Raios em erupções vulcânicas

 Traduzido de: A New Kind Of Lightning ]

Um tipo de raio vulcânico foi descoberto durante a erupção do Monte Redoubt em janeiro de 2009.

26 de janeiro de 2010

Por Emilie Lorditch
Inside Science News Service

Mount Reboubt Lightning

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Raios na nuvem de cinzas no topo do Monte Redoubt na erupção de 28 de março Crédito: Bretwood Higman, GroundTruthTrekking.org


WASHINGTON (ISNS) — Quando o sismologista vulcanólogo Stephen McNutt do Instituto Geofísico Fairbanks da Universidade do Alaska viu estranhos picos nos dados sismográficos da erupção do Monte Spurr em 1992, ele não fazia a menor ideia de que suas pesquisas iriam enveredar por um caminho eletrizante.


“Os sismógrafos estavam na verdade captando a queda de raios”, lembra McNutt. “Eu sabia que tinha que sair à procura de físicos que estudassem os raios”. 

Quando a curiosidade de McNutt sobre raios vulcânicos começou a lançar faíscas, ele se associou ao físico e engenheiro elétrico Ronald Thomas e à estudante de pós-graduação Sonja Behnke, que estudava física atmosférica no Instituto de Mineração e Tecnologia do Novo México em Socorro, formando uma equipe ímpar para estudar melhor os raios vulcânicos.

Quando o vulcão do Monte Redoubt começou a apresentar atividade sísmica em janeiro de 2009, McNutt avisou Thomas e Behnke esta seria uma grande oportunidade para capturar alguns dados novos sobre raios vulcânicos. Quando o vulcão entrou em erupção em março, a equipe já tinha quatro Dispositivos de Mapeamento de Raios (Lightning Mapping Arrays = LMA) posicionados para monitorar os raios emitidos pela erupção.

“O LMA é basicamente uma velha antena de TV, calibrada para receber o canal 3 – a mesma frequência de irradiação dos raios”, explica Behnke.

Posicionar os LMAs a cerca de 80 km do vulcão, através de um curso d’água conhecido como Cook Inlet no centro-sul do Alaska pode não parecer o posicionamento ideal, mas, como explica a equipe, existem obstáculos para a colocação dos LMAs próximo do vulcão.

“Nós não poidíamos posicionar os LMAs no vulcão, porque este é um lugar remoto e selvagem e as estações precisam de energia e de internet para funcionar”, lembra Thomas.

Quando começaram a chegar os dados da erupção, a equipe encontrou algo inesperado.

“Vimos vários raios – de 20 a 30 minutos de raios”, recorda Thomas.
“Vimos ainda mais raios do que normalmente se vê durante uma grande trovoada”. 

Não só a quantidade de raios era atípica, como também o tipo de raios que vinham do vulcão.

“No momento em que a erupção começou, apareceram essas centelhas vindas da chaminé do Redoubt que duravam apenas entre 1 e 2 milissegundos”, diz McNut. “Esse era um tipó diferente dos raios que tinhamos visto antes”. 

Os habitantes da região e os cientistas que testemunharam as explosivas erupções do Monte Redoubt descreveram os eventos como uma visão de tirar o fôlego.

“Todos eles disseram que foi o maior espetáculo de raios que eles jamais viram”, afirma Thomas.

A equipe também esteve estudando como os recém-descobertos raios vulcânicos se comparam aos conhecidos raios de trovoadas.

“É algo fascinante aprender como os raios vulcânicos são semelhantes – e, no entanto, tão diferentes – dos raios de trovoadas”, afirma Behnke.


Terremoto no Haiti: pode não ter acabado ainda…

[ traduzido de:Scientists Return to Haiti to Assess Possibility of Another Major Quake ]

Geocientistas vão coletar dados cruciais para avaliação de possíveis riscos futuros

A GPS
receiver and antenna sit atop a roof in Port-au-Prince, Haiti.

Em uma foto anterior ao terremoto, um receptor e uma antena de GPS instalados na laje de um prédio em Port-au-Prince, Haiti.
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25 de janeiro de 2010

Uma equipe financiada pela National Science Foundation (NSF) está voltando ao Haiti esta semana para investigar a causa do terremoto de magnitude 7 lá ocorrido em 12 de janeiro.

Os geólogos vão coletar dados cruciais para avaliar se o terremoto pode desencadear outro evento grave a leste ou oeste da capital do Haiti, Port-au-Prince.

Eric Calais, um geofísico da Universidade Purdue que lidera a equipe, declarou que a maior parte das réplicas ocorrem no intervalo de semanas após o tremor iniicial e que a equipe precisa chegar urgentemente ao local para fazer uma avaliação detalhada, antes que as informações geológicas cruciais desapareçam.

,

Segundo Calais, “A questão principal é saber se, depois das pequenas réplicas, poderia estar a caminho um terremoto ainda maior. Existem diversos exemplos históricos de um terremoto inicial desencadear um ainda maior ao longo da mesma falha ou de falhas próximas. Estamos preocupados com a República Dominicana, porque nossos modelos preliminares mostram que a continuação da falah nessa área está sobrecarregada”.

O terremoto de 12 de janeiro causou danos no Haiti estimados em 200.000 mortos, 250.000 feridos e 1,5 milhão de desabrigados. Port-au-Prince sentiu uma réplica de magnitude 6 em 20 de janeiro.

Geophysicist Eric Calais holds a geodetic marker that tracks even
very small Earth movements.

O geofísico Eric Calais segura um marcador geodésico que rastreia até os menores movimentos da Terra.
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“Os dados de GPS e geológicos que essa equipe vai recolher, vão fornecer conhecimentos importantes para estabelecer a causa do terremoto de 12 de janeiro no Haiti”, declara Tim Killeen, diretor assistente da NSF para geociências, “e são essenciais para avaliar o potencial para a ocorrência de futuros terremotos na área de Port-au-Prince”.

O Serviço de Minas e Energia e a Agência de Defesa Civil do governo haitiano convidaram Calais e sua equipe a retornar ao país para examinar a falha e aconselhar as autoridades quando do início dos trabalhos de reconstrução.

“O governo precisa de aconselhamento científico para decidir o que fazer agora e no futuro, quando começarem a pensar em reconstrução”, confirma Calais. E prossegue:

“Nós sabemos como fazer os cálculos que servirãode base para predizer se a probabilidade de novos terremotos ao longo da falha aumentou, porém precisamos de informações que só podem ser obtidas no próprio local, mediante observações diretas e medições feitas diretamente no solo”.

Louis
Obenson of Haiti's Civil Protection Agency installs GPS equipment in
Port-au-Prince.

Louis Obenson da Agência de Defesa Civil do Haiti instala o equipamento GPS em Port-au-Prince.
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A equipe de pesquisas de Calais vinha rastreando o acúmulo de energia ao longo das falhas Setentrional e de Enriquillo na ilha Hispaniola, que abriga o Haiti e a República Dominicana, usando tecnologia do Global Positioning System (GPS).

A equipe estudou a área por cinco anos, usando 100 marcadores GPS. Em 2008, os pesquisadores alertaram para a probabilidade de ocorrência de um terremoto de magnitude 7,2 no Haiti e um de magnitude 7,5 na República Dominicana, em uma pesquisa financiada pela NSF.

Agora, a NSF alocou uma nova verba para a equipe para encontrar e mapear a área da falha onde ocorreu a ruptura, plotar novamente os marcadores GPS existentes e instalar 10 novos marcadores contínuos para monitorar as mudanças que ocorrerão nos anos vindouros, na medida em que a crosta terrestre se reajusta.

A equipe de pesquisas inclui ainda outros geocientistas: Andrew Freed e a estudante de pós-graduação Sarah Stamps, da Purdue; Paul Mann da Universidade do Texas em Austin; Glenn Mattioli da Universidade do Arkansas; Estelle Chaussard da Universidade de Miami; e Richard Koehler da Divisão do alaska do Serviço Geológico e Geofísico dos EUA.

In
Haiti, areas in red are closer to rupture; grey circles show the
locations of aftershocks.

