Um novo segredo gelado


Carnegie Institution

Mistério derretido: H2O revela um novo segredo

 IMAGEM: Um fragmento da estrutura cristalina do novo tipo de gelo — os átomos de oxigênio são representados em azul, os de hidrogênio em rosa; os hidrogênios expulsos de suas moléculas em amarelo – esses últimos parecem ficar localizados nos vazios da estrutura poliédrica do oxigênio, uma das quais é representada pelo sombreado cinza. Anteriormente se acreditava que esses vazios continuavam a existir mesmo após a molécula de água se romper a pressões extremas.

Imagem cortesia do Oak Ridge National Laboratory

Imagem ampliada e mais informações.

Washington, D.C.— Empregando novas técnicas revolucionárias, uma equipe liderada por Malcolm Guthrie da Carnegie fez uma chocante descoberta sobre como o gelo se comporta sob pressão, modificando ideias que vigiam a quase 50 anos. Suas descobertas podem modificar nossa compreensão sobre como a molécula de água responde a condições encontradas nas profundezas dos planetas e pode ter outras implicações nas ciências de energia. Este trabalho foi publicado em Proceedings of the National Academy of Sciences.

Quando a água se torna gelo, suas moléculas são reunidas em uma estrutura cristalina através das pontes de hidrogênio. As pontes de hidrogênio são muito versáteis e, em função disto, os cristais de gelo podem apresentar uma chocante diversidade com ao menos 16 tipos de estrutura diferentes.

Em todas essas formas de gelo, a simples molécula de H2O é o elemento básico de construção. Entretanto, em 1964 foi previsto que, sob pressão suficiente, as pontes de hidrogênio pode se reforçar ao ponto onde elas podem mesmo romper as moléculas. A possibilidade de observar diretamente uma molécula de água dissociada se provou uma isca fascinante para os cientistas e foi objeto de contínuas pesquisas pelos últimos 50 anos. Nos meados da década de 1990, várias equipes, inclusive uma da Carnegie, observou a transição por meio de técnicas de espectroscopia. Porém estas técnicas eram indiretas e somente conseguiam uma parte do quadro.

Um dos métodos preferidos é “ver” diretamente os átomos de hidrogênio – melhor dizendo, os prótons. Isso pode ser feito quicando nêutrons no gelo e medindo cuidadosamente sua dispersão. Porém a aplicação desta técnica em altas pressões para ver a molécula se dissociar simplesmente não era possível até agora. Guthrie explica: “só se consegue chegar a essas pressões extremas se suas amostras de gelo forem realmente pequenas. Infelizmente, isso torna os átomos de hidrogênio muito difíceis de enxergar”.

A Fonte de Espalação de Nêutrons (Spallation Neutron Source = SNS) foi aberta no Laboratório Nacional de Oak Ridge no Tennessee em 2006, para fornecer um novo e extremamente brilhante suprimento de nêutrons. Tendo projetado uma nova classe de ferramentas, otimizadas para explorar esse fluxo sem precedentes de nêutrons, Guthrie e sua equipe – Russell Hemley, Reinhard Boehler e Kuo Li, da Carnegie, juntamente com Chris Tulk, Jamie Molaison e António dos Santos do Laboratório Nacional de Oak Ridge –conseguiram obter os primeiros vislumbres dos próprios átomos de hidrogênio no gelo a pressões sem precedentes, da ordem de 500.000 vezes a pressão atmosférica.

“Os nêutrons nos dizem o que outras técnicas não conseguiam”, diz Hemley, diretor do Laboratório de Geofísica da Carnegie. “Os resultados indicam que a dissociação das moléculas de água segue dois mecanismos diferentes. Algumas moléculas começam a se dissociar a pressões bem mais baixas e por um caminho diferente do previsto no clássico artigo de 1964”.

“Nossos dados pintam um quadro totalmente novo acerca do gelo”, comenta Guthrie. “Os resultados têm não só amplas consequências para a compreensão das ligações na H2O; as observações também podem apoiar uma teoria anteriormente proposta de que os prótons no gelo do interior dos planetas podem ser móveis, mesmo que o gelo continue sólido”.

E esta surpreendente descoberta pode se provar apenas o início de descobertas científicas. Tulk enfatiza que “conseguir ‘enxergar’ o hidrogênio com nêutrons não é importante só para os estudos do gelo. Isso pode se revelar uma descoberta capaz de mudar todo o jogo na técnica. As aplicações poderiam se estender a sistemas críticos para desafios socialmente críticos, tais como o campo da energia. Por exemplo, a técnica pode levar a uma compreensão melhor de hidratos de clatrato contendo metano e até de materiais para armazenagem de hidrogênio que podem, um dia, abastecer automóveis”.

 

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Nano-fios e energia solar


University of Copenhagen – Niels Bohr Institute

Nano-fios para células solares aumentam o limite de eficiência

 IMAGEM: Cristais de nano-fios usados como células solares.

A imagem mostra, da esquerda para a direita, imagens de cristal de arseniato de gálio sobre um substrato de silício, tiradas com um SEM (Scaning Electron Microscope), uma de um único fio, tirada com um TEM (Transmission Electron Microscope) e as colunas de átomos, flagradas por um STEM (Scanning Transmission Electron Microscope)

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Os cientistas do Centro de Nano-Ciência do Niels Bohr Institut, Dinamarca, e da Ecole Polytechnique Fédérale de Lausanne, Suíça, mostraram como um único nano-fio pode concentrar a luz do Sol até 15 vezes mais do que a intensidade normal da luz solar. Estes resultados são surpreendentes e têm um grande potencial para desenvolver um novo tipo de célula solar de alta eficiência.

Devido a algumas propriedades físicas particulares apresentadas pelos nano-fios em absorver a luz, o limite de quanta energia dos raios solares pode ser utilizada acaba sendo maior do que se pensava antes. Estes resultados demonstram o grande potencial de desenvolvimento de células solares com base em nano-fios, diz o PhD Peter, sobre a surpreendente descoberta descrita em um artigo na Nature Photonics.

Os grupos de pesquisas estudaram nos últimos anos como desenvolver e melhorar a qualidade dos cristais de nano-fios que são estruturas cilíndricas com um diâmetro de cerca um décimo-milésimo de um cabelo humano. Acredita-se que os nano-fios terão um grande potencial não só no desenvolvimento de células solares, como também nos futuros computadores quânticos e outros produtos eletrônicos.

