Prêmio Nobel de Física 2015: as variações dos neutrinos.

Inside Science News Service

Detector de neutrinos Super-Kamiokande
Crédito da Imagem: cortesia do Observatório Kamioka do Instituto de Pesquisas sobre Raios Cósmicos da Universidade de Tóquio. 
Original (em inglês) publicado em 06/10/2015 
Por: Ben P. Stein, Diretor do ISNS.

(Inside Science) – O Prêmio Nobel de Física de 2015 foi concedido a dois físicos, um japonês e outro canadense, pela descoberta de que as abundantes partículas subatômicas, conhecidas como neutrinos, podem mudar suas identidades, um processo que requer que as pasrtículas – antes tidas como sem massa de repouso, como o fóton – realmente tenham uma massa.

O prêmio foi concedido conjuntamente a Takaaki Kajita da Universidade de Tóquio no Japão e a Arthur B. McDonald da Queen’s University em Kingston, Canadá “pela descoberta da oscilação de neutrinos que demonstra que os neutrinos têm massas”. Os dois agraciados lideraram dois dos principais observatórios subterrâneos em lados opostos do mundo. Kajita fazia parte da colaboração Super-Kamiokande no Japão e McDonald liderava um grupo no Observatório de Neutrinos Sudbury (Sudbury Neutrino Observatory, ou SNO) no Canadá.

“Os neutrinos são um enigma e o Prêmio Nobel de Física deste ano honra um passo fundamental para descobrir a natureza do neutrino”, declarou Olga Botner, membro do Comitê para Física no Nobel e professora de física na Universidade de Uppsala na Suécia.

“Esta foi uma grande premiação”, declarou o físico Michael Turner, diretor do Instituto Kavli de Física Cosmológica da Universidade de Chicago, que observou que este é o quarto Prêmio Nobel atribuído à pesquisa sobre neutrinos,desde 1988 até 2015.

O anúncio de hoje foi “duplamente maravilhoso”, comemorou Gene Beier, professor de física na Universidade da Pennsylvania, também um porta-voz do experimento SNOt. Beier também já trabalhou na experiência Kamiokande II, a predecessora do Super-Kamiokande.

Ambos experimentos deram grandes respostas.

“Os neutrinos são partículas fundamentais”, explicou McDonald pelo telefone, durante o anúncio desta manhã do Nobel na Suécia.

“O neutrino tem uma massa e esta é mais de um milhão de vezes menor que a do elétron”, disse Botner.

“Os neutrinos têm um ‘golpe’ acima de seu peso. Eles contribuem com tanta massa quanto as estrelas”, disse Turner.

Eles são um dos tipos conhecidos mais abundantes no universo, perdendo apenas para os fótons, as partículas de luz. Ainda assim, eles são elusivos e misteriosos. Ainda que, segundo as estimativas, bilhões deles passem através das pessoas a cada segundo, eles “atravessam nosso corpo sem que sintamos ou percebamos”, acrescenta Botner.

Na década de 1930, o físico teórico Wolfgang Pauli propôs inicialmente sua existência para explicar a energia que faltava em um tipo de reação nuclear, conhecida como “decaimento beta“.  Em uma carta datada de 1930, o físico, então com 30 anos, saudava seus colegas como “Caros Senhoras e Senhores Radiativos” (em alemão). Ele depois se desculpou, chamando (segundo relatos) sua proposta de “uma coisa terrível. Eu postulei uma partícula que não pode ser detctada”. O neutrino não irradiaria qualquer forma de luz ou campo eletromagnético. Acreditava-se que o neutrino seria eletricamente neutro – o que o tornaria ainda mais difícil de detectar.

O físico Enrico Fermi deu a essa partícula o nome “neutrino”, ou “coisinha neutra” em italiano. Acreditava-se que eles viajassem perto de ou na própria velocidade da luz.

Os físicos vieram a aceitar a ideia que os neutrinos foram produzidos em abundância no início do universo, em reações nucleares no interior das estrelas e em colisões entre raios cósmicos e a atmosfera. A maioria dos neutrinos passa por dentro da Terra sem serem detectados. Ocasionalmente eles colidem com algo e podem ser detectados.

Foi somente em 1956 que os primeiros sinais de neutrinos foram detectados em reações nucleares em experiências realizadas pelos físicos Frederick Reines e Clyde Cowan nos EUA. Cowan morreu em 1974, mas Reines foi honrado com um Prêmio Nobel (compartilhado) em 1995 pela detecção do neutrino.