Haiti: as áreas em vermelho são as mais próximas do ponto de ruptura; os círculos cinzentos marcam as réplicas.
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O apoio técnico para a operação é prestado pela UNAVCO, a estatal vinculada à NSF que opera o sistema GPS com base em Boulder, Colorado.

A partir das medições por GPS na superfície, a equipe pode estabelecer o que aconteceu ao longo da falha até sua profundidade máxima de 20 km no subsolo.

As medições precisas desses movimentos subterrâneos é crítica para a validação dos modelos de mudanças de estresse que podem indicar a probabilidade potencial – e a possível magnitude – de futuros terremotos, afirma Calais.

The
seismotectonic context of Earth's Caribbean tectonic plate is shown in this map.

Mapa com o ambiente sismo-tectônico da Placa Tectônica do Caribe.
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“Os estesses em mutação na crosta terrestre depois de um grande terremoto, podem atuar nos sentidos de travar ou de destravar outras falhas. Se uma falha estiver prestes a destravar e uma mudança no estresse aliviar ligeiramente a pressão, ela pode se romper e causar um terremoto”, explicou ele.

“Nós achamos que é isso que vem causando as réplicas que se concentram mais na extremidade oeste da área do epicentro, inclusive a recente réplica de magnitude 6”.

A equipe também vai colaborar com Falk Amelung e Timothy Dixon da Universidade de Miami para coletar dados de radar por satélite para mapear as mudanças antes e depois do terremoto. Essa informação, combinanda com os dados do GPS, resultarão na estimativa mais precisa da fonte do terremoto, um ponto de partida fundamental para estudos futuros.

This map shows the historical seismicity in Hispaniola before 1960.

Mapa com o histórico sísmico da Ilha Hispaniola, antes de 1960.
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“Esta é uma oportunidade sem precedentes para estudar um grande terremoto ocorrido em uma falha onde se encontram duas placas tectônicas”, disse Freed. “O que aprendermos aqui pode ser traduzido para outras falhas similares por todo o mundo, tais como o Sistema de Falhas de San Andreas. Felizmente, grandes terremotos não ocorrem com frequência, mas isso torna esta uma rara oportunidade para aprender sobre o comportamento da Terra”.

A despeito do convite do governo haitiano e de ser uma missão da NSF, conseguir transporte para o Haiti foi difícil, disse Calais. Membros do Departamento de Tecnologia de Aviação da Purdue mexeram uns pauzinhos junto à firma Aeroservice em Miami para conseguir que Calais e seus equipamentos fossem transportados para Port-au-Prince em um avião de carga que levava suprimentos de emergência para o país.

Calais observa que “a ajuda de meus colegas da Purdue foi fundamental para me levar a Port-au-Princ. Não está fácil entrar no país agora e não queríamos interferir com o mais importante: a chegada de suprimentos e pessoal de socorro”.

Além de bancar o transporte, a companhia Trimble, fabricante de equipamentos de GPS, doou ao Haiti seis receptores de GPS, adaptados para operação em campo pela UNAVCO e que serão posicionados pela equipe de pesquisas.


ISNS: A caminho dos exawatts

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[ Traduzido de: Going For Exawatts ]

Uma universidade no Texas está tentando construir o laser mais poderoso do mundo.

25 de janeiro de 2010

Por Phillip F. Schewe
Inside Science News Service

Todd Ditmire

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O Dr. Todd Ditmire dirige o projeto do Texas Petawatt na Universidade do Texas em Austin

Crédito: UT Austin


WASHINGTON (ISNS) — Produzir um laser com um terawatt de energia – ou seja, um trilhão de watts – costumava ser algo impressionante, no entanto a vanguarda da pesquisa da energia óptica anda na casa de 1 quatrilhão de watts, ou seja, 1 petawatt. Porém mesmo uma tal energia não é o bastante para o professor de física Todd Ditmire da Universidade do Texas em Austin.

Ditmire planeja construir um laser de exawatt, uma potência equivalente a 1.000
petawatts. Mas esse super-laser ainda está a anos do atual estado-da-arte. Enquanto isso, Ditmire já tem o laser mais poderoso do mundo.

Para fazer uma ideia do que significa um exawatt, compare com uma típica lâmapda incandescente de 100 W. A capacidade de toda a rede de energia elétrica dos EUA é de cerca de 10 bilhões de vezes isso, ou seja, cerca de 1 terawatt. Assim, toda a rede de energia elétrica dos EUA poderia acender continuamente 10 bilhões de lâmpadas de 100 W. Um
petawatt é 1.000 vezes isso tudo e um exawatt são 1.000 petawatts.

O laser de Ditmire não produz mais energia do que a rede de energia dos EUA toda: o laser atinge seu pico máximo por um breve instante de cada vez e o faz a partir de uma quantidade pequena de energia por um período menor do que um trilionésimo de segundo. Apenas durante esse instante o laser da UT Austin se torna mais poderoso do que toda a rede de energia elétrica. Ditmire usa uma técnica conhecida como “chirping” (uma técnica de compressão de pulso por modulação linear de frequência) para estender o tempo de duração do breve pulso de luz. Esse pulso alongado é amplificado a uma energia mais alta e então re-comprimido para uma duração mais curta, comprimindo a energia em um pacote muito poderoso.
 

O principal emprego do Texas Petawatt Laser, como ele é chamado, é produzir fusão termonuclear, um processo que muitos engenheiros gostariam de dominar para a produção de energia elétrica comercial. Outras configurações usam a energia do laser para bombardear alvos que liberam nêutrons que podem ser usados em pesquisas biomédicas ou de nanotecnologia.

Para alcançar sua próxima meta, lasers com exawatts de potência, Ditmire espera combinar tecnologias já conhecidas de laser e sua técnica já comprovada de pulsos curtos, com novos materiais de vidro para lasers que permitirão a amplificação a energias ainda mais altas, porém estima que a construção de um laser na casa do exawatt possa demorar ainda uns 10 anos.

O ano de 2010 marca o 50º aniversário da invenção do laser, o que vem sendo sublinhado pelo LaserFest  que enfatiza a importância dos lasers em vários congressos científicos por todo o ano. Os dipositivos laser apresentam a qualidade única de concentrar uma grande quantidade de energia luminosa em um pequeno ponto e enviar feixes de luz em linhas quase retas, tornando possíveis coisas como cirurgias a laser, mapeamentos a laser e apontadores a laser.

Vendo os cristais crescerem


Traduzido de: Watching Crystals Grow May Lead to Faster
Electronic Devices

Uma pesquisa que pode melhorar a manufatura das películas finas e livres de defeitos, necessárias para a fabricação de semicondutores

Illustration showing how atoms land on top of each other creating
rough spots on thin films.

Os átomos se depositam uns por cima dos outros, criando pontos ásperos nas finas películas usadas para produzir os semicondutores.
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21 de janeiro de 2010

Observe o crescimento de um cristal neste vídeo.

A busca por dispositivos eletrônicos mais rápidos esbarrou recentemente em um verdadeiro calombo. Os cientistas da Univesidade Cornell, Ithaca, N.Y., descobriram que as películas cristalinas finas e lisas para a fabricação de semicondutores, que são a base dos computadores modernos, podem ser feitas ainda mais lisas se controlarmos os rápidos movimentos aleatórios das partículas atômicas que afetam a maneira como os cristais crescem.

Segundo Charles Ying, diretor de programa da Divisão de Pesquisas de Materials da Fundação Nacional de Ciências (NSF), “O principal benefício de películas cristalinas lisas para dispositivos eletrônicos é que os elétrons podem ir de um lugar a outro dentro do dispositivo com um mínimo de disrupção. Isso, por sua vez, permite dispositivos eletrônicos mais rápidos e um menor consumo de energia”.

A pesquisa é parcialmente financiada pelo Centro Cornell de Pesquisa de Materiais, que tem o apoio da NSF. As descobertas estão sendo publicadas na edição online de hoje da  Science.