 IMAGEM: Esta figura mostra que os raios de Sol são conduzidos para dentro de um nano-fio, pousado sobre um substrato. A um dado comprimento de onda, a luz do Sol é concentrada em até 15 vezes.

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Acontece que os nano-fios naturalmente concentram os raios de Sol em uma área muito pequena do cristal, até um fator de 15 vezes. Como o diâmetro do nano-fio é menor que o comprimento de onda da luz solar, isto causa ressonâncias na intensidade da luz dentro e em torno dos nano-fios. Desta forma, as ressonâncias podem fornecer uma luz solar concentrada para a conversão na energia desejada, o que pode ser usado para obter uma maior eficiência na captação da energia solar, explica Peter Krogstrup.

Um novo limite de eficiência

O típico limite de eficiência – o assim chamado “Limite de Shockley-Queisser” – é um limite que, por muitos anos, tem sido um marco de referência para a eficiência de células solares para os pesquisadores. Porém, agora, parece que esse limite pode ser superado.

“Para um pesquisador é entusiasmante poder mover um limite teórico, como todos sabem. Embora não pareça muito que o limite seja aumentado em alguns pontos percentuais, isso terá um grande impacto no desenvolvimento de células solares, na exploração de raios solares com nano-fios e talvez na extração de energia a nível internacional. No entanto, serão necessários alguns anos até que a produção [industrial] de células solares feitas com nano-fios se torne uma realidade”, declara Peter Krogstrup que acabou de completar seu PhD no Instituto Niels Bohr da Universidade de Copenhagen.

A pesquisa foi (e continua sendo) realizada em colaboração com o Laboratório de Materiais Semicondutores da Escola Politécnica Federal de Lausanne e a Fundação e a companhia SunFlake A / S. A presente descoberta corrobora os resultados publicados na Science em janeiro. Aqui, um grupo de pesquisadores de Lund, mostraram que os raios de Sol eram chupados para dentro dos nano-fios, devido à grande quantidade de energia que sua célula solar produzia.

 

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Energia eólica: limpa, mas nem tanto…

Traduzido de: Scientists Find Night-Warming Effect Over Large Wind Farms in Texas

As turbinas eólicas interagem com a camada limítrofe da atmosfera próxima à superfície

Uma fazenda de ventos no Texas.

Em várias partes do Texas as “fazendas de vento” são numerosas; os cientistas relatam novos resultados sobre seus efeitos.

Créditos e Imagem Ampliada

 

29 de abril de 2012

Grandes fazendas de ventos em certas áreas dos Estados Unidos parecem estar afetando as temperaturas de superfície locais, de acordo com um artigo publicado hoje em Nature Climate Change.

O estudo, liderado por Liming Zhou, um cientista atmosférico na State University of New York (SUNY) -Albany, fornece novos dados acerca dos possíveis efeitos das fazendas de ventos.

 

Map of Texas showing wind farm locations as of the year 2010.

Localizações de centros de fazendas de ventos no Texas, até o ano de 2010.
Créditos e imagem ampliada

Os resultados podem ser importantes para o desenvolvimento de estratégias eficientes de adaptação e gerenciamento, para assegurar a sustentabilidade a longo prazo da energia eólica.

“Este estudo indica que as temperaturas de superfície aumentaram nas vizinhanças das grandes fazendas de ventos no centro-oeste do Texas, especialmente durante as noites”, declara Anjuli Bamzai, diretor de  programa da Divisão de Ciências Atmosféricas e Geoespaciais da Fundação Nacional de Ciências (National Science Foundation = NSF), que financiou a pesquisa.

“As observações e análises se referem a um período de tempo relativamente curto, mas levantam importantes questões que merecem atenção, na medida em que nos dirigimos a uma era de rápido crescimento das fazendas de ventos em nossa busca por fontes alternativas de energia”.

Extensas pesquisas ligaram a produção de dióxido de carbono produzido pela queima de combustíveis fósseis com o aumento global das temperaturas.

 

Photo showing a wind-farm on the horizon in Lubbock County, Texas.

Fazendas de ventos pontilham o horizonte do condado de Lubbock County e outras áreas do Texas.
Créditos e imagem ampliada

Em consequência, muitas nações estão dando preferência a fontes mais limpas de energia renovável, tais como turbinas eólicas. A energia eólica para geração de energia elétrica não cria emissões, não usa água e é considerada “verde”.

“Precisamos compreender melhor o sistema através de observações para poder descrever e criar modelos dos complexos processos envolvidos, para prever como as fazendas de ventos podem afetar futuramente as temperaturas e o clima”, disse Zhou.

O número de estudos sobre os efeitos das fazendas de ventos sobre o tempo e o clima vem crescendo, empregando principalmente modelos numéricos, devido á ausência de observações sobre as fazendas de ventos.

 

Photo of a Texas wind ranch.

Um novo tipo de fazenda no Texas – uma fazenda de ventos.
Créditos e imagem apliada

Uma vez que os modelos numéricos exigem grandes esforços de computação e apresentam incertezas na representação de tempo e clima locais, explicou Zhou, o sensoreamento remoto é provavelmente a maneira mais eficiente e eficaz para estudar os efeitos das fazendas de ventos em escalas espaciais e temporais maiores.

Para compreender o impacto potencial das fazendas de ventos nos tempo e clima locais, a equipe de Zhou  analisou as temperaturas de superfície medidas pelos satélites em torno das grandes fazendas de ventos do Texas ao longo do período de 2003 a 2011.

Os pesquisadores encontraram um efeito de aquecimento noturno nas áreas de fazendas de ventos da ordem de 0.72°C por década, ao longo do período de 9 anos de coleta de dados.

Uma vez que o padrão do aquecimento espelha a distribuição geográfica das turbinas eólicas, os cientistas atribuem esse aquecimento diretamente às fazendas de ventos.

 

Photo of a wind farm in the background and cacti in the foreground.

Uma fazenda de ventos no Texas partilha o espaço com cactos e outros habitantes do deserto.
Créditos e imagem ampliada

A medição anual da temperatura de superfície sobre as fazendas de ventos mostra uma tendência persistente de aquecimento de 2003 até 2011, consistente com o aumento do número de turbinas eólicas em funcionamento ao longo do período.

