Sonda MESSENGER descobre um Mercúrio mais ativo que o esperado

[MESSENGER Spacecraft Reveals a Very Dynamic Planet Mercury]

 
 

WASHINGTON
— Uma sonda da NASA que sobrevoou a superfície de Mercúrio, revelou que a atmosfera do planeta, a interação de seu campo magnético com o vento solar e seu pas­sado geológico mostram um nível de atividade muito maior do que os cientistas suspeita­vam até agora. A mesma sonda descobriu também uma grande cratera de impacto, até então desconhecida, com cerca de 690 km de diâmetro — a mesma distância de Washington a Boston.

As análises dessas novas descobertas e mais, são relatadas em quatro artigos publicados na edição de 1 de maio da revista Science. Os dados vêm da espaçonave MErcury Surface, Space ENvironment, GEochemistry and Ranging = MESSENGER (Superfície, Ambiente Es­pacial, Geoquímica e Plotagem de Mercúrio). Em 6 de outubro de 2008, a sonda sobrevoou Mercúrio pela segunda vez, captando mais de 1.200 imagens coloridas em alta definição do planeta. A sonda revelou outros 30% da superfície do planeta que nunca tinham sido avista­dos por qualquer espaçonave anterior, coletando dados essenciais para o planejamento do restante da missão.

Sean Solomon, da Instituição Carnegie de Washington, o principal investigador dessa mis­são, disse: “Este segundo sobrevoo de Mercúrio nos proporcionou uma série de descober­tas. Uma das maiores surpresas foi a variação da dinâmica da interação do campo magné­tico do planta com o vento solar, comaparada à observada no primeiro sobrevoo de Mercú­rio em janeiro de 2008. A descoberta de uma bacia de impacto grande e surpreendentemente bem conservada mostra uma atividade vulcânica concentrada e atividade tectônica”.

A espaçonave também detectou, pela primeira vez, a presença de magnésio na fina atmos­fera de Mercúrio, conhecida como uma exosfera. Esta observação e outros dados confir­mam que o magnésio é um componente importante dos materiais da superfície de Mercúrio.

O instrumento Espectrômetro de Composição da Atmosfera e Superfície de Mercúrio na son­da, detectou o magnésio. A descoberta de magnésio não foi surpreendente para os cien­tistas, mas a quantidade e a distribuição eram bem maiores que o esperado. O mesmo ins­trumento também mediu outros componentes da exosfera, inclusive cálcio e sódio.

“Isto é um exemplo do tipo de descobertas individuais que a equipe de ciências vai reunir para nos dar um novo quadro sobre como o planeta se formou e evoluiu”, declarou William McClintock, co-investigador e autor principal de um dos quatro artigos. McClintock, que é do Laboratório de Física Atmosférica e Espacial da Universidade de Colorado em Boulder, sus­peita que outros elementos metálicos da superfície, incluindo alumínio, ferro e silício, tam­bém contribuem para a exosfera.

A variabilidade que a espaçonave observou na magnetosfera de Mercúrio, o volume de espa­ço dominado pelo campo magnético do planeta, até agora apoia a hipótese de que as gran­des mudanças diárias na atmosfera de Mercúrio podem ser resultantes de modificações na blindagem proporcionada pela magnetosfera.

“A espaçonave observou uma magnetosfera radicalmente diferente em Mercúrio durante o segundo sobrevoo, em comparação com o prévio encontro em 14 de janeiro”, declarou James Slavin do Centro de Voo Espacial Goddard da NASA em Greenbelt,
Maryland. Slavin é tam­bém um co-investigador na missão e autor principal de um dos artigos. “Durante o primeiro sobrevoo, foram realizadas importantes descobertas, porém os cientistas não detectaram quaisquer características dinâmicas. O segundo sobrevoo testemunhou uma situação com­pletamente diferente”.

A descoberta da bacia de impacto, chamada de Rembrandt, marca a primeira vez que os cientistas observam o solo bem exposto em uma grande bacia de impacto em Mercúrio. As formações do solo, tais como essas reveladas no chão de Rembrandt, usualmente ficam cobertas por fluxos vulcânicos.

“Essa bacia se formou a cerca de 3,9 bilhões de anos, perto do fim do período de bombar­deamento pesado no sistema solar interior”, explicou Thomas
Watters do Instituto  Smith­sonian em Washington, um dos cientistas participantes e autor principal de um dos artigos. “Embora antiga, a bacia Rembrandt é mais jovem do que a maioria das outras bacias de im­pacto conhecidas em Mercúrio”.

Metade de Mercúrio era desconhecida até pouco mais de um ano atrás. Os globos que re­presentavam o planeta ficavam com um lado em branco. As imagens colhidas por espaço- naves permitiram que os cientistas vissem 90% da superfície do planeta em alta definição. A nova cobertura por imagens da superfície, após esse segundo sobrevoo, permite aos cien­tistas uma nova compreensão de como a crosta do planeta se formou.

“Depois de mapear a superfície, vemos que aproximadamente 40% é coberta por planícies suaves”, disse Brett Denevi da Universidade do Estado do Arizona em Tempe, membro da equipe e autor principal de um dos artigos. “Muitas dessas planícies suaves são tidas como sendo de origem vulcânica e ficam distribuídas por todo o planeta. Grande parte da crosta de Mercúrio pode ter-se formado através de repetidas erupções vulcânicas de modo muito mais semelhante à crosta de Marte do que à da Lua”.

