Estão procurando chifre em cabeça de cavalo…

Outra notícia do Jornal da Ciência, me deixou preocupado… Negros são apenas 33% na escola privada.
“Apenas??? Considerando que os negros foram trazidos à força para o Brasil, como escravos, e, após a “Abolição”, nunca houve qualquer política de integração dos negros libertos à sociedade (com o racismo extra-oficial e mal disfarçado que predomina na sociedade), um terço dos estudantes de escolas privadas se declararem negros ou pardos é um fato digno de comemorações efusivas (a notícia dá conta de que cerca de 20% dos pesquisados se recusou a preencher o campo referente à cor no questionário).
Se alguma coisa essa pesquisa mostra – sem sombra de dúvida – é o emporbrecimento geral da classe média e que os negros e mestiços (“afro-descendente” é a PQP!… O falecido humorista Leon Eliachar (que era Caucasiano) se auto-denominava “Cairoca”, porque tinha nascido no Cairo – e, que me conste, o Egito fica na África) estão, apesar de todo o racismo, ascendendo por seus próprios méritos na escala social.
Surpreendente? Nem um pouco… Eu mesmo cunhei o bordão: “Para três coisas não há substituto: dinheiro, juventude e competência”. A “competência” é a chave da coisa.
O que me preocupa é esta recente “preocupação” com os negros (“consciência pesada”, em dúvida…) e com iniciativas assistencialistas popularescas (Sim! eu estou falando do sistema de quotas nas Universidades!) que – para variar, só um pouco… – não são dirigidas ao verdadeiro problema: a falência dos Serviços Públicos, e tentam ludibriar o povão com paliativos discriminatórios.
Não se deve tratar de “negros”, “pardos”, “silvícolas”, etc. Se deve tratar de brasileiros pobres, tenham eles o grau de melanina que tiverem. O resto, é demagogia barata!

Uma notícia que devia ser excelente

Uma notícia publicada no Jornal da Ciência, com o título Decisão de conselho tira cientistas da ilegalidade, deveria ser festejada por todos, já que os entraves absurdos colocados à pesquisa biológica (sob o pretexto de impedir a “biopirataria”) estavam, praticamente, paralisando a pesquisa legítima no Brasil.
Então, por que o “devia” no título? Diversas razões:
1 – A Medida Provisória que criou as restrições não devia, em primeiro lugar, ter sido publicada com a redação imbecil que teve (e não foi por falta de aviso da SBPC e outras entidades);
2 – Uma “Decisão de Conselho” não tem força de Lei (pelo menos no aspecto constitucional). Aliás, o Brasil anda cheio dessas “decisões com força de lei”. As mais perniciosas são as do “Conselho Monetário” e do “Conselho Nacional de Trânsito”.
3 – Pelo texto da notícia, «… uma proposta aprovada ontem pelo Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN), pesquisas de nível básico (apenas para produção de conhecimento) nas áreas de taxonomia e epidemiologia ficarão isentas das exigências legais impostas à pesquisa com interesses econômicos.» Mas o que isso realmente significa? Que o CGEN adquiriu poderes (auto-conferidos) para isentar as pesquisas das exigências legais, não que essas exigências tenham sido definitivamente removidas das pesquisas onde essas exigências nem cabiam.
Em resumo: uma Medida Provisória (coisa que nem devia existir, mas o Congresso adora delegar seus poderes legislativos, para poder se dedicar a tarefas mais importantes, tais como fazer CPIs bombásticas e “emendas orçamentárias”, das quais nem é bom falar…) mal redigida e estupidamente xenófaba, conferindo poderes legislativos a mais um desses malditos “Conselhos disto e daquilo”, cujas “decisões” têm força de Lei e cujas motivações para tomar as decisões são, descaradamente, resultados das atuações de “grupos de pressão”.
Que bom que, neste caso, a “decisão” veio facilitar alguma coisa. Normalmente, essas “decisões” só trazem prejuízo…
Em suma: a notícia é boa para o progresso da ciência no Brasil, mas péssima para as “garantias constituicionais” de que “todo o poder emana do povo e, em seu nome, é exercido”…

Carros particulares: os grandes vilões!…

Salve, Pessoal!
Este artigo foi motivado pelos artigos postados pela Maria Guimarães no “Ciência e Idéias”, ontem, com os títulos «“Declaração de São Paulo” define metas para melhorar a qualidade do ar e dos transportes urbanos na América Latina» e «Manifesto por cidades humanas».
O assunto é de grande importância e – por que não dizer – urgência. Os níveis de poluição nos grandes centros urbanos e a contaminação da atmosfera, em geral, são questões que não podem ser mais “empurradas com a barriga”. Os efeitos já estão se fazendo sentir!
O que me deixa avesso, são certas afirmações simplistas, mentirosas em essência, e que, em lugar de procurar soluções realmente adequadas, se preocupam mais em achar “bodes expiatórios”. Senão vejamos alguns trechos pinçados do primeiro dos artigos em causa.
Já começa o texto com a seguinte afirmação:

Boa parte da poluição do ar é causada por carros particulares. As conseqüências são sérias e vão desde mudanças climáticas globais até mortes e internações.

“Boa parte”, quanto? Exatamente, quanto? Qual o índice de emissão de poluentes “per capita” para os carros particulares? E qual é a parte correspondente aos ônibus e caminhões desregulados? Qual é o índice “per capita” destes? Notem o recurso retórico de começar a segunda frase logo após a expressão “carros particulares”, fazendo uma velada associação às “sérias conseqüências”. Vejam o mesmo trecho, refraseado:

Os carros particulares são responsáveis por boa parte da poluição do ar. As conseqüências são sérias e vão desde mudanças climáticas globais até mortes e internações.

O conteúdo é o mesmo, mas a “apelação” emocional diminui bastante. As conseqüências são causadas pela poluição, não pelos carros somente. Claro que os carros são uma das fontes de poluição, mas o problema a enfrentar é a poluição em si, não o uso de carros particulares.
O texto, mais abaixo, prossegue:

Grande parte da poluição do ar se deve ao crescimento da frota de veículos.