Liderados pelo professor assistente de física Itai Cohen da Cornell, os pesquisadores recriaram as condições de crescimento de um cristal camada por camada, usando partículas muito maiores do que átomos, porém pequenas o bastante ainda para se comportarem como átomos. Da mesma forma que se usa bolas de praia para modelar o comportamento da areia, os cientistas
usaram uma solução de pequenas esferas de plástico 50 vezes menores do que um fio de cabelo para reproduzir as condições que levam à cristalização na escala atômica. Com esta modelagem precisa, eles puderam observar como as camadas cristalinas crescem.

Usando um microscópio eletrônico, os cientistas puderam observar exatamente o que seus “átomos” – na verdade partículas de sílica de tamanho medido em mícrons, suspensas em um fluido – faziam ao se cristalizarem. Além disso, eles ainda foram capazes de manipular partículas individuais, uma de cada vez, e testar as condições que levam ao crescimento de uma película cristalina lisa.

“Essas partículas são grande e lentas o bastante para podermos ver o que acontece em tempo real”, explica o estudante de pós-graduação Mark Buckley. Com essa observação, os pesquisadores descobiram que os rápidos movimentos aleatórios de uma partícula são um fator chave que afeta o modo como os cristais crescem.

Enquanto alguns materiais crescem em cristais lisos, outros tendem a desenvolver calombos e defeitos – o que é um sério problema para a manufatura de películas finas. Os pesquisadores estão tentando melhorar o processo na escala atômica, mas a principal dificuldade para a fabricação de películas lisas é que os átomos frequentemente formam aleatoriamente pilhas, em lugar de se cristalizarem em finas películas.

Isto acontece porque , quando os átomos são depositados em um substrato, eles formam inicialmente pequenos cristais, chamdos “ilhas”. Quando se despeja mais átomos por cima desses cristais, os átomos tendem a ficar no topo das ilhas, em lugar de escorrerem pelas bordas. Isso cria os indesejados pontos ásperos e, segundo Cohen, se a ideia é criar uma película lisa, isso é “game over”.

A teoria convencional diz que os átomos que pousam no topo das ilhas sofrem um “puxão” energético dos outros átomos que os impede de rolar pelas bordas. No sistema usado na experiência, os pesquisadores eliminaram esse puxão, encurtando as ligações entre as partículas. No entanto, eles ainda observaram que suas partículas hesitavam nas bordas das ilhas.

Uma análise mais profunda, com o uso de pinças ópticas que manipulavam partículas individuais, permitiu aos pesquisadores medir quanto tempo as partículas levavam para sair das ilhas de cristal. Como as partículas estavam em suspensão em um fluido que as fazia se moverem, elas exibiam moviemtno browniano. Na medida em que as partículas se moviam e se difundiam de uma área para outra, os pesquisadores notaram que a distância que uma partícula tinha que percorrer para “cair” da borda de uma ilha era três vezes maior do que para se mover lateralmente de um ponto da ilha para outro. E, como essa distância tinha que ser percorrida em movimento browniano, o percurso podia ficar até nove vezes mais comprido até a “queda”. Essa diferença explica porque os pesquisadores ainda observavam uma “barreira” nas borda das ilhas.

Os átomos em uma película cristalina atômica se movem de uma maneira semelhante ao movimento browniano, uma vez que as vibrações do cristal subjacente, chamadas fonons, tendem a empurrá-los de cá para lá. Os pesquisadores supõem que, além das ligações interatômicas, esse movimento aleatório também possa contribuir para a barreira na borda das ilhas do cristal e, desta forma, para a aspereza da película de cristal.

“Se os princípios que descobrimos puderem ser aplicados na escla atômica, os cientistas serão capazes de controlar melhor o crescimento das finas películas usadas na manufatura de componentes para nossos computadores e celulares”, afirma Cohen.

Os autores do artigo são o antes doutor-associadohe Rajesh Ganapathy, agora membro do corpo docente do Centro Jawaharlal Nehru para Pesquisa Científica Avançada em Bangalore, Índia, assim como Sharon Gerbode e Mark Buckley, estudantes de pós-graduação no laboratório de Cohen na Cornell.

Além da NSF,
o trabalho foi finanaciado por King Abdullah University of Science and
Technology
e Cornell Nanoscale Science and Technology Facility.

A blindagem do caracol


[ Livremente traduzido de: The Fantastic Armor of a Wonder Snail ]

Exoesqueleto de um recém-descoberto molusco gastrópode pode ajudar o desenvolvimento de novos materiais resistentes


Illustration showing the coat that protects a deep-sea gastropod from a knight's lance.

Um molusco das profundezas do mar tem uma casca que o protege de ataques penetrantes.
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18 de janeiro de 2010

Nas profundezas do campo de Kairei de fontes hidrotermais, a quatro quilômetros e meio de profundidade no Oceano Índico, os cientistas descobriram um molusco gastrópode cuja blindagem pode ajudar no desenvolvimento de materiais resistentes a cargas e de proteção em todas as áreas, de fuselagens de aeronaves a material esportivo.

Os pesquisadores do Centro de Pesqsuisas em Ciências e Engenharia de Material no Instituto de Tecnologia de Massachsetts, com o apoio da Fundação Nacional de Ciências, estão estudando as propriedades físicas e mecânicas da casca do molusco. Um relatório, intitulado “Protection mechanisms of
the iron-plated armor of a deep sea hydrothermal vent gastropod”
(Mecanismo de proteção da couraça revestida com ferro de um gastrópode de uma fonte hidrotermal do fundo do mar), será publicado esta semana em Proceedings of the National Academy of Sciences.

O assim chamado “gastrópode dos pés-escamosos” (“scaly-foot gastropod”) tem uma concha sem igual com três camadas que pode conter novos princípios para projetos de mecânica no futuro. Mais especificamente, ele tem uma camada interna altamente calcificada e uma camada intermediária espessa. No entanto é sua camada externa extraordinária, fundida com sulfeto de ferro, que entusiasma os pesquisadores.

O campo de Kairei é uma série de profundas fendas na superfície do planeta ao longo de uma cadeia de montanhas vulcânicas abaixo do Oceano Índico. Nela, os pesquisadores de uma expedição descobriram esse caracol, até então desconhecido, em 1999.

Image showing the outer layer of the scaly-foot gastropod that is fused with granular iron sulfide.

A camada externa da casca do gastrópode de pés-escamosos é fundida com sulfeto de ferro granulado.
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Christine Ortiz, líder do projeto no Departamento de Ciências e Engenharia de Materiais do MIT, explica: “Os fluidos das fontes hidrotermais têm uma alta concentração de sulfetos e metais, mas este molusco é único por incorporar esses materiais abundantes no ambiente na estrutura de sua casca. Nós ficamos interessados em estudar a estrutura e as propriedades de cada camada, para ver como elas se comportam mecanicamente”, acrescentando que a cmada interior orgânica também apresenta interesse.

Os pesquisadores se mostraram particularmente interessados nas vantagens que a estrutura apresenta para a proteção contra ataques penetrantes vindos de predadores. A compreensão disto pode fornecer novas idéias para materiais que podem ser empregados em automóveis, caminhões e empregos militares. 

Para testar as propriedades da casca, os pesquisadores realizaram experiências que simularam ataques genéricos de predadores, usando tanto modelos de computador, como testes de indentação. O teste de indentação envolveu golpear o topo da casca com a ponta afiada de uma sonda para medir a dureza e rigidez da casca.

Foram encontrados alguns predadores em potencial na mesma região do gastrópode de pés- escamados. Um dos predadores, o caracol conídeo,
usa um dente em forma de arpão para furar a casca e injetar um veneno paralizante. Além deles, sabe-se que caranguejos do mar costumam prender gastrópodes com suas piunças e tentam perfurar suas conchas e/ou espremê-los, algumas vezes durante dias, até que a casca dos moluscos se quebre.

Os testes levaram à conclusão de que “cada camada do exoesqueleto [do molusco] é responsável por tarefas distintas e multifuncionais na proteção mecânica”, relatam Ortiz e seus colegas. Os testes revelam que a casca “apresenta vantagens em termos de resistência à penetração, dissipação de energia, mitigação de fraturas e seu reparo, redução de mossas e resistência a cargas de flexão e tensão”.