Os cientistas continuam a examinar os dados dos dois primeiros sobrevoos e estão se pre­parando para recolher mais informações de um terceiro sobrevoo em 29 de setembro.

“O terceiro sobrevoo de Mercúrio é o ensaio geral final para o principal ato de nossa missão: a colocação da sonda na órbita de Mercúrio no entorno de março de 2011”, disse Solomon. “A fase orbital será como se realizássemos dois sobrevoos por dia e permitirá a coleta con­tínua de informações acerca do planeta e seu ambiente por um ano. Mercúrio tem-se mos- trado tímido em revelar seus segredos até agora, mas em menos de dois anos o planeta mais interior terá se tornado um velho conhecido”.

O projeto MESSENGER é o sétimo do Programa Discovery da NASA de missões cientí­ficas de baixo custo. O Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins em Laurel, Maryland., projetou, construiu e opera a espaçonave e gerencia a missão para o Diretório de Missões Científicas da NASA em Washington. Os instrumentos científicos fo- ram construídos pelo Laboratório de Física Aplicada; Centro Goddard; Universidade de Michigan em Ann Arbor;e Universidade do Colorado em Boulder. GenCorp Aerojet de Sacra­mento, Califórnia e Composite Optics Inc. de San Diego forneceram o sistema de propulsão e a estrutura composta.


Gripe suína H1N1: algumas dicas

Eu tentei me manter afastado do assunto, uma vez que não sou médico, nem biólogo, muito me­­nos versado em saúde pública. Mas, na qualidade de cidadão interessado — e preocupado, já que não sou diferente de ninguém — e como tenho acompanhado tanto o noticiário na grande mídia, como fontes mais – digamos – “especializadas” (blogs de ciências e noticiário direto do Centers for Disease Control and Prevention = CDC), me sinto no direito de dar meus palpites so­bre essa ameaça de pandemia.

Essa gripe vai chegar ao Brasil?

Provavelmente, sim! Aliás, eu me arriscaria a dizer que “com certeza, sim!” Vigiar portos e aeroportos é muito bom e uma providência indispensável. Mas não é suficiente… O Brasil tem uma enorme (e pouquíssimo vigiada) “fronteira seca” com todos os países hispâ­nicos da América do Sul, à excessão de Chile e Equador. Por mais que se vigie os portos e areoportos, mais cedo ou mais tarde essa epidemia acaba entrando pelo interior de um des­ses países que, sem demérito implícito algum, têm muito menos recursos de saúde pública que o Brasil.

O governo pode tomar alguma providência para impedir?

Claro que não! Os Estados Unidos não puderam evitar que cruzasse a fornteira do Rio Grande, muito menos o governo brasileiro poderá evitar…

Já que não dá para impedir, dá para reduzir os efeitos?

Dar, dá… E, pelo que eu vejo, as providências cabíveis já estão sendo tomadas. O mai­or problema é que os dados disponíveis sobre a doença ainda são poucos, e as tais “provi­dências cabíveis” são muito genéricas: vigiar portos e aeroportos, isolar casos suspeitos, au­mentar os estoques de medicação, mobilizar os recursos da saúde pública, entre outras.

E essas providências serão suficientes?

A resposta mais honesta é: “Ninguém sabe!” Na verdade, sempre que há uma pandemia, depois que ela passa, fica muito fácil descobrir o que poderia ter sido feito, mas não foi… A julgar pelos dados mais recentes, a situação parece sob controle. Desde que o alerta foi emitido, o mundo registrou vários casos isolados em (até agora) 17 países. O lugar onde apareceu o maior número de infectados foi em Nova York, com 50 casos registrados e ne­nhuma morte até agora.

Os dados iniciais vindos do México — que falam de óbitos de 1 em cada 10 casos — ainda não estão confirmados oficialmente. Isso quer dizer que podem estar acontecendo três coi­sas, isoladamente ou em conjunto:

1. Nem todos os casos de gripe H1N1 no México foram registrados. Pode ter havido um nú­mero bem maior de casos (o governo mexicano só informou oficialmente à OMS 26 casos com 7 mortes). Os jornais falam de milhares de casos e dezenas de mortes.

2. A população atingida no México pode ser mais vulnerável do que a média mundial. É um dado que, se for verdadeiro, vai demorar muito para aparecer, se é que um dia vai…

3. A contaminação direta, dos porcos para as pessoas, é muito mais letal do que aquela de pessoa para pessoa. Antes que alguém pense que eu pirei, é só lembrar do vírus H5N1  avi­á­rio: mortal quando transmitido das aves para as pessoas, mas nem chegou a se tornar transmissível de pessoa a pessoa; faltou uma mutação… Talvez a mutação que torna esse H1N1 transmissível de pessoa a pessoa, enfraqueça o vírus de alguma forma.

Mas esse vírus não é igual ao da “Gripe Espanhola”?

Não! Ele é do mesmo tipo, H1N1, mas não é o mesmo. Este atual parece ser um cruza­mento de duas espécies “suínas”, mais uma “aviária”, parentes da “Espanhola”. E é sem­pre bom lembrar: não estamos mais no primeiro quartel do século XX — os recursos de saú­de pública são muito melhores agora, inclusive e principalmente a comunicação! Tanto que a OMS emitiu uma alerta fase 5, antes que a gripe matasse alguém fora do México!