No entanto, muito sobre o neutrino permanecia desconhecido.

Nos anos 1960, o físico Ray Davis conduziu experiências estudando os neutrinos vindos do Sol. Na Terra, os pesquisadores detectaram apenas um terço dos neutrinos que se esperava que emanassem do Sol. Será que os cientistas não conheciam com exatidão o Sol, ou estava acontecendo alguma coisa com os neutrinos? Davis compartilhou o Prêmio Nobel de Física em 2002 pela detecção de neutrinos cósmicos, juntamente com o físico jaopnês Masatoshi Koshiba que ajudou a projetar o experimento Kamiokande no Japão para confirmar os resultados de Davis.

Os físicos trabalharam ao longo de décadas para resolver o mistério dos neutrinos que faltavam. De acordo com o [atual] Modelo Padrão da física de partículas, existem três tipos de neutrinos, conhecidos como neutrinos de elétron, neutrinos de muon e neutrinos de tauon que acompanham as partículas com carga conhecidas como elétron, muon e tauon. O Sol produz apenas neutrinos de elétron. Alguns físicos sugeriram que alguns neutrinos de elétron se transformavam nos outros tipos de neutrinos em seu caminho para a Terra.

Mas antes de resolver este problema, os cientistas precisavam construir detectores suficientemente bons. Estes teriam que ser construídos dentro de rocha sólida para bloquear os outros tipos de partículas que abafariam os sinais dos neutrinos .

Em 1996, o detector Super-Kamiokande começou a funcionar no Japão. O Super-K foi construído em uma antiga mina de zinco, debaixo de 1.000 metros de rocha sólida. Contendo 50.000 toneladas de água, o Super-K foi projetado para detectar neutrinos de muon vindos das atmosfera, tanto da atmosfera logo acima, como aqueles que tivessem transpassado todo o globo. Ocasionalmente os neutrinos colidiriam com um elétron ou com um núcleo atômico em uma molécula d’água, e assim geraria uma centelha de luz. Esse poderoso detector subterrâneo só encontrou rastros de 5.000 neutrinos em seus primeiros dois anos de funcionamento.

Anallisando os dados, os pesquisadores descobriram uma diferença entre os neutrinos de muon detectados vindos de logo acima e aqueles que tinham atravessado a Terra. Então concluiram que os neutrinos de muon que atravessavam o globo se transformavam em um tipo diferente de neutrino.

Enquanto isso, o Observatório de Neutrinos Sudbury no Canadá, se empenhava em estudar os neutrinos vindos do Sol. De maneira análoga ao Super-K, ele se localizava em uma mina de níquel. No entanto ele ficava ainda mais enterrado, debaixo de 2.000 metros de rocha. Ele detectou ainda menos neutrinos vindos do Sol – cerca de três por dia em seus primeiros dois anos.

Seu tanque era preenchido com 1.000 toneladas de água pesada. Uma molécula d’água comum contém dois átomos de hidrogênio e um átomo de oxigênio. Na água pesada os hidrogênios são substituídos pelo seu primo mais pesado, o deutério que tem um nêutron extra. Vários tipos de colisões podem ocorrer na água pesada, onde os neutrinos de elétron produzem reações diferentes dos outros tipos de neutrino, o que permitia aos pesquisadores distinguí-los. Eles descobriram os dois terços dos neutrinos que passaram despercebidos nas experiências anteriores e também descobriram indícios que alguns neutrinos de elétron estavam se transformando nos outros tipos.

“Sim, foi mesmo um momento ‘eureka’. Nós conseguimos ver que os neutrinos pareciam estar se transformando de um tipo para outro”, disse McDonald hoje, durante o anúncio do Nobel.

O físico Peter Wittich, atualmente na Universidade Cornell, escreveu sua tese de Ph.D. sobre os resultados do SNO, como relata Beier, porém teve que aguardar até que os pesquisadores verificassem tudo para eliminar possíveis fontes de erro em seu experimento. Ele escondeu sua tese do público durante um ano enquanto o SNO confirmava os resultados.

O que o público pode não perceber é que essa é “a parte dura de qualquer experiência”, diz Beier, sobre a eliminação das fontes de erros. “Obter uma resposta é mais fácil do que se assegurar que ela está correta”, acrescenta ele.