Ainda segunto Ortiz, “nosso estudo indica que o gstrópode de pés-escamados experimenta mecanismos de deformação e proteção muito diferentes dos demais gastrópodes. Ele tem uma proteção muito eficaz, mais do que os moluscos comuns”.

O projeto foi secundado por pesquisadores da Raytheon, Inc., Marlboro, Massachusetts e da Asylum Research, Santa Barbara, Califórnia.

ISNS: Depois do Haiti, temores de outros grandes terremotos

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Traduzido de: After Haiti, Worries About Other Big Quakes

Pesquisadores tentam identificar regiões em risco mas não podem prever onde será o próximo “big one”

15 de janeiro de 2010

Por Devin Powell
Inside Science News Service


Caribbean Tectonic Plate

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A Placa Tectônica do Caribe fica espremida entre quatro placas circunvizinhas.

Crédito: ISNS

WASHINGTON
(ISNS) — Nos últimos dias, enquanto as atenções do mundo se voltam para o drama humano do terremoto de terça-feira no Haiti,
os cientistas começaram a examinar o drama geológico do terremoto. Quais são os perigos para outras populações que vivem próximas de outras linhas de falha no Caribe – eles se perguntam – e quais outras áreas do mundo correm risco?

Os sismologistas apenas começaram o longo processo de analise das reverberações geológicas do terremoto de magnitude 7,0. Eles estão preocupados que o desastre desta semana possa aumentar as chances de outro tremor no Haiti, embora seus modelos de computador possam acalmá-los depois que todos os dados estiverem digeridos.

“O que mais nos preocupa é a Península Haitiana, a área a Oeste dessa ruptura da falha”, declarou a sismologista Carol Prentice oo U.S.
Geological Survey
(USGS – Serviço Geológico dos EUA) em Menlo Park, Califórnia, que estuda o Caribe.

Ainda dependendo de uma análise mais detalhada – que levará semanas e pode ser prejudicada pela falta de equipamentos de coleta de dados no Haiti – Prentice diz que o terremoto no Haiti pode ter aumentado as chances de um terremoto futuro na vizinha República Dominicana também. No entanto, ela acrescentou que a probabilidade desse evento repercutir em outras nações do Caribe, tais como a Jamaica, Cuba e Porto Rico é extremamente baixa.

“Jamaica, Cuba e toda a área precisam se preocupar com terremotos por outras razões”, diz Prentice. “Mas este terremoto em particular provavelmente não mudou o estresse nas falhas tão longe”.

Um histórico de violência

Por todo o mundo, são relatados terremotos de magnitude 7,0 e mais intensos cerca de 18 vezes a cada ano e ao menos uma dúzia deles ocorreram no Caribe nos últimos 500 anos. Em 1946 um terremoto de magnitude 7,6 na República Dominicana deixou 20.000 desabrigados e o terremoto de 1843 nas Ilhas de Sotavento matou cerca de 5.000.

Conectadas entre si por baixo do oceano, essas nações insulares estão todas sobre um grande pedaço da crosta terrestre chamado de Placa do Caribe. Esta placa tectônica está escorregando lentamente na direção Leste, com relação à vizinha Placa da América do Norte. Mas as bordas das duas placas não deslizam suavemente de encontro à outra; ao invés, elas se travam e grudam, formando rachaduras ou “falhas” nas quais o estresse se acumula. Quando a tensão fica grande demais, as rochas de ambos os lados da falha escorregam subitamente e, em casos extremos, produzem um grande terremoto. Duas dessas falhas correm ao longo do Haiti e da República Dominicana.

Em
2008 uma equipe de geólogos calculou quanta tensão tinha se acumulado na falha do sul, responsável pelo terremoto desta semana, a Falha Enriquillo-Plantain Garden, que vai da Jamaica no Oeste, através do Haiti até a República Dominicana. Usando dispositivos de rastreamento com GPS, eles calcularam que as placas tinham se movido cerca de 1,80m em relação com a outra, desde o último grande terremoto de 1751, e previram que a falah tinha acumulado tensão suficiente para produzir um terremoto de magnitude 7,2.

Cálculos semelhantes revelaram outras regiões do mundo onde falhas apresentam riscos.

A antiga cidade turca de Istanbul, lar de 12 milhões de pessoas, pode estar na lista para um grande terremoto na próxima década. Ela fica a apenas 20 km da falha do Norte da Anatólia, que não teve rupturas desde 1766 e acumulou ainda mais tensão do que a falha que causou o terremoto do Haiti.

“Podemos esperar um terremoto ainda aior que este do Haiti – o cenário da pior hipótese chega aos 7,6 graus”, declarou o sismologista Oliver Heidbach
do Helmholtz Centre Potsdam na Alemanha, cuja pesquisa será publicada neste domingo em Nature Geoscience.

A parte Sul da falha de San Andreas perto de Los Angeles, quieta a 300 anos atualmente, também tem acumulado tensão suficiente para produzir um “big
one” de magnitude 7,0 ou mais, de acordo com o sismologista da Univesidade da Califórnia em San Diego Yuri Fialko.

O USGS mantém mapas de riscos que evidenciam áreas dos Estados Unidos consideradas de maior risco de grandes terremotos. O mais forte terremoto jamais registrado nos EUA – magnitude 9,2 – foi o Grande Terremoto do Alaska em 1964. Atualmente, regiões na Carolina do Sul e no estado de Washington são consideradas de alto risco e uma atenção especial é dada à falha de Nova Madrid – que corre através do Missouri e seis outros estados do Sul e Meio-Oeste. Na última vez que houve uma ruptura nessa falha, em 1811, dizem que as vibrações fizeram os sinos das igrejas tocarem em lugares distantes como Boston.

Terremotos geram terremotos

Durante o terremoto do Haiti, somente entre 40 a 80 km da falha de 600 km sofreu uma ruptura e deslizou. O resto dela ficou emperrado, ainda grudado pela fricção. A área que se rompeu provavelmente aumentou a tensão – e o risco de outro terremoto – nas outras partes da falha, especialmente nas áreas a Oeste de Port-au-Prince.

Isso aconteceu em 2004 na Indonésia, depois de um terremoto de magnitude 9,4 (mais de 3.000 vezes mais forte do que este do Haiti) aconteceu ao largo da costa de Sumatra. Dados de modelos de computadores, publicados na Science, alertavam para que os tremores gigantescos tinham aumentado a tensão sobre duas outras áreas da falha e sobre outra falha no Lesta. Em Março de 2005, a falha a Leste sofreu um terremoto de magnitude 8,7.

O terremoto mais fraco na falha Enriquillo no Haiti não deve ter tais difundidas consequências, mas pode ter afetado a falha Setentrional mais ao Norte que corre através do Haiti e da República Dominicana e que tem estado quieta por mais de 800 anos, de acordo com Prentice, a cientista do USGS.

Para calcular como as tensões em ambas essas falhas foram modificadas nesta semana, os sismologistas – como Ross Stein do USGS – estão analisando medições que mostram onde e com quanta força a Terra tremeu na terça-feira, e alimentando programas de computador com esses dados para modelar como as tensões em outras regiões da falha podem ter mudado. Mas os cientistas
admitem que os modelos não conseguem predizer exatamente o que ocorrerá a seguir.

“Temos que ser realmente humildes como cientistas da Terra”, diz Stein. “Temos um histórico colossal em falhar em predizer [antecipadamente os terremotos]”;

O caso do Haiti pode ser particularmente desafiador porque os sismologistas como Stein normalmente veriificariam os sismógrafos locais à procura de pequenos terremotos “réplicas” nas regiões sob estresse indicadas pelos modelos. No Haiti, isso pode ser impossível porque a ilha tem muito poucos sismógrafos e um catálogo de réplicas, para dizer o mínimo, rudimentar. Mesmo os dados que descrevem o terremoto principal vieram principalmente de isntrumentos distantes nos Estados Unidos.

