Para quebrar o marasmo:

Para compensar um pouco a ausência do “Physics News Update”, eu vou retransmitir algumas coisas curiosas que achei no EurekAlert. Os “links” são para os originais em inglês e as notícias estão bem mais resumidas.

Melancia pode ter um efeito-Viagra
. Ingredientes nas melancias podem causar vaso-dilatação e aumentar a libido, declarou o Dr. Bihmu Patil, diretor do Centro de Aperfeiçoamento de Frutas e Legumes da Texas A&M em College Station. Além disso, as melancias são boas para melhorar as funções cardíacas, o sistema imune e podem auxiliar pessoas com obesidade e diabetes tipo 2.
A inusitada história de vida de um camaleão. Uma nova história de vida foi descoberta (por Karsten e Laza Andriamandimbiarisoa do Département de Biologie Animale, Université d’Antananarivo em Madagascar) entre as 28.300 espécies de tetrápodes conhecidas. Um camaleão do árido Sudoeste de Madagascar leva três quartos de sua vida em um ovo. Mais estranho ainda, após o choco, a sua vida é de meros 4 a 5 meses. Nenhum outro animal de 4 patas tem uma tal taxa de crescimento e uma vida tão curta.

Físicos criam um “Átomo de Bohr” do tamanho de um milímetro
. Perto de um século depois que o físico Niels Bohr sugeriu seu modelo planetário de átomo de hidrogênio, uma equipe de físicos liderada pela Universidade Rice, criou átomos gigantes, de um milímetro de tamanho, que se parecem mais com o modelo de Bohr do que qualquer outro criado até agora. A pesquisa está na edição “on-line” da “Physical Review Letters”. A equipe usou lasers e campos elétricos para levar átomos de Potássio a uma configuração específica com um elétron puntual “localizado” em uma órbita distante do núcleo.

Conseguir notas máximas em matérias científicas é mais difícil
. Alunos que estudam matérias relacionadas com ciência e tecnologia, tais como matemática, física e química, encontram muito mais dificuldades em obter notas máximas do que outros com igual capacidade que estudam matérias tais como comunicação e psicologia, é o que prova um novo relatório da Universidade Durham.
O mecanismo e a função do humor identificados por uma nova teoria evolucionária evolutiva¹. A teoria do reconhecimento de padrões do humor é uma nova explicação evolucionária evolutiva e cognitiva de como e por que alguém acha algo engraçado. Ela explica que o humor ocorre quando o cérebro reconhece um padrão surpreendente. Ela também identifica implicações do reconhecimento de padrões no desenvolvimento cognitivo infantil, no de outras espécies e na inteligência artificial, e propõe que o humor é uma das forças preponderantes no desenvolvimento das capacidades peculiares de percepção e intelectuais da humanidade. (Livro: A Teoria do Reconhecimento de Padrões no Humor, Editora Pyrric House, a ser publicado em outubro do corrente ano)
Os perigos do excesso de confiança. Superestimar as próprias habilidades pode trazer graves conseqüências. O banqueiro de investimento super-confiante pode perder milhões em um “negócio da China”, ou um motorista que bebeu “uma a mais” pode insistir em chegar em casa dirigindo. A pesquisa, até hoje, sustentava essa idéia, mas dependia demais da honestidade dos participantes em dar uma idéia exata de sua própria confiança.
Porém, Pascal Mamassian, do CNRS e da Universidade Descartes de Paris, acredita ter encontrado um meio de driblar essa dificuldade. Ele empregou uma tarefa mecânico-visual para revelar a presença de super-confiança. Por causa da natureza objetiva da tarefa, Mamassian sugere que “a super-confiança não está limitada ao reino das crenças subjetivas, mas, ao contrário, parece refletir uma característica genérica do processo humano de tomada de decisões”.
A “Cluster” ouve os sons da Terra. A primeira coisa que uma raça alienígena provavelmente ouvirá da Terra são pios e assovios, parecidos com os do robo R2D2 do filme “Star Wars”. Na verdade, esses são os sons que acompanham a aurora. Agora a missão “Cluster” da Agência Espacial Européia está ajudando os cientistas a entender essas emissões e, no futuro, procurar por mundos alienígenas por meio da escuta dos sons por eles produzidos.
¹ Atendendo à correção proposta por Maria Guimarães.