“Este efeito de aquecimento provavelmente é causado pelo rastro de turbulência das turbinas agindo como um ventilador para sugar para baixo o ar mais quente de altitudes maiores à noite”, explica Somnath Baidya Roy da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, um co-autor do artigo.

Embora o efeito de aquecimento relatado seja local e pequeno, comparado com a forte variação anual da temperatura de solo de fundo, os autores acreditam que este trabalho chama a atenção para uma importante questão científica que merece maiores investigações.

 

Graph showing night-time land surface temperature differences near wind farms.

Diferenças nas temperaturas noturnas da superfície , próximo a fazendas de ventos, entre 2010 e 2013.
Créditos e imagem ampliada

“A tendência de aquecimento estimada se aplica somente à região estudada e ao período do estudo, não devendo, portanto, ser interpolada para outras regiões de maneira global ou por períodos mais extensos”, esclarece Zhou. “Para uma dada fazenda de ventos, uma vez que não haja a instalação de novas turbinas eólicas, o efeito de aquecimento pode chegar a um patamar de estabilidade”.

O estudo representa um primeiro passo para a exploração de dados de satélites para quantificar os possíveis efeitos do desenvolvimento de grandes fazendas de ventos sobre o tempo e o clima, declara Chris Thorncroft da SUNY-Albany, um co-autor do artigo.

“Estamos expandindo esse enfoque para outras fazendas de ventos”, diz Thorncroft, “e criando modelos para compreender os processos e mecanismos físicos que regem as interações das turbinas eólicas e a camada atmosférica de fronteira próxima à superfície”.

Os outros autores do artigo são Lance Bosart da SUNY-Albany, Yuhong Tian da NOAA e Yuanlong Hu do Terra-Gen Power LLC em San Diego, Califórnia.

-NSF-

Pás de turbina “inteligentes” para aumentar a energia eólica

Purdue University


IMAGEM:

O estudante de pós-doutorado da Purdue, Jonathan White, exibe a seção transversal de uma pá de turbina eólica, semelhante à usada na pesquisa.

Imagem ampliada e creditos.

WEST LAFAYETTE, Indiana – Pesquisadores desen­volveram uma nova técnica que emprega sensores e software para monitorar constantemente as forças in­cidentes sobre as pás das turbinas eólicas, um pas­so para o aumento da eficiência por meio da rápida adaptação às condições dos ventos constantemente variáveis.

A pesquisa, realizada por engenheiros da Universida­de Purdue e do Laboratório Nacional Sandia faz par­te de um esforço para o desenvolvimento de uma estru­tura mais versátil de turbina eólica.

“A meta maior é alimentar um sistema de controle a­tivo com dados vindos de sensores para ajustar os componentes de forma a otimizar a eficiência”, diz o estudante de pós-doutorado Jonathan White, da Purdue, que está conduzindo a pesquisa em conjun­to com Douglas Adams, um professor de engenharia mecânica e diretor do Centro de Integridade de Siste­mas da Purdue.

O sistema também pode ajudar a melhorar a confiabilidade das turbinas eólicas, alimentan­do o sistema de controle com informações em tempo-real, de forma a impedir danos catas­tróficos causados por ventos fortes incidentes.

“A energia eólica tem um papel cada vez mais importante para a geração de energia elétri­ca”, diz Adams. “Os Estados Unidos são, agora, o maior usuário de energia eólica no mun­do. A questão é: o que pode ser feito para as turbinas eólicas que as tornem mais eficien­tes, mais econômicas e mais confiáveis?”

Os engenheiros instalaram sensores – chamados acelerômetros uniaxial e triaxial – no in­terior de uma pá de turbina, durante sua construção. A pá está agora sendo testada em uma turbina eólica de pesquisa no laboratório do Serviço de Pesquisas do Departamento de Agricultura dos EUA em Bushland,
Texas. Pessoal do Sandia e do Departamento de Agri­cultura operam as turbinas de pesquisa nessa instalação no Texas.

Esses sensores podem ser funcionais em futuras pás de turbina que tenha, “superfícies de controle” e flapes simples como os das asas dos aviões para modificar as características aerodinâmicas das pás para um melhor controle. Uma vez que esses flapes teriam que ser acionados em tempo-real para responder às mudanças no regime de ventos, dados cons­tan­tes vindos de sensores serão críticos.

“Este é um exemplo perfeito de parceria entre um Laboratório Nacional e uma instituição a­cadêmica para o desenvolvimento de inovações, usando os conhecimentos de ambos para alavancar as pesquisas”, declarou Jose R.
Zayas, gerente do Departamento de Tecnologia de Energia Eólica do Sandia.

As descobertas da pesquisa mostram que o emprego de um trio de sensores e o software de controle desenvolvido por White, revelam com precisão quanta força está sendo aplicada nas pás. Purdue e Sandia registraram uma patente provisória da técnica.

As descobertas são detalhadas em um artigo que será publicado em 4 de maio, durante a Conferência & Exibição de Energia Eólica 2009 em Chicago. O artigo foi redigido por White, Adams e os engenheiros do Sandia, Mark A. Rumsey e Zayas. A conferência de 4 dias, organizada pela Associação Americana de Energia Eólica, atrai milhares de participantes e é dirigida principalmente às indústrias.

“A indústria está muito interessada em identificar as cargas, ou forças, exercidas sobre as pás das turbinas e predizer a fadiga, e esse trabalho é um passo no sentido de conseguir isto”, disse White.

Os principais componentes de uma turbina eólica incluem as pás giratórias, uma caixa de engrenagens e o gerador. As pás de turbina eólica são feitas principalmente de fibra de vidro e madeira balsa, e são, ocasionalmente, enrijecidas com fibra de carbono.

“A meta é que o gerador e a turbina funcionem do modo mais eficiente, porém isso é difícil porque a velocidade do vento é flutuante”, explica Adams. “O desejável é ser capaz de con­trolar o gerador ou o passo das pás para otimizar a captura da energia, reduzindo os esfor­ços sobre os componentes da turbina eólica durante ventos excessivamente fortes e au­men­tar essas cargas durante ventos fracos. Além de aumentar a eficiência, isso deve aju­dar a aumentar a confiabilidade As torres das turbinas eólicas podem ter 60 metros ou mais de altura, de forma que a manutenção e a reparação de componentes danificados são muito caras”.