Indiscutível! Mas com a frase inicial, ainda na cabeça, o leitor associa “frota de veículos” com “carros particulares”, o que é, simplesmente, mentira! O número de veículos de transporte coletivo e de cargas cresce igualmente, em virtude da maior demanda por meios de transporte para pessoas e de mercadorias para essas pessoas (mas o crescimento desordenado das conurbações é solenemente ignorado – claro! Carros não votam, pessoas, sim. E o número de eleitores pedestres é bem maior do que o de “motorizados”).
Outra “agulhada politicamente correta” aparece mais abaixo:

A proliferação de pequenos coletivos como as peruas são um problema sério, pois acabam por dividir o trânsito (e a emissão de poluentes) em veículos menores e mais “sujos”. A primeira medida, portanto, é limpar os veículos — tanto em termos de regulagem e tecnologia como do combustível utilizado.

Opa! E o motivo da “proliferação dos pequenos coletivos”? Não é algo que mereça atenção? Esse “transporte alternativo” (eufemismo para “van”, no Rio, e “perua”, em Sampa) começou a operar em locais onde o Serviço Público de transporte não ia. De repente, perceberam que, mesmo nas rotas servidas pelos Transportes Públicos, havia espaço para os “piratas”. Isto, certamente, é um dado relevante; mas que “passa batido”: vamos “limpar os veículos”… Só não esqueçam de começar pelos ônibus legalizados e caminhões. E pelas “viaturas oficiais”, a começar pelas latas velhas com as quais “equipam” as polícias (para quem não sabe: no Estado do Rio de Janeiro, as polícias recebiam veículos reprovados nos controles de qualidade das fábricas – portanto, mais baratos…) A perua clandestina (toda amarrada com arame e com um “kit-gás” clandestino) polui. Mas a ambulância (também caindo aos pedaços, porque jamais viu uma revisão), também. Dos ônibus que parecem equipados com geradores de fumaça, eu nem vou falar…
A questão dos combustíveis é realmente relevante. O Brasil tem tecnologia de ponta nesse setor: só resta passar do discurso de campanha para a prática (mas será que isso realmente interessa à Petrobrás?… O Brasil exporta, a preço vil, o excedente de gasolina, para custear a importação de Diesel — aliás, outro dado pouco conhecido: nosso combustível para aviação é dos mais baratos do mundo! Por que? Produção excedente…)
Desde a “crise do petróleo” da década de 1970, a Petrobrás sabia que um dispositivo combinando o óleo de mamona com o GLP poderia substituir o Diesel, sem necessidade de regulagem diferente do motor. Mas o GLP já é pouco para o consumo dos botijões domésticos e, gás natural canalizado, custa caro para implantar…
A matriz do transporte, no Brasil, é de um total absurdo. As cargas e passageiros são transportados, preferencialmente, pelos meios mais caros: aéreo e rodoviário. Isso, no país com a maior malha de aquavias interiores… Mas, construir uma hidroelétrica em Sete Quedas, tudo bem. Construir eclusas para a navegação… ah!… isso fica muito caro!… A navegação no São Francisco só sobrexiste por motivos turísticos. E pensar que ele foi uma das vias de penetração da colonização do Brasil-Colônia… Inventar uma absurda “transposição das águas do São Francisco” para resolver (será?…) o problema de meia-dúzia de municípios nordestinos, pode. Abrir canais para ligar as bacias fluviais, não.
Só para dar um exemplo de como, no Brasil, “o carro anda na frente dos bois”, na época em que eu residi em Corumbá-Ladário, MS, mandar uma encomenda do Rio para Corumbá por via aérea, não só era mais rápido: era mais barato do que pela ferrovia! Dá para entender?…
Continuando a pinçar o texto:

Mas ônibus movidos a combustíveis mais limpos, como gás natural ou biodiesel, não resolvem o problema de poluição se estão presos no trânsito, afirma Schipper. “A mobilidade sustentável é o que resolve o problema”. Segundo ele, a ênfase em combustíveis limpos traz o problema de aumentar sua demanda. A solução é reduzir a necessidade de combustível, explicou.

Explicou o problema, mas não indicou uma solução. Mais pessoas, mais coletivos, mais combustível, mais tráfego, mais engarrafamentos, mais combustível desperdiçado, mais poluição. Qualquer um pode ver isso. E a solução?

Lloyd Wright, da Fundação Viva, em Quito (Equador)[…] acredita que vias para pedestres, ciclovias e transporte público são soluções muito mais efetivas do que depender de um tipo de combustível. Mas ele avisa que essas soluções só serão adotadas pelo público se oferecerem velocidade, comodidade e segurança.

Sim… E carregar algumas sacolas de compras a pé, ou penduradas no guidom da bicicleta são uma excelente solução… para a mãe dele! E uma ciclovia Seropédica – Centro do Rio é uma excelente alternativa para a Avenida Brasil – para quem não se importa de pedalar 120 km de ida e 120 km de volta, todo dia… Fácil! Você acorda às três da madruga, monta no “camelo” e sai pedalando… lá pelas 9, você está pronto para bater o ponto (e cair duro de cansaço no trabalho)… lá pelas cinco da tarde, você acorda, bate o ponto de novo, pega o “camelo” (se é que ele ainda está onde você deixou…) e chega em casa lá pelas 11 da noite… e cai na cama, sem tomar banho, porque, no dia seguinte, você tem que acordar às três da madruga… Ora, faça-me o favor!!!…
Existe uma linda ciclovia, no Rio, que liga Copacabana ao Centro da Cidade. Se há meia dúzia de pessoas que a usam, regularmente, para ir e voltar do trabalho, eu vou ficar muito surpreso…
Triste é um longo trecho que se segue:

Mas para realmente solucionar o problema, é preciso ousar. Enrique Peñalosa, ex-prefeito de Bogotá, contou sobre as mudanças feitas na capital colombiana. Segundo ele, a questão do transporte transcende questões científicas e técnicas. “As cidades têm que refletir que os seres humanos são sagrados”, diz. Elas têm que ser planejadas para promover igualdade social e bem-estar. Até agora foi dada prioridade à mobilidade dos carros mais do que à felicidade das crianças. E segundo ele, para sermos felizes precisamos caminhar. De outra forma sobrevivemos, como um passarinho sobrevive numa gaiola.
Peñalosa chega a considerações mais filosóficas do que políticas. Segundo ele, precisamos rever nossos ideais de felicidade. Talvez ter um carro possante e andar a 200 Km/h numa auto-estrada não traga tanta felicidade quanto passear numa bicicleta velha por uma ciclovia às margens de um rio. Acima de tudo, ele defende que as cidades devem contribuir para a igualdade de qualidade de vida entre as pessoas. Para o ex-prefeito, é impossível tomar decisões sobre transporte sem definir que tipo de cidade se quer. Sua proposta é construir cidades para as pessoas, que privilegiem o espaço público para pedestres.
É esse o rumo que ele tomou durante sua gestão de Bogotá: tornar a cidade mais agradável para pessoas do que para carros. Por isso, vagas para estacionamento perderam espaço para calçadas alargadas. Se os recursos são escassos, a prioridade vai para calçamento de vias para pedestres e bicicletas; se falta espaço, o que não cabe são os carros. É esta a visão de Peñalosa. E andar de bicicleta, não porque seja simpático ou divertido. Mas porque é um direito do cidadão deslocar-se de forma barata sem correr risco de vida.

