Banda de Möbius em cristal líquido


University of Warwick

Bandas de Möbius dão nós em cristal líquido – novas possibilidades de materiais para dispositivos fotônicos

Cientistas da Universidade de Warwick demonstram como fazer nós em cristais líquidos com o uso de uma banda de Möbius em miniatura, feita de partículas de sílica

 IMAGEM: Nós de cristal líquido criados em torno de partículas em banda de Möbius em miniatura (simulação).

Clique aqui para mais informações.

Texto original em inglês por Anna Blackaby, contato com a imprensa da Universidade de Warwick.

Os cientistas da Universidade de Warwick demonstraram como se ata nós em cristais líquidos com o uso de uma banda de Möbius em miniatura, feita de partículas de sílica.

Atando substâncias como o cristal líquido em nós, os pesquisadores esperam compreender melhor como suas intrincadas configurações e suas propriedades ímpares podem ser aproveitadas para a próxima geração de materiais avançados e dispositivos fotônicos. 

O cristal líquido é um material essencial na vida moderna – as telas planas de nossos computadores, TVs e smartphones, todos fazem uso de suas propriedades de modulação da luz.

Eles são compostos de moléculas finas, com aspecto de haste, que se auto-alinham de forma a apontarem em uma única direção. Ao controlar o alinhamento dessas moléculas, os cientistas podem literalmente atá-las em um nó.

Para fazê-lo, eles simularam adicionar uma partícula de sílica do tamanho de um mícron – ou seja, um coloide – ao cristal líquido. Isto perturba a orientação das moléculas de cristal líquido.

Por exemplo, um coloide na forma de uma esfera fará com que as moléculas de cristal líquido se alinhem perpendicularmente à superfície da esfera, um tanto como as cerdas de um porco-espinho.

Usando um modelo teórico, os cientistas da Universidade de Warwick tomaram este princípio e o estenderam a coloides que tem um formato de nó, na forma de uma banda de Möbius.

Uma banda de Möbius com uma torção não forma um nó, entretanto com três, quatro e cinco torções ela se torna um nó de trevo, um nó de Salomão, ou um nó quinquefólio respectivamente.

 IMAGEM: Uma visualização da configuração média das moléculas em um nó de cristal líquido (simulação).

Clique aqui para mais informações.

Adicionando-se essas partículas especialmente projetadas, elas forçam o cristal líquido a assumir a mesma estrutura, criando um nó no cristal líquido.

Gareth Alexander, Professor Assistente em Física e Ciências da Complexidade na Universidade de Warwick declarou: “Os nós são objetos fascinantes e versáteis, que nos são familiares desde que começamos a amarrar nossos sapatos”.

“Recentemente foi demonstrado que os nós podem ser criados em vários conjuntos naturais, tais como campos eletromagnéticos, luz laser, vórtices fluidos e cristais líquidos”.

“Esses nós são mais intrincados do que aqueles dos sapatos, já que se trata de todo um material contínuo e não somente um cadarço o que é amarrado”.

“Nossa pesquisa estende o trabalho anterior para aplicações em cristais líquidos, a substância que vemos todos os dias em nossas TVs, smartphones e telas de computador”.

“Estamos interessados nisto porque a criação e o controle desses intrincados campos em nós é uma nova avenida que se abre para o projeto de novos metamateriais e dispositivos fotônicos”.

 

###

O estudo, publicado em PNAS, tem o título Knots and nonorientable surfaces in chiral nematics e é assinado por Thomas Machon e Gareth Alexander ambos do Departamento de Física e do Centro de Ciências da Complexidade na Universidade de Warwick.

A pesquisa foi financiada pelo Engineering and Physical Sciences Research Council (EPSRC).

A pesquisa está disponível neste site:

http://www.pnas.org/content/early/2013/08/09/1308225110.abstract

 

Lentes na escala nanométrica?… Bolhas!


Penn State

Bolhas, as novas lentes para feixes de luz em nanoescala

 IMAGEM: Imagens de laboratório de um feixe de luz. A primeira, sem a lente de bolha; as três seguintes mostrando os efeitos das lentes de bolha.

Clique aqui para mais informações.

Entortar feixes de luz segundo seus caprichos pode parecer um trabalho para um feiticeiro ou para um complexo trambolho composto por espelhos, lentes e prismas, no entanto umas poucas pequenas bolhas de líquido podem ser tudo que preciso para abrir as portas para uma nova geração de circuitos e mostradores de alta velocidade, segundo os pesquisadores da Penn State.

Para combinar a velocidade da comunicação óptica com a portabilidade dos circuitos eletrônicos, os pesquisadores recorreram à nano-plasmônica – dispositivos que empregam ondas eletromagnéticas curtas para modular a luz na escala de nanômetros, onde a óptica convencional não funciona. No entanto, mirar e focalizar estes feixes de luz modulados para os alvos desejados é algo difícil.

“Existem diferentes dispositivos de estado sólido para controlar (feixes de luz), para ligá-los e desligá-los ou modulá-los, mas as suas manutenção e reconfiguração são muito limitadas”, diz Tony Jun Huang, professor associado de ciências de engenharia e mecânica. “Usar uma bolha apresenta um monte de vantagens”.

E a vantagem principal de uma lente de bolha é exatamente o quão rápido e facilmente os pesquisadores podem reconfigurar posição, tamanho e formato da bolha – todos coisas que afetam a direção e o foco de qualquer feixe de luz que passar através dela.

A equipe de Huang criou simulações separadas dos feixes de luz e das lentes de bolhas para predizer seus comportamentos e otimizar as condições, antes de combinar os dois no laboratório. Suas descobertas foram publicadas em Nature Communications.

Para formar lentes de bolha, os pesquisadores usaram um laser de baixa intensidade para aquecer água sobre uma superfície de ouro. O comportamento óptico da pequena bolha permanece constante, enquanto a potência do laser e a temperatura ambiente continuarem constantes.

 IMAGEM: Um feixe de luz em nano-escala, modulado por curtas ondas eletromagnéticas, conhecidos como SPP, passa pela lente de bolha.

Clique aqui para mais informações.

A simples movimentação do laser, ou o ajuste de sua potência, podem modificar a maneira como a bolha irá refratar um feixe de luz, tanto como um feixe de luz concentrado em um alvo específico, como uma onda dispersa. Mudar o líquido também afeta como um feixe de luz será refratado.

Os materiais para formar as lentes de bolha são baratos e as próprias bolhas são fáceis de dissolver, substituir e mover.

“Além de sua capacidade sem precedentes de reconfiguração e facilidade de manutenção, nossa lente de bolha tem ao menos mais uma vantagem sobre suas contra-partes de estado sólido: sua lisura natural”, acrescenta Huang. “Quanto mais lisa for uma lente, melhor será a qualidade da luz que passa através dela”.

