Pior do que pseudo-ciência: pseudo-pesquisa.

O New York Times de hoje (30 de setembro), traz um artigo initulado: “Aplicando o Método Científico na Medicina Alternativa” (“Applying Science to Alternative Medicine“), assinado por Wlliam J. Broad, que traz algumas reflexões e mesmo constatações preocupantes.

Já é um fato para lá de notório que as ditas “pesquisas médicas” não são, de modo algum, confiáveis. A isenção dos “pesquisadores” é sempre questionável e, em diversos casos, se comprovou que vários desses “pesquisadores” nem chegaram perto das “pesquisas”: apenas emprestaram seus nomes para dar prestígio a um artigo (não vêm ao caso os motivos… o resultado é que muitas “pesquisas” falsas ganharam “um ar respeitável” — vide “Estudos Médicos: quem realmente os escreve“).

Agora, o Centro Nacional para Medicina Alternativa e Complementar (National Center for Complementary and Alternative Medicine) do governo dos EUA está exigindo um maior rigor para esses estudos, como declara a sua diretora, Dra. Josephine P. Briggs. O artigo prossegue citando um estudo feito pela Universidade de Harvard:

Por exemplo, um estudo de Harvard de 2004 identificou 181 artigos de pesquisas sobre terapia com yoga que relatavam que a prática podia ser usada no tratamento de uma impressionante gama de doenças — inclusive asma, doenças cardíacas, hipertensão, depressão, dores nas costas, bronquite, diabetes, câncer, artrite, insônia, doenças pulmonares e pressão alta.

Acontece que somente 40% desses estudos usaram grupos de controle — a maneira usual de se comprovar a eficácia e a segurança de uma droga, dieta ou qualquer outra intervenção. Nas pesquisas sérias, os cientistas designam aleatoriamente os pacientes para os grupos de tratamento e de controle, como forma de eliminar as meras opiniões de clínicos e pacientes.

Sat Bir S. Khalsa, o autor do estudo e um pesquisador do sono na Harvard Medical School, declarou que uma complicação adicional era que “a grande maioria desses estudos tinha sido muito restrita”, com uma média de 30 ou menos indivíduos em cada ramo do teste aleatório. Quanto menor for a amostragem, alertou ele, maior o risco de erros, inclusive falsos resultados “positivos” ou “negativos”.

O Centro da Dra. Briggs recebeu, para este ano, fundos da ordem de US$ 122 milhões para realizar pesquisas mais amplas que envolvam populações maiores e um controle mais eficaz dos resultados.

Por exemplo, o Centro está conduzindo um grande estudo para verificar se extratos de ginkgo biloba podem retardar os efeitos do Mal de Alzheimer. O teste clínico envolve centros na Califórnia, Maryland, Carolina do Norte e Pennsylvania, e recrutou mais de 3.000 pacientes, todos com idade superior a 75 anos. O estudo termina no ano que vem.

Outro estudo grande alistou 570 participantes para verificar se a acupunctura realmente alivia as dores e melhora o desempenho de pessoas com osteoartrite do joelho. Em 2004, foram relatados resultados positivos. O Dr. Brian M. Berman, diretor do estudo e professor de medicina na Universidade de Maryland, declarou que a pesquisa “estabelece que a acupunctura é um complemento eficaz para o tratamento convencional da artrite”.

Por outro lado, esse maior rigor na realização dos estudos flagrou outro problema: no estudo sobre gingko biloba, 75% das amostras de medicamentos não continham a quantidade indicada do princípio ativo. Com um maior número de médicos clínicos envolvidos, esse tipo de problema é mais facilmente detectável. No entanto, o maior problema está no financiamento para pesquisas de grande porte para as Terapias Alternativas. Essas pesquisas encontram uma forte resistência por parte da indústria farmacêutica e raramente se encontra fundos para patrocinar estudos como o do Dr. Khalsa de Harvard, sobre o efeito da yoga sobre a insônia. “É um grande problema. Os financiamentos ainda são muito difíceis de conseguir e a ênfase continua na medicina convencional, na pílula ou no processo mágico que vai levar embora todas essas doenças”, declara ele ao NYT.

É uma questão de opinião se e onde a “panacéia” vai ser encontrada: na medicina convencional ou na alternativa. Por incrível que possa parecer, a princípio, eu ponho as minhas fichas na medicina alternativa… Pelo menos, enquanto ela não cair totalmente nas mãos da indústria farmacêutica… o que, infelizmente, já está acontecendo.

A medicina busca tratamentos e curas para as doenças. A indústria farmacêutica busca vender remédios (se as doenças forem todas curadas, ela vai à falência…)

Ensurdecendo as baleias

Via EurekAlert, cheguei a este release do Monterey Bay Aquarium Research Institute(MBARI):

MBARI News Release:
29 de Setembro de 2008

Elevando o volume — O Som chega mais longe debaixo d’água à medida em que os oceanos do mundo se tornam mais ácidos

É de conhecimento geral que os oceanos e a atmosfera do mundo estão se aquecendo, na medida em que a espécie humana libera mais e mais dióxido de carbono na atmosfera da Terra. No entanto, menos pessoas compreendem que a composição química dos oceanos também está mudando — a água  do mar está se tornando mais ácida no mesmo passo em que mais dióxido de carbono da atmosfera se dissolve nos oceanos. De acordo com um artigo a ser publicado nesta semana pelos químicos marinhos do Insituto de Pesquisa do Aquário da Baía de Montery (Monterey Bay Aquarium Research Institute), essas mudanças na temepratura e na composição química do oceano terão um efeito colateral inesperado — os sons vão chegar mais longe debaixo d’água.


Esta ilustração mostra como o aumento do dióxido de carbono na atmosfera leva a um aumento da acidificação da água do mar, que, por sua vez, permite que os sons (tais como os emitidos por baleias) cheguem mais longe debaixo d’água.
Imagem:©2008 MBARI
(Imagem original: cortesia de David Fierstein)

Projeções conservadoras feitas pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (Intergovernmental Panel on Climate Change = IPCC) sugeriam que a composição química da água do mar pudesse ser modificada em até 0,3 unidades de pH nas alturas de 2050 (vida abaixo informação adicional sobre o pH  e a acidificação dos oceanos). Em na edição de 1 de outubro de 2008 de Geophysical Research Letters, Keith Hester e os coautores calculam que essa mudança na acidez dos oceanos permitirá que os sons cheguem até 70% mais longe debaixo d’água. Isto vai elevar o ruído de fundo nos oceanos e pode afetar o comportamento dos mamíferos marinhos.