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Mais uma vez, na contramão…

Com profundo desprazer, leio que o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) concedeu US$ 197 milhões para a construção de duas usinas termoelétricas a carvão no Brasil (uma no Ceará e outra no Maranhão) [notícia do G-1 aqui].
Como triste ironia, na hora em que o mundo inteiro discute fontes alternativas de geração de energia, logo em dois estados com grande potencial para isso (eólica no Ceará e maremotriz no Maranhão) vão construir usinas termoelétricas a carvão… E sem sequer a má desculpa da proximidade com jazidas de carvão — o que me leva a suspeitar ainda mais do que pode estar por trás dessa decisão tosca.
Tudo bem que não temos um Steven Chu para o Ministério das Minas e Energia… mas precisava ser um Lobão?…

Baterias mais eficientes (será verdade?)


University of Miami

Físico da Universidade e Miami desenvolve uma bateria que usa uma nova fonte de energia

Sua descoberta é uma “prova de conceito” da existência de uma “bateria de spin”

IMAGEM: No alto, uma representação gráfica da estrutura geral do dispositivo. O diâmetro é aproximadamente o mesmo de um fio de cabelo humano. Abaixo, uma imagem ampliada da parte central.
Clique aqui para ver a imagem ampliada.

CORAL GABLES, Flórida. (1 de março de 2009) — Pesquisadores da Universidade de Miami e das Universidades de Tóquio e Tohoku, Japão, conseguiram provar a existência de uma “bateria de spin”, uma bateria que é carregada mediante a aplicação de um grande campo magnético a nano-magnetos em um dispositivo chamado de junção de túnel magnético (magnetic tunnel junction = MTJ). A nova tecnologia é um passo no sentido da criação de discos rígidos de computadores sem partes móveis, que seriam muito mais rápidos, mais baratos e com menor consumo de energia do que os atuais. No futuro, a nova bateria pode ser desenvolvida para energizar automóveis. O estudo será publicado em uma futura edição da Nature e está disponível em uma edição prévia online.

O dispositivo criado pelo físico da Universidade de Miami Stewart E. Barnes, do Colégio de Artes e Ciências, e seus colaboradores, pode armazenar energia em magnetos, em lugar de reações químicas. Tal como dar corda em um carrinho de brinquedo, se “dá corda” na bateria de spin mediante a aplicação de um grande campo magnético — nenhuma reação química envolvida. O dispositivo, alega Barnes, é potencialmente melhor do que qualquer coisa conhecida até então.

“Nós tínhamos antecipado o efeito, porém o dispositivo produziu uma voltagem mais de cem vezes maior e por dezenas de minutos, em lugar dos milissegundos que esperávamos”, explicou Barnes. “O fato de isso ser contra-intuitivo é o que levou a nossa compreensão teórica do que estava acontecendo”.

O segredo por trás dessa tecnologia é o emprego de nano-magnetos para induzir uma força eletromotriz. Ela usa o mesmo princípio de uma bateria convencional, exceto por ser de maneira mais direta. A energia armazenada em uma bateria, seja em um iPod ou em um automóvel elétrico, fica na forma de energia química. Quando algo é ligado, ocorre uma reação química que produz energia elétrica. A nova tecnologia converte a energia magnética diretamente em energia elétrica, sem uma reação química. A corrente elétrica produzida neste processo é chamada de corrente de spin polarizado e é empregada em uma nova tecnologia chamada de spintrônica.

A nova descoberta melhora nossa compreensão sobre como funcionam os magnetos e sua aplicação mais imediata é empregar as MTJs como elementos eletrônicos que trabalham de maneira diferente dos transistores tradicionais. Embora o dispositivo verdadeiro tenha o diâmetro de um fio de cabelo humano e não consiga sequer alimentar um LED, a energia que pode ser armazenada desta forma pode, potencialmente, alimentar um automóvel por muitos quilômetros. Segundo Barnes, as possibilidades são ilimitadas.

“Existem magnetos escondidos em várias coisas; por exemplo, existem vários deles em um telefone celular, vários em um automóvel e são eles que mantém seu refrigerador fechado”, Barnes prossegue. “Eles são tantos que mesmo uma pequena mudança na maneira que compreendemos como eles funcionam e que possa levar a um melhoramento muito pequeno em máquinas futuras, têm um impacto em termos energéticos e financeiros significativo”.

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O artigo está disponível em: http://www.nature.com/nature/index.html, em “Advance Online Publication”.

“Por dentro da Ciência” do Instituto Americano de Física (12/11/08)

Inside Science News Service
12 de novembro de 2008

Altos Padrões de Vida, mas com Menos Energia

Relatório faz Recomendações para a Economia de Energia em Edifícios e Automóveis

Por Phillip F. Schewe
Colaborador do ISNS

Usar a energia de maneira sábia vai ajudar a encher seu bolso, proteger o meio ambiente e, talvez, melhorar a segurança nacional — isto de acordo com um novo relatório sobre eficiência energética emitido pela Sociedade Americana de Física (American Physical Society  = APS), a principal organização de físicos nos EUA. O relatório, que contempla o aumento da eficiência energética nos setores de transportes e da construção civil, faz diversas recomendações específicas para políticas, tais como conseguir independência dos combustíveis fósseis em novas construções até 2030; alcançar um rendimento de 35 milhas por galão (cerca de 15 km/l) para automóveis e caminhonetes até 2020 e de 50 milhas por galão (cerca de 21,5 km/l) até 2030; diminuir o consumo de energia per capita por todo o país; e aumentar a quantidade de dinheiro investido pelo governo federal em pesquisas sobre energia, até chegar aos patamares de 1980.

O presidente do comitê que preparou o relatório, Burton Richter, um cientista em Stanford e ganhador de um Nobel de Física, diz que estamos agora em uma era de instabilidade energética. Porém, diferentemente das crises anteriores, tais como a que atingiu os EUA em 1979, os atuais problemas energéticos provavelmente serão de longo prazo. A dependência americana de petróleo importado é muito maior do que era há 30 anos, existe uma competição com economias em desenvolvimento — especialmente a China e a Índia — por fontes de energia e, atualmente, temos consciência de um problema praticamente desconhecido em 1979, mais exatamente a ameaça ao clima criada pelas massivas emissões de dióxido de carbono.