Que providências cada brasileiro deve tomar agora para se proteger?

Em primeiro lugar, não vá ao México! Se for possível, evite qualquer outro país onde foi relatado um caso. Mas se lembre que, por exemplo, foram relatados dois casos em Israel. E, se você tiver que ir a Israel, corre muito mais risco de ser detonado por um homem-bom­ba do que de pegar a gripe suína… Então, nada de frescura!

No caso de (ou seja: quando) a gripe chegar ao Brasil, com força de epidemia (é sempre bom lembrar), as precauções são as mesmas para qualquer gripe… Desta vez, as precau­ções vão ser mais levadas a sério, por conta da gravidade das consequências.

Não enriqueça desnecessariamente o dono da farmácia! Não saia comprando um lote de Tamiflu (“que nada!… Esse aqui é muito melhor e sai pela metade do preço!” — e tome um encalhe!…), não faça um estoque de máscaras, daquelas “de hospital”, nem se tranque em casa com medo. Se a situação ficar realmente grave, o governo vai divulgar as providên­cias que devem ser tomadas. (para os que “não confiam no governo”: “eles” são quem mais sofre — no bolso! — os efeitos de uma pandemia).

E se lembre: quando for para entrar em pânico, pode deixar que eu aviso! (A internet funciona de qualquer lugar do mundo… só que o vírus também…)

Atualizando em 1 de maio:

O Ministro da Saúde concorda comigo em duas coisas: a gripe vai chegar ao Brasil; e que é besteira sair fazendo estoques de medicamentos e máscaras (essas máscaras vendidas na farmácia não protegem você: protegem os outros de seus perdigotos…) Vide notícia do G-1: Temporão diz que chegada de vírus é inevitável, mas sem motivo para pânico.

O Ministro Stephanes resolveu dar uma de Lobão

Perdidinha no meio do noticiário (alarmista e desorientador, diga-se de passagem) sobre a “Gri­pe Suína”, apareceu no Jornal do Brasil – on line essa reportagem, assinada por Lúcia Nório da Agência Brasil: Stephanes apresenta propostas para aperfeiçoar a legislação ambiental.

Oooops! O ministro da agricultura querendo aperfeiçoar legislação ambiental?… mau cheiro no ar… e a reportagem já começa assim:

Uma das sugestões é manter a permissão de atividades agropecuárias em áreas de pre­servação permanente (APPs) já consolidadas (topos de morro,
encostas e várzeas)

Peraí!… Afinal a área é para ser de “preservação permanente”, ou não?… Eu acho que o Mi­nistro se confundiu e quer preservar permanentemente qualquer porcaria que estiver lá agora.

E a coisa piora:

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Para o ministro, se um agricultor já planta 20% da área para preservar nascentes de rios, não precisa manter a reserva legal. As APPs são locais de floresta e vegetação ao longo de rios, nascentes, várzeas, encostas e topos de morro. Já a reserva legal é o per­centual de floresta que deve permanecer intacto em propriedades rurais e que varia de acordo com os biomas: 80% na Amazônia, 35% no Cerrado e 20% nos demais.

Sei lá!… Eu já acho que esses percentuais são baixos demais para a cobertura vegetal nativa.

O Minsitro ainda propõe que sejam considerados válidos, para efeitos de APA, o plantio de árvores frutíferas e “com florestas manejáveis, que tragam rendimento econômico, árvores que pudessem ser exploradas economicamente, como o babaçu e o dendezeiro”.

Bom… Eu não sou agrônomo, nem engenheiro florestal… Mas esse papo do Ministro Stephanes está me cheirando igualzinho àquele da “Coalizão do Clima Global“: “o meio ambiente que se dane; o (agro)negócio é mais importante”…



E o porco foi à forra…

Como é, leitor?… Aproveitou bem os feriadões?… Pois eu sofri mais que passarinho em mão de criança essa pouca-vergonha! Cheio de negócios urgentes que dependem de pessoas tomarem providências, estou desde a Semana Santa esperando a boa-vontade alheia… (e vem mais um feriadão no próximo fim de semana: 1º de maio…)

Aliás, um belo jeito de comemorar o “Dia da Terra”: curtindo um belo engarrafamento na estrada… Emissões e mais emissões, temperadas com um e outro acidentes, que Mamãe Natureza aproveita para selecionar um pouquinho mais a espécie.

Essa semana de merda atípica tinha tudo para ter como carro-chefe a apresentação do genoma devidamente sequenciado do gado vacum. Só que, lá do Oriente, veio a praga…

Caso seguinte: na astrologia chinesa, os anos são regidos por um animal (que mais ou menos corresponde ao “signo” da astrologia ocidental). Os chineses levam isso muito a sério, tal como a acupuntura. Os chineses são tão supersticiosos que insistiram em iniciar as Olimpíadas de Beijing no dia 08/08/08, porque o número 8 é tido como “auspicioso” (porque “oito” em alguma variante da língua chinesa, rima com “prosperidade”). E o ano de 2008 parecia ideal: era o “Ano do Porco”, tido como animal farto e próspero.