Se os neutrinos estavam se transformando, como se confirmou posteriormente, isto tinha enormes implicações. Os físicos não sabiam se os neutrinos tinhas massa nula, como os fótons, ou tinham uma pequena massa. A teoria Padrão sugeria que eles não tinham qualquer massa.  Turner observa: “Segundo o [então] Modelo Padrão, eles deveriam ter massa nula”. Entretanto, se os neutrinos estavam mudando de tipo do jeito que os cientistas estavam constatando, eles teriam que ter massa…

Isto “deu os indícios de uma física além do [então] Modelo Padrão”, reconta Turner, e mostrava “que ainda havia algo mais a compreender sobre partículas e forças”.

Então os neutrinos podiam ter a chave para a expansão de nossa compreensão da matéria. Como os físicos sabem que eles têm massa, ao contrário do que previa o [então vigente] Modelo Padrão de física de partículas?

A física quântica sugere que qualquer objeto, tal como um elétron, pode agir tanto como uma partícula sólida, quanto como uma onda. Neutrinos também. Vindos do Sol, os neutrinos podem agir como ondas e possuir características de todos os três tipos de neutrinos. Quando são detectados em um experimento, eles são registrados como partículas e têm que assumir a identidade de um dos três tipos. As quantidades relativas dos três tipos de neutrinos que são detectados, depende das diferenças de massas entre os três tipos. O fato dos neutrinos poderem ir de um tipo para o outro e serem registrados em quantidades diferentes, sugere que eles têm massas ligeiramente diferentes.

Desde então, segundo Beier, outros importantes experimentos sobre neutrino vêm sendo feitos. O KamLAND começou um pouco depois. Este confirmou que o SNO estava detectando oscilações de neutrinos.

“Nós ficamos muito satisfeitos em termos sido capoazes de adicionar ao conhecimento mundial em um nível muito fundamental”, declarou hoje McDonald durante o anúncio do Nobel.

A descoberta das oscilações dos neutrinos levanta um pouco mais o véu que encobre o misterioso neutrino e, ao mesmo tempo, abre todo um novo campo de questões ainda sem resposta.


Ben P. Stein, diretor do Inside Science, vem cobrindo a física como escritor de ciências e deitor desde 1991. Seu Twitter é @bensteinscience.

As 10 melhores do ano (segundo a AAAS)

American Association for the Advancement of Science

A grande descoberta científica do Ano: O Bóson de Higgs

A longamente procurada partícula completa o Modelo Padrão da Física de Partículas

A observação de uma elusiva partícula subatômica, conhecida como o Bóson de Higgs, foi eleita pela publicação Science a mais importante descoberta científica de 2012. Essa partícula, cuja existência foi proposta há mais de 40 anos, guarda a chave para explicar como as outras partículas elementares (as que não são compostas por partículas menores), tais como os elétrons e os quarks, adquirem suas massas.

Além de reconhecer a detecção dessa partícula como a Descoberta Científica do Ano em 2012, a Science e seu editor internacional (sem fins lucrativos), a AAAS, identificaram nove outras realizações científicas de alta relevância no ano passado e as compilaram na lista das “10 mais” que será publicada na edição de 21 de dezembro.

Os pesquisadores revelaram indícios do Bóson de Higgs em 4 de julho, encaixando a última peça que faltava em um quebra-cabeças que os físicos chamam de Modelo Padrão da Física de Partículas. Esta teoria explica como as partículas interagem através das forças eletromagnética, nuclear fraca e nuclear forte, a fim de formar a matéria do universo. No entanto, até este ano, os pesquisadores não podiam explicar como as partículas envolvidas nessas interações adquiriam suas massas.

“A simples atribuição de massas às partículas fazia com que a teoria se tornasse matematicamente errática”, explica o correspondente  Adrian Cho da Science que escreveu sobre a descoberta para o artigo da Descoberta do Ano. “Dessa forma, as massas tinham que aparecer de alguma forma das interações das partículas originalmente sem massa. É aí que entra em cena o Higgs”.

Como explica Cho, os físicos presumem que o espaço é preenchido por um “Campo de Higgs”, similar a um campo elétrico¹. As partículas interagem com o Campo de Higgs para obter energia e — graças à famosa equivalência de massa e energia de Einstein — adquirem massa também. “Tal como um campo elétrico consiste de partículas chamadas fótons, o Campo de Higgs consiste de bósons de Higgs ocultos no vácuo”, explica ele. “Os físicos conseguiram agora estourá-los para fora do vácuo para uma breve existência”.