“Nós teremos um quadro mais pobre de como a falha deslizou do que teríamos se fosse um terremoto nos Estados Unidos ou no Japão, e teremos um quadro bem mais pobre das réplicas que o seguiram”, diz Stein. “Isso nos deixa com uma ou até as duas mãos atadas nas costas”.

Sem tempo

Vai levar semanas antes que os cientistas saibam se esses modelos vão nos dar uma melhor ideia dos novos riscos no Caribe. Mas Stein diz que, mesmo quando os modelos conseguem identificar áreas de risco – seja no Caribe, na Turquia, ou na Califórnia – eles não conseguem prever quando o próximo terremoto vai acontecer.

Para prever quando os terremotos irão acontecer, alguns cientistas examinam o registro histórico de quando e quão frequentemente os terremotos ocorreram no passado. Isto apresenta dificuldades – segundo Stein – porque somente os tremores mais fracos – de magnitudes de 1 a 2 – tendem a ocorrer em intervalos regulares.

“Tem havido algum progresso na previsão a longo prazo de terremotos, onde estimamos a probabilidade em um período de anos a décadas para a ocorrência de um terremoto”, diz Michael Hamburger da Universidade de Indiana em Bloomington. “Mas isso não é a mesma coisa que uma previsão de ocorrência de terremotos de curto prazo  – poder afirmar que um terremoto vai ocorrer nas próximas semanas e que devemos evacuar uma cidade”.


Todo o texto deste artigo está disponível para uso por sua organização de notícias, com a condição de que todo o material produzido pelo Inside Science News Service seja inteiramente creditado a sua fonte original em sua publicação. Para mais detalhes, entre em contato com o ISNS através de InsideScience@aip.org

Antimatéria nas Supernovas

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Traduzido de Antimatter Supernova

Indícios de um novo tipo de explosão estelar a 7 bilhões de anos atrás.

11 de janeiro de 2010

Por Phillip F. Schewe
Inside Science News Service

Crab Nebula

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Esta imagem em mosaico, uma das maiores obtidas do Telescópio Espacial Hubble da NASA da Nebulosa do Caranguejo, mostra os remanescentes da explosão de uma supernova que cobrem uma área com seis anos-luz de largura. Astônomos japoneses e chineses testemunharam este evento violento, a cerca de 1.000 anos em 1054. Os filamentos alaranjados são os restos rotos da estrela e consistem principalmente de hidrogênio. A estrela de nêutrons, que gira muito rápido, encaixada no centro da nebulosa, é o dínamo que alimenta o estranho brilho azulado no interior da nebulosa. A luz azul vez de elétrons rodopiando quase à velocidade da luz em torno de linhas de campo magnético vindos da estrela de nêutrons. A estrela de nêutrons, o núcleo extra adensado da estrela que explodiu, ejeta jatos gêmeos de radiação, como um farol, que parecem pulsar 30 vezes por segundo por causa da rotação da estrela de nêutrons. As cores da imagem indicam diferentes elementos que foram expelidos durante a explosão. O azul nos filamentos na parte externa da nebulosa representam o oxigênio neutro, o verde é o enxofre mono-ionizado e o vermelho representa o oxigênio bi-ionizado..


Crédito: NASA, ESA, J. Hester (Arizona State University)

Informações sobre direitos

WASHINGTON
(ISNS)  – Astrônomos reunidos em um congresso em Washington na semana passada anunciaram que uma recente busca por brilhantes explosões estelares – comumente chamadas de supernovas – achou algo muito incomum: antimatéria.

Usualmente as estrelas como nosso Sol são alimentadas por reações de fusão onde o núcleo de dois átomos se fundem para formar um núcleo mais pesado. Em Y-155,
uma estrela na constelação de Cetus (a Baleia), os astrônomos discutem sobre a ocorrência de outro processo: a criação e aniquilação de partículas de antimatéria.

Em todas as estrelas ocorre uma luta titânica entre a gravidade, que quer reunir toda a matéria na direção do centro da estrela, e a pressão das interações nucleares, que tendem a inflar a estrela como um balão. Somente quando a estrela gasta todo seu combustível, fazendo com que as reações nucleares diminuam de ritmo, a gravidade começa a vencer. O resultante colapso gravitacional é o que faz a estrela explodir. Quando uma estrela morre desta forma, como uma supernova, ela frequentemente espelha matéria pelo espaço e pode se tornar mais brilhante do que toda sua galáxia hospedeira, pelo menos por um curto período de tempo.  Os astrônomos aforam estudar supernovas, uma vez que elas dizem muito sobre os mecanismos internos das estrelas e também fornecem uma unidade de medida para saber o quão distante a estrela estava.

O astrônomo Peter Garnavich da Universidade Notre Dame relata que o que torna Y-155 diferente é sua massa, estimada em 200 vezes a do nosso Sol. Com uma massa dessas, a pressão no núcleo da estrela é tão grande que a luz liberada pelas reações nucleares é capaz de criar novas partículas: pares de elétron-posítron. A criação dessas partículas na verdade acelera o colapso da estrela e sua eventual explosão.  

A ideia de uma supernova disparada pela criação de antimatéria tem circulado há apenas 40 anos, conforme Garnavich, mas os indícios observacionais são esparsos. No caso da Y-155 a assinatura da luz expelida depois da explosão era esquisista: a maioria das supernovas emite luz azul de alta energia primeiro, seguida da luz vermelha mais fria, mas, neste caso, a luz vermelha foi emitida antes da azul. Isso e a ejeção de uma quantidade maior de níquel radiativo, em comparação com as supernovas comuns, levou os pesquisadores a suspeitarem que a antimatéria poderia estar envolvida no processo da explosão.

Garnavich faz parte de uma equipe de cientistas que participam de um projeto chamado ESSENCE. Usando um telescópio refletor de 4 metros nas altas altitudes do Chile, os cientistas observaram 200 do tipo mais explosivo de supernovas. A Y-155 foi a mais explosiva de todas.

O Telescópio Keck  no Hawaii foi apontado para a Y-155 de forma a registrar um espectro preciso – isto é: um sumário de toda a luz vinda da estrela. Isso permitiu determinar a distância até a estrela. A uma distância de 7 bilhões de anos-luz, essa estrela fica a meio caminho para trás no tempo na direção da origem do universo.

Garnavich relatou esses resultados em um congresso da American
Astronomical Society
na semana passada em Washington, D.C. Ele disse que, por causa de seu tamanho e poderosa emissão, a Y-155 poderia se parecer com a primeira geração de estrelas do universo. Outro cientista da ESSENCE, Alex
Filippenko da Universidade da California, Berkeley, disse que um mecanismo supernova-com-antimatéria poderia ser importante para a localização dessas primeiras estrelas.

As 10 maiores histórias da década em ciência e tecnologia, segundo o ISNS

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Descobertas, dispositivos e desenvolvimentos que mudaram nossa maneira de ver o mundo ao longo dos dez últimos anos.

11 de janeiro de 2010
Por Jason Socrates Bardi, Chris Gorski, Devin Powell e Phillip F. Schewe
Inside Science News Service

1.  DNA, Genomas e Células Tronco

As esperanças e o interesse que envolveram a pesquisa “genômica”, direcionada para a decodificação do DNA, não conheceu limites nesta década. Mesmo antes de aparecerem os primeiros “rascunhos” do genoma humano em 2001, a quantidade de trabalho empregada nessa decodificação era semelhante à do envio dos primeiros homens à Lua. A promessa contida no segredo codificado em todos esses bilhões de letras, cuidadosamente contados, do DNA era que, dentro desse enigma, pudessem ser encontrados segredos biológicos fundamentais, o que auxiliaria os cientistas a descobrir as marcas genéticas das doenças humanas e – quem sabe?… – revelar novos alvos de medicamentos para essas doenças.