Huang acredita que o próximo passo será descobrir como o formato da bolha influencia a direção do feixe de luz e a posição de seu ponto focal. A capacidade de ajuste fino desses feixes de luz permitirá melhoramentos em dispositivos biomédicos em chips e imageamento em resolução superior.

“Para todas essas aplicações, é realmente necessário controlar precisamente a luz em nano-escala e é aí que este trabalho pode ser um componente muito importante”, finaliza Huang.

 

###

 

Chenglong Zhao, doutor associado para ciências de engenharia e mecânica, da Penn State, projetou e conduziu a experiência; Yongmin Liu, professor assistente de engenharia mecânica e industrial, e de engenharia elétrica e de computação da Northeastern University, trabalharam em conjunto com Nicholas Fang, professor associado de engenharia mecânica do MIT, para analisar os resultados e desenvolver simulações; e Yanhui Zhao, estudante de pós-graduação em ciências de engenharia e mecânica da Penn State, fabricou os materiais.

O estudo foi financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde, a Fundação Nacional de Ciências e o Centro para Ciência em Nano-escala da Penn State.

 

Diamantes com defeito?… Perfeito!


DOE/Lawrence Berkeley National Laboratory

Diamantes defeituosos prometem sensibilidade perfeita

Pesquisadores do Laboratório Berkeley e seus colegas estendem o spin dos elétrons nos diamantes para fazer detectores magnéticos incrivelmente pequenos

 IMAGEM: Um centro de vacância de nitrogênio é um tipo de defeito puntual na estrutura cristalina de um diamante, no qual um átomo de nitrogênio fica no lugar de um átomo de carbono e fica uma vaga imediatamente adjacente ao nitrogênio.Clique aqui para mais informações.

Desde o cérebro, passando pelo coração e chegando ao estômago, os corpos dos animais geram campos magnéticos fracos que um detector ultra sensível poderia usar para descobrir doenças, rastrear drogas – e, quem sabe?… até ler mentes. Sensores do tamanho da unha do polegar poderiam mapear depósitos de gás no subsolo, analisar substâncias químicas e descobrir explosivos que poderiam se esconder de outras sondas.

Agora os cientistas do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley (Berkeley Lab) do Departamento de Energia e da Universidade da California em Berkeley, em conjunto com seus colegas da Universidade Harvard, conseguiram aumentar o desempenho de um dos sensores mais potentes possíveis de campos magnéticos em nanoescala – um defeito em um diamante do tamanho de um par de átomos, chamado um “centro de vacância de nitrogênio” (nitrogen vacancy = NV center).

As descobertas da equipe de pesquisadores pode eventualmente permitir a fabricação de relógios menores que um chip de computador e, ainda assim, precisos até uns poucos quatrilhões de segundo, ou sensores de movimentoa mais rápidos e com maior tolerância a temperaturas extremas do que os giroscópios em smartphones. Não demora muito e um chip barato de diamante pode ser capaz de nuclear um computador quântico. A equipe relata seus resultados em Nature Communications.

Um sensor feito de diamante

Centros de vacância de nitrogênio são um dos defeitos mais comuns em diamantes. Quando um átomo de nitrogênio substitui um átomo de carbono no cristal de diamante e fica emparelhado com um espaço vazio (onde falta um átomo de carbono que devia estar lá), neste centro fica um número de elétrons, soltos dos átomos de carbono que deveriam estar naqueles lugares.

Os estados dos spins dos elétrons são bem definidos e muito sensíveis a campos magnéticos, campos elétricos e luz*, de forma que podem ser facilmente dispostos, ajustados e lidos por lasers.

“Os estados de spin dos centros NV são estáveis ao longo de um amplo espectro de temperaturas, de muito quente a muito frio”, diz Dmitry Budker da Divisão de Ciência Nuclear do Berkeley Lab, que também é professor de física da UC Berkeley. Mesmo pequenas lascas de diamante que custam centavos por grama, podem ser usadas como sensores, porque, como afirma Budker, “nós podemos  controlar o número de centros NV no diamante apenas os irradiando ou assando”, ou seja, dando-lhes têmpera.

O desafio é manter a informação inerente nos estados de spin do centro NV, uma vez que esta tenha sido lá codificada, sem deixá-la vazar antes que se possa realizar medições: nos centros NV, isso requer a extensão do que é chamado de tempo de “coerência” dos spins dos elétrons, ou seja, o tempo que os spins permanecem sincronizados entre si.

Recentemente Budker trabalhou com Ronald Walsworth de Harvard em uma equipe que incluía Nir Bar-Gill de Harvard e  Andrey Jarmola pesquisador pós-doutorado da UC Berkley. Eles conseguiram estender o tempo de coerência de um conjunto de spins de elétrons de um centro NV por mais de duas ordens de magnitude acima das experiências anteriores.

“Para mim, o aspecto mais entusiasmante deste resultado é a possibilidade de estudar as mudanças nas formas com que os centros NV interagem entre si”, diz Bar-Gill, autor principal do artigo e que estará indo para a Universidade Hebraica em Jerusalém no segundo semestre deste ano. “Isto é possível porque os tempos de coerência são muito mais longos do que aquele necessário para as interações entre os centros NV”.

E Bar-Gill acrescenta: “Agora podemos imaginar a engenharia de amostras de diamantes para realizar arquiteturas de computação quântica”. Os centros NV interativos fazem o papel dos bits em computadores quânticos, chamados qubits. Onde um dígito binário (bit) representa um 0 ou 1, um qubit representa 1 e 0 superpostos, um estado tipo “Gato-de-Schrödinger” simultâneo que persiste enquanto os estados forem coerentes, até que uma medição seja feita e faça colapsar todos os qubits emaranhados de uma só vez.

“Nós empregamos alguns truques para nos livrarmos de fontes de descoerência”, diz Budker. “Um deles foi usar amostras de diamante especialmente preparadas para serem feitas apenas de puro carbono-12”. Os diamantes naturais incluem uma pequena quantidade do isótopo carbono-13, cujo spin nuclear acelera a descoerência dos spins dos elétrons dos centros NV. O carbono-12 tem um spin nuclear zero.

“O outro truque foi baixar a temperatura até a do nitrogênio líquido”, diz Budker. A descoerência foi reduzida pelo resfriamento das amostras a 77°K, abaixo da temperatura ambiente, mas facilmente obtenível.

Trabalhando em conjunto no laboratório de Budker, os membros da equipe montaram os diamantes dentro de um criostato. Um feixe de laser atravessando o diamante, conjugado com um campo magnético, ajustou os spins dos elétrons no centro NV e os fez emitir fluorescência.  O brilho fluorescente foi a medida da coerência dos estados de spin.