Só que o boi (que se segue ao porco na astrologia chinesa e é tido como um “signo” de trabalho árduo, cansativo e pouco produtivo), resolveu dar o ar sua graça antes do tempo e trouxe uma cagada crise econômica para sacanear a prosperidade porcina…

Agora, os porquinhos se vingaram: na hora em que o boi ia ganhar as primeiras páginas do noticiário, eis que chega a gripe suína e rouba a cena!

Vocês que desdenham do Intelligent Design, se esquecem das proféticas palavras de Chico Buarque:

Deus é um cara gozador, adora brincadeira…

O tal meteorito não causou a extinção dos dinossauros


Press Release 09-076

Geólogos descobrem que o impacto não levou a uma extinção em massa há 65 milhões de anos

Impacto do meteorito em Chicxulub.

Essa é uma concepção artística do impacto do meteoro que criou a cartera de Chicxulub.
Crédito e imagem ampliada

27 de abril de 2009

A disseminada e antiga teoria de que a cratera de Chicxulub tem a chave para a extinção dos dinossauros, junto com 65% de todas as outras espécies, há 65 milhões de anos, é contestada em um artigo publicado neste 27 de abril no Journal of the Geological Society.

Quando esférulas resultantes do impacto foram achadas logo abaixo da fronteira Cretáceo-Terciária (K-T), foram imediatamente identificadas como a “arma fumegante” responsável pela extinção em massa que ocorreu há 65 milhões de anos.

Sedimentos que mostram que o meteorito de Chicxulub é anterior à extinção K-T

Os sedimentos mostram que o meteorito de Chicxulub antedata a extinção em massa de 65 milhões de anos atrás.
Crédito e imagem ampliada

A mais nova pesquisa, conduzida por Gerta Keller da Universidade de Princeton em Nova Jersey, e Thierry Adatte da Universide de Lausanne, Suíça, com dados colhidos no México, vê indícios de que o impacto de Chicxulub antedate a fronteira K-T em até 300.000 anos.

Gerta Keller e colegas trabalham na região de Chicxulub.

Geólogos, Gerta Keller e outros, trabalham para desenterrar os indícios do evento do impacto de meteorito em Chicxulub.
Crédito e imagem ampliada

“O problema com a interpetação que aventa um tsunami”, explica Keller, “é que esse com­plexo de arenito não foi depositado dentro de horas ou mesmo dias por um tsunami. O de­pósito aconteceu ao longo de um grande período de tempo”.

Os cientistas também descobriram indícios de que o impacto de Chicxulub não teve o im­pacto dramático sobre a diversidade de espécies que foi sugerido.

Essa conclusão nem devia causar surpresa, diz ela. Nenhum outro grade evento de extin­ção em massa é associado com um impacto e nenhuma outra grande cratera é tida como associada a outro evento significativo de extinção.

Keller sugere que as maciças erupções vulcânicas no Trapps do Decan, na Índia, podem ser resposáveia pela extinção, liberando enormes quantidades de poeira e gases que podem ter bloqueado a luz solar e causado um significativo efeito estufa.


Música, Maestro!

US Department of Homeland Security – Science and Technology

Música cerebral

Pondo as trilhas sonoras do cérebro para funcionar


IMAGEM:

Cada cérebro tem sua trilha sonora – provavelmente muitas. Essas trilhas sonoras podem ser tornadas úteis?

Imagem ampliada e mais informações.

Todo cérebro tem uma trilha sonora. Seu andamen­to e tom podem variar,
dependendo do ânimo, do estado de espírito e outras variáveis do próprio cérebro. Quan­­do essa trilha sonora é gravada e reproduzida – para um operador de central de emergências, ou um bombeiro – ela pode aguçar seus reflexos durante uma situação de crise e acalmar seus nervos, de­pois.

Durante a última década, a influência da música no desenvolvimento cognitivo, no aprendizado e bem estar emocional emergiu como um campo “quente” de estudos científicos. Para explorar a potencial re­levância da música para respostas a situações de emergência, o Diretório de Ciência & Tecnologia (S&T) do Departamento de Segurança Nacional começou um estudo sobre uma forma de neuro-treinamento cha­ma­do de “Música Cerebral” que usa música criada anteriormente a partir das ondas cerebrais do pró­prio ouvinte, para ajudá-lo a lidar com dificuldades co­muns, tais como insônia, fadiga e dores de cabeça resultantes de ambientes estressantes. O conceito de Música Cerebral é usar a frequência, a amplitude e a duração de sons musi­cais para levar o cérebro de um estado de ansiosidade para outro de maior relaxamento..

O Gerente de Programa do S&T, Robert Burns, disse: “A tensão vem junto com um traba­lho em respostas a emergências, de forma que estamos interessados em descobrir maneiras de tornar mais fácil para esses trabalhadores permanecerem no máximo de suas capacida­des quando estiverem no serviço, e conseguirem um repouso de qualidade quando sairem de seus turnos. Nossa meta é descobrir novas maneiras de auxiliar os encarregados das primeiras respostas a terem o melhor desempenho possível, sem aumentar suas tarefas, treinamento ou níveis de estresse”.