Os humanos não foram as únicas criaturas a ter seu DNA decodificado nos últimos anos. Durante a década, também foram compilados os genomas de cães, vacas, galinhas, cavalos, gatos, ratos, mariposas, chimpanzés, mosquitos, abelhas, baiacus e porcos. E, nas bases de dados das ciências, a eles se juntaram as sequências da mostarda, arroz, milho, uvas e mais espécies de vírus, leveduras, fungos, algas e cogumelos do que as pessoas podem contar.

Muitas das maiores manchetes vindas do campo da biologia vieram do campo das células-tronco. Essas células encerram a tremenda promessa de tratamento para doenças tais como o Mal de Parkinson e o câncer, porque têm o potencial de se transformar em qualquer tipo de célula do corpo. Enquanto os debates na última década se focalizavam nos usos éticos da pesquisa com células-tronco, os pesquisadores davam passos largos no campo, descobrindo maneiras de programar e reprogramar células no tubo de ensaios, por exemplo.

2.  Grande Colisor de Hádrons (mais conhecido como LHC = Large Hadron Collider)

O mais poderoso acelerador de partículas já projetado, foi construído na década passada e está hoje em funcionamento. Localizado nas profundezas da terra abaixo de Genebra, o LHC tem um túnel circular de 27 km, através do qual circulam dois feixes distintos de prótons em direções opostas, quase à velocidade da luz. Exsitem diversos pontos ao longo do túnel onde se pode fazer os dois feixes colidirem, e a energia liberada pela tremenda colisão é a suficiente para criar novos tipos de partículas. Os físico esperam que essas partículas possam levar adiante nosso conhecimento básico sober a matéria – especialmente o Bóson de Higgs, o item mais importante da pesquisa, já que se supõe que seja ele quem confere massa às partículas conhecidas.

Bem no final de 2009,
os cientistas e engenheiros conseguiram colidir os feixes de prótons dentro do túnel do LHC pela primeira vez. Com isso eles estabeleceram um novo recorde de energia em colisão de partículas: quase 2,4 trilhões de elétron-volts. Os cientistas do LHC esperam para este ano, alcançar energias ainda maiores e produzir feixes de intensidade muito maior.

3.  Mudanças Climáticas

As mudanças climáticas vêm sendo discutidas na comunidade científica ao longo de décadas. Um painel da Academia Nacional em 2001 reconheceu a ocorrência de uma “mudança de paradigmas” na comunidade científica, reconhecendo a possibilidade de mudanças climáticas na escala de uma única década. A ciência também demonstrou que as bacias oceânicas estão se aquecendo – pondo em risco os corais do mundo – e que os níveis de dióxido de carbono ultrapassaram as 380 partes por milhão pela primeira vez em centenas de milhares de anos.

Em 2006, o cientista da NASA James
Hansen declarou ao New York Times que seus superiores estavam tentando silenciar suas tentativas de falar em público sobre as mudanças climáticas causadas pela atividade humana, um conceito que Al Gore viria a chamar de “uma verdade inconveniente” em seu documentário, também publicado em 2006. Em 2009, a Agência de Proteção Ambiental (Environmental
Protection Agency = EPA) começou a regular a emissão de gases de efeito estufa com a promulgação do Clean Air Act, reconhecendo que gases, tais como o dióxido de carbono, são uma ameaça à saúde pública e ao meio ambiente. No encerramento da década, a Conferência Internacional de Cientistas e Políticos em Copenhagen, em dezembro de 2009, não chegou a conclusão alguma, o que desapontou muitos dos participantes.

4.  A Proliferação de Tecnologia de Uso Pessoal

A vinte anos atrás, poucas pessoas jamais tinham enviado um e-mail ou possuído um telefone celular que fosse, muito menos um dispositivo que coubesse na palma da mão e pudesse acessar a Internet, enviar e-mail e exibir filmes em alta definição. O que os computadores pessoais e os faxes foram para os anos 80 e 90, os smart phones, laptops e as redes sociais foram para a década passada.

Com será que as pessoas faziam para se ignorarem nos transportes de massa em 1999? Não existiam iPods (lançados em outubro de 2001). As pessoas não eram capazes de “pokear”, “tuitar”, ou qualquer um desses verbos neologísticos que seriam totalmente desprovidos de sentido a meros ao anos atrás. “Facebook” seria apenas um livro com fotografias. “Second Life” seria um sinônimo de “reencarnação”. Mesmo após o estouro da “bolha ponto com” no início da década, os dispositivos portáteis e suas tecnologias interessantes e convenientes explodiram, tornando a década passada em um mundo cada vez mais conectado.

5.  Explorando Outros Planetas

Quando as pessoas da antiguidade olhavam para o céu noturno, elas viam milhares de pontos de luz fixos, que hoje conhecemos como “estrelas”, e uns poucos outros de se movimentavam rapidamente de noite para noite.  Quando Galileu apontou seu novo telescópio para esses errantes (o nome “planeta” vem do grego para “errante”), ele revolucionou a compreensão do cosmo. E a revolução continua.

Nos últimos dez anos, uma série de espaçonaves se espalhou pelo Sistema Solar para visitar ou fotografar os planetas. Essas naves incluem a missão Galileu para Júpiter, a missão Cassini para Saturno, a missão Messenger para Mercúrio e um punhado de naves enviadas a Marte. As descobertas mais importantes incluem a descoberta de água em Marte e na Lua, um novo anel fino em torno de Saturno, os lagos de hidrocarbonetos de
Titan (visitado pela sonda Huygens) e setores da superfície de Mercúrio que foram mapeados pela primeira vez.

As espaçonaves mais antigas, lançadas nos anos 70, tais como as Voyagers e as Pioneers,
continuam a prestar importantes serviços. Além da órbita de Plutão, esses anciãos da era espacial estão recolhendo informações importantes acerca da área de fronteira onde a influência do Sol acaba e começa o espaço interestelar.

Através da medição de pequenas oscilações em estrelas próximas, os astrônomos conseguiram detectar indiretamente os exoplanetas – planetas que orbitam outras estrelas – e medir suas massas e distância da estrela-mãe, na esperança de encontrar planetas semelhantes à Terra. Os avistamentos recentes de exoplanetas incluem as primeiras imagens visuais de mundos distantes e revelaram “super Terras”, de 5 a 7 vezes maiores do que nosso planeta.

6.  Cosmologia de Precisão

As descobertas científicas levaram a muita reconsideração, ao longo dos séculos, acerca do lugar da espécie humana no cosmos. Essas descobertas incluem a percepção de que a Terra não fica no centro do universo; que pode ser que nem haja um centro; que nosso sistema planetário não é o único; que a Via Láctea não é a única galáxia; e que podem até existir universos paralelos além deste nosso.

A cosmologia estuda os céus na maior escala possível – o universo como um todo. Por muitos e muitos anos, foi uma ciência imprecisa, a quem faltavam os instrumentos ultra-sensíveis existentes nos laboratórios na Terra, mas isso começou a mudar. A década passada revelou uma série de satélites e detectores especializados – que incluem a Sonda de Anisotropia em Micro-ondas Wilkinson (Wilkinson Microwave
Anisotropy Probe = WMAP) – que ajudaram a clarear nossa compreensão do universo. A partir das medições da última década, sabemos agora que o universo tem 13,7 bilhões de anos de idade, que os primeiros átomos se formaram a 380.000 anos depois do Big Bang, que as primeiras estrelas se formaram a cerca de 400 milhões de anos depois do Big Bang e que, provavelmente, cerca de 73% da energia do universo consiste da misteriosa Energia Escura. Os astrofísicos acreditam que a Matéria Escura, uma forma de material não luminoso, seja um outro importante ingrediente da dinâmica das galáxias. Recentemente, alguns indícios diretos da existência de Matéria Escura foram obtidos por sensores colocados bem no fundo da Terra, mas os pesquisadores precisam de mais dados até terem certeza.

7.  Novos Materiais

A concessão do Prêmio Nobel de 2009 de Física para cientistas que fizeram descobertas que levaram às câmaras digitais e comunicação por fibras ópticas, sublinha a ideia que a pesquisa básica é vital para o desenvolvimento de novas tecnologias – mesmo quando as aplicações práticas da pesquisa estejam a décadas de distância. Isso é particularmente verdadeiro para os cientistas que estudam as propriedades da matéria condensada.