Os químicos oceânicos sabem, há décadas, que a absorção do som pela água muda com a própria composição química da água. Quando o som se propaga através da água do mar, faz com que grupos de átomos vibrem, absorvendo os sons em freqüências específicas. Isso envolve várias interações químicas que não são inteiramente compreendidas. No entanto, o efeito em geral é fortemente controlado pela acidez da água do mar. A linha de base é que, quanto mais ácida a água do mar, menos sons de baixa e média freqüência ela vai absorver.

Desta forma, à medida em que os oceanos se tornam mais ácidos, os sons chegarão mais longe debaixo d’água. De acordo com os cálculos de Hester, uma mudança assim na composição química terá maior efeito nos sons abaixo de cerca de 3.000 ciclos por segundo (duas oitavas e meias acima do “dó” do meio do teclado em um piano).

Esta faixa de freqüências de som inclui a maior parte dos sons de “baixa freqüência” usados pelos mamíferos marinhos para procurar alimento e para acasalamento. Também inclui muitos dos sons subaquáticos gerados por atividades industriais e militares, bem como por barcos e navios. Este ruído gerado pela atividade humana aumentou dramaticamente nos últimos 50 anos, na proporção em que as atividades humanas no oceano aumentaram.

Os pesquisadores do MBARI afirmam que o som pode já estar chegando 10% mais longe do que o fazia a poucas centenas de anos atrás. Entretanto, eles predizem que, por volta de 2050, mesmo com as projeções conservadoras sobre a acidificação do oceano, os sons chegarão até 70% mais longe em algumas áreas oceânicas (particularmente no Oceano Atlantico). Isso pode aumentar muito a capacidade dos mamíferos marinhos em se comunicar a longas distâncias. E pode, igualmente, aumentar o ruído de fundo com o qual eles têm que conviver.

Não existem registros de longo-prazo sobre a absorção de sons em grandes áreas oceâncias. Não obstante, so pesquisadores citam um estudo feito ao largo da costa da Califórnia que mostrou um aumento no ruído oceânico entre 1960 e 2000 que não pode ser diretamente atribuído a fatores tais como ventos oceânicos ou navios.

A pesquisa de Hester mostra, mais uma vez, como as atividades hjumanas estão afetando a Terra de maneiras inesperadas e de longo alcance. Com dizem os pesquisadores em seu artigo: “As águas na superfície do oceano estão passando agora por uma transição extraordinária em seu estado químico fundamental, em um passo que não é visto na Terra há milhões de anos, e os efeitos estão sendo sentidos não só em impactos biológicos, mas, também, nas propriedades geofísicas, inclusive na acústica dos oceanos”.

Esta pesquisa foi financiada pela Fundação David e Lucile Packard.
Acidificação dos oceanos — informações complementares

No século passado, carros, usinas de energia e várias atividades humanas liberaram centenas de bilhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera da Terra. Ao analisar os efeitos dessa experiência química de escala planetária, os cientistas descobriram que cerca de metade deste CO2 foi absorvido pelos oceanos do mundo. Nos últimos cinco a dez anos, químicos oceanográficos chegaram à conclusão que a adição de dióxido de carbono aos oceanos os tornou mais ácidos, tal como a adição de dióxido de carbono à água gaseificada a faz se tornar mais ácida.

Os químicos medem a acidez em unidades de pH, em uma escala que vai de 0 (o mais ácido) a 14 (o menos ácido, ou seja, mais alcalínico). A água neutra da bica (lá nos EUA), por exemplo, tem um pH de cerca de 7. Em termos de comparação, o suco de limão tem um pH de cerca de 2 e o ácido da bateria do seu carro pode ter um pH de 0,8. A água do mar, por outro lado, usualmente é levemente alaclina, com um pH de cerca de 8,1.

Químicos marinhos (inclusive Peter Brewer do MBARI) estimam que o pH dos oceanos do mundo já caiu eem cerca de 0,1 unidades de pH desde o início da Revolução Industrial, há cerca de 250 anos. Eles estimam, ainda, que o pH do oceano possa cair outras 0,2 unidades de pH (para 7,9) por volta do ano 2050. Isto pode parecer uma mudança não muito grande, porém pode ter um impacto significativo nos corais e outros organismos marinhos cuja química corporal é adapatada a milhões de anos de condições químicas relativamente constantes.

Para mais informações sobre esta notícia, por favor entre em contato com:
Kim Fulton-Bennett (Monterey Bay Aquarium Research Institute)
(831) 775-1835, kfb@mbari.org
ou
Peter Weiss (American Geophysical Union)
202-777-7507 pweiss@agu.org


Artigo com a pesquisa:
K. C. Hester, E. T. Peltzer, W. J. Kirkwood, e P. G. Brewer, “Unanticipated consequences of ocean acidification: A noisier ocean at lower pH”. 2008. Geophysical Research Letters, Vol. 35 nº31 (1 de outubro de 2008).
Links relacionados (em inglês):

Traduzido e publicado com a expressa (e gentil) autorização de:

Kim Fulton-Bennett
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Communications Associate
Monterey Bay Aquarium Research Institute (MBARI)

O LHC e a Crise Financeira

Eu acredito que descobri o motivo dessa crise financeira… Quem me deu a dica foi Peter Woit, em seu post “Survivor”. O caso é o seguinte: todos os anos se formam mais PhDs em física de altas energias do que os postos de trabalho em ensino e pesquisa. Muitos deles foram parar em Wall Street, praticando o que se apelidou de “econofísica”.
Salários astronômicos e prestígio ilimitado, mas uma enorme inveja de seus colegas que ficaram com toda a diversão de detonar feixes de partículas para descobrir o que tem dentro. Então, os econofísicos bolaram uma experiência daquelas de deixar qualquer LHC no chinelo.
Aceleraram até próximo a velocidade da luz diversos feixes de “subprimes’, usando os efeitos de uma partícula vetora bastante conhecida, mas pouco considerada: os “morons”, e fizeram esses “subprimes” colidirem com as barras de ouro em Fort Knox.
Como resultado (e bem que diversas pessoas alertaram para os perigos do LHC!…) produziram um Buraco Negro que sugou bilhões de dólares, espalhou raios-M em todas as direções e só não sugou o cérebro do W. Bush porque este é constituído apenas de partículas virtuais.
Dessa forma eles comprovaram, de uma vez por todas, que o alcance da Força Econômica Forte (mediada pelos US$-verdes) é maior do que se pensava, anteriormente, e literalmente muda a cor original dos Petrodólares (que mudou de negra para vermelho) e dos — até então julgados totalmente estáveis — Euros (que ficaram amarelinhos…)
Quando a massa de dados coletada pelos computadores do Laboratório de Wall Street puder, enfim, ser processada (por enquanto os computadores estão empenhados em acompanhar o decaimento das ações), será possível estabelecer, com um grau de incerteza menor do que a posição de um elétron em um orbital, a massa total dos “morons” (que se supõe ser, no mínimo, equivalente à da Energia Escura).
Para não dizer que o Brasil ficou para trás, mais uma vez, em um experimento científico de tal magnitude, o BACEN já tratou de acelerar as Taxas de Juros Internos, esperando que, ao imprimir um spin oposto ao de todos os Bancos Centrais do Mundo, ocorra uma quebra espontânea de simetria e o vetor da Força Econômica Fraca (o R$) ganhe velocidade de escape suficiente para se livrar do Buraco Negro de Wall Street (ou que, ao menos, seja capaz de mandar mais um Coronel da FAB em vias de se aposentar para criar feijõezinhos no espaço exterior).
Em paralelo, os físicos do CERN ainda se lamentam da queima de uma bobina — que, ao contrário do que se divulgou apressadamente, não foi construída pela Odebrecht — que adiou, sine die, a criação de um Buraco Negro Europeu que, se esperava, seria capaz de engolir o Hawaii (para alegria dos surfistas… e decepção de várias seitas fundamentalistas que esperavam que desse Buraco Negro surgisse Jesus Cristo, de braços dados com Higgs, trazendo uma nova versão do “Livro de Mormon”).