Se o cérebro “compõe” a música, a primeira tarefa dos cientistas é escrever as notas e é exatamente isso que a Human Bionics LLC de Purcellville,
Virgínia, faz. Cada gravação é convertida em duas composições musicais únicas, projetadas para disparar as respostas naturais do corpo; por exemplo, aumentando a produtividade no trabalho, ou auxiliando o ajuste a uma escala de serviço cujo horário varia frequentemente. 

Testes clínicos demonstraram que essas composições são capazes de provocar, em cada indivíduo, um dos dois seguintes estados mentais: relaxamento, para um estresse reduzido e um reposo melhor; e alerta, para uma melhor concentração e tomada de decisões. Cada trilha, com duração de 2 a 6 minutos, é uma música tocada em um só instrumento – usual­mente um piano. A trilha de relaxamento, diz Burns, soa como “uma sonata tranquila e  me­lódica de Chopin”, enquanto que a trilha de alerta pode ser parecer “mais com uma obra de Mozart”. (Parece que há um gênio — talvez dois gênios — da música erudita em cada um. Um exemplo de uma trilha sonora de alerta pode ser ouvida em www.dhs.gov/xlibrary/multimedia/snapshots/st_brain_music_active.mp3 )

Depois de ter suas ondas cerebrais transformadas em música, cada pessoa recebe uma lista de reprodução específica, personalizada a seu ambiente de trabalho e necessidades. Se empregada de maneira correta, a música pode aumentar os níveis de produtividade e energia, ou acionar as respostas naturais do corpo contra o estresse.

A música criada pela Human Bionics LLC está sendo testada como parte do Programa de Otimização da Prontificação (Readiness Optimization Program = ROP) da S&T, um progra­ma de bem estar que combina a educação da nutrição com o neurotreinamento, para avali­ar uma população de encarregados de respostas iniciais que inclui agentes federais, policiais e bombeiros. Um grupo selecionado de bombeiros locais será a primeira equipe de encarre­gados de respostas a emergências a fazer parte do projeto.

O componente “Música Cerebral” do ROP deriva de tecnologia patenteada, desenvolvida pela Universidade de Moscou, para emprego de ondas cerebrais como mecanismo de feedback para a correção de condições fisiológicas.

Como dizia Cervantes: “Quem canta, seus males espanta”.


Nota do tradutor: quem já leu a trilogia “Fundação” de Isaac Asimov, deve se lembrar da trama que leva o mutante “Mula” a dominar toda a Fundação — exatamente o domínio das emoções mediante o emprego de música. Asimov tem outra estória curta sobre o mesmo tema (me esqueci o título), onde “descobrem” que a música de “When the Saints Go Marchin’ In” tem o “poder” de acalmar e tirar da depressão um paciente.

Agora, que tem algo de muito sinistro nos fatos de, primeiro, ser uma tecnologia desenvo­l­vida na Universidade de Moscou (leia-se: KGB) e adotada pelo Departamento de Segurança Nacional dos EUA, tem…

Deu no The New York Times: indústria ignorou os próprios cientistas sobre aquecimento global

A edição de 24 de abril do The New York Times vem com uma reportagem, assinada por Andrew C. Revkin, intitulada: Na questão climática, a indústria ignorou seus próprios cien­tistas.

Os primeiros parágrafos da reportagem dizem:

Por mais de uma década a Coalizão do Clima Global, um grupo que representava as indús­trias cujos lucros eram ligados aos combustíveis fósseis, liderou uma agressiva campanha de relações públicas e lobbying contra a ideia de que emissões de gases de efeito estufa poderiam levar ao aquecimento global.

“O papel dos gases de efeito estufa nas mudanças climáticas não é bem compre­ndido”, afirmava a Coalizão em um “backgrounder” científico distribuído a legisladores e jorna­listas no início da década de 1990, que acrescentava que “os cientistas divergiam” quan­to à questão.

Porém, um documento anexado a um processo em uma corte federal mostra que, mes­mo enquanto a coalizão trabalhava para desviar as opiniões, seus próprios experts téc­nicos e científicos estavam avisando que a ciência que apoiava o papel dos gases de efeito estufa no aquecimento global, não podia ser refutada.

“As bases científicas para o Efeito Estufa e o impacto potencial das emissões humanas de gases de efeito estufa, tais como o CO2, sobre o clima, estão bem estabelecidas e não podem ser negadas”, escreveram os experts em um relatório interno compliado para a Coalizão em 1995.

A coalizão era financiada por taxas pagas por grandes corporações e grupos de comér­cio que representavam as indústrias de petróleo, carvão e automotivas, entre outras. Em 1997, no ano em que foi negociado um acordo internacional sobre o clima que veio a ser conhecido como o Protocolo de Protocol, seu orçamento totalizot US$1,68 milhões, de acordo com registros de impostos obtidos por grupos ambientais.

O artigo prossegue (são duas páginas na Internet) mostrando que o lobby das indústrias poluidoras fez o que podia e não podia para – nem tanto para impedir, mas muito mais para retardar o quanto possível – a conscientização do público e as medidas dos governos que, já sabiam, seriam inevitáveis mais cedo ou mais tarde.

Só que eu notei uma enorme omissão nesse artigo: bem ao estilo da “nova-era-Obama”, não se faz qualquer referência ao governo W. Bush…

Em qualquer banana-country esse (des)governo já estaria sendo alvo de milhares de Comissões Parlamentares de Inquérito, Auditorias Fiscais e investigações criminais (de preferência, pela Corte de Haia).