Ou seja: quem tem um automóvel é um bandido, que merece cadeia ou coisa pior. O Sr. Peñalosa é um grande demagogo! Esse discurso (supostamente, de cunho muito social e humanista) agrada àqueles que não têm recursos para comprar um carro (muito mais numerosos…); mas o trânsito em Bogotá é famoso por ser uma m****.
Este tipo de atitude é de um maniqueísmo imbecil: onde há carros, não cabem pessoas; onde há pessoas, não cabem carros. Quem anda de carro não é “gente”, portanto… Não paga impostos (sobre o veículo, sobre os combustíveis, sobre a “indústria de multas de trânsito”, mais aqueles embutidos no preço do carro – que, no Brasil, são mais do que a metade do preço final do carro – e nos custos de manutenção). Garanto que o Sr. Peñalosa não dispensou nenhum recurso oriundo dessas fontes para suas obras de “humanização” de Bogotá… Non olet…
E esse maniqueísmo imbecil ainda impõe outras provações aos “malditos” motoristas particulares. “Uso de cinto de segurança obrigatório”. Se fosse, realmente, pela preocupação com os ocupantes dos veículos, não deveria ser permitido transportar passageiros em pé nos ônibus. Ou será que isso foi resultado do lobby das Seguradoras que sabem que a maior parte dos acidentes ocorre em velocidades abaixo dos 60 km/h (acima disso o cinto é mais perigoso do que protetor). Junte os lucros das seguradoras (que não fazem seguro para passageiros de ônibus urbanos), à “indústria de multas” e uma maciça propaganda enganosa pela mídia (que recebe bom dinheiro pela propaganda veiculada), e temos mais uma “lenda urbana” criada.
“Lombadas eletrônicas”, “Pardais” com velocidades ridiculamente baixas, localizados nos pontos estratégicos (no vale entre uma descida e uma subida, por exemplo, ou logo após à saída de um túnel), funcionando em horários onde nem alma penada está na rua (quanto mais a polícia, para lhe proteger de um assalto…), estacionamentos públicos com um número ridículo de vagas e taxas absurdas, e quem tem prioridade no planejamento urbano ainda é o pedestre! É mesmo?… E quanto ao acesso ao coletivo para deficientes e idosos?… E os pontos de ônibus que servem a trocentas linhas – onde o ônibus ou para no meio da rua, ou “passa batido”?… E a fiscalização dos transportes concedidos?
Querem um exemplo dessa última? Eu dou… O órgão estadual do RJ autorizou, há mais de um ano, a cobrança da passagem Niterói-Araruama em um valor superior a R$ 12,00. Atualmente, a concessionária monopolista (Auto Viação 1001) está cobrando R$ 8,00 pela passagem, a título de “promoção” (quando o valor foi fixado, a passagem custava, “na promoção”, R$ 5,00). Agora, me conte com base em que foi fixado esse valor superior a R$ 12,00, quando a mesma companhia pode cobrar R$ 11,00 pela passagem Araruama-Rio, que passa pelo pedágio mais caro do Brasil (via Lagos) e pela Ponte Rio-Niterói????
Se eu for ao Rio com minha mulher, sai mais barato a gasolina (nem vou argumentar que meu carro é adaptado para GNV… é covardia…) do que a passagem (conte as passagens de ônibus urbano no Rio). Só que eu nunca vou de carro: a casa da minha sogra não tem garagem e eu não sou louco de tentar ir de carro ao Centro do Rio. Só se meu carro tivesse a capacidade de virar supositório…
Pois é, Maria… Eu concordo com você:

Que tal ir trabalhar a pé ou de bicicleta, mesmo que demore um tanto mais? Você deixaria de poluir o ar, economizaria tempo e dinheiro com academia e ficaria mais saudável.
Eu adoraria, pena que nem sempre é possível.

Mude de “nem sempre” para “quase nunca” e eu assino em baixo também!

Um novo nível de código genético

Notícia publicada no New York Times.