Dedos, sim!… (mas, para que?…)

Descobri essa no EurekAlert… E peço aos biólogos que me expliquem melhor:

Uppsala University

Peixes pré-históricos tinham dedos rudimentares

Os Tetrápodes, os primeiros animais de quatro patas, são vistos como os primeiros organismos a terem dedos. Agora, pesquisadores da Universidade de Uppsala podem demonstrar que essa idéia está errada.  Usando equipamentos médicos de raios-X, eles encontraram rudimentos de dedos nas nadadeiras de fósseis de Panderichthys, o “animal de transição,” o que indica que dedos rudimentares se desenvolveram consideravelmente mais cedo do que se pensava.

Nossos ancestrais peixes evoluíram para os primeiros animais de quatro patas, tetrápodes, há cerca de 380 milhões de anos. Eles são os antepassados de todos as aves, dos mamíferos, répteis e anfíbios. Uma vez que pernas e seus dedos são tão importantes para a evolução, os pesquisadores sempre se perguntaram se eles apareceram primeiro nos tetrápodes, ou se haviam evoluído de elementos que já existiam em seus ancestrais peixes.

Quando eles examinaram os genes que são necessários para a evolução de nadadeiras em peixes-leão (uma espécie de peixe com nadadeiras semelhantes às das arraias que são um parente distante dos celacantos) e compararam esses com o gene que regulava o desenvolvimento de patas em ratos, os pesquisadores descobriram que os peixes-leão não tinham os mecanismos genéticos necessários para o desenvolvimento de dedos. Portanto, se concluiu que os dedos apareceram primeiramente nos tetrápodes.  Esta interpretação era apoiada pela circunstância de que o fóssil Panderichthys, um “animal de transição”  entre os peixes e tetrápodes parecia não ter os rudimentos de dedos em suas nadadeiras.

No presente estudo, a ser publicado na Nature, foram usados raios-X médicos (Tomografias computadorizadas) para reconstruir uma imagem tridimensional das nadadeiras do Panderichthys. O resultado mostrou elementos, até então desconhecidos, que constituem rudimentos de dedos nas nadadeiras. Rudimentos similares já haviam sido demonstrados existentes anteriormente, há dois anos, nos Tiktaaliks, que são um grupo mais próximo dos tetrápodes. Juntando isso com informações sobre o desenvolvimento das nadadeiras em tubarões, peixes-espátula e peixes-pulmonados-australianos, os cientistas podem, agora, concluir definitivamente que os dedos não eram uma coisa nova nos tetrápodes.

“Esta é a peça chave do quebra-cabeças que confirma que dedos rudimentares já estavam presentes nos ancestrais dos tetrápodes”, diz Catherine Boisvert.

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Sem dúvida, uma questão importante foi resolvida: ao mesmo tempo em que a evolução criou as patas, dotou-as de dedos. Parece lógico…
O que eu não consigo entender é: que “vantagem evolutiva” a presença dessas patas e dedos rudimentares poderia significar para os “animais de transição”?… A capacidade de permanecer por algum tempo fora d’água faz sentido como “melhoramento” (uma enorme expansão do ambiente). Mas os dedos?… Que raios de função eles poderiam exercer?… Em outras palavras: a mutação só vai apresentar uma real vantagem a longuíssimo prazo (quando os dedos deixarem de ser rudimentares e se tornarem funcionais). Então por que eles já existiam “de forma latente”?
Ou será que o artigo deixou de fora algum exemplo de “proto-patas” que jamais desenvolveram dedos (e o “animal de transição” se tornou um “beco-sem-saída” evolutivo e desapareceu)?…
Da forma que a coisa está colocada, parece que o desenvolvimento de patas com dedos é um “caminho único” e perigosamente próximo de um “Intelligent Design”…

PressPac da American Chemical Society (24/09/08)

Indícios de que um dispositivo barato aumenta a economia de combustível em até 20%
Publicaçãol: Energy & Fuels
Título: “Electrorheology Leads to Efficient Combustion”

Em meio aos assustadores aumentos no preço dos combustíveis, pesquisadores da Pennsylvania estão relatando resultados de testes em laboratório e na estrada que verificam que um dispositivo simples e barato, ligado nos injetores de combustível do motor de um veículo pode aumentar o rendimento em termos de quilômetros por litro em até 20%. Isso se traduz em muitos preciosos quilômetros a mais por litro, dizem eles. O estudo vai ser publicado na edição bimensal de 19 de novembro da Energy & Fuels da ACS.

No novo estudo, Rongjia Tao e seus colegas descrevem o desenvolvimento e os testes de um novo redutor de consumo de combustível. O pequeno dispositivo consiste em um tubo eletricamente carregado que pode ser fixado à mangueira de combustível de um automóvel, próximo ao injetor de combustível. O dispositivo cria um campo elétrico que afina o combustível, ou, dito de outra forma, diminui sua viscosidade, de forma que gotículas menores são injetadas no motor. Isso leva a uma combustão mais eficiente e limpa do que um injetor de combustível comum, dizem os pesquisadores.

