para os animais formarem suas estruturas esqueléticas (calcificação).
“A análise dos núcleos de coral mostra uma queda constante na calcificação nos últimos 20 anos”, diz o Professor Ove Hoegh-Guldberg do CoECRS e da University of Queensland. “Não há muita discussão sobre como isso acontece: ponha mais CO2 no ar acima e ele se dissolve nos oceanos”.
“Quando os níveis de CO2 na atmosfera chegarem a cerca de 500 partes por milhão, você tira a calcificação dos negócios nos oceanos”. (Os atuais níveis de CO2 atmosférico são de 385 ppm, um crescimento a partir dos 305 em 1960.)
“Não são só os recifes de coral que são afetados – uma grande parte do plâncton no Oceano Meridional, os coccolitoforideos, também são afetados. Estes dirigem a produtividade dos oceanos e são a base alimentar para o krill, baleias, atuns e nossos pescados. Eles também têm um papel vital na remoção do dióxidode carbono da atmosfera, que pode se tornar inviável”.
O Professor Hoegh-Guldberg afirmou que uma experiência na Ilha Heron, na qual se elevou os níveis de CO2 em tanques de ar contendo corais, mostrou que isto fez com que alguns corais parassem de formar esqueletos. Mais alarmante, ainda, algas vermelhas calcárias – a ‘cola’ que mantém as pontas dos recifes de coral unidas em águas turbulentas – começaram, mesmo, a se dissolver. “O risco é que isto possa começar a erodir a Grande Barreira de Recifes em larga escala” afirma ele.
“Esta questão é um pouco como um ‘sleeper’ [nota do tradutor: um agente inimigo ou terrorista disfarçado que entra subitamente em ação]. O Aquecimento Global é algo incrivelmente sério, mas a acidificação dos oceanos pode ser ainda mais”.
Outros assuntos no fórum incluem:

    • as mais recentes observações científicas sobre o “branqueamento” dos corais
    • a crescente praga de doenças nos corais
    • o gerenciamento dos recifes de coral da Austrália sob condições de mudanças climáticas
    • gerenciamento da resiliência nos recifes de coral
    • a proteção da qualidade das águas do mar das atividades terrestres
    • as “zonas verdes” vão ajudar a recuperar os cardumes de peixes na GBR?
    • a ameaça aos tubarões dos recifes e outros predadores maiores.

O fórum terá uma discussão pública patrocinada pelo Dr Robyn Williams sobre o futuro dos recifes de coral da Austrália, às 6 da tarde, em 18 de outubro, no Shine Dome, em Canberra.
Os recifes de coral da Austrália, particularmente a Grande Barreira de Recifes, os Recifes Ningaloo e a “Lord Howe Island World Heritage Area” são ícones nacionais de grande valor econômico, social e estético. O turismo na Grande Barreira de Recifes, sozinha, contribui com aproximadamente $ 5 bilhões anuais para a economia da nação. Rendas oriundas da pesca recreativa e comercial nos recifes tropicais da Austrália, contribuem com outros $ 400 milhões, anualmente. Consequentemente, o gerênciamento com base científica dos recifes de coral é uma prioridade nacional.
Globalmente, o bem-estar de 500 milhões de pessoas é estreitamente ligado aos bens e serviços oriundos da biodiversidade dos recifes de coral. Única entre as nações tropicais e subtropicais, a Austrália tem longos recifes de coral, uma pequena população de cidadãos relativamente ricos e bem educados, e uma infraestrutura bem desenvolvida. Recifes de coral é uma área onde a Austrália tem a capacidade, na verdade a obrigação, de reivindicar a liderança mundial.

Antes, eram só os mares do Hemisfério Norte… Precisa mais o que para constatar que a coisa está “preta”?…