Cientistas Dizem Ter Encontrado um Código Além do Genético no DNA
Figura: (Loren Williams/Chemistry and Biochemistry, Georgia Institute of Technology). Em uma célula viva, a dupla hélice do DNA se dobra em torno de um nucleossoma (no meio, em verde) e se liga a algumas de suas proteínas, conhecidas como histonas.
O código genético especifica todas as proteínas que uma célula faz. O segundo código, superposto ao primeiro, estabelece o posicionamento dos nucleossomas, carretéis proteínicos miniaturizados, em torno dos quais o DNA é enrolado. Os carretéis tanto protegem como controlam o acesso ao próprio DNA.
Esta descoberta, caso confirmada, pode abrir novas perspectivas na mais alta ordem de controle dos genes, tal como o crítico, porém ainda misterioso, processo pelo qual cada tipo de célula humana é permitida a ativar os genes que precisa, mas não pode ter acesso aos genes usados por outro tipo de células.
O novo código é descrito na corrente edição da Nature por Eran Segal do Instituto Weizmann (Israel) e Jonathan Widom da Northwestern University do Illinois e seus colegas. Existem cerca de 30 milhões de nucleossomas em cada célula humana. São necessários tantos deles porque a cadeia de DNA se enrosca em cada um somente 1,65 vezes, em uma trança que contém 147 de suas unidades, e a molécula de DNA, em um único cromossoma pode ter até 225 milhões de unidades de comprimento.
Os biólogos suspeitaram, por anos a fio, que algumas posições do DNA, notavelmente aquelas onde ele se dobrava com mais facilidade, poderiam ser mais favoráveis a nucleossomas do que outras, mas não havia um padrão aparente. Os Doutores Segal e Widom analisaram a seqüência em cerca de 200 lugares no DNA do genoma do levedo, onde os nucleossomas sabidamente se uniam, e descobriram que, com efeito, existe um padrão oculto. Conhecendo o padrão, eles foram capazes de predizr a localização de cerca de 50% dos nucleossomas em outros organismos. O padrão é uma combinação de seqüências que torna mais fácil para o DNA se dobrar e se enrolar apertadamente em torno de um nucleossoma. Mas o padrão necessita da presença de apenas algumas das seqüências em cada ponto de união de nucleossomas, de forma que não é óbvio.
O grau de liberdade desses requisitos é, presumivelmente, a razão pela qual ele não entra em conflito com o código genético, que também tem um pouco de redundância ou espaço de variação em sua composição. Ter uma seqüência de unidades no DNA que determinam a localização dos nucleossomas, explicaria uma característica intrigante dos fatores de transcrição, as proteínas que ativam os genes. Os fatores de transcrição reconhecem curtas seqüências de DNA, com cerca de seis a oito unidades de comprimento, que jazem bem em frente ao gene a ser transcirto.
Mas essas curtas seqüências ocorrem tão freqüentemente no DNA que os fatores de transcrição, parecia, deveriam se ligar freqüentemente aos errados. O Dr. Segal, um biólogo computacional, acredita que, de fato, as posições erradas são inacessíveis porque elas ficam na parte do DNA enrolada no nucleossoma. Os fatores de transcrição só podem “ver” as partes do DNA “nú” que ficam entre os nucleossomas.
Os nucleossomas freqüentemente se movimentam, deixando o DNA flutuar livremente quando um gene deve ser transferido. Dado este constante fluxo, o Dr. Segal disse que estava surpreso que pudesse prever tantos como a metade das posições preferenciais para os nucleossomas,
Mas, tendo quebrado o código, «Acreditamos que, pela primeira vez, temos um controle quantitativo real» para a exploração de como os nucleossomas e outras proteínas interagem para controlar o DNA», disse ele. Os outros 50% das posições podem ser determinadas pela competição entre os nucleossomas e outras proteínas, sugere o Dr. Segal. Muitos experts disseram que o novo resultado é plausível porque ele generaliza a antiga idéia de que o DNA é mais encurvável em certas seqüências, que deveriam, assim, favorecer o posicionamento dos nucleossomas.
«Eu penso que é realmente interessante», disse Bradley Bernstein, um boólogo do Massachusetts General Hospital. Jerry Workman do Instituto Stowers Institute em Kansas City disse que a detecção do código dos nucleossomas era «uma visão profunda, caso verdadeira», porque ajudaria a explicar muitos aspectos de como o DNA é controlado.
Os nucleossomas são feitos de proteínas conhecidas com histonas, que são das mais conservadas pela evolução, o que quer dizer que elas mudam muito pouco de uma espécie para outra. Uma histonade uma ervilha e a de uma vaca diferem em apens duas de suas 102 unidades de amno ácidos. Essa conservação é usualmente atribuída à necessidade do perfeito encaixe entre as histonas e o DNA enrolado em torno delas. Mas outra razão, sugere o Dr. Segal, poderia ser que qualquer mudança iria interferir com a capacidade dos nucleossomas encontrarem suas posições designadas no DNA.
No código genético, conjuntos de três unidades de DNA especificam várias espécies de ammino ácidos, as unidades das proteínas. Uma característica curiosa desse código é que ele é redundante, o que significa que un determinado amino ácido pode ser definido por qualquer um de vários tripletos diferentes. Os biólogos têm especulado longamente que a redundância tenha sido projetada para coexistir com outro tipo de código, e este, diz o Dr. Segal, pode ser o código dos nucleossomas.

Uma idéia fascinante! Imaginem o que a obtenção do controle sobre esse suposto código de nucleossomas pode faciltar na cura de doenças geneticamente transmissíveis. Ou em termos de imunologia. E até das neoplasias…
Como dizia o falecido Robert Anson Heilein: “a era dos milagres ainda nem começou…”

Nova ameaça ao meio ambiente: falta de insetos


Artigo publicado no “Le Monde” (on line), dá conta de uma nova ameaça ao meio ambiente: a extinção dos insetos polinizadores. Reparem bem na frase final do artigo.