“Controlar o spin é essencial”, explica Budker, “de forma que pegamos emprestada uma ideia da ressonância magnética nuclear”  – a base de procedimentos familiares como o Imageamento por Ressonância Magnética (MRI) nos hospitais.

Embora seja diferente do spin nuclear, a coerência dos spins dos elétrons pode ser estendida com técnicas semelhantes. Assim, quando os estados dos spins nos centros NV chegavam à beira da descoerência, os pesquisadores chacoalhavam o diamante com uma série de até 10.000 curtos pulsos de micro-ondas. Os pulsos invertiam os spins dos elétrons quando começavam a perder o sincronismo mútuo, produzindo “ecos” nos quais os spins invertidos se auto-ajustavam. A coerência era re-estabelecida.

Eventualmente os pesquisadores conseguiram tempos de coerência de spin de mais de meio segundo. “Nossos resultados são realmente brilhantes para o sensoreamento de campos magnéticos e informação quântica”, brinca Bar-Gill.

Longos tempos de coerência de spin se soma às vantagens que os diamantes já têm, colocando os NVs de diamantes na vanguarda dos potenciais candidatos para computadores quânticos práticos – uma busca favorita dos pesquisadores de Harvard. O que o grupo de Budker acredita ser uma perspectiva ainda mais interessante é o potencial que os longos tempos de coerência apresentam no sensoreamento de campos magnéticos, com aplicações que vão da biofísica à defesa.

 

###

“Solid-state electronic spin coherence time approaching one second”, por Nir Bar-Gill, Linh M. Pham, Andrey Jarmola, Dmitry Budker e Ronald L. Walsworth,será publicado na edição de 23 de abril de 2013 da  Nature Communications, online em http://www.nature.com/ncomms/journal/v4/n4/full/ncomms2771.html.


Nota do tradutor: [*] Considerando que os fótons – as partículas de luz, não só a visível, mas todas as frequências – são portadores dos campos elétricos e magnéticos, é claro que se algo é sensível aos campos elétricos e magnéticos terá que ser sensível à luz… Enfim…

Mandando a luz para onde ela deve ir


Harvard University

Os físicos encontraram a solução para a óptica on-chip

Roteador em nano-escala converte e direciona com eficiência sinais ópticos

 IMAGEM: Dois dispositivos de acoplamento baseados no padrão em espinha de peixe: um dispositivo retangular e outro anular.

Clique aqui para mais informações.

Cambridge,  Massachusetts. – 22 de abril de 2013 – Uma equipe de pesquisadores com base em Harvard criou um novo tipo de nano-dispositivo que converte um sinal óptico em ondas que se propagam ao longo de uma superfície de metal. A característica mais significativa deste dispositivo é que ele pode reconhecer tipos específicos de luz polarizada e, segundo essa polarização, enviar o sinal em uma determinada direção.

A descoberta, publicada na edição de 19 de abril da Science, dá uma nova maneira para manipular precisamente a luz na escala abaixo do comprimento de onda, sem danificar um sinal que pode transportar dados. Isto abre as portas para uma nova geração de interconexões ópticas em chips que podem canalizar informações de dispositivos ópticos para dispositivos eletrônicos.

“Se quisermos enviar um sinal de dados para todos os lados de um pequeno chip com vários componentes, precisamos ser capazes de controlar precisamente para onde o sinal vai”, explica Balthasar Müller, principal co-autor do artigo e estudante de pós-graduação na Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas (School of Engineering and Applied Sciences = SEAS) em Harvard. “Se o sinal não for bem controlado, a informação se perde. A direcionalidade é um fator extremamente importante”.

O acoplador transforma a luz incidente em um tipo de onda chamado polariton plasmon de superfície, uma ondulação superficial no mar de elétrons que existe nos metais.

 IMAGEM: Uma micrografia eletrônica que exibe as perfurações em nano-escala do acoplador plasmônico.

Clique aqui para mais informações.

Antigamente já era possível controlar a direção dessas ondas, mudando-se o ângulo de incidência da luz sobre o acoplador, porém, como coloca Müller, “Isso era uma grande maçada. Circuitos ópticos são muito difíceis de alinhar, de modo que reajustar os ângulos para rotear o sinal não era uma solução prática”.

Com o novo acoplador, a luz só precisa incidir perpendicularmente e o dispositivo faz o resto. Atuando como um controlador de tráfego, ele lê a polarização da onda de luz incidente – que pode ser linear, circular destrógira, ou circular levógira – e a roteia de acordo com isso. O dispositivo pode até dividir um feixe de luz e enviar partes dele em diferentes direções, permitindo a transmissão da informação em vários canais.

O acoplador consiste de uma fina folha de ouro, salpicada de pequenas perfurações. Porém, é no preciso padrão formado pelas fendas, dispostas como espinhas de peixe, onde reside a genialidade.

“A solução mais empregada até agora era uma série de ranhuras paralelas, conhecidas como gradil, que funciona, mas perde uma grande parte do sinal no processo”, explica o principal pesquisador Federico Capasso, Professor “Robert L. Wallace” de Física Aplicada e Pesquisador Associado Sênior “Vinton Hayes” de Engenharia Elétrica na SEAS de Harvard. “Talvez agora nossa solução seja a mais empregada. Ela torna possível controlar a direção dos sinais de maneira simples e elegante”.

 IMAGEM: Estas imagens, tiradas com um microscópio de escaneamento óptico de campo próximo, mostram as ondas plasmônicas se propagando pela superfície do acoplador.

Clique aqui para mais informações.

Uma vez que a nova estrutura é tão pequena — cada uma das unidades que se repetem é menor do que o comprimento de onda da luz visível — os pesquisadores acreditam que será fácil incorporá-la em novas tecnologias, tais como óptica plana.

Porém Capasso fala animadamente acerca das possibilidades de incorporar o novo acoplador em futuras redes de informação de alta velocidade que podem combinar eletrônica em nano-escala com elementos ópticos e plasmônicos em um único microchip.

“Isto gerou um grande entusiasmo neste campo”, conclui Capasso.

 

###

 

Müller e Capasso tiveram a colaboração do co-autor principal Jiao Lin, um antigo doutor pesquisador da SEAS que agora está no Instituto de Tecnologia de Manufatura de Singapura; e dos co-autores Qian Wang e Guanghui Yuan, da Universidade Tecnológica Nanyang, Singapura; Nicholas Antoniou, Principal Engeneheiro FIB no Centro Harvard de Sistemas em Nano-escala; e Xiao-Cong Yuan, professor do Instituto de Óptica Moderna na Universidade Nankai na China.