Porém essa vista do Bóson de Higgs não foi fácil de obter — nem custou barato. Milhares de pesquisadores trabalharam com um esmagador de átomos de 5,5 bilhões de dólares em um laboratório de física de partículas perto de Genebra, Suíça, chamado CERN, usando dois detectores de partículas gigantescos, chamados ATLAS e CMS, para detectar o bóson há muito procurado.

Ainda não está claro para onde esta descoberta conduzirá o campo da física de partículas no futuro, porém seu impacto na comunidade dos físicos neste ano é inegável, motivo pelo qual a Science declarou a detecção do bóson de Higgs a Descoberta do Ano em 2012. A edição especial do dia 21 de dezembro inclui três artigos escritos por pesquisadores do CERN, que ajudam a explicar como esse feito foi conseguido.

A lista de feitos científicos pioneiros de 2012 da Science é a seguinte:

O Genoma do Homídeo de Denisov:  Uma nova técnica que une moléculas especiais a cadeias singelas de DNA, permitiu aos pesquisadores sequenciar o genoma completo do Homídeo de Denisov a partir de apenas um fragmento de osso de um antigo dedo mínimo. O sequenciamento genômico permitiu aos pesquisadores comparar os Denisovanos — uma espécie arcaica de humanos muito semelhante aos Neandertals — com os humanos modernos. Também revelou que o osso de dedo pertenceu a uma menina de olhos castanhos, cabelos castanhos e pele escura que morreu na Sibéria entre 74.000 a 82.000 anos atrás.

Fabricação de Células Ovo a partir de Células Tronco: Pesquisadores japoneses demonstraram que células tronco embrionárias de camundongos podem ser levadas a se tornarem células ovo viáveis. Eles fecharam o caso quando as células, fertilizadas com esperma no laboratório, se desenvolveram em fetos de camundongos que nasceram de mães hospedeiras. O processo requer camundongos fêmeas para desenvolver os ovos em seus corpos por algum tempo, de forma que não foi atingido o principal objetivo dos cientistas: criar células ovo inteiramente no laboratório. Poré, fornece uma poderosa ferramenta para o estudo dos genes e outros fatores que influenciam a fertilidade e o desenvolvimento das células ovo.

Sistema de Pouso da “Curiosity”: Muito embora não fossem capazes de testar todo o sistema de pouso de seu rover sob condições marcianas, os engenheiros da missão do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena, California, conseguiram colocar o Curiosity de maneira segura e precisa na superfície de Marte. O veículo de entrada com 3,3 toneladas do rover era pesado demais para um pouso tradicional, de forma que a equipe se inspirou em guindastes e helicópteros para criar um “guindaste aéreo” que levou pendurado o Curiosity, com as rodas desdobradas, na ponta de três cabos. O pouso sem problemas assegurou aos planejadores que a NASA pode algum dia pousar uma segunda missão próximo de um rover antigo para coletar as amostras que o rover tenha coletado e trazê-las de volta à Terra.

Laser de Raios-X Revela a Estrutura de uma Proteína: Pesquisadores empregaram um laser da raios-X, que brilha um bilhão de vezes mais forte do que uma fonte síncrotron tradicional, para descobrir a estrutura de uma enzima necessária para o parasita Trypanosoma brucei, a causa da doença do sono africana. O avanço demonstrou o potencial de lasers de raios-X para decifrar proteínas que as fontes tradicionais de raios-X não conseguem.

Engenharia de Precisão de Genomas: A revisão e deleção do DNA de organismos mais complexos sempre foi um processo de tentativa e erro. Porém, em 2012, uma nova ferramenta conhecida como TALENs, (acrônimo para “transcription activator-like effector nucleases”), deu aos pesquisadores a capacidade de alterar ou inativar genes específicos em peixes paulistinhas, sapos, gado e outros animais — até mesmo em células em pacientes com doenças. Esta tecnologia, junto com outras que estão emergindo, está se provando ser tão eficaz quanto (e mais barata do que) técnicas correntes que visam os genes e pode permitir aos pesquisadores controlar tarefas específicas para os genes e suas mutações, tanto em indivíduos saudáveis, quanto doentes.