Mas os Estados Unidos não podem “passar esse recibo”…

Os incêndios são uma parte importante e subsetimada das mudanças climáticas globais






Press Release 09-081 Fire is an Important and Under-Appreciated Part of Global Climate Change

Estudo identifica signficativas contribuições do fogo para as mudanças climáticas e identifica feedbacks entre os incêndios e as mudanças climáticas

Satellite image of smoke from Southern California wildfires billowing over the Pacific Ocean.

Fumaça de incêndios nas matas do Sul da Califórnia se espalha pelo Oceano Pacífico.
Crédito e Versão Ampliada

23 de abril de 2009

O fogo tem que ser levado em consideração como uma parte integrante das mudanças climáticas, se­gundo os 22 autores de um artigo publicado na edição de 24 de abril de Science. Os autores constataram que os incêndios para des­matamento por todo o mun­do contribuem com um quin­to do aumento das emisões vindas das ativi­dades humanas de dióxido de car­bono, um gás de efei­to estufa que ajuda a au­mentar as temperaturas globais.

O trabalho é o resultado de um encontro apoiado pelo Instituto Kavli de Física Teórica (KITP) e o Centro Nacional de Análises e Sínteses Ecológicas (NCEAS), ambos com base na Uni­versidade da Califórnia, Santa Barbara e financiados pela Fundação Nacional de Ciências (NSF).

Os autores pedem que o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) inte­gre totalmente os incêndios em seus dados sobre mudanças climáticas globais e considere os feedbacks entre fogo e clima, os quais têm estado inteiramente ausentes dos modelos globais.

Incêndio em uma floresta de pinheiros na Sibéria.

Incêndio em uma floresta de pinheiros na Sibérica.
Crédito e Versão Ampliada

O artigo amarra várias “pontas soltas” de conhecimentos acerca de fogo que tinham, até agora, permanecido isoladas em campos diversos que incluem ecologia, modelagem global, física, antropo­logia e climatologia.

Um número crescente de incêndios descontrolados estão também influenciando o clima, segundo os autores. “Os trágicos incêndios em Victoria, Austrália, emfatizam a ubiquidade dos recentes incên­dios descontrolados e os regimes de incêndios naturais, provavel­mente em mutação, concomitantes com as mudanças climáticas antropogênicas”, declara David Bowman da Universidade da  Tas­mânia. “Nossa revisão é tanto oportuna, quanto de grande relevân­cia global”.

Os pesquisadores David Bowman e Jennifer Blach.

Pesquisadores David Bowman e Jennifer Balch.
Crédito e Versão Ampliada

O dióxido de carbono é o mais importante e o melhor estudado gás de efeito estufa emitido por plantas em combustão. Entretanto, o metano, partícu­las de aerossol na fumaça e o albedo modificado de uma paisa­gem calcinada, todos contribuem para mudanças na atmosfera causadas pelo fogo. Segundo os autores, as consequencias de grandes incêndios têm altos custos econômicos, ambientais e de saúde pública.

Os autores declaram: “A Terra é, intrinsecamente, um planeta in­fla­­mável devido a sua cobertura de vegetação rica em carbono, climas sazonalmente secos, oxigênio atmosférico e ignições por descargas elétricas e atividades vulcânicas. Mesmo assim, a des­peito da tradicional aperciação pela espécie humana dessa infla­mabilidade, o escopo global dos incêndios só foi revelado recente­mente pelas observações por satélite que se tornaram disponíveis a partir do início da déca­da de 1980”.

Eles observam, entretanto, que os satélites não podem capturar as atividades do fogo em ecossistemas com intervalos de incêndios muito grandes, ou aqueles com uma atividade de fogos muito variável.

Jennifer Balch, componente da equipe de pesquisa e associada pós-graduada do NCEAS, explica que estão acontecendo incêndios maiores e mais frequentes do Oeste dos EUA até os trópi­cos. Esses são “incêndios onde normalmente não havia incêndios”, disse ela, ob­servando que é nos trópicos úmidos que estão acontecendo diversos incêndios de queima­das para desflorestamento, usualmente para a expansão das áreas de plantio e pecuária. “As úmidas florestas tropicais historicamente não experimentaram incêndios com a frequen­cia atual. Durante secas extremas, tais com as de 1997-98, os incêndios naturais na Ama­zônia queimaram 39.000 km² de florestas”.

Um incêndio florestal queimou 28.000 acres de floresta no Arizona e matou seis bombeiros.

Este incêndio queimou 28.000 acres de floresta no Arizona e matou seis bombeiros.
Crédito e Versão Ampliada

Balch explica a importância do artigo: “Esta síntese é um pré-re­quisito para a adaptação à aparente intensificação recente de feedbacks do fogo, que tem sido exacerbado pelas mudanças cli­máticas, pela rápida modificação da cobertura das terras e pela introdução de espécies exóticas — o que, em conjunto, ameaça a integridade de biomas inteiros”.

Os autores reconhecem que sua estimativa da influência do fogo sobre o clima, é apenas um início e eles apontam grandes lacu­nas nas pequisas que devem ser resolvidas para que compreendamos a influência geral do fogo sobre o sistema climático.