Physics News Update nº 843

O Boletim de Notícias da Física do Instituto Americano de Física, número 843, de 18 de outubro de 2007 por Phillip F. Schewe PHYSICS NEWS UPDATE
TERMODINÂMICA RELATIVÍSTICA. A Teoria da Relatividade Restrita de Einstein tem fórmulas, chamadas Transformações de Lorentz, que convertem intervalos de tempo ou distância de um referencial inercial para um referencial veloz, próximo da velocidade da luz. Mas, como fica a temperatura? Ou seja, se uma observadora em altíssima velocidade, levando consigo seu termômetro, tentar medir a temperatura de um gás em uma garrafa estacionária, que temperatura ela leria?
Uma nova abordagem para este assunto controverso sugere que a temperatura seria a mesma que a medida em um referencial estacionário. Em outras palavras, corpos em movimento não pareceriam mais quentes ou mais frios.
Seria o caso de se pensar que uma questão como essa já tivesse sido estabelecida a décadas atrás, mas não é o caso. Einstein e Planck pensaram, uma vez, que o termômetro veloz mediria uma temperatura mais baixa, enquanto outros pensavam que a temperatura seria mais alta.
Um problema é como definir ou medir a temperatura de um gás, em primeiro lugar. James Clerk Maxwell, em 1866, enunciou sua famosa fórmula que predizia que a distribuição das velocidades das partículas do gás teriam o aspecto de uma curva Gaussiana. Mas qual seria a aparência dessa curva para alguém que passasse ventando por ela? O que seria a temperatura média do gás para este outro observador?
Jorn Dunkel e seus colegas da Universitat Augsburg (Alemanha) e da Universidad de Sevilla (Espanha) não poderiam realizar, exatamente, medições diretas (ninguém conseguiu imaginar como manter um gás em um recipiente em velocidades relativísticas em um laboratório terrestre), porém realizaram uma extensiva simulação da matéria.
Dunkel diz que alguns sistemas astrofísicos podem, eventualmente, oferecer uma chance de julgar experimentalmente a questão. No geral, o esforço para casar a termodinâmica com a Relatividade Restrita ainda está na fase inicial. Não se sabe com exatidão como vários parâmetros termodinâmicos mudarão em altas velocidades. Dunkel diz que o Zero Absoluto será sempre o Zero Absoluto, mesmo para observadores em altas velocidades. Mas produzir as transformações de Lorentz adequadas para outras velocidades, vai ser algo bem mais complicado de fazer. (Cubero et al., Physical Review Letters, 26 de outubro de 2007)
XAROPE NUCLAER. Uma nova medição de quanto tempo leva para que certos núcleos se fissionem em grandes fragmentos, sugere que o modelo “gota de líquido” para os núcleos deve ser substituído por um novo modelo “xarope nuclear”.
A fissão é a mais dramática forma de radiatividade, quando um núcleo perde não apenas um pequeno fragmento — tal como um elétron, um raio gama ou uma patícula alfa — mas realmente se parte em dois. A fissão de muitos núcleos vem sendo estudada a anos, sendo o mais famoso o Urânio-235.
Ainda em 1939, Niels Bohr e John Wheeler tentaram estabelecer um modelo para a natureza da fissão, afirmando que o núcleo é como uma gota d’água, na qual a tendência da gota em se separar é restrita pela força da tensão superficial; algo assim, diziam eles, mantinha um núcleo intacto, até que algo como as rápidas oscilações de um núcleo instável se tornavam tão grandes que a “tensão superficial”, que normalmente mantinha o núcleo junto, era vencida.
Algumas vezes, como em um prelúdio à fissão, o núcleo libera um pouco de sua instabilidade e, efetivamente, reduz sua “temperatura nuclear” expelindo nêutrons ou raios gama. De fato, a duração da “vida” para fissão foi medida indiretamente pela observação desses nêutrons emitidos. Os resultados sugeriam que o velho modelo de “gota de líquido” apresentava um fator de erro de dez, ou cerca disto, na previsão das “vidas”. Alguns cientistas começaram a pensar que deveria haver um outro “grude” em ação que freasse o processo de fissão.
Uma experiência no Oak Ridge National Laboratory sondou esta proposta, criando artificialmente vários núcleos fissionáveis, mediante o bombardeamento de um alvo de Tungstênio com um feixe de íons pesados; os projeteis e os núcleos alvo se fundiam temporariamente. viajavam por uma curta distância através do cristal de Tungstênio e, então, fissionavam.
O espaçamento entre os átomos no cristal é usado como referência para medir o recuo dos núcleos compostos antes da fissão. De acordo com o membro da equipe, Jens Andersen da Universidade de Aarhus na Dinamarca, a experiência de Oak Ridge sugere que as “vidas” antes da fissão são ainda mais longas (um fator adicional de dez a cem vezes) do que os derivados pelo processo mais indireto de medição da emissão de nêutrons.
Isto pode implicar em que o formato nuclear não oscile tão rápido como uma gotícula d’água, mas, em vez disso, se deforme muito lentamente, tal como uma gota de xarope. (Andersen et al., Physical Review Letters, 19 de outubro de 2007)
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PHYSICS NEWS UPDATE é um resumo de notícias sobre física que aparecem em convenções de física, publicações de física e outras fontes de notícias. É fornecida de graça, como um meio de disseminar informações acerca da física e dos físicos. Por isso, sinta-se à vontade para publicá-la, se quiser, onde outros possam ler, desde que conceda o crédito ao AIP (American Institute of Physics = Instituto Americano de Física). O boletim Physics News Update é publicado, mais ou menos, uma vez por semana.
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Como divulgado no numero anterior, este boletim é traduzido por um curioso, com um domínio apenas razoável de inglês e menos ainda de física. Correções são bem-vindas.