Férmions de Majorana : A existência dos férmions de Majorana, partículas que (entre outras propriedades) agem como a própria antimatéria e se aniquilam entre si, tem sido debatida por mais de sete décadas. Este ano, uma equipe de físicos e químicos na Holanda conseguiu obter os primeiros indícios consistentes de que essa matéria exótica realmente existe, na forma de quase-partículas: grupos de elétrons que interagem entre si e se comportam como uma só partícula. A descoberta já fez com que sejam desenvolvidos esforços para incorporar os férmions de Majorana na computação quântica, já que os cientistas acham que os “qubits” feitos dessas partículas misteriosas podem ser mais eficientes para a armazenagem e processamento de dados do que os bits atualmente usados nos computadores digitais.

O Projeto ENCODE:  Um estudo que se estendeu por toda uma década, relatado este ano em mais de 30 artigos, revelou que o genoma humano é mais “funcional” do que os pesquisadores pensavam. Embora tão somente 2% do genoma sirva de código para proteínas reais, o projeto da Encyclopedia of DNA Elements (Enciclopédia de Elementos do DNA), ou ENCODE, indicou que cerca de 80% do genoma é ativo, ajudando a ligar ou desligar os genes, por exemplo. Estes novos detalhes devem auxiliar os pesquisadores a compreender as maneiras pelas quais os genes são controlados e esclarecer alguns dos riscos genéticos para doenças.

Interfaces Cérebro-Máquina: A mesma equipe que havia demonstrado antes como gravações (das atividades) neurais do cérebro poderiam ser usadas para movimentar um cursor em uma tela de computador, demonstrou em 2012 que pacientes humanos paralíticos podem movimentar um braço mecânico com suas mentes e realizar movimentos complexos em três dimensões. A tecnologia ainda é experimental — e extraordinariamente cara — porém os cientistas têm esperanças que algorítimos mais avançados possam melhorar essas próteses neurais para ajudar pacientes paralisados por derrames, lesões na espinha e outras condições mórbidas.

Ângulo de Mistura de Neutrinos: Centenas de pesquisadores que trabalham na Experiência com Neutrinos no Reator da Baía Daya, na China, relataram que o último parâmetro desconhecido de um modelo que descreve como as elusivas partículas, conhecidas como neutrinos, mudam de um “sabor” para outro, na medida em que se deslocam próximos da velocidade da luz. Os resultados mostram que neutrinos e anti-neutrinos possivelmente podem mudar de sabor de maneira diferente e sugerem que a física de neutrinos pode algum dia auxiliar os pesquisadores a explicar porque o universo tem tanta matéria e tão pouca antimatéria. Se os físicos não conseguirem identificar outras novas partículas além do bóson de Higgs, a física de neutrinos pode representar o futuro da física de partículas.

 

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 Nota do tradutor:

1 – Pelamordedeus!… Isso é um texto referendado pela AAAS! Comparar o campo escalar de Higgs com um campo vetorial eletromagnético é meio forte!

Para alguma coisa os neutrinos servem: transmissão de mensagens

University of Rochester

Pesquisadores enviam mensagem “sem fio” usando neutrinos (através de rocha sólida)

Um grupo de cientistas, liderados por pesquisadores das Universidades de Rochester e Estadual da Carolina do Norte, enviaram, pela primeira vez, uma mensagem utilizando um feixe de neutrinos – aquelas partículas quase sem massa e que viajam quase à velocidade da luz. A mensagem foi enviada através de 240 metros de rocha e dizia simplesmente: “neutrino”.

“Com o uso de neutrinos, seria possível a comunicação entre quaisquer dois pontos da Terra sem o uso de satélites ou cabos”, diz Dan Stancil, professor de engenharia elétrica e de computação da NC State e autor principal de um artigo que descreve a pesquisa. “Os sistemas de comunicações por neutrinos teriam que ser muito mais complexos do que os atuais, mas podem ter importantes usos estratégicos”.

Diversas pessoas já teorizaram acerca da possibilidade de empregar os neutrinos em comunicações por causa de uma propriedade particularmente valiosa destes: eles podem atravessar quase qualquer coisa que esteja em seu caminho.

Se essa tecnologia fosse aplicada a submarinos, por exemplo, eles poderiam se comunicar por longas distâncias, mesmo submersos, o que é muito difícil, para não dizer impossível, com a atual tecnologia. E, se quiséssemos nos comunicar com algo no espaço exterior que estivesse no lado oculto da Lua ou de outro planeta, nossa mensagem poderia ser enviada diretamente através do corpo celeste sem qualquer impedimento.