Balch observa que é necessária uma “ciência holística do fogo” e aponta a real importância do fogo. “Não pensamos nos incêndios de maneira correta”, diz ela. “O fogo é tão elemental quanto o ar ou a água. Nós vivemos em um planeta de fogo. Nós somos uma espécie de fogo. Mesmo assim, o estudo do fogo vem sendo altamente fragmentado. Nós conhecemos um bocado acerca do ciclo do carbono, do ciclo do nitrogênio, mas sabemos muito pouco acerca do ciclo do fogo, ou como o fogo tem seus ciclos pela biosfera”.

Henry Gholz, um diretor de programa da NSF, declarou: “O grupo de autores, grande e di­ver­so, tipifica uma tendência, cada vez mais forte, nas ciências. A NSF apoia explcitamente isso através do financiamento de ‘centros de síntese’, tais como o NCEAS e o KITP. Em lugar de dar ênfase à geração de novos dados, esses centros sintetizam os resultados de, literalmente, milhares de projetos de pesquisa completados em novos resultados, teorias e abordagens. As conclusões deste artigo — que o fogo é importante para o ciclo global de carbono e para o clima global, e que nossa ignorância acercado fogo é enorme — e não poderia ser obtida de outro modo”.

Ciscando pelo EurekAlert

Duas notícias sobre a Dengue:

Nova compreensão do vírus da dengue aponta caminhos para possíveis terapias e Cientistas identificam fatores no hospedeiro que são críticos para a infecção pelo vírus da dengue, am­bas sobre uma pesquisa realizada por uma equipe da Universidade Duke, liderada por Ma­ria­no Garcia-Blanco, M.D., Ph.D., professor de genética molecular e microbiologia no Centro Médico da Universidade Duke, a ser publicada na edição de 23 de abril da Nature.

Garcia-Blanco e seus colegas conseguiram desabilitar o funcionamento dos genes envol­vidos em células de mosca de fruta infectadas com uma cepa do vírus da dengue conhecida como DENV-2. O “trabalho de chinês” foi, simplesmente silenciar um gene de cada vez ( e eram, apenas, por volta dos 14.000) e indicar, com precisão, quais os genes eram essen­ciais ao crescimento do vírus e quais não eram. Eles usaram a mosca da fruta como mode­lo porque as ferramentas genéticas necessárias para realizar o mesmo trabalho em mosqui­tos ainda não foram desenvolvidas.

Diz Garcia-Blanco: “A dengue é uma doença perigosa e, até agora, não existe tratamento para ela, nem meios para prevenção. Mas, se pudermos achar uma fraqueza no vírus, pode­mos projetar uma estratégia para combatê-lo. Este estudo nos ajudou a identificar algumas brechas na couraça da dengue”.

O processo apresentou 116 fatores do hospedeiro que pareciam ser importantes para o su­cesso da infecção nas moscas de fruta. Durante os testes com vários desses fatores na Uni­versidade Johns Hopkins, os pesquisadores descobriram que ao menos um deles – e possivelmente um segundo – era necessário para que ocorresse a infecção por dengue nos insetos.

Os cientistas também infectaram células humanas com o vírus DENV-2 e descobriram que 82 dos genes do mosquito tinham seus análogos nos genes humanos. Cerca de metade deles se revelaram fatores específicos do hospedeiro importantes para a infecção em pes­soas.


Com o título Plantas absorvem mais Carbono com céus nebulosos, vem o relato de um estu­do realizado sob os auspícios do Conselho de Pesquisas sobre o Ambiente Natural da Grã-Bretanha, que envolveu cientistas do Centro de Ecologia & Hidrologia, do Met Office Hadley Centre, ETH Zurich e da Universidade de Exeter.

A autora principal do estudo, Dra Lina Mercado, do Centro para Ecologia & Hidrologiay, de­clarou: “Surpreendentemente, os efeitos da poluição atmosférica parecem ter melhorado a produtividade global das plantas em até ¼, de 1960 a 1999. Isso resultou em um aumento líquido de 10% na quantidade de carbono armazenado sobre as terras, decontados os de­mais efeitos”.

Um aumento nas partículas microscópicas liberadas na atmosfera (conhecidas como aeros­sóis) pelas atividades humanas e mudanças na cobertura de nuvens, causaram um declí­nio na quantidade de luz solar que atinge a superfície da Terra, desde a década de 1950s até a dácada de 1980 (um fenômeno conhecido como “Escurecimento Global”). Mas isso foi con­trabalançado por uma maior difusão da luz solar, o que permitiu uma maior absorção dessa luz, uma vez que menos folhas ficaram efetivamente na sombra.

Um co-autor do estudo, o Professor Peter Cox da Universidade de Exeter resume assim as consequências do estudo: “Na medida em que continuarmos a limpar o ar na atmosfera in­fe­rior, o que temos que fazer pelo bem da saúde das pessoas, o desafio de evitar mudanças climáticas perigosas através de reduções das emissões de CO2, será ainda maior. Os dife­rentes agentes poluidores envolvidos nas mudanças climáticas têm diferentes efeitos sobre as plantas e esses efeitos têm que ser levados em consideração para que possamos tomar decisões sensatas sobre como lidar com as mudanças climáticas”.