Por que um Blog sobre ciências?

Pegando no tema pela “ponta” que a Maria deixou, eu vou tentar prosseguir no tema “Por que um blog”? E, mais especificamente, por que um Blog sobre ciências?
No meu caso, a resposta à primeira pergunta é fácil: porque eu gosto de expor minhas opiniões. Claro que isso é um bocado arrogante, mas o fato é que eu gosto de ensinar e de discutir o que eu aprendo. Se não fosse para trocar conhecimentos adquiridos, de que adiantaria adquirí-los?… E qual a melhor forma de expor seus conhecimentos (ou a falta destes) do que em uma publicação que pode ser livremente acessada por pessoas dos mais variados matizes?
A segunda pergunta é que fica mais difícil de responder… Afinal, eu não sou nenhum cientista. Por que, então, eu me meto a escrever sobre ciência?
A verdade é que eu não escrevo sobre ciência: eu apenas me limito a traduzir artigos sobre ciência que encontro em fontes em inglês (eventualmente em francês), porque constato que a imprensa em geral, daqui e do estrangeiro, não consegue “traduzir” as informações dos relatos de novas descobertas de maneira correta e, a cada tradução de “tradução”, a correção das reportagens diminui.
Por outro lado, em meus esforços de autodidata, eu encontrei sítios como “Queremos Saber” da UFCE (link na barra lateral) onde quem sabe um pouco mais, orienta quem sabe menos, indicando fontes de pesquisa. Mas a principal dificuldade das pessoas que “querem saber” nem é tanto a falta de sítios para pesquisa: é a falta desses sítios em português claro.
E aí chegamos a outra qustão: “para quem você escreve?” Bom… Eu imagino que escrevo minhas sandices para qualquer um… Não tenho um “público-alvo” específico. Dei alguma “respeitabilidade” a este Blog traduzindo as edições do Boletim “Physics News Update”, mas procuro manter o Blog com notícias sobre outros assuntos, além da física.
É claro que seria muita pretensão minha, me achar um “divulgador”. Eu me enquadro mais na parte do título que diz “qui fá, non sá”. Mas acredito que, ao menos, estou ajudando um pouquinho a estimular a curiosidade das pessoas e o Sitemeter me informa que, de alguma forma, eu estou sendo bem sucedido (pelo menos, eu “engano” direito…)
Comentários aqui, por favor.