“É evidente que nossa atual tecnologia faz uso de enormes equipamentos de alta tecnologia para enviar uma mensagem por meio de neutrinos, de forma que ainda não é algo prático”, diz Kevin McFarland, um professor de física da Universidade de Rochester que não esteve envolvido na experiência. “Mas o primeiro passo na direção de algum dia empregar neutrinos para comunicação de forma prática, é uma demonstração que se valha da tecnologia existente”.

A equipe de cientistas que demonstraram que isso é possível, realizou seus testes no Fermi National Accelerator Lab (conhecido como Fermilab), nas cercanias de Chicago. O grupo apresentou suas descobertas à publicação Modern Physics Letters A.

No Fermilab os pesquisadores têm acesso a dois componentes cruciais. O primeiro é um dos mais poderosos aceleradores de partículas do mundo que cria feixes de neutrinos de alta intensidade, acelerando prótons em redor de uma circunferência de 2,5 milhas e os fazendo colidir com um alvo de carbono. O segundo é um detector de muitas toneladas chamado MINERvA, localizado em uma caverna a   100 metros abaixo do solo..

O fato de um aparato tão gigantesco ser necessário para a comunicação por meio de neutrinos, significa que ainda é necessário muito trabalho, antes que a tecnologia possa assumir uma forma de uso prático.

O teste de comunicações foi realizado durante um período de duas horas quando o acelerador estava funcionando a meia potência, devido a um período de desligamento programado. Os dados de interação regularmente detectados por MINERvA foram coletados ao mesmo tempo que o teste de comunicação era realizado.

Atualmente, a maior parte das comunicações é realizada pelo envio e recepção de ondas eletro-magnéticas. É assim que nossos rádios, celulares e televisões funcionam. No entanto, as ondas eletro-magnéticas não atravessam facilmente a maior parte da matéria. Elas são bloqueadas pela água, pelas montanhas e vários outros líquidos e sólidos. Por outro lado, os neutrinos atravessam regularmente os planetas sem serem perturbados.

Por causa de sua carga eletromagnética neutra e massa quase nula, os neutrinos não estão sujeitos à atração magnética e não sofrem uma influência significativa da gravidade, de forma que se movem virtualmente sem impedimentos.

A mensagem que os cientistas enviaram com o uso de neutrinos foi em código binário. Em outras palavras, a palavra “neutrino” foi representada por uma série de 1’s e 0’s; os 1’s correspondendo a um grupo de neutrinos disparados e os 0’s à ausência de neutrinos. Os neutrinos foram disparados em enormes grupos porque, mesmo com um detector de várias toneladas, eles são tão elusivos que apenas um em cada dez bilhões de neutrinos são detectados. Depois que os neutrinos eram detectados, um computador na outra extremidade traduzia o código binário de volta ao inglês e a palavra “neutrino” foi recebida com sucesso.

“Os neutrinos tem se constituído em uma ferramenta excepcional para nos ajudar a aprender acerca do funcionamento do núcleo [atômico] e do universo”, disse Deborah Harris, gerente do projeto Minerva, “mas a comunicação por meio de neutrinos ainda tem um longo caminho pela frente até ser eficaz”.

Minerva é uma colaboração internacional de físicos nucleares e de partículas de 21 instituições que estudam o comportamento dos neutrinos, usando um detector localizado no Fermilab, perto de Chicago. Esta foi a primeira experiência no mundo a usar um feixe de alta intensidade para estudar as reações dos neutrinos com núcleos de cinco diferentes tipos de material alvo, criando, pela primeira vez, uma comparação lado a lado dessas interações. Isso auxiliará a completar o quadro dos neutrinos e permitir que os dados seja interpretados de maneira mais clara em experiências correntes e futuras.

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Neutrinos mais rápidos do que a luz?… (2)

Atualização rapidinha: Phil Plait, em seu blog Bad Astronomy, fala de uma notícia não confirmada de que os tais 60 nanossegundos de diferença medidos nos neutrinos emitidos pelo LHC e captados no Gran Sasso podem ser resultado de uma má conexão no cabo de fibra óptica que envia os dados do receptor do GPS para um circuito do computador… Link para o original (em inglês): Unconfirmed rumor: FTL neutrinos may be due to a faulty GPS connection.

Nada de dobra, Senhor Sulu!…

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