Seis meses de testes em estrada em um carro a diesel mostraram que o dispositivo reduziram o consumo de 11,68 km/l para 13,1 km/l. “Nós esperamos que esse dispositivo tenha grandes aplicações em todos os tipos de motores de combustão interna, atuais e futuros”, declara o relatório, citando motores alimentados por gasolina, biodiesel e querosene. Maiores aperfeiçoamentos no dispositivo podem levar a uma relação km/l ainda melhor, é o que eles sugerem. — MTS
Viagra Natural ? A “Erva do bode tesudo” se mostra promissora nos estudos em laboratório
Publicação: Journal of Natural Products
Título do Artigo: “Potent Inhibition of Human Phosphodiesterase-5 by Icariin Derivatives”

Mais ainda, pesquisadores de Viagra na Itália relatam que um venerável remédio herbal chinês, conhecido como “erva do bode tesudo” (Epimedium) mostrou-se, em testes de laboratório, como uma fonte potencial para novas futuras drogas para o tratamento da disfunção erétil. O estudo, que fornece indícios científicos que apóiam o uso bem conhecido da erva como afrodisíaco, será publicado na edição de 24 de outubro da publicação mensal da ACS Journal of Natural Products.

No novo estudo, Mario Dell’Agli e colegas observam que o Viagra (sildenafil) e vários outros medicamentos já estão disponíveis para o tratamento da DE, ou impotência masculina. A DE afeta estimados 18 milhões de homens somente nos Estados Unidos. Entretanto, os estudos mostram que essas drogas podem causar efeitos colaterais, tais como dores de cabeça, rubor facial, náusea e perturbações visuais.

Para encontrar tratamentos melhores, os cientistas estudaram extratos de ervas com reputação de melhorar o desempenho sexual. Os cientistas expuseram as substâncias a uma enzima que controla o fluxo sanguíneo para o pênis e cuja inibição resulta em uma ereção. Um dos extratos testados, o da “erva do bode tesudo” se revelou o mais potente inibidor da enzima. Modificando quimicamente a icariina, o princípio ativo retirado do extrato, os cientistas obtiveram um sucedâneo com a atividade similar ao Viagra e um potencial menor de causar efeitos colaterais, porque ele alveja a proteína mais precisamente do que o sildenafil. — MTS

Os atuais regulamentos governamentais esquecem poluentes importantes na região de Los Angeles
Publicação: Environmental Science & Technology
Título do Artigo: “Apportionment of Primary and Secondary Organic Aerosols in Southern California during the 2005 Study of organic Aerosols in Riverside (SOAR-1)”

A legislação existente pode não enquadrar eficazmente uma grande fonte de partículas poluentes finas de origem orgânica que contribuem para o céu turbado e a má qualidade do ar sobre Los Angeles, de acordo com um estudo a ser publicado na edição de 15 de outubro da publicação quinzenal da ACS Environmental Science and Technology.

No estudo, Ken Docherty e colegas observam que a legislação corrente sobre qualidade do ar visam as fontes de emissão ‘primárias’, ou seja. diretamente emissoras de partículas. No entanto, suas novas descobertas indicam que partículas “secundárias”, ou seja, formadas quimicamente, contribuem de maneira mais significativa para a má qualidade do ar.

O estudo descobriu que a maior parte da neblina orgânica acima da cidade não é diretamente emitida por veículos ou processos industriais, diferentemente do que se pensava — 75% das partículas poluentes orgânicas se formam quando gases orgânicos reativos passam por transformações químicas e se condensam sobre partículas existentes no ar. “Nosso estudo sugere que a legislação precisa dar muito mais atenção aos gases orgânicos que reagem quimicamente na atmosfera, criando as partículas secundárias que constituem uma significativa parte da neblina”, declarou Docherty. — AD
Versão microscópica da tomografia computadorizada revela segredos da formação dos ossos
Publicação: Chemical Reviews
Título do artigo: “X-ray Microcomputer Tomography for the Study of Biomineralized Endo- and Exoskeletons of Animals”

Uma nova versão da tomografia computadorizada, que revolucionou o imageamento médico nos últimos 25 anos, está dando aos cientistas novas informações preciosas sobre como Mamãe Natureza forma conchas, ossos e outras estruturas rígidas em animais, dos guppies aos ratos. Essas informações sobre “biomineralização” podem formar uma base de conhecimentos para compreender as perdas ósseas em seres humanos e até conquistar o Santo Graal da medicina regenerativa — descobrir como lagartixas, estrelas do mar e outros animais fazem crescer partes do corpo amputadas.

Essas são as observações em uma nova visão geral sobre esse campo a ser publicada na edição de 12 de novembro da publicação mensal da ACS Chemical Reviews, Matthias Epple e Frank Neues descrevem as pesquisas correntes onde os cientistas usam tomografia computadorizada com raios-X para estudar a biomineralização, o processo pelo qual os animais formam ossos, conchas e outras estruturas rígidas. A microtomografia computadorizada é a versão de alta resolução da tomografia computadorizada convencional. Tal como uma TC, ela monta imagens tridimensionais de estruturas em ossos e conchas que são muito pequenas para serem vistas com a TC comum.

O artigo dá uma visão geral das pesquisas correntes que envolvem o uso da Micro-TC com raios-X e suas implicações para a medicina, projetos de novos materiais e outros campos. “É interessante para a moderna ciência de materiais imitar essas estruturas inorgânicas para criar novos revestimentos, materiais e instrumentos para aplicações práticas”, declara o artigo. “Estamos convencidos de que esse processo será de alto valor para o futuro estudo dos processos espacialmente diferentes de mineralização nos animais e plantas que realizam mineralização”. — AD

Revelando os segredos do leite materno
Journal: Chemical & Engineering News
Título do artigo: “Unraveling breast milk”

Pesquisadores estão relatando que novas descobertas sobre a composição do leite materno humano podem levar a novas maneiras de prevenção e tratamento de doenças estomacais e outras doenças em bebês e adultos. Uma artigo sobre este tópico está programado para a edição de 29 de setembro do semanário da ACS Chemical & Engineering News.

Na história de capa da C&EN, a Editora Associada Jyllian Kemsley observa que o leite materno humano é um fluido complexo, composto de diversos componentes chave, que incluem a lactose, um açúcar que fornece energia para o recém-nascido, e lipídios, que, se supõe, fornecem gorduras saudáveis para os recém-nascidos. Porém os cientistas só agora estão começando a entender  a composição e função de muitos dos componentes do leite materno.

Por exemplo, os pesquisadores descobriram que certos açúcares no leite materno podem ser desenvolvidos para o tratamento de entrecolite necrosante (necrotizing enterocolitis = NEC), uma doença potencialmente letal que afeta cerca de 10% dos bebês prematuros. Alguns tipos de açúcar no leite materno parecem ser preventivos de infecções bacterianas,  inclusive as que causam diarréias graves, observa o artigo. Uma melhor compreensão da química e da função do leite materno pode também levar ao projeto de fórmulas nutritivas mais eficazes para crianças e produtos à base de leite de vaca, sugere o artigo. “[O leite materno] é um fluido notável”, observou um pesquisador. “É extremamente embaraçoso que saibamos tão pouco sobre ele”.