O número e a variedade dos insetos polinizadores diminui na Europa de maneira importante
LE MONDE | 22.07.06 | 15h06 • Atualizado em 22.07.06 | 15h06
Os insetos polinizadores são indispensáveis à reprodução de plantas com flores que geram sementes, o que representa 80% do reino vegetal terrestre: voando de flor em flor para recolher o pólen (o elemento fecundante masculino), eles o transportam até o estigma de de uma flor fêmea, permitindo a fecundação. Ora, após alguns anos, os cientistas pensam que este serviço gratúito, oferecido pela natureza por 140 milhões de anos, está ameaçado pela baixa na biodiversidade.
Uma pesquisa realizada por Jacobus Biesmeijer e William Kunin (Universidade de Leeds, no Reino Unido) e uma equipe de pesquisadores britânicos, alemães e holandeses confirma, na revista Science de 21 de julho, que a ameaça é séria. Ao estudar diferentes zonas na Grã-Bretanha e nos Países Baixos, os cientistas constataram que as abelhas selvagens pagaram o tributo mais pesado, com uma baixa de 52% de sua diversidade, no primeiro caso, e de 67% no segundo, em comparação com a situação antecedente aos anos 1980. Em contrapartida, a situação é menos catastrófica para as moscas polinizadoras, cuja população diminuiu em 33% na Grã-Bretanha, mas aumentou em 25% nos Países Baixos.
Os pesquisadores também viram qual era a influência dessa situação sobre as plantas visitadas pelos insetos. Dessa forma, constataram que, na Grã-Bretanha, 75 plantas selvagens que precisam ser polinizadas por insetos, viram sua distribuição diminuir, ao passo que 30 outras, polinizadas pelo vento ou pela água, ao contrário, expandiram sua presença. Nos Países Baixos, somente as plantas polinizadas pelas abelhas selvagens foram reduzidas. Jacobus Biesmeijer e William Kunin, suspeitam, então, que exista uma ligação de causa e efeito entre o declínio dos insetos polinizadores e das plantas polinizadas, sem poder precisar qual é o elemento motor dessa situação: a evolução das práticas de cultura agrícola, a utilização de produtos químicos na agricultura ou a modificação climática? Eles estão inquietos porque «seja qual for a causa constatada, o estudo sugere enfaticamente que o declínio de algumas espécies pode deslanchar uma cascata de extinções localizadas entre outras espécies associadas».
Para Guy Rodet, entomologista no Instituto Nacional de Pesquisa Agrícola (Institut national de la recherche agricole = INRA) de Avignon (Departamento de Saúde das Plantas e Ambiente), este artigo é importante porque «é o primeiro a por em evidência, cientificamente, o declínio dos insetos polinizadores. E o faz com um grande número de dados e sobre uma longa escala de tempo». Os autores do artigo da Science, com efeito, trabalharam sobre um milhão de registros, feitos no passado por naturalistas, dos quais alguns remontam ao tempo da Rainha Vitória. Aplicando técnicas destinadas a tornar esses dados comparáveis entre si, os pesquisadores dividiram os Países Baixos e a Grã-Bretanha em quadrículas de 10 km de lado e compararam a diversidade dos insetos polinizadores antes e depois de 1980. Esta data foi estabelecida porque ocorreram grandes modificações na agricultura durante este período.
Este estudo foi realizado dentro do quadro do programa europeu Alarm, destinado a avaliar os riscos nos quais incorrem as biodiversidades terrestre e aquática. Uma pesquisa similar foi realizada na França, pela equipe de pesquisa sobre polinização entomófila do INRA-Avignon, liderada por Bernard Vaissière e que tinha como objetivo avaliar o declínio dos polinizadores, sobre um período de tempo muito curto. Dez localizações foram escolhidas na França, na Alemanha, na Polônia, na Suécia e no Reino Unido.
A baixa na diversidade dos insetos polinizadores pode ter diversos efeitos. Ela pode se traduzir, desde já, em «uma mudança na paisagem», como explica Guy Rodet, «porque há um risco de ver desaparecer diferentes espécies de plantas». Mais grave ainda, «nós podemos ter dificuldades em produzir frutas e legumes, se bem que se pode, em certos casos, usar insetos produzidos em criadouros», afirma Guy Rodet. «Mas para grandes superfícies cultivadas, como nos Estados Unidos, isto corre o risco de ficar muito caro».
Christiane Galus
Artigo publicado na edição de 23.07.06

Repararam na última linha? (NÃO? Pombas!… Eu avisei lá em cima!…) Quando falam em «grandes superfícies cultivadas», eu fiquei logo pensando no “avanço da fronteira agrícola brasileira” pelo cerrado adentro (isso, sem falar nas regiões desmatadas da Amazônia…)

Physics News Update n° 786

PHYSICS NEWS UPDATE
O Boletim de Notícias da Física do Instituto Americano de Física, número 786, de 25 de julho de 2006 por Phillip F. Schewe, Ben Stein, e Davide Castelvecchi Physics News Update
TRANSISTOR QUÍMICO. Um novo dispositivo, o equivalente químico de um transistor, pode tornar possível a detecção ultrasensível biomédica de antígenos isolados. As coisas que costumamos associar com transistores, a abertura ou fechamento de um interruptor ou a amplificação de um sinal, são, normalmente, realizados por meio da injeção de um pequeno sinal elétrico em um eletrodo de porta, o qual, então, modifica o ambiente de uma região de canalização próxima. Isto permite que uma corrente seja interrompida ou amplificada. Em uma experiência realizada por físicos da Universidade da Califórnia em Irvine, as mesmas coisas são realizadas através de reações químicas. Philip Collins e seus colegas usam nanotubos de carbono como a substância funcional central de seu dispositivo. Os nanotubos, imersos em um líquido, pode ser mudado de um estado condutivo para um estado isolador por meio de sua oxidação – os seja, pela remoção química dos elétrons livres. As reações químicas são disparadas pela aplicação de um potencial elétrico, ao longoda área de integração (ver figura em www.aip.org/png/2006/262.htm ). O que os pesquisadores de Irvine mostram é que este processo pode ser realizado de modo reversível e em curtos períodos de tempo, tão rápidos como 10 microssegundos. Isto é bastante lento, em comparação dos padrões atuais dos transistores; a promessa mais importante para os projetados transistores químicos de efeito de campo (chemical field effect transistors = ChemFETs) reside nas amplificações potencialmente grandes. Parece que a mera oxidação de uns poucos elétrons pode ser utilizada para comutar correntes da magnitude de microamperes. Em um futuro biodetector, esse chavamento seria ativado, não por um sinal eletroquímico aplicado, mas pelos traços da presença de antígenos que se ligassem a anticorpos anexados aos nanotubos. Em detectores anteriores, a ativação química necessitava de dezenas de antígenos; aqui um único antígeno pode ser suficiente para modificar o estado do nanotubo. (Mannik et al., Physical Review Letters, 7 de julho de 2006; website do laboratório: www.physics.uci.edu/~collinsp/)
AUMENTO DA PROBABILIDADE DE UM CHOQUE COM UM ASTERÓIDE. Tudo o que você queria ficar sabendo! Que a probabilidade de um choque entre a Terra e um asteróide é aumentada pela mútua atração gravitacional entre os dois corpos. A fómula para esse aumento é demonstrada em um novo artigo do físico James Van Allen, da Universidade de Iowa, o mesmo homem que, meio século atrás, predisse a existência (mais tarde confirmada) de cinturões de radiação de partículas de plasma. O aumento da seção transversal da probabilidade de colisão, que Van Allen admite ignorar as forças adicionais exercidas pelo Sol e outros planetas do Sistema Solar, é igual a 1 mais o quadrado da razão entre a velocidade de escape para o planetas (Van Allen calculou o caso para a Terra, Marte, Júpiter e Saturno) e a velocidade de aproximação do asteróide (começando de bem longe).(American Journal of Physics, agosto de 2006)
TEMPESTADES NA ÁSIA BALANÇAM A TERRA. O eixo da Terra passa por vários deslocamentos cíclicos, tais como a Precessão dos Equinócios que dura cerca de 26.000 anos. Recentemente os dois deslocamentos mais importantes inadvertidamente se cancelaram mutuamente, permitindo aos geofísicos medir outros deslocamentos mais sutís que, normalmente, seriam difíceis de detectar. As duas oscilações maiores são a Oscilação de Chandler (cuja origem não é bem conhecida) e a oscilação causada pelas variações climáticas anuais. Seus efeitos combinados, normalmente, fazem o eixo de rotação se deslocar cerca de 10 metros. Mas de dezembro de 2005 a fevereiro de 2006, seu mútuo anulamento reduziu a excursão do eixo para menos de 1 metro. Isto permitiu que cientistas belgas estudassem forças menores e menos fortes, cujas atuações puderam ser brevemente medidas. Os cientistas viram sinais do que eles acreditam ser uma influência na oscilação da Terra, dia a dia, ocasionada por tempestades sobre a Ásia e a Europa do Norte. (Geophysical Research Letters, julho de 2006)
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PHYSICS NEWS UPDATE é um resumo de notícias sobre física que aparecem em convenções de física, publicações de física e outras fontes de notícias. É fornecida de graça, como um meio de disseminar informações acerca da física e dos físicos. Por isso, sinta-se à vontade para publicá-la, se quiser, onde outros possam ler, desde que conceda o crédito ao AIP (American Institute of Physics = Instituto Americano de Física). O boletim Physics News Update é publicado, mais ou menos, uma vez por semana.
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Como divulgado no numero anterior, este boletim é traduzido por um curioso, com um domínio apenas razoável de inglês e menos ainda de física. Correções são bem-vindas.