Nos últimos anos, foram descobertas duas novas formas de carbono: os nano-tubos e o grafeno, uma folha de carbono com apenas um átomo de espessura.  Essas duas formas de carbono tem propriedades úteis que incluem grande força, condutividade elétrica para circuitos integrados e características térmicas e ópticas interessantes.

Os metamateriais são outro tipo importante de substâncias recentemente descobertos. Construídos a partir de pequenos dispositivos de hastes e anéis, eles apresentam bizarras propriedades ópticas que podem, um dia, ser adaptadas para diversas aplicações práticas, tais como filtros para telefones celulares, lentes de pequena espessura e aplicações em camuflagem.

8.  Vacinas e Infecções Emergentes

Desde a Gripe Espanhola de 1918, até a HIV/AIDS nos anos 1980, a história é sempre inexoravelmente ligada às doenças que assolam a humanidade. A década anterior não foi diferente e algumas das maiores histórias da ciência brotaram dessas fontes de infecções. Cartas aspergidas com antrax apareceram em 2001, a mortífera epidemia de SARS em 2003 e a Gripe Suína de 2009 criou longas filas de pessoas à espera de vacinação contra o vírus H1N1 – a primeira verdadeira pandemia de gripe em 40 anos.

Muitas vacinas conquistaram as manchetes nos últimos 10 anos. Em 2006 e 2007, a vacina contra o vírus do papiloma humano (HPV) foi aprovado pela Food and Drug Administration como prevenção para o câncer cervical. E após muito anos de testes em laboratório e pesquisa de campo, o primeiro teste clínico com sucesso para uma vacina contra a AIDS foi relatado no fim de 2009. Nem todas as histórias sobre vacinas foram positivas. O esforço internacional para erradicar a polio entrou em dificuldades quando rumores acerca da toxicidade da vacina começaram se espalhar em países onde essa doença ainda é endêmica. Nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha se espalhou um medo sobre a vacina contra sarampo, rubéola e caxumba (MMR), após um artigo em uma publicação de medicina estabeleceu ligações entre essa vacina e o autismo – uma ligação que vários estudos e uma exaustiva revisão feita pelo Institute of Medicine e outras investigações, desacreditaram.

9. A Emergência da China

A China está terminando a primeira década do século XXI exibindo sinais de que ela pode ser o próximo superpoder científico. Na altura de 2008, ela produzia mais candidatos a Ph.D. do que qualquer outro país do mundo. Em 2006,
Margaret Chan se tornou a primeira cidadã chinesa a dirigir uma agência da ONU quando foi eleita diretora geral da Organização Mundial de Saúde. E, depois do sucesso do primeiro passeio espacial de um taikonauta em 2008, a China espera construir bases na Lua.

Nem todas as notícias vindas da China sobre ciência e tecnologia, na última década, foram positivas. A comida para animais de estimação contaminada e os brinquedos tóxicos alcançaram as manchetes, assim como o fato de que a China produz agora mais dióxido de carbono do que qualquer outra nação – muito embora muito menos dos que os EUA per capita. Projetos como a Represa das Três Gargantas atraíram críticas por seu impacto no meio ambiente e a emergência da SARS em 2003 trouxe a desconfiança internacional sobre capacidade de resposta da saúde pública da China.

10.  A Expansão da Compreensão da Ancestralidade da Humanidade

Muitas pessoas se interessam pela própria genealogia como um hobby para ter uma melhor compreensão de suas raízes. Em algum ponto, a pista dos registros acaba. A questão sobre o que veio antes, permanece. Compreender de onde nós humanos viemos, como espécie, é um quebra-cabeças ainda mais complicado, precisando de todas as ferramentas da ciência e todo o raciocínio que a evolução nos proporcionou.

A publicação, em outubro de 2009, de vários artigos científicos com a interpretação de um fóssil com 4,4 milhões de anos, Ardipithecus ramidus, culminou uma pesquisa de 10 anos sobre as origens dos hominídeos. Os cientistas levaram 17 anos laboriosamente recolhendo, reconstruindo e interpretando os fósseis do A. ramidus encontrados na Etiópia,k antes de anunciar formalmente suas descobertas ao público,
inclusive o mais antigo esqueleto de um ancestral dos humanos conhecido.

Em 2003, outra equipe de pesquisadores tinha encontrado o Homo florensis, informalmente conhecido como hobbits, em uma caverna na Ilha Flores na Indonésia. Estes são tidos como uma linhagem separada dos humanos modernos, uma que se separou de nossa espécie e resistiu até cerca de 12.000 anos atrás. Sua extinção é até mais recente do que a dos Neanderthals.

Várias descobertas e novas interpretações forçaram os antropólogos a reexaminar sua compreensão do relacionamento dos Neanderthals com os humanos modernos. Na década anterior o DNA dos Neanderthal foi recuperado e sequenciado, prometendo uma pletora de oportunidades de pesquisas. De cambulhada com o resto, apareceu um importante gene ligado a nossas habilidades linguísticas, chamado FOXP2, que adicionou mais uma pista a um complicado debate sobre o nível das habilidades de linguagem que os Neanderthals possuíam. Ao longo da década, os antropólogos e outros especialistas continuaram a rastrear as pegadas dos ancestrais de nossa espécie, enquanto ocorriam furiosas batalhas legais e filosóficas entre os que ensinam a evolução e aqueles que gostariam de ensinar outras ideias a respeito tanto da origem do Homo sapiens, como da vida na Terra.


O texto completo deste artigo fica disponível para publicação, se e somente se todo o material produzido pelo Inside Science News
Service seja devidamente creditado a sua fonte original ao ser eepublicado. Para maiores detalhes, contacte o ISNS em
InsideScience@aip.org


Disco de acreção

Estas imagens fazem parte da National Science Foundation Multimedia Gallery. As imagens e o texto original podem ser encontradas aqui e aqui.

An artist's conception of the accretion disk in the binary star system WZ Sge.
Uma concepção artística do disco de acreção no sistema estelar binário WZ
Sge. Uma nova versão do mesmo foi feita a partir de novos dados obtidos pelo Kitt Peak
National Observatory e o Spitzer Space Telescope, e aparece no fim deste post.




Observações de um sistema estelar binário interativo, realizado com os telescópios do Kitt
Peak National Observatory (KPNO) e o Spitzer Space Telescope da NASA, indicam que os discos de gás quente e poeira que se acumulam em torno de diversos objetos astronômicos – desde estrelas anãs-brancas em sistemas binários energéticos, até buracos negros super-maciços no coração de galáxias ativas – provavelmente são muito maiores do que se acreditava até então.

O alvo dessa investigação específica, chamado WZ Sagittae (WZ Sge), é um binário interativo de estrelas na constelação Sagitta, a flecha do arqueiro Sagitário. Ela faz parte de um programa chamado Spitzer-NOAO Observing Program for Teachers and Students (Programa Spitzer-NOAO de Observação para Professores e Estudantes), onde Steve B.
Howell do National Optical Astronomy Observatory (Observatório Nacional de Astronomia Óptica = NOAO) e uma  equipe de astrônomos e professores coletaram imagens do WZ Sge usando o telescópio de 2,1m da National Science
Foundation’s (NSF) e o telescópio de 0,9m da WIYN, ambos localizados no KPNO, e a Infrared Array Camera (IRAC) a bordo do Spitzer.

Estrelas binárias interativas, tais como WZ Sge, contém uma anã-branca (uma estrela compacta, mais ou menos do tamanho da Terra, mas com uma massa próxima da do Sol) e uma estrela companheira, maior, porém com menos massa e muito mais fria. O material da estrela acompanhante é arrancado de sua superfície pela gravidade mais forte da anã-branca e flui na direção da anã-branca, formando um disco a seu redor, chamado de disco de acreção.