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O PressPac da American Chemical Society é traduzido com expressa permissão da Sociedade Americana de Química e, em alguns casos, fornece o link para os originais em inglês.
Como eu digo nas traduções do Physics News Update, correções são bem vindas.

Physics News Update nº 873

POR DENTRO DA PESQUISA CIENTÍFICA ― ATUALIZAÇÃO DAS NOTÍCIAS DE FÍSICA

PHYSICS NEWS UPDATE

O Boletim de Notícias de Pesquisas do Instituto Americano de Física, n° 873 de 25 de setembro de 2008, por Philip F. Schewe, James Dawson e Jason S. Bardi

A MAIS DISTANTE COISA VISÍVEL.

Pela primeira vez na história você poderia ter visto até a metade do caminho da origem do universo a olho nu. Na noite de 19 de março de 2008 um telescópio montado no espaço observou um clarão vindo de um jato de raios gama, um objeto celeste extremamente explosivo, que estabeleceu diversos recordes. Primeiro, se você estivesse olhando naquela direção, você teria sido capaz de ver, com seus próprios olhos somente, algo a uma distância maior do que sete bilhões de anos-luz — mais longe do que qualquer ser humano já enxergou em toda a história.  Segundo, uma vez que olhar para o espaço é equivalente a olhar para trás no tempo (o tempo que leva para a luz vir desses objetos até a Terra é de muitos anos), você estaria testemunhando a coisa mais velha visível a olho nu.

Um novo relatório descreve as observações da explosão, feitas por um telescópio orbital chamado Swift e por alguns telescópios com base em Terra que entraram em ação assim que foram avisados pelo Swift. O Swift tem três detectores a bordo que observam, não a luz visível comum, mas a luz muito mais energética na forma de raios-x e raios gama. Uma das características da missão Swift é que, assim que ele vê qualquer coisa interessante, ele alerta controladores no solo, de forma que outros telescópios possam ser apontados naquela direção. Dessa forma a explosão, cujo nome oficial é GRB 080319B, pode ser seguida por telescópios sensíveis ao outros tipos de luz, tais como infravermelho e até ondas de rádio.

O evento de 19 de março é um exemplo de um jato de raios gama. Isto acontece quando certas velhas estrelas massivas esgotaram seu combustível interno. Quando uma estrela fica sem combustível, a força da gravidade faz com ela se contraia. Se este processo for suficientemente violento, a estrela pode explodir como uma supernova.  Em alguns casos especiais, o que resta é um buraco negro e ondas de choque que se propagam para fora e, quando se entrecruzam, podem criar um brilhante clarão de luz. Por algum tempo, essa luz é mais poderosa do que a proveniente de toda uma galáxia de estrelas. (sic)

O cone de energia que se espalha a partir da explosão pode ser bastante estreito, e forma que, para ser observado tão distante, como esse objeto foi, ele tem que estar exatamente alinhado de forma que o Swift possa vê-lo. Este jato de raios gama não foi o mais distante já observado com um telescópio, mas foi o mais brilhante em termos de energia liberada. Tão brilhante que, de fato, pode ser visto a olho nu em certas áreas das Américas do Norte e do Sul na noite de 19 de março, mesmo que por apenas cerca de 40 segundos. O clarão de luz que chegou á posição do Swift em sua órbita foi tal que dois dos três detectores do Swift ficaram temporariamente ofuscados.

Por sorte, diversos telescópios foram rapidamente colocado em posição e puderam estudar a explosão estelar se desenrolar. A essas alturas, o raios gama, a parte mais energética da explosão de luz, já tinham sumido. Mas outros tipos de luz continuaram a ser emitidos do local. De acordo com a cientista da Swift, Judith Racusin, uma astrônoma na Universidade Penn State, este se tornou o jato de raios gama melhor estudado e as observações já modificaram nosso modo de pensar acerca de como esses jatos funcionam.

Quando se olha para o céu noturno, cerca de 3.000 estrelas são visíveis. Tudo o que se pode ver à noite é um planeta de nosso Sistema Solar ou uma dessas estrelas, todas elas localizadas em nossa própria galáxia, a Via Láctea. A coisa mais distante que pode ser normalmente vista a olho nu — e com alguma dificuldade — é a galáxia de Andrômeda, que fica a cerca de 2,5 milhões de anos luz distante. Somente uma vez, em média, a cada século, uma supernova de outra galáxia mais distante fica visível. E, recentemente, já havia 400 anos desde que uma dessas tinha sido vista.

Isso torna o evento GRB 080319B mais impressionante ainda. Ele quebra o recorde do evento-mais-distante-observável-a-olho-nu por um fator de mil. Localizado na Constelação de Bootes (o Boiadeiro), o jato de raios gama fica a uma distância de 7 bilhões de anos-luz, o que significa que levou 7 bilhões de anos para a luz da explosão chegar à Terra. Isso significa que uma pessoa que tenha observado a parte visível da explosão, viu algo com metade da idade do universo, desde o “Big Bang”, quando, de acordo com a moderna cosmologia, começou o universo. Quando a explosão aconteceu, o Sol não tinha aparecido, ainda, muito menos a Terra, menos ainda a espécie humana. (Os resultados apareceram na revista Nature de 11 de setembro de 2008.)

PREDIZENDO (BEM… QUASE…) O RESULTADO DAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS.

Dois matemáticos bolaram o que eles dizem ser um processo “surpreendentemente eficaz” para predizer o resultado da eleição presidencial dos EUA, usando estatística de medianas com base nas pesquisas eleitorais.

Em um artigo no periódico Mathematical and Computer Modeling, Wes Colley, da Universidade do Alabama, Huntsville, e J. Richard Gott III, da Universidade de Princeton, disseram ter desenvolvido um sistema que usa as margens de vitória de cada candidato em cada uma das várias pesquisas realizadas durante o último mês. Essas margens são classificadas da maior para a menor, e o número do meio, ou mediana, é usado como o escore do candidato para cada estado em particular.  Colley é nacionalmente conhecido por seu sistema de modelagem em computador usado para estabelecer os rankings do futebol americano (universitário) pela NCAA, e seu novo sistema apresenta Barack Obama  na frente de John McCain.

“John McCain precisa mudar o resultado em vários estados para abrir seu caminho, enquanto que Obama pode se dar ao luxo de perder um ou dois e ainda ganhar as eleições”, declarou Colley. Antes que os partidários de Obama comecem a estourar o champanhe, entretanto, eles devem tomar conhecimento de novas pesquisas feitas pelo Instituto para Pesquisa de Operações e as Ciências de Administração (Institute for Operations Research and the Management Sciences = INFORMS), com sede em Maryland, a maior sociedade do mundo para profissionais de pesquisas de operações.