De algumas formas, as coisas vão melhor do que há 30 anos. Os EUA, através de grandes melhoramentos na produtividade, foram capazes de cortar pela metade a quantidade de energia necessária para a produção de cada unidade do Produto Interno Bruto (PIB). Essas são as boas notícias. As más notícias são que os EUA ainda usam mais energia per capita do que qualquer outro país, exceto o Canadá. Os custos rapidamente crescentes dos combustíveis, a importação massiva de petróleo de lugares instáveis ao redor do globo e as preocupações de que a continuada dependência de combustíveis fósseis estejam alterando o clima, tudo isso realça a necessidade de aumentar a eficiência.

A eficiência energética é a quantidade de energia que alimenta um dispositivo, seja uma lâmpada ou um veículo, que realmente resulta no efeito desejado, tal como a produção de luz ou o movimento. A geração de energia elétrica em uma usina, por exemplo, é em média de 33% de eficiência. Somente cerca de um terço da energia contida em um certo peso de carvão se torna eletricidade; o resto se perde como calor.

Em seu exame do uso de energia no setor da construção, o estudo sobre eficiência da APS afirma que, por volta do ano de 2020, será economicamente factível construir prédios residenciais que não necessitem de consumo de combustíveis fósseis, exceto em climas muito quentes e úmidos. Tais “edifícios de energia-zero” (“zero-energy buildings”, ou ZEB) pode ser feito principalmente com tecnologia já existente, através de uma enorme diminuição na quantidade de energia necessária para aquecer e iluminar o edifício, e através de um maior emprego de fontes de energia renováveis, tais como painéis solares o topo. Muitos experts em energia abraçaram esta meta e até o Departamento de Energia do Governo dos EUA declarou que a construção de ZEB deve ser a meta para a construção de novos prédios do governo federal.

Diminuir a dependência dos edifícios comerciais do consumo intenso de energia é mais difícil do que o caso dos edifícios residenciais, por causa das diferenças de tamanho, formato e das demandas colocadas sobre os sistemas de aquecimento/refrigeração e  iluminação. Porém, argumenta o relatório da APS, até com edifícios comerciais se pode chegar a zerar as necessidades de consumo de combustíveis fósseis por volta do ano de 2030.

Entretanto, para atingir essas metas, será necessário realizar muito mais pesquisa sobre energia. O relatório demonstra que o aumento de recursos só precisa chegar ao ponto que existia em 1980. As pesquisas naquele tempo levaram a um importante aumento nos padrões de eficiência. Por exemplo, as lâmpadas fluorescentes compactas e os refrigeradores atualmente usam apenas um quarto da energia em comparação com os modelos disponíveis há 30 anos. Os aparelhos de ar condicionado são duas vezes mais eficientes do que os de 1980. Esses melhoramentos dramáticos do uso de energia poderiam ser mantidos, argumentam vários experts, mas somente se um programa coordenado de pesquisas energéticas for posto em ação. Os melhoramentos se auto custearão na forma de menores contas de combustível.

A eficiência pode continuar a melhorar? Não teremos chegado ao ponto de extrair toda a eficiência possível? Bem, a Europa usa aproximadamente metade da energia elétrica per-capita da América, com a mesma qualidade de vida. Um menor consumo de energia pode ser possível nos EUA? Já é. O consumo per-capita de energia na Califórnia, cerca de metade da média nacional, vem se mantendo no mesmo patamar nos últimos 30 anos, principalmente por causa de um ambicioso programa de padrões para eletrodomésticos e outras inovações nos projetos de edifícios.

No fronte dos transportes, o relatório da APS reclama por melhores padrões de rendimento para carros e caminhonetes: uma frota com um consumo médio de 15 km/l até 2020 e 20 km/l até 2030. O relatório declara que as metas para 2020 são factíveis com os conhecimentos atuais de projetos, mas a meta para 2030 necessitará de esforços coordenados de pesquisa adicionais. Especialmente na área de baterias, que teriam que ser muito mais econômicas em termos de preços e capacidade de armazenagem de energia, os níveis de pesquisas e incentivos para a comercialização precisam ser aumentados.

O relatório sobre a energia da APS também deixa claro que, ao mesmo tempo que se deve avançar na pesquisa de componentes energéticos específicos, tais como baterias, eletrodomésticos, ou automóveis, é igualmente importante custear a pesquisa básica, o tipo de trabalho que resulta em novos conhecimentos fundamentais sobre novos tipos de materiais e processos de conversão de energia — e pesquisas aplicads de longo prazo que freqüentemente não é contemplada no orçamento federal de pesquisa e desenvolvimento.

Uma cópia do relatório pode ser obtida em: www.aps.org/energyefficiencyreport

Phillip F. Schewe é um escritor de ciências do Instituto Americano de Física e autor de “The Grid: A Journey Through the Heart of Our Electrified World” (National Academies Press, 2007).


Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.

Physics News Update nº 876

POR DENTRO DA PESQUISA CIENTÍFICA — PHYSICS NEWS UPDATE
O Boletim de notícias sobre pesquisas do Instituto Americano de Física, nº 876 de 23 de outubro de 2008.    www.aip.org/pnu
USANDO A LUZ SOLAR DE MANEIRA MAIS EFICIENTE.

Pesquisadores no Laboratório Nacional de Energia Renovável (National Renewable Energy Laboratory = NREL) em Golden, Colorado, desenvolveram uma maneira para que as células solares de baixo custo convertam a luz solar em eletricidade de maneira mais eficiente. A pesquisa, que aumenta a “vida útil” dos elétrons criados em uma célula solar, de forma a que eles possam produzir mais eletricidade, é um possível passo na direção de diminuir o custo relativamente alto das células solares. Reduzir os custos enquanto se mantém a eficiência é o principal fator para determinar quando a energia solar vai se tornar uma fonte de destaque no negócio de geração de energia.

Em geral, se pode ter boa eficiência ou baixo custo, mas não ambos. A eficiência se refere à fração da energia solar que incide sobre o painel, que realmente acaba convertida em eletricidade utilizável. E o custo se refere às despesas na produção em massa dos painéis em grandes folhas. Células solares já são usadas em mercados restritos, tais como geração de energia para sensores remotos ou naves espaciais. e vêm sendo cada vez mais empregados em aplicações domésticas e em aparelhos.