Physics News Update n° 866

O Boletim de Notícias da Física do Instituto Americano de Física, número 866, de 4 de junho de 2008 por Phillip F. Schewe e Jason S. Bardi.
PHYSICS NEWS UPDATE
SOBRE GELO MUITO FINO
Pela primeira vez os cientistas obtiveram imagens de gelo com apenas poucos nanômetros de espessura, no ato de formar gelo “bruto” na mais fria das temperaturas. As novas imagens que mostram folhas de gelo cerca de 50.000 vezes mais finas do que um fio de cabelo humano, acrescentam ao nosso conhecimento sobre a água, esta notável substância molecular que é comum na Terra e encontrada em quantidades significativas em outros lugares do Sistema Solar.
Nós pensamos usualmente em gelo como formado por pequenos cristais hexagonais. A simetria sêxtupla dos clássicos flocos de neve vem da maneira com que as moléculas de água se agrupam. Mas, em temperaturas muito baixas, próximas do zero absoluto — o mais frio estado concebível para a matéria — as moléculas de água não se comportam da mesma maneira como o fazem em temperaturas mais quentes. Tal como pessoas que acordam de um sono profundo, as moléculas d’água neste ambiente gelado não conseguem se mexer muito bem. Se você as vaporizar sobre uma superfície de platina, elas tendem a ficar onde caírem. Se você continuar a adicionar água, as moléculas formam um sólido chamado gelo amorfo, com todas as moléculas se juntando onde puderem. Por causa do frio extremo, as moléculas não têm energia suficiente para se alinharem em uma estrutura cristalina. Aumente um pouco a temperatura, logo acima dos 120 K, e as moléculas, agora, vão ter uma oportunidade para se arrastar o suficiente para começar a montar um cristal adequado. Porém estes pequenos grumos ainda não estarão no formato hexagonal conhecido. Em lugar disto, as moléculas d’água formarão uma estrutura cristalina cúbica. Para formar o gelo comum, com uma estrutura hexagonal, é necessário um pouco mais de calor — uns ainda congelantes 160 K.
Konrad Thürmer e Norman C. Bartelt, dois cientistas do Sandia National Laboratory em Livermore, Califórnia, estavam interessados em explorar a formação inicial do gelo, como parte de sua pesquisa sobre os estágios iniciais da criação de películas de cristal. O dispositivo que eles usaram para capturar as imagens foi um microscópio de escaneamento por tunelamento (scanning tunneling microscope = STM), cuja ponta é passada perpendicularmente à face da película de gelo, para formar uma imagem do gelo.
As imagens mostram cristalitos de gelo muito menores do que os anteriormente vistos (ver imagens aqui). Tentativas anteriores para imagear películas de gelo muito finas falharam porque é difícil conduzir eletricidade através do gelo. Mas, desta vez, os cientistas conseguiram que apenas o suficiente de eletricidade fluísse através do intervalo entre a ponta e a amostra — em parte elevando a voltagem e em parte por criar um “caminho das pedrinhas” para que a eletricidade fluísse através do gelo.
O que encontraram eles? Quando a película de gelo estava realmente fina, com cerca de 1 nm de espessura média, as moléculas formavam pequenas ilhas de gelo. Quando a espessura chegava a 4 ou 5 nanômetros, o gelo começava a se juntar em pedaços maiores interligados. Eles acreditam que, quando um pequeno cristalito que está adicionando moléculas em uma inclinação para baixo, encontra outro cristalito com uma inclinação para cima, as duas estruturas começam a girar, uma em torno da outra. Isto explica a aparência de “saca-rolhas” da colcha de retalhos de películas de cristal em processo de junção. (Physical Review B, maio de 2008)
SUPERCONDUTIVIDADE EM DIAMANTE SUPER DURO
Um estudo calcula que o diamante “dopado” com Boro (BC5) deve ser supercondutor até temperaturas de 45 K, as quais, caso confirmadas em experiências, tornariam essa classe de material a de mais alto grau com a mais alta temperatura de transição em estado supercondutor, mediado pela passagem de fonons. (Calandra and Maui, Physical Review Letters, artigo em publicação)
CORREÇÃO. No Boletim nº 865, foi dito que o núcleo do Neônio-20 se transformava em Neônio-18 pela emissão de dois prótons. Leia-se “pela emissão de dois nêutrons”.
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PHYSICS NEWS UPDATE é um resumo de notícias sobre física que aparecem em convenções de física, publicações de física e outras fontes de notícias. É fornecida de graça, como um meio de disseminar informações acerca da física e dos físicos. Por isso, sinta-se à vontade para publicá-la, se quiser, onde outros possam ler, desde que conceda o crédito ao AIP (American Institute of Physics = Instituto Americano de Física). O boletim Physics News Update é publicado, mais ou menos, uma vez por semana.
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Como divulgado no numero anterior, este boletim é traduzido por um curioso, com um domínio apenas razoável de inglês e menos ainda de física. Correções são bem-vindas.

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