Usando uma metodologia que “aplica um modelo matemático aos dados das pesquisas estaduais, usando um algoritmo de programação dinâmico para predizer os resultados da eleição”, INFORMS diz que McCain está á frente por 27 votos no Colégio Eleitoral (282.8 votos para McCain, 255.2 para Obama). E aí aparece o fundador do Centro de Pesquisas da Universidade de New Hampshire e antigo editor-gerente do Instituto Gallup, David Moore, que revela em um novo livro que “pesquisas feitas pela mídia não são usadas para descobrir as vontades ou opiniões do público, mas, ao contrário, servem para fabricar uma ‘opinião pública’ que capture a atenção dos jornalistas e possa ser usada para ‘tampar buracos’ nos noticiários”. A metodologia usada pelas maiores pesquisas nacionais, diz ele, “dão falsas leituras sobre os candidatos preferidos pelos votantes e sobre o que o público quer”.

[Comentário do tradutor: o nosso velho “Barão de Itararé” já dizia que “existe a opinião pública e a opinião que se publica”]

ANÚNCIOS MULTILÍNGÜES.

No mundo, cada vez mais competitivo, do marketing global, como uma companhia multinacional, com base nos EUA, Bélgica ou Japão, deve decidir qual linguagem deve ser usada para anúncios na televisão para vender produtos na Índia?  Será melhor anunciar em Hindi, a linguagem nativa da Índia, ou inglês, a linguagem que a maior parte da população urbana da Índia também fala e compreende?

Pesquisadores das Universidades de Minnesota e Michigan descobriram que a resposta depende um bocado do produto que se quer vender. Produtos de luxo, tais como chocolates finos, vendem melhor em países bilíngües se usarem o inglês, mas produtos de primeira necessidade, tais como detergente, vendem melhor se anunciados na linguagem nativa, foi o que os pesquisadores descobriram. Porém a melhor escolha pode ser uma mistura das linguagens. “A questão dos consumidores bilíngües é cada vez mais crucial para as corporações multinacionais”, diz Rohini Ahluwalia, um pesquisador de marketing na Carlson School of Management de Minnesota. “Para alguém na Espanha, um anúncio de um item de luxo de uma firma estrangeira pode ter um maior impacto se for falado em inglês ou ‘espanglês’, do que se for falado em espanhol somente”, diz Ahluwalia.  “Ao contrário, se o produto anunciado for um item de primeira necessidade, a linguagem nativa é mais persuasiva”. Um estudo de Ahluwalia e o pesquisador de marketing da Universidade de Michigan, Aradhna Krishna, realizado na Índia revelou que a escolha da linguagem é carregada de simbolismo e escolher o que funciona é difícil. A linguagem Hindi foi associada com “familiaridade”, enquanto o inglês foi associado com “sofisticação”, dizem os pesquisadores. As implicações para os orçamentos multimilionários de propaganda podem ser sérias. Anúncios de companhias estrangeiras somente em inglês funcionam melhor do que anúncios na linguagem local que “podem sair pela culatra, causando ceticismo no consumidor”, declarou Ahluwalia. Porém, “o mais seguro é usar anúncios com linguagens misturadas”.

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Como divulgado no numero anterior, este boletim é traduzido por um curioso, com um domínio apenas razoável de inglês e menos ainda de física. Correções são bem-vindas.

[E que mal pergunte este mero tradutor: que raios publicidade tem a ver com física????]

Galbraith sobre a crise do mercado americano

O Washington Post de hoje tras um artigo de James K. Galbraith, intitulado: “A Bailout we don’t need”, esculachando a intervenção do governo americano na quebradeira dos bancos de investimentos.

Ele começa o artigo com uma verdade que o governo americano está tentando esconder atrás de filó:

Agora que todos os cinco grandes bancos de investimentos — Bear Stearns, Merrill Lynch, Lehman Brothers, Goldman Sachs e Morgan Stanley — desapareceram ou “morfaram” em bancos comuns, surge uma qustão.
Essa operação de salvamento fiança ainda é necessária? (Nota do tradutor: “to  bailout”, literalmente, quer dizer “baldear”, ou seja, tirar com baldes a água que entra em um barco que está afundando)[atendendo à correção feita pelo Daniel: “bailout” significa “libertar mediante pagamento de fiança”; se o significado original de “bail” = “fiança” tem correlação com “bail” = “balde”, ignoro. Eu devo ter sido induzido ao erro pela expressão “all hands to the bails!” que é usada para “baldear” um barco em dificuldades]

O objetivo dessa fiança é comprar ativos que não têm liquidez, mas não são sem valor. No entanto, os bancos comuns têm ativos como esses o tempo todo. Chamam eles de “empréstimos”.

Mais à frente, ele prossegue:

Com esta solução, a ameaça sistêmica às finanças deve desaparecer. Isso significa que a economia vai se recuperar rapidamente? Não. Infelizmente, ela não vai. Dois vastos problemas econômicos vão confrontar o próximo presidente imediatamente. Primeiro, a crise habitacional subjacente: Existem casas demais no mercado, casas demais vagas ou não vendidas, proprietários demais debaixo d’água. O crédito não vai começar a aparecer, como sugerem alguns, simplesmente porque a crise foi contida. Têm que haver tomadores de empréstimos e têm que haver fiadores. E não haverá o bastante.
(…)

A segunda crise está nos governos estaduais e municipais. (…) O cenário é o mesmo em todas as partes: escolas, corpos de bombeiros, delegacias de polícia, parques, bibliotecas e projetos de abastecimento d’água estão levando o machado, enquanto serviços essenciais de manutenção são postergados e importantes projetos de desenvolvimentos não são iniciados. Isso é pernicioso quando ataxa de desemprego está aumentando e quando temos todos os recursos que realmente necessitamos para preservar os serviços públicos e expandir os investimentos públicos. E é também desnecessário.

Em suma, Galbraith afirma que a crise não é do país Estados Unidos e que os governos não tem que sair correndo para cortar orçamentos: a crise está localizada em Wall Street, “onde a desregulamentação, ganância e fraude correram frouxas”. E sugere que deixem os prejuízos por conta dos investidores.
Ou, como sintetizou o Lula: “os lucros ficam nas mãos dos financistas… os prejuízos são repartidos entre a sociedade”.
Engraçado como, em véspera de eleição, os discursos da direita e da esquerda se tornam semelhantes…

O que fazer dos embriões que sobram

Foi só eu mencionar a utilização dos embriões humanos criogenizados em pesquisas (em uma discussão no “Roda de Ciência”) que descobri esse novo dado no EurekAlert:
University of Illinois at Chicago

O que fazer com as sobras de embriões nas clínicas de fertilização?