A maior parte dessas células solares são feitas de cristais de silício. Mas para que haja uma adoção em larga escala, o preço tem que diminuir. Atualmente, o custo do quilowatt-hora para a energia elétrica gerada por luz solar é várias vezes maior do que o custo de produzir a mesma energia com a queima de combustíveis fósseis.  As células solares imitam a natureza na maneira com que convertem a energia solar em energia útil. Em uma folha verde, por exemplo, a luz solar incidente libera um elétron em uma molécula de clorofila. O elétron (e sua energia) são passados adiante pela molécula, eventualmente sendo incorporado na construção de moléculas maiores, tais como um carboidrato. Em uma célula solar, a luz solar incidente libera um elétron de um pedaço de semicondutor. Esse elétron “excitado”, se permanecer excitado, pode ser incorporado em uma corrente elétrica que alimenta um circuito externo, onde ele pode ser encaminhado a uma bateria ou à rede elétrica. Quanto maior for o tempo de vida do elétron excitado, maior será a eficiência da célula solar. Infelizmente, os elétrons tendem a perder energia quando encontram um defeito ou uma fronteira nos cristais que constituem a célula solar.

Até agora, para obter uma maior vida útil em estado excitado e obter maior eficiência, as células solares tinham que ser feitas de materiais cristalinos mais caros, tais como silício e arseniato de gálio. Essas células solares precisam de um processamento complexo para serem construídas e esses custos não parecem ter meios de serem reduzidos. Enquanto isso, células solares mais baratas, feitas de finas camadas de materiais multi-cristalinos, tais como compostos feitos de átomos de cobre, irídio, gálio e selênio (CIGS), não são nem de perto tão eficientes.

A pesquisa se focalizou em aumentar a vida útil dos elétrons em células solares feitos de multi-cristalinos CIGS, e no artigo sobre a pesquisa, os cientistas do NREL Wyatt Metzger, Ingrid Repins e Miguel Contreras anunciaram que conseguiram uma vida útil para os elétrons de 250 bilionésimos de segundo.  Isso não soa como um tempo longo, mas é longo o bastante para que mais elétrons contribuam para a eletricidade da célula, tornando-a dramaticamente mais eficiente, embora ainda barata em comparação com as células solares de alta eficiência feitas de silício. Os resultados foram recentemente publicados em Applied Physics Letters.  (Phillip F. Schewe)

FEIXES “BUCKY”.

Uma vez que os manufatores de nanochips tenham feito suas estruturas multi-camadas, é necessário que eles também verifiquem precisamente se as camadas estão dispostas da maneira adequada.. Uma maneira de o fazer é disparar feixes de íons que, como meteoritos que atingem a Lua, ejetem o material que está por baixo, dando as informações sobre as camadas abaixo da superfície. O material ejetado é analisado por espectrometria de massa. Parece que para fazer isso, moléculas grandes ou aglomerados de átomos funcionam melhor do que íons de um único átomo, uma vez que os aglomerados podem escavar mais claramente e fornecer sinais sem ambiguidade da estrutura profunda da amostra que está sendo imageada. O laboratório de Nick Winograd (nxw@psu.edu) da Universidade Penn State foi a pioneira no uso de feixes de moléculas de carbono-60 (buckyballs).  (Veja este site para imagens que ilustram a diferença entre a sondagem feita com feixes de átomos isolados e com C60: http://nxw.chem.psu.edu/nxw/pdf%5C327.pdf). .  Recentemente,  Winograd e seus estudantes aumentaram muito a sensibilidade da detecção do material ejetado, usando um laser infravermelho para fotopolarização, antes da análise pelo espectrômetro de massa. O laser infravermelho é eficaz porque os elétrons podem ser retirados das moléculas com alta eficiência, através de tunelamento e sem uma fotofragmentação significativa. (Resultados apresentados nesta semana no encontro da  AVS em Boston,  http://www.avssymposium.org/overview.asp, Artigo AS-TuM10)

CAPTURAR MOLÉCULAS ISOLADAS,

a temperatura ambiente e estudar suas propriedades, foi o que conseguiu Adam Cohen e seus colegas em Harvard.  Isolar uma molécula de cada vez já é difícil em temperaturas baixas, e mais ainda em temperaturas mais altas, onde as moléculas ficam mais agitadas. O feito foi realizado com o emprego de uma armadilha anti-browniana eletrocinética (Anti-Brownian Electrokinetic (ABEL). Neste dispositivo, a molécula rotulada com uma fosforescência é seguida por um microscópio e fluorescência e seu movimento instantâneo é freado mediante a aplicação, cuidadosamente temporizada, de pequenos pulsos elétricos, aplicados por a eletrodos que circundam a amostra. Na verdade, os eletrodos são mantidos a alguma distância da molécula, que é o melhor para não poluir o ambiente aquoso com efeitos químicos.

Os chutes eletrônicos são dados na molécula ao longo de micro-canais em um chip subjacente. Quanto mais rápido este processo puder ser aplicado, melhor será a captura. Uma armadilha ABEL pode segurar uma amostra menor, à temperatura ambiente, melhor do que qualquer outro tipo de armadilha. Para prender uma molécula ao mesmo diminuto volume de solução com um feixe de laser somente, precisa de uma enorme quantidade de energia, e isso iria “cozinhar” o objeto, mais do que aprisioná-lo. A armadilha ABEL é suave e precisa de meros microwatts de potência laser.  Cohen (cohen@chemistry.harvard.edu) discorreu acerca da aplicação deste processo para a dinâmica de proteínas de membranas no encontro da AVS desta semana.  (http://www.avssymposium.org/overview.aspwebsite de Cohen: https://www2.lsdiv.harvard.edu/labs/cohen/ Artigo IPF-MoM1 )

CORREÇÃO: No PNU nº 875, o trabalho de Jun Ye foi incorretamente chamado de o melhor relógio atômico do mundo. De fato, o relógio de estrôncio de Ye é um dos mais precisos jamais produzidos. Ele é o melhor relógio atômico neutro, porém os dois relógios iônicos do NIST (mercúrio e alumínio) são melhores.
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PHYSICS NEWS UPDATE é um apanhado de notícias vindas de congressos de física, publicações diversas de física e outras fontes de notícias. É distribuído de graça como um meio de disseminar informações sobre a física e os físicos. Por isso sua divulgação é livre, desde que devidamente concedido o crédito à Associação Americana de Física. Physics News Update é publicado mais ou menos uma vez por semana.