 

Nano-fios e energia solar


University of Copenhagen – Niels Bohr Institute

Nano-fios para células solares aumentam o limite de eficiência

 IMAGEM: Cristais de nano-fios usados como células solares.

A imagem mostra, da esquerda para a direita, imagens de cristal de arseniato de gálio sobre um substrato de silício, tiradas com um SEM (Scaning Electron Microscope), uma de um único fio, tirada com um TEM (Transmission Electron Microscope) e as colunas de átomos, flagradas por um STEM (Scanning Transmission Electron Microscope)

Clique aqui para mais informações.

Os cientistas do Centro de Nano-Ciência do Niels Bohr Institut, Dinamarca, e da Ecole Polytechnique Fédérale de Lausanne, Suíça, mostraram como um único nano-fio pode concentrar a luz do Sol até 15 vezes mais do que a intensidade normal da luz solar. Estes resultados são surpreendentes e têm um grande potencial para desenvolver um novo tipo de célula solar de alta eficiência.

Devido a algumas propriedades físicas particulares apresentadas pelos nano-fios em absorver a luz, o limite de quanta energia dos raios solares pode ser utilizada acaba sendo maior do que se pensava antes. Estes resultados demonstram o grande potencial de desenvolvimento de células solares com base em nano-fios, diz o PhD Peter, sobre a surpreendente descoberta descrita em um artigo na Nature Photonics.

Os grupos de pesquisas estudaram nos últimos anos como desenvolver e melhorar a qualidade dos cristais de nano-fios que são estruturas cilíndricas com um diâmetro de cerca um décimo-milésimo de um cabelo humano. Acredita-se que os nano-fios terão um grande potencial não só no desenvolvimento de células solares, como também nos futuros computadores quânticos e outros produtos eletrônicos.

 IMAGEM: Esta figura mostra que os raios de Sol são conduzidos para dentro de um nano-fio, pousado sobre um substrato. A um dado comprimento de onda, a luz do Sol é concentrada em até 15 vezes.

Clique aqui para mais informações.

Acontece que os nano-fios naturalmente concentram os raios de Sol em uma área muito pequena do cristal, até um fator de 15 vezes. Como o diâmetro do nano-fio é menor que o comprimento de onda da luz solar, isto causa ressonâncias na intensidade da luz dentro e em torno dos nano-fios. Desta forma, as ressonâncias podem fornecer uma luz solar concentrada para a conversão na energia desejada, o que pode ser usado para obter uma maior eficiência na captação da energia solar, explica Peter Krogstrup.

Um novo limite de eficiência

O típico limite de eficiência – o assim chamado “Limite de Shockley-Queisser” – é um limite que, por muitos anos, tem sido um marco de referência para a eficiência de células solares para os pesquisadores. Porém, agora, parece que esse limite pode ser superado.

“Para um pesquisador é entusiasmante poder mover um limite teórico, como todos sabem. Embora não pareça muito que o limite seja aumentado em alguns pontos percentuais, isso terá um grande impacto no desenvolvimento de células solares, na exploração de raios solares com nano-fios e talvez na extração de energia a nível internacional. No entanto, serão necessários alguns anos até que a produção [industrial] de células solares feitas com nano-fios se torne uma realidade”, declara Peter Krogstrup que acabou de completar seu PhD no Instituto Niels Bohr da Universidade de Copenhagen.

A pesquisa foi (e continua sendo) realizada em colaboração com o Laboratório de Materiais Semicondutores da Escola Politécnica Federal de Lausanne e a Fundação e a companhia SunFlake A / S. A presente descoberta corrobora os resultados publicados na Science em janeiro. Aqui, um grupo de pesquisadores de Lund, mostraram que os raios de Sol eram chupados para dentro dos nano-fios, devido à grande quantidade de energia que sua célula solar produzia.

 

###

 

Mini-pinças acústicas

Photobucket

Manipulando pequenos animais com ondas de som

Traduzido de: Manipulating Tiny Animals with Sound Waves

Um esquema que mostra como asa pinças acústicas funcionam. As peças dentadas intercaladas representam as pinças acústicas. Esses dispositivos geram ondas acústicas superficiais, representadas pelas ondulações em azul.
Crédito da Imagem: Xiaoyun Ding, Sz-Chin Steven Lin, Stephen J. Benkovic, Tony Jun Huang

Pesquisadores criam um novo tipo de “pinças”

Publicado em: 25 de junho de 2012
Por: Charles Q. Choi, Contribuidor do ISNS

(ISNS) —  Cientistas desenvolveram “pinças acústicas” que podem manipular células sanguíneas e vermes microscópicos sobre uma plataforma do tamanho de uma moeda de dez centavos, usando ondas de som¹ para puxar e empurrar materiais, tal como os “raios tratores” da ficção científica