Novo Mar na África?


Notícia publicada no site da BBC em português:

20 de julho, 2006 – 14h57 GMT (11h57 Brasília)
Helen Briggs
Novo oceano pode estar se formando na África
A maior fenda da crosta terrestre vista em décadas, ou talvez em séculos, pode ser o início de um novo oceano, de acordo com dados recolhidos por satélite.
Geologistas dizem que a fenda de 60 km, aberta no ano passado, pode chegar a atingir o Mar Vermelho, isolando grande parte da Etiópia e Eritréia do resto da África.

A fenda chega a 8m de largura em certos pontos

Ela foi aberta por um terremoto em setembro e, segundo observações de cientistas publicadas na revista Nature, estaria crescendo com uma velocidade sem precedentes.
A fenda reflete movimentos subterrâneos, onde algumas das placas tectônicas que formam a África estão se distanciando gradualmente da placa Arábica, obrigando a crosta a se abrir.
À medida em que a fenda cresce, rochas derretidas são empurradas para a superfície, se solidificando e formando o piso de um eventual novo oceano.
Os cientistas calcularam que 2.5 km cúbicos de lava afloraram da fenda aberta na crostra terrestre, volume suficiente para encher um estádio de futebol de grande porte pelo menos duas mil vezes.
Tim Wright, da Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha, diz que, se o movimento continuar, a região conhecida como o Chifre da África vai se separar do resto do continente em cerca de um milhão de anos.
Ele afirma que, neste caso, a fenda “vai alcançar o Mar Vermelho e o oceano vai jorrar por ela”.
Primeira vez
Wright integra uma equipe da Grã-Bretanha e Etiópia que vem monitorando a criação da nova bacia oceânica, um evento raro em terra firme.

Uma equipe internacional está monitorando os eventos

Eles utilizam instrumentos sísmicos de ponta, medidores de campo e imagens de satélite da Agência Espacial Européia, Envisat, para a pesquisa.
“Obtivemos um mapa bastante preciso”, diz ele.
“É a maior fenda que se abre desde os anos 1970 e, talvez, em centenas de anos.”
“Esta é a primeira vez que podemos usar imagens de satélite para investigar o processo fundamental no momento em que ele acontece.”
Os movimentos nas placas terrestres vêm acontecendo gradualmente nos últimos dois milhões de anos, mas de tempos em tempos, terremotos e erupções vulcânicas causam rupturas repentinas.



Imagem obtida na WikiPedia.
A notícia para por aí, mas este fenômeno parece ser um agravamento da conhecida Falha da África Oriental (onde, por mera coincidência, foram encontrados, na Garganta de Olduvai, os fósseis humanos mais antigos).
A falha em questão parece ser aquela marcada pela linha pontilhada mais à direita (junto à inscrição “Gulf of Aden”).

Os olhos da cara

O Daniel Doro Ferrante publicou no Blog dele, It’s Equal but it’s different um link para um artigo no Boletim Eurekalert, da Associação Americana para o Progresso da Ciência. Como eu não consigo me conter, lá vai a tradução:
Cientistas descobrem porque a córnea é transparente e livre de vasos sanguíneos, permitindo a visão
Os resultados são promissores para o tratamento de doenças dos olhos e do câncer
Boston, MA – Cientistas do Instituto Schepens de Pesquisa dos Olhos e da Enfermaria de Olhos e Ouvidos de Massachussets (MEEI), do Departamento de Oftalmologia de Harvard são os primeiros a aprender por que a córnea, a clara janela do olho, é livre de vasos sanguíneos – um fenômeno único que torna a visão possível. A chave, dizem os pesquisadores, é a inesperada presença de grandes quantidades da proteína VEGFR-3 (vascular endothelial growth factor receptor-3) no topo da camada epitelial das córneas normalmente saudáveis. De acordo com as descobertas, a VEGFR-3 para a angiogênese (crescimento dos vasos sanguíneos), atuando como um “ralo” para juntar ou neutralizar os fatores de crescimento enviados pelo corpo para estimular o crescimento dos vasos sanguíneos. A córnea era, há muito tempo, conhecida por não ter vasos sanguíneos, mas os motivos exatos para isso permaneciam desconhecidos.
Estes resultados, publicados na edição de 25 de julho de 2006 em “Proceedings of the National Academy of Sciences” e em edição online em 17 de julho, não só resolvem um profundo mistério científico, como também traz grandes promessas para a prevenção e cura de doenças dos olhos e males como o câncer, nos quais os vasos sanguíneos crescem de maneira anormal e incontrolável, uma vez que esse fenômeno, presente normalmente na córnea, pode ter emprego terapêutico em outros tecidos.
«Esta é uma descoberta muito significativa» dir o Dr. Reza Dana, Cientista Sênior do Instituto Schepens de Pesquisa dos Olhos, chefe do Serviço de Córneas da Enfermaria de Olhos e Ouvidos de Massachussets e Professor Associado da Escola de Medicina de Harvard, também autor sênior e principal investigador do estudo. «Uma córnea clara é essencial para a visão. Sem a capacidade de manter uma córnea sem vasos sanguíneos, nossa visão seria significativamente prejudicada», diz ele, acrescentando que córneas claras e sem vascularização são vitais para qualquer animal que precise de um alto grau de acuidade visual para sobreviver.
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A córnea, um dos poucos tecidos do corpo que se mantêm ativamente desvascularizados (o outro é a cartilagem), é o fino tecido transparente que cobre a frente do olho. É a clareza da córnea que permite que a luz passe para a retina e, dela, para o cérebro, para interpretação. Quando a córnea é embaçada por ferimentos, infecção ou crescimento anormal de vasos sanguíneos, a visão é seriamente prejudicada, se não for destruída.
Os cientistas têm lutado com o mistério da “claridade” por muitas décadas. E, embora alguns estudos anteriores tenham dado pequenas pistas, nenhum apontou um mecanismo principal, até o presente estudo.
Na maior parte dos tecidos do corpo, o crescimento dos vasos sanguíneos ou angiogênese, ocorre em resposta a uma necessidade pelo aumento do fluxo de sangue para curar uma área ferida ou infeccionada. O sistema imunológico envia para lá fatores de crescimento, tais como o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) para se ligar a uma proteína receptora, chamada VEGFR-2, nos vasos sanguíneos, para ativar o crescimento dos vasos. Três tipos de VEGF
– A, C e D – se ligam a este receptor. Dois deles – C e D – também se ligam com a VEGFR-3, que é usualmente encontrada nas células que revestem os vasos linfáticos, para estimular o crescimento dos vasos linfáticos.