Independente de se formarem em sistemas variáveis cataclísmicos, ou em torno dos buracos negros super-maciços no coração de galáxias ativas, os discos de acreção têm sido bastante observados e modelados, usando-se medições obtidas ao longo de grande parte do espectro eletromagnético, dos raios-X ao infravermelho próximo. A imagem modelo do “disco de acreção padrão” é um disco fino de material gasoso em torno da anã-branca ou buraco negro.

A equipe de Howell obteve, pela primeira vez, uma série de observações de um disco de acreção feitas na faixa dos 4,5 e 8 microns, vindas do Telescópio Espacial Spitzer. Mais ou menos ao mesmo tempo, eles obtiveram os dados das observações ópticas de WZ Sge feitas no KPNO. As observações ópticas confirmavam o modelo aceito de tamanho e temperatura do disco de acreção.

Estretando, as observações na faixa do infravermelho intermediário eram totalmente inesperadas e revelaram que um disco bem maior, de material poeirento e frio, fica em torno do disco de acreção gasoso. Esse disco externo provavelmente contem tanta massa como um asteróide de porte médio. O recém-descoberto disco exterior se estende até cerca de 20 vezes o raio do disco gasoso.

As implicações dessa descoberta tem longo alcance, uma vez que afetam não só os modelos teóricos (já que os modelos de formação e evolução dos discos de acreção foram feitos a partir dos dados até então disponíveis sobre seus tamanho, temperatura e composição – todos quantidades que precisam agora serem revistas), como também todas as obervações anteriores de sistemas que contem discos de acreção.

An artist's conception of the accretion disk in the binary star system WZ Sge. 

Concepção artística do disco de acreção do sistema estelar binário WZ Sge. [A versão anterior é a que aparece acima neste post]
Este novo conceito foi criado usado dados do Kitt Peak National
Observatory e do Spitzer Space Telescope. O novo quadro do disco de acreção mostra um disco maior e mais grosso de material poeirento frio em torno de grande parte do disco de acreção gasoso. Uma pequena parte da estrela acompanhante, mais fria e alaranjada, é visível à esquerda. A anã-branca, mais quente, aparece no centro do disco de acreção. O material da estrela mais fria flui para o disco de acreção e, daí, para a anã-branca.

Crédito: P. Marenfeld/NOAO/AURA/NSF

Download da primeira imagem em alta definição (JPG). (2.2 MB)

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Os Reis Magos eram cientistas?… Hmmm…

Hoje eu vou dar uma de “Dan Brown dos Pobres”. E a motivação não poderia ser mais esdrúxula: a afirmação do Papa Bento que (eles) “eram homens de ciência em um sentido amplo” (segundo a notícia do portal G-1).

Isso me lembrou uma antiga ideia que eu tive para um sci-fi (de quinta) que acabou nunca saindo do domínio do “um-dia-eu-escrevo”.

O cerne da ideia é o seguinte “poderia-ser” (Asimov dizia que um bom sci-fi deve conter apenas um “poderia-ser” e o resto tinha que ser historica e cientificamente plausível): os “antigos” realmente tinham grandes conhecimentos científicos, disfarçados de “religião” para não cairem nas mãos da plebe e dos politiqueiros governantes.

Ah!… Sim… Um pressuposto é que as narrativas da época de Jesus tenham sido distorcidas pela ignorância e o fanatismo “milagreiro”, notadamente na Idade Média, e coisas corriqueiras tenham sido tomadas ao pé da letra, causando grandes confusões na exegese.

Chega de preâmbulos.

A ideia é que os sacerdotes Judaicos, não só tinham conhecimentos (um tanto rudimentares) de engenharia genética, como usaram isso para criar um “Messias”. Infelizmente (para eles), o plano “vazou”… Começou a vazar quando alguns membros da elite sacerdotal – impacientes com o andamento dos estudos e experimentos – começaram a “profetizar” a vinda do  Messias. Um pouco parecido com certos press-releases das academias atuais que, com base em uma experiência bem sucedida em laboratório, anunciam uma revolução tecnológica.

Bom… Uma coisa que até hoje é assim: a ciência ignora solenemente as fronteiras. Supondo que as elites sacerdotais tivessem mesmo conhecimentos “ocultos” de ciência, essa “ciência” jamais estaria restrita à Judéia. Portanto, não seria em nada espantoso que, uma vez publicado o “vellum” (naquele tempo os papers eram bem mais raros…), uma comissão de notáveis estrangeiros viesse fazer uma peer-revision. Entram em cena Gaspar, Melchior e Baltazar que vêm dos confins da Terra (pelo menos segundo a visão bairrista e limitada do povo judaico – no que são seguidos até hoje pelos habitantes dos países que se tornam Mecas científicas: um gari de Cambridge, Massachusetts, pode se achar superior a um colega seu de outra cidade porque varre as ruas do MIT).

Essas suposições “explicam” diversas passagens do Novo Testamento que jamais me convenceram. A primeira é a embaraçosa dupla-árvore-genealógica de Jesus. Não só os Evangelistas discordam na linhagem de Davi até Jesus, como discordam até no número de gerações. E ambas as linhagens levam a José que, segundo os dogmas católicos, não tinha nada a ver com o peixe… A segunda é a (ridícula) “virgindade” de Maria (tá bem!… eu sei que é um erro de tradução!… mas deixe eu delirar…): inseminação artificial!  O processo de manutenção do esperma “perdeu-se, junto com a Biblioteca de Alexandria” (a desculpa favorita…) Mas, pelo menos, tira José da incômoda posição de “Anfitrião” (essa eu vou deixar para vocês procurarem…)

Já existem especulações de que o “ouro, incenso e mirra” que teriam sido ofertados pelos Reis Magos (uma corruptela de “reitor” ou título semelhante…), fossem, na verdade, medicamentos cuja aparência e fragrância causou a confusão nos registros.

Só que os Reis Magos – decerto acostumados a confiarem nos governos de seus locais de origem – cairam na asneira de confiar em Herodes e até de revelar a ele as linhas gerais do experimento, o que teve duas consequências: uma foi o episódio conhecido como “a matança dos inocentes”; outra foi uma mobilização sem par dos conspiradores para fazer a Sagrada Família escapar da Judéia. Eu nunca consegui entender como uma família, descrita como ‘pobre”, conseguiu cruzar o deserto, escapando das patrulhas, e chegar… ora, ora!… ao Egito!…

E essa estadia (longa, concedam…) no Egito não consta de relato evangélico algum… o que dá margem a toda sorte de especulação sobre a educação de Emanuel Bar Josef… Mas, curiosamente, a próxima passagem lembrada dá conta de que o menino foi, certa feita, encontrado por sua preocupada mãe (“onde será que esse menino foi se meter?”…) discutindo teologia com os “Doutores” do Templo. Unmöglich, não é?… Altos Sacerdotes discutindo a Torá com um moleque?… Só se eles soubessem que tinham que ensinar àquele menino.

O resto já foi exaustivamente debatido: como a “criatura” escapou ao controle dos “criadores” e, em lugar de liderar a rebelião libertadora contra os romanos, passou a contestar a elite Sacerdotal; como a elite sacerdotal acabou por se aliar aos opressores para se livrar daquele “subversivo” que ensinava que era melhor orar às escondidas do que oferecer sacrifícios no Templo (tratando de maneira extremamente rude os bons comerciantes que tanto$ $acrifício$ faziam pela administração do Templo), como ele foi preso, torturado (a troco de que, ninguém sabe…) e executado, mas, após dado (oficialmente) como morto, reapareceu e sumiu novamente, sem dar maiores satisfações.

Talvez o Papa esteja correto: os “Reis Magos” talvez fossem mesmo cientistas da época. E – quem sabe?… – a “fé” deles fosse a mesma que a dos atuais cientistas: foram in loco apreciar o experimento…

Se isso for verdade e for do conhecimento (como dizem que é…) dos “Guardiões dos Segredos do Vaticano”, estes devem estar comentando: “Esse Papa Bento!… Mas, será o Benedito?…”


(Pronto! Se o Dan Brown vier com uma estória parecida, eu já posso acusar de plágio!…)

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