O delicado controle que este dispositivo dá aos pesquisadores para manipular organismos em laboratórios do tamanho de microchips, poderá levar a uma grande gama de descobertas médicas – é o que os inventores propõem.
Os cientistas estão miniaturizando beckers, conta-gotas e outros instrumentos de laboratório para criar laboratórios-em-chips, com o fito de realizar milhares de experiências ao mesmo tempo, o que pode ajudar a descobrir mais rapidamente curas e, potencialmente, salvar muitas vidas. Os pesquisadores necessitam manipular itens dentro desses micro-laboratórios com a mesma precisão que têm com suas mãos – e, até certo ponto, eles podem fazer isso com as assim chamadas “pinças ópticas” que usam feixes de laser para pegar e mover objetos.
O problema com as pinças ópticas é que os lasers podem queimar organismos, e, em todo caso, são caros, volumosos e difíceis de operar. Outras alternativas às pinças ópticas têm, cada uma, suas desvantagens – por exemplo, pinças magnéticas precisam de alvos cobertos por materiais magnéticos, o que pode danificar as células.
Agora, os cientistas descobriram que pinças acústicas podem usar as ondas de som para controlar esses itens, não importa quais sejam suas propriedades ópticas, elétricas ou magnéticas, o que as torna mais versáteis do que suas antecessoras.
“A manipulação é obtida sem contato físico, tal como se fosse controlada por uma mão virtual”, diz o pesquisador Tony Jun Huang, um bioengenheiro da Universidade do Estado da Pennsylvania.
As ondas acústicas são geradas por meio de eletrodos feitos de ouro que se parecem com pentes, com dentes de 25 a 50 micrômetros – ou milionésimos de metro – de largura. Estes são depositados sobre cristais de niobato de lítio, um material que converte eletricidade em vibrações. O formato dos eletrodos permite que eles produzam um espectro de frequências sonoras com os cristais.
Os geradores de som foram posicionados em volta de um chip quadrado de borracha de silício medindo 2,5 mm de lado. Sintonizando cuidadosamente as frequências, os cientistas conseguiram forçar os itens a ir para o ponto onde as ondas acústicas se cancelavam por interferência.
Durante as experiências, os pesquisadores puderam mover objetos nas escalas de micrômetros a de milímetros, inclusive contas de plásticos, células de sangue bovino e até animais inteiros, tais como o verme milimétrico Caenorhabditis elegans – aprisionando ele em uma determinada posição, movendo-o de um lado para outro e até esticando ele.
“Eu fiquei totalmente surpreso com que eles tenham conseguido capturar um organismo inteiro, tal como o C. elegans“, declarou o engenheiro biomédico Eric Pei-Yu Chiou da Universidade da California em Los Angeles, que não participou da pesquisa. “Não conheço qualquer outra tecnologia capaz de fazer isso de maneira bio-compatível”.
Comparadas com as pinças ópticas, as pinças acústicas podem ser integradas em chips sem precisar de componentes ópticos ou de laser que são caros e grandes. Em princípio também, elas podem manipular até dezenas de milhares de objetos simultaneamente, uma tarefa desafiadora para as pinças ópticas. Além disso, elas são significativamente mais seguras para organismos vivos, já que a densidade de energia sobre os alvos é 10 milhões de vezes menor.
“As pinças acústicas são tão não invasivas como muitas tecnologias de ultrassom de baixa potência”, diz  Huang, acrescentando que um exemplo disso é o imageamento por ultrassom empregado em mulheres grávidas.
As pinças acústicas podem auxiliar os pesquisadores a ver como células respondem a mudanças de ambiente, movendo-as de um ambiente para outro, e a capacidade de ver como as células mudam e respondem à pressão física, pode também auxiliar na compreensão da atividade de tecidos vitais, tais como músculos cardíacos e vasos sanguíneos.
“Isso poderia, por exemplo, ajudar a mostrar como as células respondem a uma série de tratamentos com fármacos, ou a pulsos de uma droga, em oposição a um gradiente contínuo delas”, declara o pesquisador Stephen Benkovic, um bioquímico da Universidade do Estado da Pennsylvania. “Poderíamos aprender mais sobre alta pressão sanguínea ou músculos sob tensão, dessa forma”.
Uma das vantagens que as pinças ópticas ainda têm é que elas são atualmente capazes de controlar itens  menores do que as pinças acústicas, até o tamanho de poucos nanômetros ou bilionésimos de metro. Os pesquisadores esperam ser capazes de atingir esses finos níveis de manipulação com pinças acústicas, usando ondas acústicas de frequências mais altas, “embora tenhamos que ser muito cuidadosos, uma vez que frequências mais altas podem danificar as células”, concede Huang.
Os cientistas detalham suas descobertas na edição online de 25 de junho de Proceedings of the National Academy of Sciences.

Charles Q. Choi é um escritor de ciências freelance da cidade de New York City que já escreveu para The New York Times, Scientific American, Wired, Science, Nature, e várias outras publicações.

Nota do tradutor:

1 – Por “ondas de som”, entenda-se quaisquer ondas mecânicas, da mesma forma que a expressão “luz” tem sido empregada para qualquer radiação eletromagnética – como consequência, os termos “luz visível” e “som audível” se referem ás faixas perceptíveis pelos nossos sentidos de visão e audição.

Nanotecnologia vs. Meio ambiente

Photobucket

Testes mostram que um dos tipos [de nanopartículas] pode causar mutações no DNA de plantas.

14 de maio de 2012

 

Por Joel N. Shurkin, contribuidor do ISNS 
Inside Science News Service

 

Nanoparticle large

Imagem em tamanho original
O aumento da exposição a nanopartículas nos rabanetes acarreta um aumento no impacto sobre seu crescimento. (A concentração de nanopartículas no ambiente cresce da esquerda para a direita).
Crédito: H. Wang, U.S. Environmental Protection Agency

(ISNS) – Não é mais um assunto de ficção científica: as nanopartículas são cada vez mais comuns. Esses objetos extremamente pequenos podem fazer quase qualquer coisa, desde filtrar poluição, até distribuir medicamentos no interior do corpo. No entanto, ninguém sabe ao certo os efeitos que elas podem causar, se se espalharem pelo meio ambiente.

Uma equipe de cientistas do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (National Institute of Standards and Technology = NIST) e da Universidade de Massachusetts em Amherst pensa que há motivos para preocupações.

Eles ainda não comprovaram que as partículas sejam perigosas, mas demonstraram que algumas nanopartículas podem ser absorvidas por plantas e causarem mutações em seus DNA, o que, dizem eles, é merecedor de maior atenção.

As nanopartículas são tão pequenas que agem como uma ponte entre o tamanho dos átomos e algo tangível. A espessura de um fio de cabelo humano é medida em milionésimos de metro; as nanopartículas são medidas em bilionésimos de metro.

E, atualmente, elas estão por toda a parte. Os fabricantes as põem em roupas, tais como as meias, para matar bactérias. Elas estão em um tipo de tinta para casas auto-limpante e no revestimento de lentes de óculos. Loções de filtro solar lançadas no mercado contêm nanopartículas de zinco ou titânio. Em breve os carros terão pinturas auto-reparantes que vão “auto-curar” os riscos e arranhões.

As nanopartículas se tornaram tão comuns que se presume que elas acabarão, inevitavelmente, misturadas ao meio ambiente.

Para ver o que aconteceria com plantas expostas a nanopartículas, os pesquisadores pegaram partículas de óxido de cobre e expuseram três tipos de plantas às mesmas: rabanetes e dois tipos de centeio – conforme seu relato em Environmental Science & Technology.

Eles escolheram nanopartículas de cobre porque elas são amplamente usadas para colorir vidros, em cerâmicas, como um polidor e na manufatura de rayon. Elas são também usadas na indústria eletrônica para a manufatura de semicondutores, explica Bryant Nelson do National Institute of Standards and Technology.

A equipe de pesquisa também usou partículas de óxido de cobre maiores que as nanopartículas, para comparar os resultados, bem como íons de cobre padrão.

O óxido de cobre é um agente oxidante e alguns agentes oxidantes metálicos podem causar câncer em pessoas, o que é um motivo para preocupação.

“Nós realizamos os testes para ver se as partículas tinham ou não a capacidade de penetrar nas plantas e danificar seu DNA”, declarou Nelson.

Segundo os resultados, elas tinham…

“Os danos eram visíveis a olho nu”, comentou Nelson.