A equipe de Dana começou a suspeitar do envolvimento da VEGFR-3 no impedimento do crescimento dos vasos sanguíneos nas córneas, quando perceberam inesperadamente que grandes quantidades da proteína pareciam existir naturalmente no epitélio corneal sadio, um local anteriormente desconhecido para este receptor. Dana e sua equipe já tinham conhecimento, a partir da experiência clínica, que o epitélio provavelmente tinha um papel na supressão do crescimento de vasos sanguíneos, tendo testemunhado o crescimento de vasos sanguíneos em córneas despidas de suas camadas epiteliais.
Eles começaram a aventar a teoria de que grandes quantidades de VEGFR-3, nesta nova e não-vascularizada localização, poderia estar atraíndo e absorvendo todos os fatores de crescimento VEGF C e D, impedindo-os, assim, de se ligarem com o VEGFR-2. E, porque essa ligação ocorria em um ambiente não-vascularizado, os fatores de crescimento eram neutrlizados.
Para verificar sua teoria, a equipe conduziu uma série de experiências.
Usando tecido corneal de ratos, a equipe fez o seguinte.
Eles realizaram análises químicas que demonstraram que a VEGFR-3 e o gene a ela associado, estavam realmente presentes no epitélio corneal. A seguir, em duas experiências separadas, eles compararam córneas com e sem camadas epiteliais que estavam feridas. Eles descobriram que somente as córneas sem a camada epitelial desenvolviam vasos sanguíneos, o que implicava no papel do epitélio na supressão do crescimento dos vasos sanguíneos. Para demonstrar ainda mais sua teoria, eles adicionarm um substituto da VEGFR-3 em córneas despidas de suas camadas epiteliais e descobriram que o crescimento dos vasos continuava suprimido, substituindo o papel anti-angiogênico normal do epitélio. Finalmente, eles expuseram córneas intáctas a um agente bloqueador da VEGFR-3 e descobriram que os vasos sanguíneos começaram a crescer, demonstrando formalmente que o epitélio corneal é a chave para a supressão de vasos sanguíneos e que o mecanismo chave é a presença da VEGFR-3.
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«Os resultados desta série de testes confirmou nossa crença de que a presença da VEGFR-3 é o principal fator na prevenção da formação de vasos sanguíneos na córnea», diz Dana, que diz que a descoberta terá um impacto de longo alcance no desenvolvimento de novas terapias para os olhos e outras doenças.
«Drogas projetadas para manipular os níveis desta proteína podriam curar córneas que sofreram severos traumatismos ou auxiliar a encolher tumores alimentados por vasos sanguíneos de crescimento rápido e anormal», diz ele. «De fato, o próximo passo de nosso trabalho é exatamente este».
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Outros autores do estudo incluem: Claus Cursiefen¹ ², Lu Chen¹, Magali Saint-Geniez¹, Pedram Hamrah¹, Yiping Jin¹, Saadia Rashid¹, Bronislaw Pytowky³, Kris Persaud³, Yan Wu³, J. Wayne Streilein¹†, Raza Dana¹.
¹ – Intituto Schepens para Pesquisa de Olhos e a Enfermaria de Olhos e Ouvidos de Massachussets, do Departamento de Oftalmologia, Escola de Medicina de Harvard, Boston, Massachuessets, EUA;
² – Departamento de Oftalmologia, Universidade Friederich-Alexander de Erlanger-Nuremberg, Erlangen, Alemanha;
³ – ImClone Systems, Inc., Nova York;
†Dr. J. Wayne Streilein, falecido em 15 de março de 2004.
Acerca da Enfermaria de Olhos e Ouvidos de Massachussets: é um hospital especializado independente e um centro internacional para tratamento e pesquisa, bem como um hospital-escola da Escola de Medicina de Harvard.
O Instituto Schepens para Pesquisa sobre Olhos é afiliado à Escola de Medicina de Harvard e é o maior instituto independente de pesquisa sobre olhos no mundo.