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Como divulgado no numero anterior, este boletim é traduzido por um curioso, com um domínio apenas razoável de inglês e menos ainda de física. Correções são bem-vindas.

Bio-baterias

Via EurekAlert:
National Institute of Standards and Technology (NIST)

Modelos de células de poraquês sugerem possibilidades “eletrizantes”



Anatomia do poraquê: O primeiro detalhe mostra as pilhas de eletrócitos, células ligadas em série (para aumentar a voltagem) e em paralelo (para aumentar a corrente).O segundo detalhe mostra uma célula individual com canais e “bombas” percolando a membrana. O modelo Yale/NIST representa o comportamento de várias dessas células. O último detalhe mostra um canal de íons uma das peças de montagem do modelo. (Crédito da ilustração: Daniel Zukowski, Yale University)


Os engenheiros sabem há muito tempo que grandes idéias podem ser tiradas de Mamãe Natureza, mas um novo artigo* preparado por pesquisadores da Universidade Yale e do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (National Institute of Standards and Technology = NIST) levam a coisa ao nível celular. Com a aplicação de modernas ferramentas de projeto a uma das unidades básicas da vida, eles argumentam que podem ser produzidas células artificiais que não só reproduzem, como de fato melhoram o desempenho das células elétricas dos poraquês. Versões artificiais das células que geram a eletricidade no poraquê podem ser desenvolvidas para se tornarem fontes de energia para implantes médicos e outros dispositivos pequenos, é o que eles dizem.
O artigo, de acordo com o engenheiro do NIST David LaVan, é um exemplo do relativamente novo campo da biologia de sistemas. “Será que entendemos como uma célula produz eletricidade bem o suficiente para projetar uma — e aperfeiçoar o projeto?”, pergunta ele.
Os poraquês canalizam a energia gerada por milhares de células especializadas, chamadas eletrócitos, até gerar potenciais elétricos da ordem de 600 Volts, de acordo com os biólogos. O mecanismo é similar ao das células dos nervos. A chegada de um sinal químico dispara a abertura de canais altamente seletivos na membrana de um célula, fazendo com que íons de sódio fluam para dentro e íons de potássio fluam para fora. A troca de íons aumenta a voltagem ao longo da membrana, o que causa a abertura de mais canais ainda. A partir de um certo ponto, o processo passa a ser auto-alimentado, resultando em um pulso elétrico que atravessa a célula. Os canais então se fecham e passagens alternativas se abrem para “bombear” os íons de volta a suas concentrações iniciais, durante o estado de “repouso”.
No total, de acordo com LaVan, existem ao menos sete diferentes tipos de canais, cada um com várias possíveis variáveis para manipular, tais como sua densidade na membrana. Células de nervos, que transportam informação em lugar de energia, podem disparar rapidamente mas com uma energia relativamente pequena. Os electrócitos têm um ciclo mais lento, mas liberam mais energia por períodos maiores. LaVan e seu companheiro Jian Xu desenvolveram um complexo modelo numérico para representar a conversão da concentração de íons em impulsos elétricos e o testaram comparando com dados anteriormente publicados sobre eletrócitos e células de nervos para verificar sua precisão. A partir disso, consideraram como otimizar o sistema para maximizar a vazão de energia, através da modificação geral dos tipos de canais.
Seus cálculos mostram que são possíveis melhoramentos substanciais. Um projeto de célula artificial pode gerar mais do que 40% de energia a mais, em um único pulso, do que um eletrócito natural. Outro, poderia produzir valores de pico mais do que 28% maiores. Em princípio, dizem os autores, camadas empilhadas de células artificiais em um cubo ligeiramente maior do que 4 mm de aresta são capazes de produzir um fluxo de corrente contínuo de cerca de 300 microWatts para ativar pequenos dispositivos implantados. As fabricações dos componentes individuais de tais células artificiais — inclusive um par de membranas artificiais separados por uma camada isolante e canais de íons, que podem ser criados pela engenharia sobre proteínas  — já foram demonstrados por outros pesquisadores. Tal como em sua contraparte natural, a fonte de energia para as células seria do trifosfato de adenosina (ATP), sintetizado a partir dos açúcares e gorduras do corpo, com o uso de bactérias ou mitocôndrias específicas.

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* J. Xu e D.A. LaVan. “Designing artificial cells to harness the biological ion concentration gradient”. Nature Nanotechnology, publicado online em 21 de setembro de 2008.

Petróleo extraído de algas

“Petróleo extraído de Algas”, uma promessa de um combustível “climate friendly”
Por Alok Jha, correspondente de tecnologias “verdes”
Quinta-feira, 31 de julho de 2008

Green crude

Um novo começo… o website da companhia Sapphire Energy faz promoção do “petróleo-verde” feito de algas