Segundo Nelson, os resultados variaram. Os rabanetes exibiram um dano considerável, apresentando lesões no DNA das plantas que ficaram atrofiadas. Essas lesões, na presença de nanopartículas, eram o dobro das causadas pelas partículas maiores e as plantas absorveram mais cobre com as partículas menores. Os dois tipos de centeio foram menos suscetíveis, mas os resultados foram diferentes para cada um. Todos os três tipos de plantas absorveram partículas.

Nelson enfatizou que foi usado um número de partículas muito maior de nanopartículas do que as plantas provavelmente encontrarão no ambiente. O estudo foi apenas para verificar se a absorção seria ou não possível. Estão planejadas novas experiências com um nível de exposição mais natural, com menos partículas.

Kathleen Eggleson do Centro de Nano Ciência e Tecnologia da Universidade Notre Dame disse que o estudo demonstra a complexidade da pesquisa em nanotecnologia. Durante o estudo, os pesquisadores observaram duas plantas do mesmo gênero reagindo de maneira diferente às nanopartículas, observou  Eggleson.

Além disso, não está claro como diferentes ambientes podem afetar a absorção, ou mesmo se as nanopartículas penetrariam as plantas a partir do solo ou da água, ela acrescenta.

No entanto a tecnologia já é ubíqua.

“A nanotecnologia está desenvolvendo estruturas cada vez mais complexas”, declarou Eggleson. “É um fenômeno mais evolucionário do que revolucionário. Não se trata de uma nova invenção avassaladora”.

“Examinar todas as nanopartículas e todas as permutações, revestimentos, assim como todos os diferentes organismos e concentrações, é uma tarefa absolutamente titânica”, complementou Eggleson.


Joel Shurkin é um escritor freelance de Baltimore. Ele é o autor de nove livros sobre ciência e a história da ciência, e ensinou jornalismo científico na Universidade Stanford, na UC Santa Cruz e na Universidade do Alaska em Fairbanks

Quando o bafômetro é bem vindo

Photobucket

Traduzido de: Breathalyzers Coming To A Doctor Near You?

Melhoramentos no equipamento podem permitir a identificação de indicadores de doenças a partir dos traços no hálito

3 de janeiro de 2011

Por Peter Gwynne, Contribuidor do ISNS
Inside Science News Service

Breathalyzer

Imagem apliada
 

O sensor aqui exibido é empregado na análise do conteúdo de bio-marcadores no hálito de um paciente.

Crédito: NIST | Universidade Purdue

(ISNS) – Normalmente os motoristas não se sentem confortáveis quando tem que encarar um bafômetro. Entretanto, se as pesquisas que estão sendo realizadas, derem certo, as pessoas não só vão perder o medo dos bafômetros, como vão até gostar de sua presença. 

Com uma análise do hálito de uma pessoa, o instrumento pode fornecer, de modo rápido e barato, indícios de diabetes, cânceres, asma e outras doenças -‍ frequentemente em tempo para aumentar as chances de sucesso do tratamento.

Em um estudo de “prova de conceito” publicado no IEEE
Sensors Journal
, uma equipe de cientistas conseguiu detectar uma molécula associada ao diabetes, com uma sensibilidade de partes por bilhão, em um gás que simulava o hálito de uma pessoa. Isso é pelo menos 100 vezes melhor do que as tecnologias existentes para análise do hálito, afirma o grupo. A sensibilidade é importante porque o hálito contém quantidades muito pequenas desses compostos que indicam doenças.

“A meta é obter uma ferramenta que possa eliminar grande parte dos problemas em lidar com sangue e coisas assim, e também poder eliminar exames mais dispendiosos”, argumenta Carlos Martinez, engenheiro de materiais na Universidade Purdue em West Lafayette, Indiana, e membro da equipe que está desenvolvendo o dispositivo. 

Se os bafômetros clínicos vierem a se tornar uma realidade, seu provável emprego pelos médicos será como sistema de alerta antecipado.

“Não é um procedimento invasivo:pode ser usado sem restrições”, explica Charlene
Bayer, principal cientista pesquisadora no Instituto de Pesquisas da Universidade Georgia Tech em Atlanta, cuja equipe está trabalhando em sua própria versão de bafômetro clínico. “É uma ferramenta de medição que indica para um médico se precisa ou não partir para exames mais dispendiosos”.

Um dispositivo portátil poderia ser particularmente útil em áreas distantes de hospitais, clínicas e de dispositivos de diagnóstico convencionais. 

“Estamos tentando fazer com que funcionem em tempo real, de forma que não seja necessário enviar amostras para análise em outro laboratório. Isso reduz os custos e poupa tempo”, argumenta Martinez.

“Nós vemos isto como uma ferramenta de monitoramento, não só para emprego clínico, como também para uso doméstico, talvez para o acompanhamento de algum processo terapêutico”, acrescenta o químico pesquisador Kurt Benkstein do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST) em Gaithersburg, Maryland., cuja equipe colaborou com a de Martinez em um sensor de análise de hálito.

Da mesma forma que um bafômetro convencional detecta a quantidade de álcool presente no hálito de um motorista, o instrumento que está sendo desenvolvido mede os níveis de compostos chamados de bio-marcadores que são associados a doenças específicas quando presentes em concentrações superiores às normais.

No entanto, os dispositivos clínicos são mais complicados por dois motivos. Na maioria dos casos, é necessário mais do que um bio-marcador para indicar a possibilidade de uma doença em particular. E os bio-marcadores são apenas umas poucas moléculas entre os trilhões de moléculas no hálito exalado.

“As quantidades de bio-marcadores é tão pequena que usualmente é necessário fazer o paciente soprar por muito tempo, para poder capturar o hálito e concentrá-lo o bastante para um subsequente exame”, explica Martinez.

Várias equipes de pesquisas estão desenvolvendo as sofisticadas tecnologias necessárias para detectar e medir os bio-marcadores nessas condições e tornar o processo rápido e menos penoso para o paciente. Algumas das abordagens mais promissoras envolvem o uso da nano-tecnologia, a ciência que lida com a matéria na escala de átomos isolados.

Os sensores desenvolvidos por Benkstein, Martinez e seus colegas consiste de pequenas placas aquecidas, menores do que um fio de cabelo humano, revestidas de minúsculas nano-partículas. 

“Os sensores são muito pequenos e podem ser facilmente integrados em pequenas embalagens”, diz Martinez. “Nossa vantagem é o pequeno tamanho e o custo potencialmente baixo dos sensores”.

No funcionamento, os gases que passam sobre os sensores aderem às superfícies das placas e modificam a resistência elétrica das placas. Cada componente de uma mistura de gases altera a resistência de maneira caracterísitca.

Além de detectar moléculas de acetona, associadas ao diabetes, a equipe adicionou outros componentes à mistura de gases para a detecção.