A maioria dos pacientes de tratamentos de infertilidade são favoráveis ao uso dos embriões que sobram para a pesquisa com células-tronco e também apoiariam a venda dos embriões excedentes para outros casais, de acordo com uma recente pesquisa
A pesquisa foi publicada em dois estudos relacionados na edição de setembro de Fertility and Sterility.
Os pesquisadores entrevistaram 1.350 mulheres que se apresentaram em um centro de fertilização de um  grande hospital universitário em Illinois. A pesquisa incluiu 24 perguntas acerca da origem demográfica dos pacientes, histórico de obsetetrícia e infertilidade, e opiniões acerca do uso dos embriões extra para pesquisa com células-tronco e a venda dos embriões excedentes para outros casais.
A tecnologia de reprodução assistida resultou na criação e criopreservação de embriões extra nos centros de fertilidade ao longo do país. A estimativa de 2002 era de que 396.526 embriões estavam armazenados em clínicas de fertilização nos EUA, de acordo com pesquisas previamente publicadas.
Esses embriões podem ser usados para futuras tentativas de implante, doados a outros casais ou agências, dados aos pesquisadores ou descartados.
Uma vez que os pacientes de infertilidade são os “guardas do portão” desses embriões excedentes, é importante compreender suas opiniões, de acordo com o Dr. Tarun Jain,  professor assistente de endocrinologia reprodutiva e infertilidade, diretor da clínica de IFV da Universidade de Illinois em Chicago e principal autor do estudo.
Quando perguntados se o uso de embriões excedentes para pesquisas com células-tronco deveria ser permitido, 73% dos 636 entrevistados que deram uma opinião definida, responderam que sim.
“Os pacientes de infertilidade são, em geral, altruísticos e faz sentido que eles queiram ajudar a medicina a avançar e auxiliar os outros”, declarou Jain.
Os Afro-Americanos e Hispânicos deram menos aprovação ao uso de embriões excedentes para a pesquisa com células-tronco do que os Caucasianos. Os pacientes com menos de 30 anos, Protestantes, menos abonados e solteiros, também foram menos favoráveis ao uso de embriões excedentes para pesquisas com células-tronco.
Os pesquisadores também perguntaram aos pacientes de infertilidade se eles estariam dispostos a vender seus embriões excedentes para outros casais, uma prática considerada eticamente inaceitável pela Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva e o Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas.
Existe uma demanda crescente por parte dos pacientes de infertilidade que não podem conceber com o uso de seus próprios oócitos, ou células-ovo, para comprar os embriões excedentes pré-existentes, já que essa é uma opção mais barata do que o uso de um doador de células-ovo, de acordo com os autores.
Quando perguntados se vender embriões excedentes para outros casais deveria ser permitido, 56% dos 588 entrevistados que exprimiram uma opinião responderam que sim.
Os hispânicos foram os que menos aprovaram a venda dos embriões excedentes, em comparação aos caucasianos, porém todos os Leste-Indianos entrevistados aprovaram a prática [nota do tradutor: região da ìndia com centro em Bombaim, colonizada principalmente por cristãos portugueses]. Mulheres que nunca tinham conseguido ficar grávidas também foram menos dispostas a aprovar, revelou o estudo.
Os autores dizem que essa é a primeira pesquisa que examina as opiniões de uma população genérica infértil com relação à utilização dos embriões excedentes e a analisar os resultados com base nos aspectos sociodemográficos e histórico de reprodução dos pacientes.
“Dado ao potencial de um significativo aumento do tratamento dos embriões excedentes como uma commoditie, as sociedades médicas e os legisladores podem precisar prestar atenção especial a essa área controversa”,  concluem Jain e a co-autora Stacey Missmer do Brigham and Women’s Hospital e da Escola de Medicina de Harvard.

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Para maiores informações sobre endocrinologia reprodutiva e infertilidade, no Centro Médico da Unioversidade de Illinois em Chicago, visite www.uicivf.org
Para maiores informações sobre a UIC, visite www.uic.edu

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Considerações do tradutor:

Parece que um dos receios dos “fundamentalistas” do White Power é totalmente infundado:a “ralé” negra e hispânica não está montando uma conspiração para espalhar seus “genes impuros” pela população WASP… Bem ao contrário!…

Sem dúvida, as questões de foro étnico-culturais-religiosas têm um impacto importante na predisposição dos possíveis doadores. Mas a mensagem do grupo Indiano introduz um “ruído” de origem local: talvez uma resposta instintiva para burlar o sistema de castas, apesar da influência do catolicismo na região.

Como eu observei no comentário ao post no “Roda de Ciência”, esses “gatos de Schrödinger humanos” não atraíram a atenção de “defensores dos direitos dos fetos”, até que os cientistas propuseram usá-los em pesquisas, em lugar de, simplesmente, descartá-los. O que traz dúvidas sobre a honestidade da argumentação desses “defensores da vida”…

E mais uma consideração final: o preço desses tratamentos e procedimentos continua extorsivo. Nada mais natural que quem pagou caro por esses embriões queira reduzir seu prejuízo, comercializando os “excedentes”…

Em tempo: “existem mentiras, mentiras deslavadas e estatísticas”. Notem que os dados percentuais das respostas afirmativas se referem ao número de opiniões contra ou a favor, mas os números citados são apenas do número de entrevistados: não há qualquer dado sobre o número de indecisos. Portanto, o que quer dizer em termos numéricos absolutos a afirmativa:

Quando perguntados se o uso de embriões excedentes para pesquisas com células-tronco deveria ser permitido, 73% dos 636 entrevistados que deram uma opinião definida, responderam que sim.

E se dos 636 entrevistados, apenas 100 deram uma opinião definida?… A proporção resultaria em 73 favoráveis em um universo de 636 entrevistados, um dado pífio e sem significado…

“Torture bem seus dados e eles acabam confessando o que você quer”…

Lá, como cá…

De vez em quando faz bem a nós terceiro-munidstas ler uma notícia triste, vinda do Primeiro-Mundo… O New York Times de hoje traz uma que me fez lembrar dos problemas tão comuns em nossas grandes cidades.
“Painéis solares estão desaparecendo, para reaparecerem, depois, na Internet”. É o seguinte: os cidadãos da Califórnia, empenhados em fontes alternativas de geração de energia, equipam suas casas com painéis solares. Só que os ladrões gostaram da idéia e roubam os painéis dos incautos, durante a noite… Já tem gente fazendo marcas visíveis em seus painéis solares, para facilitar a identificação deles quando forem roubados. O único recepotador preso até agora (em Santa Mônica), alegou ter comprado os painéis roubados pela internet e tentado revender com lucro…
Bom, né?… você faz uma bela economia em energia elétrica… e gasta seu ganho com um seguro contra roubo…
A Polícia lá, também dorme…
E a gente, aqui, fica indignado quando lê uma notícia sobre roubo de fios… “Só podia ser nessa terra sem-vergonha!…”
Ledo engano!…