Um combustível líquido feito de plantas que é quimicamente idêntico ao petróleo cru, mas que não contribui para as alterações climáticas quando é queimado, ou, diferentemente dos outros bio-combustíveis, não precisa de terras agricultáveis para ser produzido, parece ser bom demais para ser verdade. Porém uma compahia em San Diego afirma que produziu exatamente isto — uma versão sustentável de petróleo que ela chama de “green crude” (literalmente “cru verde”).
A Sapphire Energy utiliza organismos unicelulares, tais como algas, para produzir uma mistura química da qual é possível extrair combustíveis para carros ou aviões. Quando é queimado, o combustível libera na atmosfera apenas o dióxido de carbono absorvido pelas algas durante seu crescimento, o que torna o processo inteiro neutro em termos de Carbono.
Grandes investidores já estão abrindo seus talões de cheques: a Sapphire já levantou um total de US$50 milhões em capital de risco nas últimas semanas, a maior quantia já levantada por uma companhia de biotecnologia de algas, inclusive um significativo investimento do Wellcome Trust da Grã-Bretanha.
Algas são vistas por muitos experts como uma fonte promissora de combustível verde no futuro: variando de organismos unicelulares até grandes plantas marinhas, elas são a forma de vida vegetal mais abundante do mundo e, através da fotossíntese, elas são extremamente eficientes no uso da energia solar e do dióxido de carbono do ar para fazer materiais orgânicos tais como açúcares, proteínas e, sob as novas condições, petróleo.
Yusuf Chisti da Universidade Massey na Nova Zelândia estima que as algas possam produzir quase 100.000 litros de biodiesel por ano por hectare de terra, comparados aos 6.000 litros por hectare do óleo de palmeira, atualmente o biocombustível mais produtivo.
O dinheiro para a Sapphire começou a chegar em avalanches depois que a companhia atingiu sua mais significativa marca até agora, refinar gasolina de alta octanagem a partir de seu “green crude”. “A gasolina resultante é completamente compatível com a atual infraestrutura, o que significa que não serão necessárias quaisquer modificações nos automóveis dos consumidores”, declarou um porta-voz da Sapphire.
Uma vantagem adicional é que a gasolina deles não tem contaminantes tais como enxofre, nitrogênio e benzeno, contidos no petróleo cru comum, e a companhia acredita que o custo de seus combustíveis será comparável ao dos combustíveis fósseis vendidos no mercado.
Muitas companhias de biotecnologia por todo o mundo estão trabalhando no uso de algas para produzir etanol ou biodiesel que possa substituir os tradicionais combustíveis usados nos transportes, enquanto se evita os problemas causados pelos biocombustíveis tirados da agricultura, tais como a diminuição da área para o plantio de alimentos. Um porta-voz da Sapphire declarou que, com o uso de algas, não existiria a necessidade de usar o valioso terreno agricultável para o crescimento do insumo básico. “De fato, o processo utiliza área não arável e água não-potável, e produz de 10 a 100 vezes mais energia por hectare do que os biocombustíveis agrícolas”.
O que diferencia a Sapphire de outras companhias que pesquisam algas, é que ela não almeja produzir biocombustíveis normais, tais como etanol ou biodiesel. Em lugar disto, eles se inspiram na maneira como o petróleo cru foi criado em primeiro lugar, milhões de anos atrás.
“Naquela época, quando as algas eram responsáveis pela criação de hidrocarbonetos de cadeias longas, tais como o diesel e as frações mais pesadas, a biomassa simplesmente ficou enterrada e foi comprimida na forma de petróleo cru”, diz Steven Skill, um pesquisador sobre o emprego de algas na fabricação de substâncias químicas orgânicas no Plymouth Marine Laboratory e que está familiarizado com o trabalho da Sapphire. “Algas sintetizam esses hidrocarbonetos de cadeias longas dentro das células”.
A Sapphire não revela detalhes dos tipos de algas que está empregando, porém Skill acha que ela provavelmente está usando cianobactérias geneticamente modificadas, que costumam ser chamadas de algas azuis. Esses organismos podem crescer rapidamente (algumas eflorescências podem dobrar sua massa em apenas uma hora), funcionar em altas temperaturas e algumas cepas podem até fixar o nitrogênio do ar para criar seus próprios fertilizantes.
“A Sapphire declara que pode desenvolver o que ela quiser na cepa de algas com a qual está trabalhando agora”, declara Skill. O novo passo, diz ele, depende do desenvolvimento dos sistemas de engenharia e cultivo, para fazer as algas crescerem em escala economicamente viável.
Produção Comercial
John Loughhead, diretor executivo do Centro de Pesquisa de Energia da Grã-Bretanha declarou que a pesquisa com algas é uma parte crucial do trabalho no desenvolvimento de fontes de energia verdes no futuro. “Eu diria que é uma idéia muito sensata, mas a questão é: eles são capazes de fazer qualquer coisa prática de maneira eficiente? A questão chave é com qual eficiência esse processo funciona”.
Ele aduziu: “Eles também têm o principal problema quando se lida com as fontes renováveis clássicas: o fato de que você está lidando com a fonte básica de energia, o Sol, que é bastante difusa, de forma que o máximo que se obtém é em torno de 0,5 KW por metro quadrado. Serão necessárias grandes, vastas áreas de cultivo”.
Algas podem ser facilmente cultivadas em cisternas abertas, mas isto resultaria em eflorescências de densidade muito baixa e, portanto, uma maneira ineficiente para produzir grandes quantidades de combustível. Skill declarou que a Sapphire precisa melhorias na tecnologia chamada foto-bio-reatores para cobrir a distância até a produção em escala comercial.
Foto-bio-reatores são vasos fechados que fornecem muita luz e condições cuidadosamente ajustadas para o crescimento intensivo de microorganismos. Várias equipes, por todo o mundo, estão testando projetos para cultivar algas, mas, até agora, nenhuma conseguiu um resultado comercializável.
Igualmente crucial para tornar o “green crude” comercialmente viável é o uso dos resíduos de produção além do petróleo extraído das algas. “Provavelmente se pode transformar 40% do peso das algas em petróleo e se fica com 60% de outras substâncias, e aí há muitos componentes valiosos em termos de substâncias químicas alimentícias”.
Esses ingredientes extra, que incluem gorduras, açúcares e proteínas, podem ser usados para rações animais ou mesmo como substitutos para outros produtos derivados de petróleo, usados em tudo, desde cosméticos, até plásticos.
A Sapphire declarou que espera entrar em produção comercial de “green crude” dentro de três a cinco anos. Geoffrey Love, encarregado do capital de risco no Wellcome Trust, declarou que o investimento foi feito com isto em mente. “Já existia uma forte equipe de ciências e gerenciamento”,
“Eles já estabeleceram marcas de progresso ao provar que podem fazer não apenas biodiesel, o que muitas outras companhias por aí podem fazer, mas (também) o próprio petróleo cru”.
Ele acrescentou que o Fundo Caritativo Biomédico realizou suas próprias diligências científicas, antes de fazer o investimento, e que o apoio de outro grupo de invetimento, como o qual o Trust já trabalhou freqüentemente, o Arch Ventures, ajudou em sua própria decisão.
Doug Parr, cientista chefe do Greenpeace-UK, declarou: “Nós precisamos encontrar urgentemente maneiras de mandar a economia baseada em combustíveis fósseis para a história. As algas são promissoras, mas para para saber exatamente o que essa tecnologia pode oferecer, nós precisaríamos de muito mais informações a nossa disposição. O requisito crucial é que o produto final possa ser fornecido em grandes quantidades e de maneira sustentável, senão estaremos saltando do fogo para a frigideira ”.
guardian.co.uk © Guardian News and Media Limited 2008
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Pronto, Maria Guimarães e Carlos Hotta… Eu não aguentei e traduzi… (Agradeço as correções que se fizerem necessárias)

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