“O desafio está em obter respostas mais rápidas e encontrar os bio-marcadores no meio de misturas muito complexas, até chegarmos ao hálito humano”, explica Benkstein.

Outra equipe que trabalha no Instituto Tchnion de Israel e capitaneada pelo engenheiro químico Hossam Haick, desenvolveu um “nariz eletrônico” com base em nano-tecnologia. O sensor detectou 33 compostos que aparecem com mais frequência no hálito de pacientes com câncer de pulmão do que em indivíduos saudáveis. Estudos feitos com ratos mostraram que também se pode detectar os estágios iniciais de doenças renais.

O grupo do Instituto de Pesquisas da Georgia Tech usou uma estratégia diferente para detectar sinais de câncer dos seios. 

“Nossa abordagem se baseia na modificação de padrões. Nós procuramos por mudanças nos padrões de diversos bio-marcadores”, explica Bayer. “Nós também trabalhamos com câncer de pulmão”.

Em lugar de sensores com base em nano-tecnologia, o grupo usa duas técnicas comuns de laboratório para definir os padrõe: Cromatografia gasosa separa os bio-marcadores nas amostras de hálito e espectrometria de massa os identifica. Como essas técnicas envolvem o uso de equipamentos volumosos, o processo é menos adequado ao uso doméstico ou de campanha. 

Seja qual for a abordagem de análise clínica de hálito que se mostrar eficaz, os pesquisadores enfatizam que os dispositivos não vão chegar ao consultório de seu médico tão cedo. “Mesmo com um bom progresso, isso vai levar de cinco a dez anos”, acautela Martinez.


Nas pegadas da natureza

[ Livremente traduzido de Following in the Footsteps of Nature ]

Pesquisadores chegam um passo mais perto da natureza com o desenvolvimento de polímeros e adesão direcional que seguem o modelo das patas de uma lagartixa

Video showing gecko feet.


Video
available
Veja aqui o vídeo

Pesquisadores finanaciados pela NSF colaboraram para o desenvolvimento de um adesivo sintético “tipo lagartixa”.
Crédito e imagem ampliada

9 de fevereiro de 2010

A nanotecnologia não só aproximou a natureza da engenharia, como também encorajou a colaboração entre pesquisadores de diferentes disciplinas. Em uma dessas colaborações, dois pesquisadores exploraram a extraordinária capacidade de grudar dos pés das lagartixas para desenvolver um adesivo sintético para ajudar robos a escalar paredes.

Os pesquisadores financiados pela NSF Mark Cutkosky, engenheiro da Universidade Stanford, e Kellar Autumn, um biólogo do Lewis and Clark College, trabalharam em conjunto para desenvolver um adesivo sintético “tipo lagartixa” que funciona da mesma forma que as cerdas nas patas das lagartixas para aplicações em aparelhos escaladores. A equipe descobriu os princípios de física fundamentais por trás da adesividade das lagartixas que permitiu a invenção de uma nano-estrutura adesiva.

A inspiração veio da lagartixa Tokay, uma das lagartixas maiores e mais pesadas.

“O desafio era simplesmente levar os robos a um lugar onde jamais tinham estado, por exemplo, escalando paredes de edifícios”, descreve Cutkosky. “Se os robos puderem escalar superfícies verticais, eles poderão ser usados na inspeção de edifícios, pontes e outros locais de difícil acesso”.

Cutkosky recebeu uma verba de pesquisa no valor de US$ 1 milhão da National Science Foundation, ao longo de quatro anos, para desenvolver o primeiro adesivo “tipo lagartixa” (gecko-like synthetic adhesive = GSA) que funciona de forma igual às verdadeiras cerdas de lagartixas. Autumn recebeu dois financiamentos para a contínua pesquisa sobre a adesividade das lagartixas. A equipe de Cutkosky trabalhou em conjunto com Kellar Autumn e seu laboratório de lagartixas para estabelecer se um adesivo sintético poderia ser empregado em robos.

Photo of a gecko's foot.

O pé de uma lagartixa tem um sofisticado sistema de adesão que emprega forças de van der Waals.
Crédito e imagem ampliada

“A cooperação com o grupo de Mark foi incrivelmente produtiva. Com base nas medições das micro-forças, nós estabelecemos a hipótese de que uma ação conjunta da tensão de cisalhamento e a adesão era a responsável pelo sistema de aderência das lagartixas”, explica Autumn.

A pata de uma lagartixa possui um sistema de aderência sofisticado que emprega as forças de van der Waals, a atração básica entre moléculas. As forças de van der Waals permitem que as lagartixas escalem e se pendurem em uma superfície lisa e vertical com apenas um dedo.

Cutkosky e sua equipe vêm desenhando robos bio-inspirados que usam as forças de van der Waals. Seu projeto mais recente é o “stickybot” (literalmente: “robo-grudento”), um robo que tem suportes semelhantes às patas das lagartixas que lhe permitem escalar paredes e edifícios.

Projeto bio-inspirado em nano-escala

O intrincado trabalho da natureza  ocorre eu uma escala minúscula, abaixo dos limites de nossa visão. Por baixo da superfície da pata de uma lagartixa existe uma hierarquia de três níveis de estruturas. O primeiro nível é composto de lâmelas que são uma série de estruturas que se parecem com flapes em um microscópio. As lâmelas se dividem em estruturas menores, mais finas do que um cabelo humano. Estas, por sua vez, se ramificam em pequenas extremidades chamadas espátulas que têm apenas algumas centenas de nanômetros.

Photo of Sangbae Kim and Mark Cutkosky with the robot stickybot.

Sangbae Kim e Mark Cutkosky desenvolveram um robo, inspirado em lagartixas, chamado “stickybot”.
Crédito e imagem ampliada

“O que acontece, então, é que a lagartixa é capaz de se acomodar a superfícies que vão de dezenas ou centenas de nanômetros até a ordem dos centímetros”, explica Cutkosky. “É algo muito legal, quase de natureza fractal”

As estruturas que compõem os diferentes níveis da hierarquia tem um comportamento similar em várias escalas de comprimento.

A estrutura dos dedos da lagartixa só fica adesiva quando exerce esforço em uma determinada direção e a lagartixa pode controlar a adesão alinhando suas micro-estruturas e as pondo em contato imediato com a superfície. O “stickybot” segue os mesmos princípios de uma lagartixa, porém precisa ajustar a orientação de seus pés enquanto escala, para se assegurar que os dedos estejam sempre exercendo esforço na direção apropriada para a adesão.

Cutkosky e Autumn fizeram estruturas sintéticas que seguem o projeto da pata de uma lagartixa. No presente, eles obtiveram uma hierarquia de duas camadas de polímero com adesão direcional. Não é o suficiente para que o “stickybot” consiga escalar paredes, porém sempre se pode fazer aperfeiçoamentos.