Façam fila! (ou não…)

Via EurekAlert:
American Friends of Tel Aviv University

To queue or not to queue? (o trocadilho é tão bom que eu resolvi não traduzir)



Professor Refael Hassin
Crédito: AFTAU


Se há alguma coisa que diferencia a humanidade dos animais, é que os humanos esperam em filas. Para fazer um depósito no banco, para pagar as mercadorias no armazém, até para votar — todos nós aprendemos a fazer fila, um atrás do outro. E aprendemos, mesmo que não gostemos disso, que é melhor sorrir e suportar.
No entanto, tempo é dinheiro, e tanto as pessoas como os negócios podem sofrer na medida em que as filas se tornam cada vez maiores, diz o matemático Prof. Refael Hassin, da Universidade de Tel Aviv. Ele empregou a Teoria dos Jogos para estudar o tempo de espera nas filas e compreender as conseqüências econômicas. Suas descobertas — muitas das quais contrariam totalmente o “senso comum” — podem também virar a indústria dos serviços de cabeça para baixo, porque ajudam os negócios a ficarem mais rentáveis e tornar o mundo um lugar mais agradável para todos viverem.
Os resultados da sua pesquisa foram recentemente publicados em Management Science.
Um “Espresso” enquanto você espera

Os negócios podem implementar sistemas para diminuir os tempos de espera e diminuir o número de consumidores frustrados que vão embora sem fazer uma compra. O Prof. Hassin nota que existem muitas soluções que as companhias poderiam adotar para melhorar o serviço ao consumidor. Uma taxa de entrada para uma fila mais rápida é uma das opções.
“Eu não sugiro que as companhias saiam contratando mais caixas, assim que virem as filas crescendo”, diz ele. “Mas com alguma análise básica os picos de tempo de espera nas filas podem ser estabelecidos e os negociantes podem se assegurar que os fregueses continuem felizes durante a espera, oferecendo serviços e distrações, tais como TV ou, quem sabe, cappuccinos”.
Mas algumas vezes as próprias filas são o problema, acredita o Prof. Hassin. Seu estudo sugere que os tempos de espera são afetados por um grande número de variáveis aleatórias e que as pessoas que se amontoam em um balcão podem ser servidas com mais eficiência do que pessoas que esperam na fila. Algumas vezes a desordem cria sua própria ordem.
Em uma sorveteria, por exemplo, um consumidor que se esprema no balcão, vai esperar por menos tempo do que se o mesmo número de fregueses esperassem pacientemente em uma fila. Isso significa que mais sorvetes serão servidos e mais dinheiro entrará no caixa. “Se houver 10 pessoas em uma sorveteria, na média você vai ser atendido depois da quinta, se não esperar em uma fila organizada”, diz o Prof. Hassin.
Prof. Hassin prossegue explicando: “É claro que eu poderia ser atendido primeiro, segundo ou mesmo em último lugar. Mas, na média, as estatísticas se baseiam nas estratégias de tomada de decisões humanas: se uma pessoa está decidindo se vai ou não entrar em uma loja e vê muitas pessoas já lá dentro, a maioria preferirá um atendimento desorganizado — porque existe a oportunidade de ser atendido antes do que se estivesse esperando pacientemente em uma fila”.
Para a Democracia, é necessário “esperar a sua vez”?

Tanto os fregueses como os comerciantes podem aprender com a pesquisa do Prof. Hassin. Embora pareça, intuitivamente, que a eqüidade seja observada quando as pessoas esperam pacientemente em filas, até que chegue sua vez, o Prof. Hassin diz que, quando se trata de fazer fila, a democracia é mais respeitada quando se fura a fila.
“As pessoas nas filas tendem a pensar somente em si próprias e ignorar o impacto que podem causar sobre as demais”, diz o Prof. Hassin. “Se eu cheguei na fila primeiro e você chegou depois, você vai esperar mais por minha causa. Os fregueses freqüentemente são egoístas e ignoram os efeitos que seu comportamento tem sobre os demais”. Por isso, em alguns casos, é melhor gerenciar uma fila de uma maneira desorganizada e não-democrática, atender na ordem inversa da chegada, ou esconder informações sobre o tamanho da fila a fregueses em potencial, explica ele.

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A pesquisa do Prof. Hassin’s foi inspirada na ausência de um sistema de filas organizadas na sociedade Israelita. Suas descobertas estão disponíveis em “To Queue or Not to Queue” de autoria dos Professores Hassin e Moshe Haviv, no website do Prof. Hassin’s em http://www.math.tau.ac.il/~hassin/.

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Observações do tradutor:

Eu não poderia concordar mais com o Prof. Hassim! Basta se lembrar dos “profissionais de fila” nos postos de atendimento médico no Brasil… E lembrar quando foi a última vez (eu garanto que não foi há muito tempo…) em que você se viu em uma situação como a minha:

Eu precisava fazer um depósito mixuruca de R$ 50,00, diretamente na conta de meu filho (tinha que ser na boca do caixa, porque a agência bancária dele é de Macaé). Entrei no banco, apenas um caixa funcionando, mas apenas duas pessoas na fila, também. Uma hora de espera! As duas pessoas que estavam na minha frente eram dois “enrolados” que queriam porque queriam ser atendidos, mas não sabiam onde tinham guardado os documentos, se a conta que desejavam mexer era corrente ou de poupança, etc. Depois de esperar por uma hora, eu fui atendido em exatos 25 segundos! (Eu estava com o dinheiro e o número da conta na mão…) Que diferença faria para as tais duas pessoas me deixarem passar sua frente? Nenhuma!… Apenas “elas chegaram antes”…

Aliás, quem não “mofou” em uma fila, atrás de um contínuo de repartição pública ou office-boy com trocentos depósitos, cheques, pedidos de talão de cheques, extratos e outras mumunhas que eles levam naquelas malditas pastinhas?… Que se dane se “eles estão trabalhando”!… Os outros também têm mais o que fazer!

Outra coisa que não é novidade: quando o Prof. Hassim fala em “Uma taxa de entrada para uma fila mais rápida ”, ele só está falando da velha conhecida dos brasileiros: a “taxa de urgência”… Funciona em qualquer cartório, repartição pública e concessionária de serviços públicos. “Criar dificuldades para vender facilidades” sempre foi o lema de qualquer burocracia…

Mas você prefere um país “organizado” e “civilizado”?… Sem problemas!… Entre aí na fila…

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