E uma notícia vinda da Universidade de Michigan fala de um Concreto auto-reparante para obras de infraestrutura mais duráveis. Esse novo material, desenvolvido pela equipe de Victor Li, Professor de Engenharia Civil e de Ciência e Engenharia de Materiais, é projetado para se dobrar e rachar em fissuras bem finas, em lugar de quebrar e abrir grandes racha­duras. O melhor é que as únicas coisas necessárias para a “cicatrização” das fissuras são dióxido de carbono e água.

Fotos: Nicole Casal Moore (Clique na foto para ampliar)

O concreto auto-reparante funciona porque pode se dobrar. Quando ele é estressado, se formam várias micro-rachaduras, em lugar de uma grnade rachadura que causaria seu rompimento. Aqui, um corpo de prova é dobrado sob uma tensão de cisalhamento de 5%. O concreto ordinário cisalharia sob uma tensão de 0,01%.

As linhas brancas neste bloco de concreto flexível mostram onde o material se auto-reparou sem qualquer intervenção humana. Para isso, apenas água e dióxido de carbono são necessários.

Os asteróides se bronzeiam no vento solar

ESO


IMAGEM:
Esta é uma concep­ção artística de como o vento solar faz com que um asteróide fique com a aparência de “velho”.

Mais informações e imagem ampliada.

O principal autor do estudo, Pierre Vernazza, diz: “Os asteróides parecem ‘se bronzear’ muito rapida­mente, mas não com uma super-dose de radiação ultravioleta do Sol e, sim, com os efeitos de seu poderoso vento”.

Já se sabe, há muito tempo, que as aparência das superfícies dos asteróides variam com o tempo — os asteróides observados são muito mais avermelhados do que o interior do meteoritos encontrados na Terra¹  — porém os reais processos envolvidos nesse “sazo­namento espacial” e as escalas de tempo correspon­dentes eram algo controverso.

Graças à observação de diferentes famílias de aste­rói­­des², com o Telescópio de Nova Tecnologia do ESO e o Telescópio Muito Grande de Paranal, assim como telescópios na Espanha e no Hawaii, a equipe de Vernazza conseguiu, agora, solucionar o enigma.

Quando dois asteróides colidem, criam uma família de fragmentos com superfícies “limpas”. Os astrônomos descobriram que essas superfícies recém-expostas são rapidamente modi­ficadas e mudam de cor em menos de um milhão de anos — um período de tempo muito curto em comparação com a idade do Sistema Solar.

Vernazza diz que “as partículas carregadas e que se deslocam rapidamente, presentes no vento solar, danificam a superfície de um asteróide com uma rapidez impressionante³”. De forma diferente da pele humana que fica danificada e envelhecida pela continuada exposi­ção à luz solar, são, de maneira até surpreendente, os primeiros momentos de exposição (dentro da escala de tempo considerada) — o primeiro milhão de anos — que causam a maior parte do “envelhecimento” dos asteróides.

Estudando diferentes famílias de asteróides, a equipe também demonstrou que a composi­ção da superfície de um asteróide é um importante fator para o quão avermelhada sua su­per­fície pode ficar. Depois do primeiro milhão de anos, a superfície “bronzeia” muito mais devagar. Nesse estágio, a cor depende mais da composição do que da idade. Além disso, as observações revelam que as colisões não podem ser o principal mecanismo por trás da grande quantidade de superfícies “novas” observadas nos asteróides rasantes. Em vez disso, essas superfícies “com ar de novas” podem ser os resultados de encontros com pla­netas, onde o puxão gravitacional do planeta tenha “sacudido” o asteróide, expondo o mate­rial inalterado.

Graças a esses resultados, os astrônomos agora podem entender mais facilmente como a superfície de um asteróide — que frequentemente é a única coisa que podemos observar — reflete sua história

Notas

[1] Meteoritos são pequenos fragmentos de asteróides que caem sobre a Terra. Quando um meteorito penetra na atmosfera da Terra, sua superfície pode se derreter e ser parcialmente calcinada pelo calor intenso. Não obstante, o interior do meteorito permanece inalterado e pode ser estudado em laboratório, fornecendo várias informações sobre a natureza e a com­posição dos asteróides.

[2] Uma família de asteróides é um grupo de asteróides que descrevem órbitas similares em torno do Sol. Acredita-se que os membros de uma determinada família sejam os fragmentos de um asteróide maior, destruído em uma colisão.

[3] A superfície de um asteróide é afetada pelas partículas altamente energéticas que formam o vento solar. Essas partículas destroem parcialmente as moléculas e os cristais na superfície, os rearranjando em novas combinações. Com o tempo, essas mudanças acabam por formar uma fina crosta de material irradiado com cores e propriedades especí­ficas.

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Mais informações:

Este resultado foi apresentado em um artigo publicado na edição desta semana da Nature,
“Solar wind as the origin of rapid reddening of asteroid surfaces”, por
P. Vernazza et al. A equipe é composta por Pierre Vernazza (ESA),
Richard Binzel (MIT, Cambridge, EUA), Alessandro Rossi (ISTI-CNR, Pisa,
Itália), Marcello Fulchignoni (Observatório de Paris, França) e Mirel
Birlan (IMCCE, CNRS-8028, Observatório de Paris, França). Um arquivo no formato PDF está disponível para download em http://www.eso.org/public/outreach/press-rel/pr-2009/nature07956_proof1.pdf .

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