“Tudo se resume em quanta adesão se consegue por unidade de área. A lagartixa pode aguentar facilmente seu próprio peso em um único dedo. Na verdade, dá e sobra. Sem os mais recentes e melhores adesivos, eu acho que o “stickybot” mal pudesse suportar seu peso em um único dedo. Nós não chegamos nem perto de uma lagartixa. Fundamentalmente, isso se resume [à correlação entre] o peso do robo e quantos pascais se pode tirar de seu material”, afirma Cutkosky.

O Pascal é uma medida de força por unidade de área que permite aos pesquisadores, Cutkosky, estabelecer quanta tensão a adesão sintética pode tolerar. Isso ajuda a calibrar como o adesivo será desenvolvido e como ele poderá ser modificado no futuro.

O futuro do “stickybot”

O “stickybot” emprega três princípios principais para escalar superfícies lisas: ajustagem hierárquica para se adequar em níveis dos micrômetros aos centímetros, adesão direcional para se prender e desprender suavemente de uma superfície e controle de força para controlar as forças de atrito nos pés. Apesar do “stickybot” conseguir escalar superfícies verticais e lisas, Cutkosky espera desenvolver um robo capaz de escalar uma ampla gama de superfícies.

Photo of the robot stickybot.

O “stickybot” emprega os mesmos princípios que uma lagartixa, fazendo uso da adesão seca para escalar paredes.
Crédito e imagem ampliada

“Vamos continuar tentando melhorar o adesivo seco em si, mas, independente disso, estamos trabalhando em um novo [modelo de] “stickybot”. Tornar os tornozelos do robo giratórios é, provavelmente, o primeiro passo, mas também queremos melhorar o sensoreamento e o controle. Atualmente, o “stickybot” não tem muitos sensores, de forma que, se ele estiver escalando e ficar em dificuldades, ele não fica sabendo disso e acaba caindo”, disse Cutkosky.

A pesquisa em conjunto de Cutkosky e Autumn mostrou que a ciência de materiais está tentando seguir os passo da natureza.

“A natureza tem a enorme vantagem de poder criar e diferenciar célula por célula. Enquanto isso, quando fabricamos coisas, usamos processos que vão “de cima para baixo” e, assim, cada camada fica difícil e cara para obter”, conclui Cutkosky.

—  por Gwendolyn Morgan


Baterias mais eficientes (será verdade?) 2


Massachusetts Institute of Technology

Material para baterias do MIT pode levar a um recarregamento mais rápido de vários dispositivos

“Rodoanel” para energia elétrica soluciona um problema que já durava muito

CAMBRIDGE, Massachussets. — Engenheiros do MIT criaram uma espécie de “rodoanel” que permite o rápido trânsito de energia elétrica através de uma material para baterias bem conhecido, um avanço que pode ajudar no desenvolvimento de baterias menores e mais leves — para telefones celulares e outros dispositivos — que podem ser recarregadas em segundos, em lugar de horas.

Isso também pode permitir a rápida recarga de baterias de carros elétricos, muito embora essa aplicação em particular seja limitada pela quantidade de energia disponível para cada usuário da rede elétrica.

O trabalho, liderado por Gerbrand Ceder, o professor Richard P. Simmons de Ciências e Engenharia de Materiais, é relatado na edição de 12 de março da Nature. Uma vez que o material envolvido não é novo — os pesquisadores simplesmente mudaram a maneira de fabricá-lo — Ceder acredita que o trabalho possa estar no comércio dentro de dois ou três anos.

As baterias recarregáveis de lítio do “estado-da-arte” têm densidades de energia muito altas — elas são boas para armazenar grandes quantidades de carga. Em compensação elas têm taxas de [transferência de] energia muito lentas — elas são umas lesmas para acumular e descarregar essa energia. Consideremos as atuais baterias para carros elétricos: “Elas têm um monte de energia, de forma que se pode dirigir a 80 km/h por um longo período, mas a energia é baixa. Não se pode acelerar rapidamente”, explica Ceder.

Por que as taxas de transferência tão lentas? Tradicionalmente, os cientistas pensavam que os íons de lítio que, junto com os elétrons, são os responsáveis por levar a carga através da bateria, simplesmente se movessem muito lentamente através do material.

Há cerca de cinco anos, entretanto, Ceder e seus colegas fez uma descoberta surpreendente. Cálculos feitos por computadores de um material para baterias bem conhecido, fosfato férrico de lítio, prdiziam que os íons de lítio do material deveriam estar se movendo de maneira extremamente veloz.

“Se o transporte dos íons de lítio era tão veloz, algo diferente deveria ser o problema”, prossegue Ceder.

Cálculos posteriores mostraram que os íons de lítio podem, realmente, se mover muito rápido pelo material, mas somente através de túneis acessíveis a partir da superfície. Se um íons de lítio na superfície estiver diretamente na frente da entrada de um túnel, não há problema: ele continua eficientemente pelo túnel adentro. Mas se o íon não estiver diretamente na frente, ele é impedido de alcançar a entrada do túnel, porque ele não consegue se mover para acessar essa entrada.

Ceder e Byoungwoo Kang, um estudante de pós-graduação em ciências e engenharia dos materiais, criaram uma maneira de driblar o problema, criando uma nova estrutura para a superfície que permite que os íons de lítio se movam rapidamente pelo entorno do material, de forma muito parecida com um rodoanel que circunda uma cidade. Quando um íon que viaja por esse rodoanel, chega a um túnel, ele é instantaneamente desviado para o túnel. Kang é um co-autor do artigo da Nature.

Empregando sua nova técnica de processamento, os dois foram em frente para fazer uma pequena bateria que pode ser totalmente carregada ou descarregada em 10 a 20 segundos (leva seis minutos para carregar ou descarregar totalmente uma célula feita de material não processado).

Ceder observa que testes suplementares mostraram que, diferentemente de outros materiais para baterias, o novo material não se degrada muito quando repetidamente carregado e recarregado. Isso pode levar a baterias menores e mais leves, porque menos material é necessário para obter os mesmos resultados.

“A capacidade para carregar e descarregar baterias em questão de segundos, em lugar de horas, pode abrir novas aplicações tecnológicas e induzir novas mudanças no estilo de vida”, concluem Ceder e Kang em seu artigo na Nature.

###

Sobre ScienceBlogs Brasil | Anuncie com ScienceBlogs Brasil | Política de Privacidade | Termos e Condições | Contato


ScienceBlogs por Seed Media Group. Group. ©2006-2011 Seed Media Group LLC. Todos direitos garantidos.


Páginas da Seed Media Group Seed Media Group | ScienceBlogs | SEEDMAGAZINE.COM