Physics News Update n° 785

PHYSICS NEWS UPDATE
O Boletim de Notícias da Física do Instituto Americano de Física, número 785, de 17 de julho de 2006 por Phillip F. Schewe, Ben Stein, e Davide Castelvecchi Physics News Update
UM NOVO MAGNETÔMETRO DE BEC representa a primeira aplicação de Concentrados de Bose-Einstein (Bose Einstein condensates = BEC) fora dos domínios da física atômica. Físicos da Universidade de Heidelberg usaram um BEC unidimensional como sonda sensistiva dos campos magnéticos emanados de uma amostra próxima. A sensibilidade aos campos assim obtida ficou na casa dos campos magnéticos de intensidade de nanotesla (equivalente a uma escala de energia de cerca de 10-14 eV) com uma resolução espacial de somente 3 mícrons. Alguns processos (tais como varreduras com microscópios de sondagem hall) podem obter resoluções espaciais ainda maiores e alguns processos (tais como dispositivos supercondutores de interferência quântica {Superconducting Quantum Interference Devices – SQUIDs) podem conseguir uma maior sensibilidade magnética, mas, para esta faixa, o dispositivo de Heildelberg tem uma região de sensitividade vs. resolução toda própria. Joerg Schmiedmayer e seus colegas são pioneiros nos progressos da jovem ciência da óptica atômica integrada (ver www.aip.org/pnu/2000/split/516-1.html ), que busca guiar átomos em torno de microscópios e explorá-los para futuras aplicações, de maneira muito sememlhante ao modo como a eletrônica manipula os elétons em circuitos integrados e a fotônica usa os fótons em estruturas optrônicas. Para ver como um BEC mede o potencial eletromagnético acima de uma superfície, considere o potencial como uma paisagem, coberta de picos e vales. Se alagássemos toda a paisagem com água, criaríamos uma superfície equipotencial na superfície. Para identificar toda a topografia submersa, poderíamos medir a quantidade total de água abaixo da superfície em qualquer ponto. Isto é o que fazem os pesquisadores de Heidelberg. Ao longo da amosta, onde o potencial é profundo (ou seja, onde os campos são particularmente fortes), mais átomos do BEC se acumulam. Dessa form, a densidade dos átomos no BEC (que pode ser medida vendo-se quanta luz de uma sonda laser é absorvida nos pontos ao longo do BEC – ver figura em http://www.aip.org/png/2006/261.htm ) pode ser convertida em um mapa dos campos na superfície da amostra. De acordo com Schmiedmayer, a sensitividade deste processo já é tão grande que fica limitada, de certo modo, pelo “ruído de disparo atômico”, o equivalente atômico do “ruído de disparo”, o ruído encontrado na medição de correntes fracas, por causa das flutuações no número de elétrons que passam por um determinado ponto em um circuito, ou na medição dos níveis de luminosidade em um determinado ponto de uma fibra óptica, por causa da variação do número de fótons que passa por um determinado ponto. No caso do BEC, as medições dos campos seriam menos influenciadas por este ruído de disparo atômico, se fosse possível carregar mais átomos no BEC, que fica em uma pequena armadilha atômica, apenas a alguns mícrons da superfície em estudo, enquanto se mantivesse simultaneamente o potencial químico constante. A sensibilidade de nT e a resolução espacial micrométrica do sensor podem torná-lo útil para descobrir novos fenômenos de dísica de estado sólido e de superfícies. (Wildermuth et al., Applied Physics Letters, publicado online em 27 de junho de 2006; website do laboratório em www.atomchip.org )
MÚSICA DAS DUNAS (DUNE TUNES). Há séculos que os viajantes pelo mundo conhecem dunas de areia que emitem sons baixos, algumas vezes de grande qualidade tonal. No século XII, Marco Polo ouviu areias cantantes na China e Charles Darwin descreveu os claros sons oriundos de um depósito de areias de encontro a uma montanha no Chile. Agora, uma equipe de cientistas provou ser falsa a antiga crença de que o som era proveniente de vibrações das dunas como um todo, e provaram, através de estudos de campo e experiências controladas em laboratório, que os sons vêm de movimentos sincronizados de grãos em avalanches de determinado tamanho. Pequenas avalanches não produzem quaisquer sons detectáveis, enquanto grandes avalanches porduzem sons em um monte de freqüências (produzindo um ruído cacofônico). Porém, deslizamentos de areia do tamanho e velocidade adequados resultam em sons de uma freqüência pura, com apenas as oscilações sonoras suficientes para dar “colorido” ao som, como se as dunas fossem instrumentos musicais. Neste caso, porém, o ajuste não é devido a qualquer influência externa, mas a críticas tendências de auto-organização da própria duna. Os pesquisadores, desta forma, excluiram diversas explicações “musicais”. Por exemplo, o som das dunas não vem do atrito de blocos de areia contra o corpo principal da duna (tal como o som de um violino é produzido pelo atrito do arco sobre uma corda presa ao corpo do violino). Nem a música das dunas surge de um efeito de ressonância (da mesma forma que o ar ressoando no interior de uma flauta produz um tom puro), uma vez que se observou que o volume do som das dunas pode ser gravado em vários locais em torno da duna. Em vez disso, o som das areias vem do movimento do deslizamento livre, sincronizado, de areia grossa e seca, o que produz um som de freqüência mais baixa. Os cientistas – da Universidade de Paris (França), Harvard (EUA), Laboratório CNRS em Paris e a Inversidade Ibn Zohor (Marrocos) – estabeleceram um website
onde se pode ouvir os sons de diferentes dunas na China, Oman, Marrocos e Chile.
( http://www.lps.ens.fr/~douady/SongofDunesIndex.html ) . (Douady et al., Physical Review Letters, artigo em fase de publicação)
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PHYSICS NEWS UPDATE é um resumo de notícias sobre física que aparecem em convenções de física, publicações de física e outras fontes de notícias. É fornecida de graça, como um meio de disseminar informações acerca da física e dos físicos. Por isso, sinta-se à vontade para publicá-la, se quiser, onde outros possam ler, desde que conceda o crédito ao AIP (American Institute of Physics = Instituto Americano de Física). O boletim Physics News Update é publicado, mais ou menos, uma vez por semana.
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Como divulgado no numero anterior, este boletim é traduzido por um curioso, com um domínio apenas razoável de inglês e menos ainda de física. Correções são bem-vindas.

Google Earth e a minha casa

Salve, Pessoal!
Como uma frescurinha, de vez em quando, não custa nada, quem tiver o Google Earth pode descobrir onde fica meu esconderijo minha casa.
É só colocar o cursor em 22º 53′ 22.22″ S e 42° 21′ 59.40″ W (altura de cerca de 1.300 pés) dá para ver até a piscininha nos fundos (ainda bem que, quando tiraram a foto, ela estava limpa…)
Não é nada, não é nada, não é coisa nenhuma mesmo!…

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