Entre Piratas e Corsários…

No recente artigo “A ameaça do crime organizado”, traduzida do The Guardian, o autor apontava para a “pirataria” como uma das “indústrias” mais rentáveis, principalmente difícil de combater porque as pessoas não se compenetravam de que produtos pirateados prejudicam a indústria e o comércio formais.
Mas será esta uma moeda com uma só face?… Então, me valendo do “Aulete Digital” vou apresentar dois verbetes:
Pirata:

(pi.ra.ta)
s2g.
1 Ladrão que cruza os mares unicamente para roubar e pilhar.
2 P.ext. Indivíduo que rouba ou assalta ; LADRÃO; GATUNO.
3 Lus. Indivíduo que seqüestra avião para fazer exigências em troca ; TERRORISTA.
4 Bras. Indivíduo astucioso, espertalhão, tratante
5 Fig. Fantasia carnavalesca baseada nas vestes do pirata dos mares.
6 Fig. Indivíduo galanteador, sedutor.
7 Fig. Indivíduo que enriquece por meios ilícitos, fraudulentos e/ou violentos, como tráfico de influência e extorsão.
a2g.
8 Copiado sem autorização legal (CD pirata, software pirata). [Antôn.: autêntico, original.]
9 Rád. Telv. Que opera ou faz transmissões clandestinamente (rádio pirata) ; CLANDESTINO.
10 Que opera numa linha de transporte coletivo sem autorização legal (ônibus pirata).
11 Ref. ou pertencente a pirata (navio pirata).
[F.: Do it. pirata, der. do lat. pirata, ae < gr. peiratés.]
Pirata do ar
1 Pessoa que se apodera pela força de uma aeronave (subjugando com armas a tripulação e os passageiros) para, por meio de chantagem, impor certas condições e exigências.
Pirata eletrônico
1 Ver cracker e hacker.

Corsário

(cor.sá.ri:o)
a.
1 Ref. a corso¹ (navio corsário)
2 Diz-se de calça justa feminina que chega até o meio da perna
sm.
3 Navio destinado ao corso¹
4 Comandante desse tipo de navio
5 Navio destinado à pirataria
6 Pirata, bucaneiro, flibusteiro
[F.: Do it. corsaro]
corso¹ (cor.so) [ô] Mar.
sm.
1 Operação de guerra naval em que um comandante de navio mercante recebe do Estado a missão de atacar o tráfego do inimigo

Ou seja, o “corsário” é um “pirata com carteira assinada”. Mas, a propósito do que eu estou me atendo a essas “firulas”?
Porque o artigo referido não leva em conta o verdadeiro “corso” que todos os governos (e o brasileiro, em particular) praticam. E praticam seja descaradamente (e.g: a miríade de impostos “embutidos” em todo produto ou serviço que o babaca cidadão consome), seja por fazer vista grossa nas práticas flibusteiras dos ditos fabricantes/fornecedores formais (afinal, quanto maior o faturamento dos ditos, maior a arrecadação dos impostos).
Outro dia mesmo eu dizia ao Osame, em um comentário no “Roda de Ciência”, que os bancos estão cobrando dos otários clientes uma “Taxa de Antecipação” para a quitação antecipada de empréstimos. Legal, né?… Você antecipa o pagamento, e paga mais por isso… E o Banco Central acha isso perfeitamente natural!… Claro!… Mais CPMF para o bolsinho da viúva!… E mais “Superavit Primário” para o governo fazer demagogia…
Hoje, eu me deparei com mais uma forma de “assalto oficializado” (não bastasse o logro que foi a mudança da forma de cobrança da telefonia, de “impulsos” para “minutos” que, traduzida em miúdos, significou 40% de reajuste nas tarifas telefônicas, com direito a um imposto de 33,333…% para os pobrezinhos dos Estados, que nunca têm dinheiro para escolas, hospitais, delegacias e viaturas de serviços…): a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (CEDAE) veio trocar o hidrômetro da velha casa de vila onde estou morando.
A desculpa apresentada (e fartamente endossada pela mídia) é que “os velhos hidrômetros enguiçavam e não mediam corretamente o consumo”. Invariavelmente, as novas contas de água e esgoto (calculado sobre o consumo d’água) “vão para o espaço”! Só que eu descobri o truque: trata-se do “golpe da pasta de dentes”, em nova versão…
Não conhecem?… Foi um artifício inventado pela indústria de dentifrícios para aumentar o consumo, sem que o consumidor percebesse: aumentar, em cerca de um milímetro, o diâmetro do orifício de vazão do tubo de pasta de dentes. Acostumado a espalhar uma tripa de um certo comprimento na escova, o luser nem percebe que está gastando mais…
Pois é!… A CEDAE está aumentando a bitola dos hidrômetros. Resultado: aumento da pressão na rede e maior desperdício… Claro que a conta vai subir! Mas o trouxa consumidor vai pensar que seu hidrômetro velho é que estava sempre registrando “a menor”…
Considerando que está em curso uma grande estiagem e – pior ainda! – que é sobejamente conhecido que a água é um bem escasso, um tal artifício só pode ser taxado de escrotice falta de bom-senso.
Então – querem saber de uma coisa? – eu estou içando minha “Jolly Rogers”!… Forçado pelos “corsários”, eu dou “vivas” aos “piratas”! Se eu vou ser roubado, que seja por um “pé-de-chinelo” marginalizado por essa indecência que passa por “governo”. Eu sei o quanto me custou, em termos de sacrifício de minha saúde e de minha família, meus proventos de reformado. E não obrigo ninguém a ganhar meu dinheiro. Já que ele vai acabar parando na mão dos desonestos, que o faça pela via mais curta.
Dixit!

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